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A Igreja e Sua Missão.

Não vem das obras, para que ninguém se


glorie” (Ef 2.8,9). O trecho de Atos 16.31
expressa a simples verdade: “Crê no Senhor
Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”. É o
Senhor quem adiciona diariamente à Igreja
“aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47).

A OBRA DA IGREJA

A Igreja tem tríplice objetivo. Todas as funções


de um corpo local de crentes deveria
relacionar-se, de maneira significativa, a um
ou mais desses objetivos cardeais. Se ao
examinarmos um corpo local descobrirmos que
suas energias estão sendo consumidas por
atividades que não se ajustam a esses objetivos,
tal igreja faria bem em reacessar suas
prioridades. Há uma outra nota a ser introduzida
aqui, por igual modo: é intenção de Deus
trabalhar através da Igreja entre o primeiro e o
segundo advento de Cristo. Estamos vivendo
na era da Igreja. Um axioma digno de ser
ponderado é o que mostra que qualquer
atividade que não alimenta a Igreja, sem
importar quão bem intencionado seja, não é a
maneira de Deus fazer coisas nesta era. Ele
escolheu a Igreja para ser a sua agência e
cumprir seus propósitos no mundo atual.

O primeiro objetivo da Igreja:

É a evangelização do mundo. Da mesma


maneira que Jesus Cristo veio para buscar e
salvar o perdido, assim também a extensão de
seu corpo nesta era, a Igreja, deve
compartilhar desse interesse (Mt 18.11).
Pouco antes de sua ascensão, Jesus lançou um
solene desafio aos discípulos: que
evangelizassem o mundo, fazendo discípulos
(“aprendizes”, “pessoas ansiosas por apren-
der”), em todas as nações, batizando-os e
“ensinando-os a observar todas as coisas” que
Ele lhes havia ordenado (Mt 28.19,20).Uma
das características da primitiva igreja de
Jerusalém é que ela continuou a crescer. O
Senhor acrescentava diariamente, à igreja,
aqueles que iam sendo salvos (At 2.47).
Mesmo sob perseguição, a Igreja Primitiva
espalhava a mensagem do Evangelho, por
onde quer que seus membros fossem
dispersos (At 8.4). O livro de Atos aborda o
tema do crescimento, tanto espiritual quanto
numérico, mostrando um número cada vez
maior de centros estabelecidos (igrejas), en-
quanto os crentes, dotados do poder do Espírito,
continuavam a propagar as boas novas .
A Igreja primitiva também era caracterizada
pela ênfase à Palavra falada. Paulo
reconheceu que “aprouve a Deus salvar os
crentes pela loucura da pregação” (1 Co 1.21).
E assim, a obra da Grande Comissão continua a
ser realizada. A experiência pentecostal é
dada aos crentes, tendo o evangelismo como
seu principal objetivo (At 1.8). O poder do
Espírito Santo, ao descer sobre os crentes,
expressa-se não somente no falar em línguas
como a evidência física inicial ou externa,
mas em poderosos atos sobrenaturais, que
confirmam o testemunho verbal dos fiéis (Mc
16.15,16; Hb 2.4). Os dons do Espírito, tal
como a profecia, também são meios pelos quais
o Espírito Santo costuma convencer os
pecadores (1 Co 14.24,25).

O segundo objetivo da Igreja:

