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INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo.

Nas palavras de C. S. Lewis o crente “não nasceu para ser feliz mas para
amar”. Desta forma, a razão de existir da Igreja vai além da
auto-satisfação ou realização pessoal. Não é meramente ser feliz.

Quando estudamos a dinâmica da Missão não nos distanciamos desta


terrível influência hedônica. Em lugar dos valores do Reino estamos
sendo invadidos por paradigmas hedônicos como o crescimento
numérico, a visibilidade personalista e a celebração da nossa própria
capacidade, títulos e diplomas.

O contraposto deste movimento que cultua a carne e celebra o homem


é o Evangelho, que lembra-nos aos brados que o centro da Missão é a
pessoa de Jesus Cristo.

A obra missionária deve ser norteada por uma Igreja que cuida do seu
caráter e não o negocia perante a demanda dos resultados rápidos.

Desta forma o Dr. Russel Shedd, muito sabiamente, nos adverte que
frequentemente nos impressionamos com homens e ministérios que
não impressionam a Deus.
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O QUE É MISSÃO?
Um dos desafios da igreja no Brasil e no mundo é a compreensão clara
de sua missão. “Qual a missão da igreja?”. Entendimentos como
“missão integral”, “missional”, “missões” fazem parte de livros,
conferências e atividades eclesiásticas. Mas, efetivamente, qual a
missão da igreja? É possível definir e conceituar a sua missão? E o que
é a missão?

O professor sul africano David Bosch salienta que: “nunca podemos


arrogar-nos delinear a missão com excessiva nitidez e autoconfiança. Em
última análise, a missão permanece indefinível; ela nunca deveria ser
encarcerada de nossas próprias predileções. O máximo que podemos
esperar é formular algumas aproximações do que a missão significa.”

Por mais que Bosch compreenda que não é possível uma definição
clara de missão, ele a fundamenta e destaca a sua base afirmando que
“o cristianismo é missionário por sua própria natureza, ou nega sua
própria razão de ser.” E “a natureza missionária da igreja está baseada no
próprio evangelho”.

Ao mesmo tempo em que Bosch afirma a dificuldade de uma definição


exata de missão, por outro lado, se ele escreve que a missão tem uma
essência e um fundamento, o cristianismo e o evangelho
respectivamente, é porque há evidências de que a missão da igreja
deve ser definida, pois se ela foi revelada por Deus, então buscar
entender o que foi revelado a respeito desta missão se torna essencial.

A MISSÃO CENTRADA EM DEUS

O Catecismo de Westminster, documento produzido pelos puritanos e


símbolo de fé da denominação Igreja Presbiteriana do Brasil, indaga
“Qual é o fim principal do homem?" Resposta: "O fim principal do homem
é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre, ou seja, o alvo principal de tudo
é a glória de Deus (1 Co 10:31)."

“As missões não representam o alvo fundamental da igreja, a adoração


sim. As missões existem porque não há adoração, ela sim é fundamental,
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pois Deus é essencial e não o homem. Quando esta era se encerrar e os


incontáveis milhões de redimidos estiverem perante o trono de Deus, não
haverá mais missões. Elas representam, no momento, uma necessidade
temporária. Mas a adoração permanece para sempre. A adoração é,
portanto, o combustível e a meta de missões. É a meta de missões porque
nelas simplesmente procuramos levar as nações ao júbilo inflamado da
glória de Deus".

Neste sentido o argumento é que se a glória de Deus não estiver acima


de tudo, o homem não servirá bem a Deus em suas afeições. Portanto o
objetivo central e alvo principal da missão é a glória de Deus.

MISSÃO COMO ESSÊNCIA DO SER DE DEUS

Deus é missionário em sua essência (Gn 3:9 e João 20:21). E está em


busca do pecador para redimi-lo. Deus é um ser missionário ou um
missionário em seu ser e revela isso quando também a Trindade se
revela ao homem na história conforme está escrito na Escritura, o Pai
envia o Filho e o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo. A Trindade é
missionária em sua essência ontológica, o que reflete na igreja que
envia e é o povo de Deus em missão.

"A falta de reflexão teológica empobrece a missão como também a falta da


missão torna a reflexão teológica sem seu canal de aplicação".

MISSÃO DEBAIXO DA AUTORIDADE DELE

A missão é pensada e feita debaixo da autoridade de Deus. Isso está


revelado no texto da chamada Grande Comissão no Evangelho de
Mateus, 28:18 - 20: "E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me
dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis
que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém".

