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A NATUREZA DA IGREJA

1 Pedro 2:4-10

Neste estudo aprenderemos três coisas em relação à Igreja: A natureza da Igreja, a Glória
da Igreja, e a Função da Igreja.

Em primeiro lugar, abaixo neste estudo, aprendemos três coisas com relação à própria
natureza da Igreja.

1- O cristão é assemelhado a uma pedra vivente e a Igreja é comparada a um edifício vivente


no qual aquele é integrado (v. 5). Isto claramente significa que cristianismo é
comunidade. O indivíduo cristão só encontra seu verdadeiro lugar quando é incorporado
ao edifício da Igreja.

Enquanto o tijolo permanece isolado não tem utilidade. É útil só quando é incorporado a um
edifício. Para isso foi feito, e ao ser incorporado ao edifício é quando cumpre a função e a razão
de sua existência. E assim sucede com o cristão individual. Para cumprir seu propósito não tem
que permanecer solitário, mas sim incorporar-se à estrutura do edifício espiritual da Igreja.

Suponhamos que em tempo de guerra alguém dissesse: "Quero servir a meu país e
defendê-lo de seus inimigos." Mas se ele sozinho tentar levar a cabo esta resolução não poderá
fazer nada. Unicamente poderá fazer uma contribuição efetiva se ingressar nas forças armadas
de seu país. Se alguém quer defender ou apoiar uma grande causa, terá que associar-se com
aqueles que têm idéias e inquietações semelhantes às suas. Assim ocorre também com a Igreja.
O cristianismo individualista não é cristianismo; o cristianismo autêntico é uma comunidade que
se expressa dentro da relação entre irmãos em um mesmo propósito e uma só aliança dentro da
Igreja.

2- Os cristãos são um sacerdócio santo (v. 9). Há duas grandes características que
distinguem ao sacerdote.

a) O sacerdote é alguém que tem ele mesmo acesso a Deus e cuja tarefa é levar a outros a
Deus. No mundo antigo este acesso a Deus era privilégio de muito poucos: os sacerdotes
profissionais e, em particular o sumo sacerdote. Somente ele podia entrar no lugar
santíssimo e na mais próxima presença de Deus. Mas através de Jesus Cristo, o novo e
vivo caminho, o acesso a Deus é privilégio de todo cristão, não importa quão singelo ou
iletrado seja. Além disso, a palavra latina equivalente a sacerdote é pontifex, termo que
literalmente significa construtor de pontes; de maneira que o sacerdote é aquele que
constrói pontes para que outros possam chegar a Deus. E o cristão tem o dever e o
privilégio de conduzir a outros para aquele Salvador a quem ele mesmo já encontrou e
ama.
b) O sacerdote é o homem que leva ofertas a Deus. O cristão também tem que levar
continuamente suas ofertas a Deus. Sob a antiga dispensação as ofertas que se levavam
eram animais sacrificados; mas os sacrifícios do cristão são espirituais. O cristão faz
de sua obra uma oferta a Deus. Tudo o que faz o faz para Deus, e quando se procede
assim, até a mais insignificante tarefa está revestida de glória. O cristão faz de seu culto
uma oferta a Deus e, quando isto sucede realmente assim, o culto na casa de Deus não é
carga nem tédio, e sim alegria e privilégio. Não é algo que tem que ser imposto, forçado;
mas sim algo no qual se entrega voluntariamente a Deus o melhor. O cristão faz de si
mesmo uma oferta a Deus. Diz Paulo: “Rogo-vos... que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12:1). O que Deus mais deseja de nós
é o amor de nossos corações e o serviço de nossas vidas. Este é o perfeito sacrifício que
cada cristão tem que oferecer.

3- A função da Igreja é anunciar as virtudes de Deus. Quer dizer, a função da Igreja é afirmar
os poderosos atos de Deus. Para expressá-lo em forma muito mais simples e pessoal: a
função do cristão é contar a outros, o que Deus tem feito por ele. Mediante sua própria
vida, mais que mediante suas palavras, o cristão é uma testemunha do que Deus tem feito
em Cristo por ele.