É ministrar a Deus, a principal e mais elevada


finalidade do homem consiste em glorificar a
Deus e desfrutar dEle para sempre.
Uma frase repetida com frequência na
epístola aos Efésios, especialmente em seu
primeiro capítulo, acerca do propósito dos seres
humanos dentro do universo divino, é que
sejamos para o “louvor de sua [de Deus]
glória”. Agostinho, bispo de Hipona, no Norte
da África, de 396 a 430 d.C., declarou que
todos os seres humanos são desassossegados
enquanto não encontram descanso em Deus. Os
seres humanos, à parte de um relacionamento
de adoração com o Criador, vivem
desorientados e fora de tom. Fomos criados
para adorar. É verdade que a adoração tem
muitas avenidas de expressão. Em um sentido
bem real, a vida inteira pois deveria ser uma
expressão de açãode graças e de louvor a Deus.
Os atos normais da vida, incluindo o arrancar a
erva daninha, lavar o carro e limpar a casa,
podem tornar-se um instrumento de adoração e
louvor a Deus. Myer Pearlman, amado mestre e
escritor, costumava dizer: “Se você tiver de
limpar o soalho, tome o rodo e diga: ‘Não te
deixarei ir enquanto não me abençoares’”. A
vida inteira, pois, deveria ser uma expressão de
ação de graças e de louvor. Entretanto, Deus
proveu a Igreja, o corpo coletivo dos crentes,
como instrumento especial de adoração.
Não é possível ler passagens como os capítulos
11 a 14 de 1 Coríntios sem reconhecer que o
ministério do Espírito Santo é especialmente
significativo na adoração da Igreja. Há, na
Igreja, diversas operações do Espírito, que
tanto edificam os adoradores como enriquecem
a adoração a Deus. A adoração dos crentes é
maravilhosamente abençoada pela presença
manifesta do Espírito Santo. Essas
manifestações geralmente são chamadas dons
do Espírito. No entanto, no texto original de 1
Coríntios 12.1, a palavra “dom” não está
presente, apenas o termo “espirituais”. Esta
palavra “por si mesmo inclui outras coisas
direcionadas pelo Espírito Santo e expressas
através de crentes cheios do Espírito. Mas,
nesta passagem, Paulo está claramente
limitando a palavra para significar os dons ou
carisma graciosos”. A palavra grega,
xarísmata, é usada realmente em 1 Coríntios
12.4,9,28,30,31; 14-1.Os escritores cristãos
primitivos tomavam a palavra “espirituais”
como os dons espirituais. E assim
reconheciam- nos como os dons
sobrenaturais, cuja fonte imediata é o
Espírito Santo, está implícito que Deus, através
do Espírito Santo, distribui as diversas
manifestações necessárias à comunidade
adoradora, conforme preferir. Os dons são
outorgados como um todo. É verdade que os
indivíduos, na congregação, podem
desenvolver um ministério que exiba um ou
mais dons, mas nenhum deve ser considerado
propriedade particular do crente, porquanto o
Espírito dispensa suas ministrações para
benefício da igreja, “conforme Ele determinar”
(1 Co 12.11; 14.12,32).

Há diversas listas de dons do Espírito Santo:

1 Coríntios 12.8-10,28;
Efésios 4.11;
Romanos 12.6-8.

A primeira lista, em 1 Coríntios 12.8-10, é o


mais completo catálogo de ministérios
espirituais concedido pelo Espírito ao corpo
adorador. Essa lista é, com freqüência,
chamada de “os nove dons do Espírito”.

# Incluem três dons de revelação (a palavra de


sabedoria, a palavra de conhecimento e o
discernimento de espíritos),
# três de poder (fé, milagres e dons de curas)

# e três de declaração (línguas, interpretação de


línguas e profecia).