DeYoung e Gilbert escrevem que a missão de Jesus “é baseada exclusiva


e totalmente na autoridade dEle".
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MISSÕES CENTRADAS NA CRUZ DE CRISTO

Don Carson escreveu que necessitamos “retornar sempre à cruz de Jesus


Cristo, se temos de determinar a medida de nosso viver, serviço e
ministério cristão". A Cruz é poder e sabedoria de Deus (1 Co 1:17). Ela é
o âmago do ministério e serviço cristão.

O Pacto de Lausanne, em 1974 por líderes de 150 países, sintetiza a


missão da igreja, expressando que o propósito de Deus é oferecer o
Evangelho todo, por meio de toda a igreja, à toda criatura e em todo o
mundo. Deixa bem clara a natureza da missão: todo o evangelho, todo
o mundo, toda a igreja, todo o tempo.

A missão de Deus é o mundo.


O método de Deus é a Igreja.
O tempo de Deus é hoje.

A VOCAÇÃO COMO ENTENDIMENTO MISSIONAL DO SER

A vocação de Deus é pessoal, intransferível, incontestável e


comunitária.

Pessoal, pois Ele chama pessoas e não coisas; gente e não instituições.
Intransferível, pois o propósito de Deus é único e personalizado. Não
devemos terceirizar aquilo que Ele põe em nossas mãos.
Incontestável, pois a voz de Deus é clara. Ao chamar Ele produz em
nossos corações profunda convicção.
Comunitária, pois ninguém é chamado para, individualmente,
cumprir a missão. Esse é um chamado para toda a igreja. A vocação é
um chamado à comunhão para o cumprimento da missão.

O maior testemunho que a igreja pode dar na terra não deveria ser
medido por sua capacidade estratégica, estrutural ou tecnológica, mas
pela forma como nos "amamos e trabalhamos juntos".

Paulo escreve aos Romanos estando em Corinto possivelmente no ano


57. Havia na igreja de Roma judeus e gentios, sendo os gentios
predominantes. Uma igreja com a fé em Cristo alicerçada e liderança
reconhecida.
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Paulo era um missionário bem como um teólogo. Como teólogo, ele vai
expor para a Igreja em Roma os fundamentos da fé cristã. Como
missionário, ele pretende visitá-los de passagem para a Espanha.
Como teólogo, ele diz que a glória de Deus é a finalidade maior da
existência da Igreja. Como missionário, ele enfatiza que a prioridade
diária da igreja é anunciar a Cristo incluindo as regiões menos
alcançadas.

Quem nós somos, nosso chamado em Cristo, é mais determinante para


nosso ministério do que para onde iremos. É por isso que missões não
é um projeto estrutural, mas uma evidência relacional, o cristão e seu
Criador.

Pastor Ronaldo Lidório nos chama a atenção para o seguinte aspecto:


"Não há na Palavra um chamado geográfico (para a China, Índia…), ou
mesmo étnico (para os Indígenas, Africanos…). O chamado bíblico é
funcional, quem somos em Cristo Jesus, e não para onde iremos. Na
dinâmica do chamado há certamente uma direção geográfica. Se
alguém possui convicção de que Deus o quer na Índia isto significa que
há uma direção geográfica de Deus, não um chamado ministerial. Mas
notem: a direção geográfica muda, e mudou diversas vezes na vida de
Paulo. O chamado, porém, permanece".

A Reforma também destacou o assunto do nosso propósito de vida e


nos ajudou a entender melhor qual a finalidade maior da nossa
existência.

Não é servir à Igreja ou a nós mesmos. Calvino ao expor a carta aos


Romanos, com especial destaque no último capítulo, deixa bem clara a
evidência bíblica e convicção reformada, de que vivemos e
trabalhamos para a glória de Deus. A obra missionária deve ser
realizada, não para expandir uma instituição, uma ideia ou um clero,
mas para glorificar ao Supremo Criador.

Martinho Lutero, em um sermão expositivo em 1513, baseado no


Salmo 91, afirmou que “a glória de Deus antecede a glória da igreja”.

O Apóstolo Paulo brada: “eu não me envergonho….”. O evangelho é o


poder de Deus. O evangelho é Jesus. Portanto esta é a convicção
missional, de que o evangelho é o poder de Deus.
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Desta forma:

- O evangelho jamais será derrotado pois o evangelho é Cristo;


- O evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do mundo mas o
plano de Deus para a salvação da Igreja;
- O evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido. Ele se
manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus.

