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“…também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus
por intermédio de Jesus Cristo”.
1 Pedro 2:5
INTRODUÇÃO
Uma das doutrinas mais importantes, ressaltada durante a Reforma Protestante, foi o
sacerdócio de todos os crentes: cada um dos fiéis tem acesso direto a Deus mediante o sumo
sacerdócio do próprio Jesus Cristo. Esta ideia, após ter passado o ministério muitos séculos
sob o controle da Igreja Romana, emocionou as pessoas. A partir daí, econheceram que
Cristo outorgou ministérios a todos os crentes, visando o bem da totalidade do Corpo.
O conceito do sacerdócio de todos os crentes certamente está fundamentado nas
Escrituras. Referindo-se aos crentes, Pedro os descreve como "sacerdócio santo" (1 Pe 2.5)
e tira do Antigo Testamento outra analogia para a Igreja: "sacerdócio real" (1 Pe 2.9). João
diz que os crentes foram feitos "reis e sacerdotes para Deus" (Ap 1.6; ver também 5.10).
Independente de nossa situação ou vocação na vida, podemos desfrutar dos privilégios e
responsabilidades de servir ao Senhor como membros de sua Igreja. Paul Minear refere-se
ao conceito neotestamentário de cristãos como "acionistas (gr. koinõnoi) no Espírito e...
acionistas na múltipla vocação que o Espírito atribui aos fiéis".43 Este ponto de vista
enfatiza que o ministério é uma vocação não somente divina mas também universal. Saucy
sugere: "Na realidade, o ministério da igreja é o ministério do Espírito dividido entre os
vários membros, sendo que cada um contribui com seu dom à obra total da igreja".44 Os
crentes dependem do Espírito para trabalhar, mas sua obra está à disposição de cada
crente individualmente.
A Igreja, no decurso dos séculos, sempre tendeu a dividir-se em duas categorias
gerais: o clero (gr. klêros - "sorte, porção", isto é, a porção que Deus separou para si) e o
laicato (gr. laos - "povo"). O Novo Testamento, no entanto, não faz uma distinção tão
marcante. Pelo contrário, a "porção" ou klêros de Deus, sua própria possessão, refere-se a
todos os crentes nascidos de novo, e não somente a um grupo seleto (cf. 1 Pe 2.9). Alan Cole
declara com perspicácia que "todos os clérigos são leigos, e todos os leigos também são
clérigos, no sentido bíblico da palavra".
A doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes. Pedro diz que somos sacerdócio
santo. ... para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis
a Deus por intermédio de Jesus Cristo (2.5c). Além de pedras vivas e santuário da habitação
de Deus, somos sacerdotes santos que oferecem a Deus sacrifícios espirituais. Mueller
aponta como significativo o fato de que todos os cristãos fazem parte desse sacerdócio, e
não somente um grupo de clérigos institucionalmente ordenados ou alguma casta sacerdotal.
Calvino expressa essa verdade com exultaçao: “E uma honra singular o fato de que Deus
não apenas nos consagrou como templos para ele, nos quais ele habita e é adorado, mas
também nos fez sacerdotes”.
O caráter fundamental do sacerdócio aponta claramente nessa direção. Enquanto os
profetas representavam Deus entre os homens, os sacerdotes, em sua obra sacrificial e
intercessória, representavam os homens na presença de Deus e, portanto, dirigiam-se a Deus.
O escritor de Hebreus o expressa deste modo: “Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado
dentre os homens, é constituído nas cousas concernentes a Deus, a favor dos homens”, 5.1.
Esta afirmação contém os seguintes elementos: (1) O sacerdote é tomado dentre os homens,
é membro da raça humana, de maneira que pode representar os homens; (2) é constituído a
favor dos homens, isto é, para agir no interesse dos homens; e (3) é constituído para
representar os homens nas coisas concernentes a Deus, isto é, nas coisas que se dirigem
rumo a Deus, que olham para Deus, que acabam em Deus. É isto uma clara indicação do
fato de que a obra do sacerdote tem em vista primordialmente a Deus. O que não exclui a
idéia de que a obra sacerdotal também tem uma influencia reflexa sobre os homens.
A igreja é uma comunidade de sacerdotes. Em segundo lugar, são todos sacerdotes
nessa nova comunidade. Desde que começou como nação, Deus desejava que Israel fosse
um reino de sacerdotes e uma nação santa (Êx 19.5,6). Os deveres dos sacerdotes incluíam
a adoração, a oração, o ensino, a edificação, a reconciliação, o aconselhamento, tudo com
muito amor. Era seu dever também construir relacionamentos e levar a Deus as pessoas que
sofriam. Do mesmo modo, os crentes em Cristo, "como pedras vivas, são edificados casa
espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por
Jesus Cristo" (1 Pe 2.5).
CONCLUSÃO
Os cristãos são um real sacerdócio. Já vimos que isto significa que cada cristão tem
o direito de acesso e aproximação a Deus, e que cada cristão tem também que oferecer a
Deus sua obra, seu culto e seu próprio ser.