Todos esses dons ocupam-se com a


manifestação do caráter, caminhos e propósitos
eternos de Deus. Por conseguinte, toda palavra
ou mensagem de sabedoria dada pelo Espírito
“refletirá os planos, os propósitos e os
caminhos de Deus para realizar coisas”.
Isso proporcionará discernimento divino para
atender necessidades e solucionar problemas
(At 6.1- 7; 10.47; 15.13-21; 16.35-40, por
exemplo).A palavra de conhecimento preocupa-
se, especialmente, com “a luz [iluminação]
do conhecimento da glória de Deus, na face de
Jesus Cristo” (2 Co 4.6), bem como sobre “o
cheiro do seu conhecimento” (2 Co 2.14).
Esse dom revela aplicações do Evangelho à
vida cristã e, ocasionalmente, revela fatos
que somente Deus conhece. Podemos
descreve-lo como “relâmpagos de
discernimento quanto à verdade”, que
penetram além da operação de nosso
intelecto desassistido.O dom da fé não
destaca a fé ordinária, nem é a fé salvífica.
“O crente ativo e vibrante inclina-se mais por
ver esse dom em ação, quando reivindica o
poder de Deus para as necessidades presentes.
Oração fervorosa, alegria extraordinária e
ousadia incomum acompanham o dom da
fé. Pode incluir a capacidade especial de
inspirar fé em outros, conforme fez Paulo a
bordo do navio, durante o temporal”.
No original grego, em 1 Coríntios 12.9,10, há
três conjuntos de dons plurais: dons de curas,
operações de maravilhas e discernimentos de
espíritos. Esses plurais apontam para uma certa
variedade de manifestações desses dons.
Também podem indicar um dom específico
para a cura de uma enfermidade particular,
sendo o que ministra o dom o agente
através do qual o Espírito Santo opera.
Operações miraculosas são descargas de
energia divina em uma categoria mais ampla do
que as curas. No livro de Atos, tais operações
encorajavam a missão da Igreja. Exemplos
talvez incluam o julgamento de Ananias e
Safira, o julgamento de Elimas, o livramento
de Pedro da prisão e a preservação de Paulo das
picadas de uma serpente. Profetizar significa
apenas “falar em lugar de Deus”, em linguagem
conhecida, revelando o progresso do Reino
de Deus. O pecador é convencido ao ver
revelados os segredos do seu coração (1 Co 14-
24,25). O dom da profecia produz edificação e
encorajamento aos crentes (At 15.32).Com as
“distinções entre espíritos”, seu uso no
plural indica também uma variedade de
expressões do dom. Não devemos crer em todo
espírito, mas submetê-los a teste (1 Jo 4-1).
Dentro da batalha espiritual que ocorre neste
mundo, precisamos distinguir quem é o
inimigo. Mas o espírito humano também pode
ser um ofensor.
O dom de línguas inclui tipos ou famílias de
idiomas. Na igreja, uma mensagem em línguas
precisa ser interpretada a fim de produzir
edificação. Mesmo quando a língua importa em
oração ou louvor, deveria haver interpretação.
A interpretação, no entanto, não é
necessariamente uma tradução estrita; antes, dá
o sentido ou conteúdo essencial aquilo que é
dito em línguas. A igreja espiritual, que adora, é
um poderoso arsenal de poder que Deus
emprega em sua guerra contra as hostes das
trevas. De fato, “qualquer que seja a
necessidade da igreja, o Espírito tem algum
dom para satisfazê-la”.
Mediante a combinação das quatro listas de
Romanos, Efésios e 1 Coríntios, “de diversas
maneiras, é possível chegarmos a um total de
entre 18 a 20 dons”, que incluem “dons para
o estabelecimento e maturidade da igreja, onde
todos os membros podem receber dons e
contribuir para a edificação do corpo local.
Em segundo lugar, são concedidos os dons
para a edificação do corpo local, através de
membros individuais. Em terceiro lugar, dons
para servir e evangelizar”.

O último grupo inclui os seguintes dons:

1. Dons administrativos (1 Co 12.28) - uma


variedade de expressões que ajudam os que
estão em posição de liderança.

2. Dons de ajuda ou feitos de ajuda - inspiram


os crentes a ajudarem uns aos outros ou a
tomar o papel de alguém numa situação difícil.

3. Dons de ministério (serviço, diaconato) -


vários tipos de serviço espiritual e prático,
incluindo a distribuição de ajuda aos pobres,
inspirando a generosidade.
4. Dons de governo (orientação, cuidados,
prestação de ajuda) - auxiliam os líderes a
cuidar das almas e levam a 'igreja a
preocupar-se em ajudar a outros sob a
liderança estabelecida por Deus.