O pastor Hernandes Dias Lopes diz que a obra missionária é


imperativa, intransferível e inadiável. Precisamos entender que é
momento de renovar nosso compromisso com as Escrituras,
reconhecer que existimos como Igreja pela graça de Deus, orar por
fidelidade de vidas e entender que o próprio Jesus está construindo a
Sua igreja na terra.

A Reforma Protestante submeteu a Igreja ao crivo da Palavra e isto


revelou-nos a nossa identidade bíblica. Zuínglio, em janeiro de 1519,
afirmou em sua primeira prédica que “a salvação põe sobre nós a
responsabilidade de obediência ”.
Pela ênfase eclesiológica sob cunho escriturístico, Ekklesia, Igreja, é
um termo composto que pode ser dividido em “Ek” (para fora de) e
“Klesia”, que vem de “Kaleo” (chamar). Etimologicamente pode ser
entendida como “chamada para fora de” o que a princípio nos dá uma
ideia mais real desta comunidade dos santos, que entra em um templo,
mas precisa postar seus olhos além muros.

Alguns conceitos neotestamentários e reformados:

IGREJA DE DEUS
A expressão “Igreja de Deus” (“Ekklesia tou Theou”) o que evidencia
que esta Igreja veio de Deus e pertence a Deus. É uma comunidade que
possui Deus como fonte; é eterna, espiritual e universal. Não provém
de elucidação humana antes foi articulada por Deus, formada por
Deus, é pertencente a Deus e permanece ligada a Deus.
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IGREJA LOCAL
No Novo Testamento encontramos o conceito de “igreja local”. Em 1o
Co 1:12 temos a expressão “Igreja de Deus que está em Corinto”, onde
“que está” indica a localidade da igreja. Mostra-nos que os santos de
Corinto pertencem à Igreja, e não que a Igreja pertence à Corinto.
“Igreja” é uma comunidade sem fronteiras e, portanto, creio que há
necessidade de sacramentalizarmos mais os santos e menos os
templos. Missões não é um programa eclesiástico, é a respiração da
Igreja.

IGREJA HUMANA
Em 1Ts 1.1 vemos “igreja de Tessalônica” (“ekklesia Thesalonikeon”)
dando-nos a ideia daqueles que são Igreja também sendo
Tessalônicos, cidadãos de Tessalônica. Desta forma pelo fato de serem
“Igreja” não significa que deixam de ser cidadãos comuns, patriotas,
carpinteiros, lavradores, comerciantes, mecânicos, médicos,
professores, pais, mães ou filhos. “Igreja” no N.T. não é uma
comunidade alienante, mas como uma comunidade que abrange o
homem em seu contexto humano fazendo-nos entender que esta
Igreja não foi separada do mundo e sim purificada dentro dele. Então
na obra missionária há homens, mulheres, gente como a gente tendo o
privilégio de espalhar o Evangelho.

Concluindo, Gisbertus Voetius é considerado o primeiro teólogo pós


reforma a sistematizar a teologia da missão. Voetius permanece pouco
conhecido, em parte porque os seus livros, escritos em Latim,
permanecem em sua maioria não traduzidos.

Para Voetius, Deus não é apenas o centro do universo e da igreja, mas


também da própria teologia. Ele dizia que a Trindade era o
fundamento dos fundamentos da fé cristã. No entender de Voetius,
portanto, missões é trinitária, movida pelo amor do Pai, pela
obediência do Filho e pelo poder do Espírito Santo – a Trindade em
missão, a missio Dei Trinitatis; utilizando o conceito original de
missio Dei proposto por Agostinho no século 4.

A missão da igreja é sair pelo mundo proclamando o que o Deus Triúno


está fazendo. Então toda teologia deveria ser prática, ou seja,
praticada.
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Observando a missiologia de Gisbertus Voetius, quatro aplicações mais


objetivas vêm à mente.

A primeira é teológica. Devemos resgatar em nossos dias a ênfase da


missão centrada em Deus (teocêntrica) e promovida por Deus Pai,
Deus Filho e Deus Espírito Santo (trinitária).

A segunda aplicação é missiológica, sobre o foco da missão. Tudo o


que a igreja faz é missão em uma dimensão mais ampla, pois somos
chamados para salgar, brilhar e frutificar em nossos caminhos,
relacionamentos, famílias, estudos, profissões, igrejas e em toda a
sociedade. Onde há um cristão, há luz do evangelho.