A GLÓRIA DA IGREJA

No versículo 10 lemos com relação às coisas das quais o cristão tem que ser testemunha,
das coisas que Deus tem feito em favor dele.
1- Deus chamou o cristão das trevas para sua gloriosa luz. O cristão é chamado das trevas à
luz. Quando alguém chega a conhecer Jesus, também chega a conhecer a Deus. Já não
necessita mais fazer julgamentos ou andar explorando caminhos incertos. Já não precisa
pensar em Deus como alguém distante, remoto e inacessível. “Quem me vê a mim vê o
Pai”, assegurou Jesus em João 14:9. Em Jesus está a luz do conhecimento de Deus.
Quando alguém chega a conhecer Jesus, também chega a conhecer a bondade. Sabe no
que consiste a verdadeira bondade; o modelo do ideal perfeito lhe é descoberto em Jesus
Cristo. Quando alguém chega a conhecer Jesus, chega a conhecer também o caminho. A
vida já não é um caminho desconhecido sem estrela nem guia. Já não é um assutador
labirinto que ninguém sabe aonde conduz e frente ao qual não se sabe o que fazer. Em
Cristo o caminho faz-se claro e simples. Quando alguém chega a conhecer Cristo
conhece o poder. De nada serviria a Deus que o conheçamos sem termos forças para
servi-lo. De nada serviria conhecer a bondade e mesmo assim não poder praticá-la. De
nada serviria ver o caminho correto e ser incapaz de segui-lo. Em Jesus Cristo está a visão
e está o poder.
2- Os que não eram povo, Deus os fez seu povo. Isto quer dizer que o cristão é promovido de
uma condição de insignificância a uma de significação. Freqüentemente sucede que a
grandeza de um homem não reside nele próprio, mas na tarefa que lhe foi confiada. A
grandeza do cristão reside no fato de que Deus o escolheu para que seja dEle e para que
o sirva no mundo. Não há cristão que possa ser comum pelo fato de que é um homem de
Deus.
3- O cristão é resgatado de uma condição de imisericórdia a uma condição de misericórdia . A
característica dominante das religiões não cristãs é o terror a Deus. O cristão descobriu em
Jesus Cristo o amor de Deus e sabe que já não tem por que temer a Deus pelo fato de que
sua alma tem prazer na felicidade eterna.

A FUNÇÃO DA IGREJA

No versículo 9 Pedro usa toda uma série de frases que são um resumo das funções da
Igreja. Chama os cristãos "nação santa, sacerdócio real, povo adquirido". Pedro está mergulhado
no Antigo Testamento e estas frases são todas elas uma grande descrição do povo de Israel
Procedem de duas fontes principais. Isaías ouve Deus dizer: “Esse povo que formei para mim”
(Isaías 43:21). E em Êxodo 19:5-6 ouve-se a voz de Deus dizendo: “Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha
propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de
sacerdotes e nação santa” As grandiosas promessas de Deus, a seu povo estão sendo
cumpridas na Igreja, pois esta, é o novo Israel, o Israel de Deus.

Todos estes títulos estão plenos de significado.

1- Os cristãos são um povo escolhido. Aqui voltamos para a idéia da aliança. Em Êxodo 19:5-
6 se descreve como Deus entrou numa aliança com seu povo de Israel. Nesta aliança
Deus ofereceu ao povo israelita uma especial relação com Ele. Deus aproximou-se dos
israelitas com a espontânea oferta de que podiam ser seu povo especial se eles, por sua
vez, quisessem que Ele fosse seu único Deus. Mas toda essa relação dependia do povo
aceitar as condições da aliança e guardasse a Lei. A relação seria mantida somente se “se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança” (Êxodo 19:5). Por isso
sabemos que o cristão foi escolhido para três coisas:

1) É escolhido para ter um privilégio. Em Jesus Cristo lhe é oferecida uma nova e íntima
relação com Deus. Deus se tornou seu amigo e ele se tornou amigo de Deus.
2) É escolhido para obedecer. Toda a relação depende da obediência. O privilégio traz
consigo responsabilidade. O cristão é escolhido para que se converta em obediente filho
de Deus. Não é escolhido para fazer o que lhe agrade, mas sim para fazer o que agrada a
Deus. Seu privilégio consiste não em obedecer à sua própria vontade, mas em submeter-
se à vontade de Deus.
3) É escolhido para servir. Sua honra consiste em ser servo de Deus. Seu privilégio está em
que, ele será usado para servir aos propósitos de Deus. Mas pode ser utilizado assim
somente, quando ele presta a Deus a obediência que Ele requer. Escolhido para desfrutar
de privilégios, escolhido para obedecer, escolhido para servir; estes três atos estão
estreitamente unidos.

2- Os cristãos são um sacerdócio real. Já vimos que isto significa que cada cristão tem o
direito de acesso e aproximação a Deus, e que cada cristão tem também que oferecer a
Deus sua obra, seu culto e seu próprio ser.

3- Os cristãos são uma nação santa. O cristão foi escolhido para que seja diferente das
outras pessoas. A diferença consiste no fato de que ele está dedicado à vontade e a
ligação à única lei que são as normas e a vontade de Deus. O homem não deve nem
sequer iniciar-se na vida cristã a menos que compreenda que isto lhe exigirá ser diferente
dos demais.

4- Os cristãos são um povo destinado a ser povo de propriedade exclusiva de Deus.


Freqüentemente sucede que o valor de um objeto reside no fato de ter pertencido a
alguém.

Nesses casos um objeto bastante ordinário pode adquirir um novo valor se tiver sido propriedade
de alguma pessoa. Em qualquer museu podemos encontrar objetos vulgares — roupas,
fortificações, lapiseiras, livros, peças de mobiliário, etc — cujo único valor reside em ter
pertencido e ter sido utilizados por algum personagem destacado. É o proprietário quem conferiu
um valor especial. E assim ocorre também com o seguidor de Cristo. O cristão pode ser uma
pessoa sem nenhum valor, mas adquire novo valor, dignidade e grandeza porque pertence a
Deus. A grandeza do cristão, consiste no fato de que ele pertence a Deus.

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