5. O dom da demonstração de misericórdia


(Rm12.8) - inspira um cuidado gracioso e
compassivo pelos necessitados em geral,
enfermos, famintos, indigentes e prisioneiros, é
o último na lista de Romanos 12, mas não é o
menor dos dons (Mt 25.31-46).
Todos esses dons são necessários. O Espírito
Santo os distribui de acordo com a
necessidade, mas devemos estar dispostos a
responder em fé e obediência. Assim, a igreja
local será edificada tanto espiritual quanto
numericamente. De fato, se há uma resposta
adequada do corpo adorador, mediante a fé,
todos esses dons deveriam estar em operação
na igreja. Tais operações são um privilégio
dos crentes, e mais que isto, pois, conforme as
nuvens de trevas cobrirem a face da terra, a
Igreja precisará de todos os recursos
espirituais disponíveis para resistir ao
assédio do secularismo, materialismo,
ocultismo, filosofias da Nova Era e outros
artifícios sutis de Satanás, cujo propósito é
enfraquecer o nosso testemunho. A história da
Igreja tem mostrado sua dependência de
recursos humanos. Enquanto fundos,
equipamentos, homens e mulheres, materiais e
habilidades técnicas estiverem em
disponibilidade, os projetos poderão ser
levados com toda a expectação de sucesso.
Não obstante, falham a despeito de todas as
coisas. Por outra parte, alguns tem começado
com quase nada, mas com uma tremenda confi-
ança em Deus e a dependência dos dons e do
Espírito Santo, e até o impossível tem sido
feito. É grande coisa aprendermos a usar os
recursos humanos disponíveis, ao mesmo
tempo em que dependemos do Espírito Santo.
Os dons do Espírito ainda são os meios
primários de edificar a Igreja espiritual e
numericamente. Nada mais pode fazê-lo.

Terceiro objetivo da igreja:

Edificar um corpo de santos (crentes


dedicados), nutrindo-os a fim de que se
conformem à imagem de Cristo. O evangelismo
é a conquista de novos convertidos; a
adoração é a Igreja voltada para Deus; a
nutrição é o desenvolvimento dos novos
convertidos em santos maduros. Deus
preocupa-se grandemente em que os recém-
nascidos cresçam na graça (à base de Ef 4.11-
16; cf. 1 Co 12.28; 14.12). Paulo enfatiza
repetidamente o anelo de Deus pela maturidade
espiritual dos crentes (1 Co 14.12; Ef 4.11-13;
Cl 1.28,29).

Como pode alguém saber que está crescendo à


imagem de Cristo? Como pode uma igreja
medir seu sucesso ao produzir a maturidade
cristã em seus membros?
Gálatas 5.22-26 oferece um belo conjunto de
virtudes chamado “o fruto do Espírito”: amor,
alegria, paz, paciência, bondade, benignidade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Os
que exibem tais características de caráter são
declarados como quem está cumprindo a lei ou
instrução de Cristo. Precisamos tomar parte
ativa nisso. Lemos em 2 Pedro 1.5-11:Por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência,
associai com a vossa fé a virtude; com a
virtude, o conhecimento; com o conhecimento,
o domínio próprio; com o domínio próprio
a perseverança, com a perseverança, a piedade;
com a piedade, a fraternidade; com a
fraternidade, o amor. Porque estas coisas,
existindo em vós e em vós aumentando,
fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas
coisas não estão presentes é cego, vendo só o
que está perto, esquecido da purificação dos
seus pecados de outrora. Por isso, irmãos,
procurai, com diligência cada vez maior,
confirmar a vossa vocação e eleição;
porquanto, procedendo assim, não tropeçareis
em tempo algum. Pois, dessa maneira é que vos
será amplamente suprida a entrada no reino
eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A tareia da Igreja não terminará enquanto não
ajudar seus membros a crescerem
espiritualmente, a fim de que os vários dons do
Espírito equilibrem-se à exibição dos vários
aspectos do fruto do Espírito (1 Co 13). A
Igreja tem uma vocação que se dirige para
o alto. Disse Paulo: “Prossigo para o alvo,
pelo prêmio da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus” (Fp 3.14). Hebreus 3.1 lembra
que somos santos irmãos, “participantes da
vocação celestial”. Efésios 1.3,4 declara:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em
Cristo, como também nos elegeu nele antes
da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em
caridade”. A Bíblia não está se referindo à
predestinação, mas dizendo que a Igreja foi
escolhida como um corpo predestinado a ser
santo. Todos os que preferem crer tornam-se
parte da Igreja e compartilham de seu destino.
Na Igreja, “a posição do crente e suas
bênçãos são espirituais, celestiais e eternas”

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