A terceira aplicação é eclesiológica. A missão é de Deus em uma


perspectiva teocêntrica (vem de Deus e é governada por Deus), mas
nem tudo o que Deus faz é missão da igreja.

A quarta aplicação é estratégica. Pensando na prioridade da missão da


igreja (testemunhar e proclamar o evangelho de Cristo).
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MISSÕES NA HISTÓRIA
A Primeira Onda de Missões se deu na Inglaterra, em 1792, através de
William Carey, considerado pai do movimento missionário moderno.

Esta onda alcançou as regiões costeiras do mundo. Com maior


observância em seus frutos na Índia. Dois missionários se juntaram a
William Carey em 1799, William Ward e Joshua Marshman. Juntos eles
fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos, traduziram as
Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários,
organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola
para meninas, e o jornal na língua Bengali.

Além disso, William Carey foi responsável pela erradicação do costume


“suttee”, o qual queimava a viúva juntamente com o corpo do defunto
numa fogueira; vários experimentos agriculturais; fundação da
Sociedade de Agricultura e Horticultura na Índia em 1820; primeira
imprensa, fábrica de papel e motor à vapor na Índia; e a tradução da
Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos Siques.

Em 1800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao


Evangelho. Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça
parte dos habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao
apresentarem o Evangelho no Afeganistão, acharam que a única
versão que esse povo entendia era o Pushtoo, feita em Sarampore por
Carey. Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de
línguas orientais no Colégio de Fort Williams. Fundou, também, o
Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua direção, o
colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização do
país. Os seus esforços, inspiraram a fundação de outras missões,
dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a
Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária
Americana, em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em
1814. Na manhã de 9 de Junho de 1834, a Índia disse adeus ao grande
Pai das Missões, e os Céus disseram: bem-vindo a um servo fiel! Carey
morreu com 73 anos.
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A Segunda Onda de Missões nasce através de gente como Hudson


Taylor e C.T. Studd, e seguiu alcançando as terras desconhecidas no
interior dos continentes.

Taylor tem um papel fundamental no alcance dos irmãos chineses.


Hudson Taylor nasceu na Inglaterra no ano de 1832, ele começou a ter
interesse em evangelismo, e a China pareceu ser seu destino certo.
Antes de ir para missões, Hudson começou a trabalhar como ajudante
de um médico, para receber seu salário e começar sua preparação para
sua viagem missionária. O heroísmo da fé que o jovem mostrou
suportando os sacrifícios e as privações necessárias para cursar escola
de medicina e de cirurgia para melhor servir o povo da China.

O início dos trabalhos não foi fácil, com muitas dificuldades surgindo
— língua, cultura, acomodações, desprezo do povo por eles, entre
outras coisas. Em 1858, ele se casou com a missionária Maria Dyer,
com quem teve 8 filhos — dos quais 5 morreram ainda pequenos e
somente 3 chegaram à vida adulta.

Antes de embarcar para China, ele escreveu estas palavras à sua mãe:
“Anelo estar aí uma vez mais e sei que a senhora quer verme, mas acho
melhor não nos abraçamos um ao outro mais, pois isso seria
encontrarmo-nos para logo nos separarmos para todo o sempre…”
Contudo a sua mãe foi ao porto de onde o navio se ia fazer à vela.
Alguns anos depois ele assim registrou a partida:”A minha querida
mãe, que agora está com Cristo, veio a Liverpool para despedir-se de
mim. Nunca me esquecerei de como ela entrou comigo no camarote
em que eu ia morar quase seis longos meses. Com o carinho de mãe,
endireitou os cobertores da pequena cama. Assentou-se ao meu lado e
cantamos o último hino antes de nos separarmos um do outro.
Ajoelhemo-nos e ela orou. Foi a última oração de minha mãe antes de
eu partir para a China.

Ouviu- se então o sinal para que todos os que não eram passageiros
saíssem do navio. Despedimo-nos um do outro, sem a esperança de
nos encontrarmos outra vez… Ao passar o navio seu coração saiu um
grito de angústia tão comovente, que jamais esquecerei. Foi como se
meu coração fosse traspassado por uma faca. Nunca reconheci tão
plenamente até então, o que significam as palavras: Pois assim amou
Deus ao mundo.
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3 de junho de 1905. Sua nora contou o seguinte, sobre esse


acontecimento:”O querido papai estava deitado. Como sempre gostava
de fazer, tirou as cartas, dos queridos, da sua carteira e as estendeu
sobre a cama. Baixou-se para ler uma das cartas perto do candeeiro
aceso colocado na cadeira ao lado do leito. Para que ele não se sentisse
demasiadamente incomodado, puxei outro travesseiro e o coloquei por
baixo da sua cabeça e assentei-me numa cadeira ao seu lado.

Howard tinha saído para ir buscar algo para comer, quando papai, de
repente, virou a cabeça e abriu a boca como se quisesse espirrar. Abriu
a boca a segunda, e a terceira vez. Não clamou; não pronunciou
qualquer palavra. Não mostrou qualquer dificuldade para respirar –
nada de ânsia. Não olhou para mim, e não parecia cônscio… Não era a
morte, era a entrada na vida imortal. Seu semblante era de descanso e
sossego. Os vincos do rosto feitos pelo peso da luta de longos anos
pareciam haver desaparecido em poucos momentos. Parecia dormir
como criança no colo da mãe; o próprio quarto parecia cheio de
indizível paz.”

A Terceira Onda de Missões é esta na qual temos vivido a maioria de


nós. A pessoa que realmente deflagrou este movimento mundialmente
foi Dr. Ralph Winter durante os congressos de Billy Graham em
Lausanne no início dos anos 70. Nela foram definidas certas
terminologias e conceitos de missões que todos nós conhecemos, tais
como: Povos não Alcançados, Janela 10×40 e outros.

A Quarta Onda de Missões - ainda de forma indefinida e em transição,


Dr. Ralph Winter a chamou de “Era do Reino”. Mas como pode ser esta
Quarta Onda?

Jim Stier, fundador da Jovens com uma missão no Brasil, nos traz
alguns indicadores que especialmente ele acredita:

- Em primeiro lugar acredito que será uma onda com todas as


gerações trabalhando juntas;
- Será uma onda verdadeiramente internacional. Não teremos
“Nativos”, “Afro-Brasileiros”, “Europeus” ou “Americanos”.
Teremos cristãos trabalhando juntos, obedecendo a Deus como
irmãos, ombro a ombro, ganhando o mundo;
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- Será uma onda globalizada;


- Será uma onda que romperá com estruturas meramente
eclesiásticas, sendo carregada por pessoas em outras esferas. Esse será
o nosso grande teste, pois, até hoje, fazer missões sempre foi um
trabalho das agências missionárias, de algumas igrejas locais, ou de
modalidades;
- Será uma onda de abrangência e orientação mundial. Não existirá
mais a mentalidade de que apenas alguns países são “campos
missionários”. Todos os países precisam de mais do Reino de Deus;
- Será a onda de todos. É o momento em que chegaremos a todos, em
todos os lugares, em todas as esferas, a todas as gerações.
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INDICAÇÕES DE MATERIAL DE APOIO

LIDÓRIO, Ronaldo. Teologia, piedade e missão. Editora Heziom, 2021.

VOETIUS, Gisbertus. Exercitia et bibliotheca studiosi theologiae.


Utrecht, 1644.

BOSH, David. Transforming mission: Paradigm shifts in theology of


mission. Orbis books, 2011.

STOTT, John. Como ser cristão. Um guia prático para a fé cristã.


Editora Ultimato, 2016.

Joshua Project 2019. https://joshuaproject.net/

BOSCH, David. Missão Transformadora: mudanças de paradigma na


teologia da missão; tradução de Geraldo Korndörfer; Luís Marcos
Sander – São Leopoldo, RS: EST, Sinodal, 2002.

DEYOUNG, Kevin. GILBERT, Greg. Qual a missão da Igreja? :


Entendendo a justiça social e a grande comissão. – São José dos
Campos, SP : Editora Fiel, 2012.

http://www.monergismo.com/textos/catecismos/brevecatecismo_we
stminster. htm. Acesso em 11/06/2023.

PIPER, John. Alegrem-se as Nações: A Supremacia de Deus em


missões.Tradução: Rubens Castilho. São Paulo : Cultura Cristã, 2000.

CARSON, Don. A Cruz e o Ministério Cristão. Tradução: Francisco


Wellington Ferreira. São José dos Campos : Fiel, 2009.

Conceito extraído da sociologia da globalização. Cf. obra da socióloga


Sassia Sasken.
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