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SEMINÁRIO EVANGÉLICO DA IGREJA DE DEUS

Instituição: Seminário Evangélico da Igreja de Deus


Curso: Mestrado Livre em Ministério
Disciplina: Praticas Eclesiásticas
Professor: Me Cilas de Sousa Monteiro
Aluno: Valdivino Rodrigues dos Santos1

A GRANDE COMISSÃO E A TEOLOGIA BÍBLICA COMO PRÁTICAS


ECLESIÁSTICAS SAUDÁVEIS

RESSUMO
Neste artigo serão analisadas as práticas saudáveis da grande comissão e da teologia
bíblica. Abordaremos que por mais altruístas e necessárias que sejam algumas
práticas na igreja, elas não poderão converter o coração de uma pessoa para Deus.
E quanto a teologia bíblica, analisaremos que: a pregação de um evangelho que não
seja bíblico, em nada ajudará aqueles que estão perdidos. E por fim, o que
demonstrará se uma igreja é saudável e se ela está comprometida com a missão que
recebeu, de fazer discípulos, batizar e ensinar. É o que se pretende no escopo desse
artigo.

PALAVRAS-CHAVE: Missão, Evangelho, Boas Novas.

ABSTRACT
In this article, the healthy practices of the great commission and biblical theology will
be analyzed. We will address that no matter how selfless and necessary some
practices in the church are, they cannot convert a person's heart to God. And as for
biblical theology, we will analyze that: the preaching of a gospel that is not biblical will
not help those who are lost. And finally, what will demonstrate whether a church is
healthy is whether it is committed to the mission it has received, to make disciples,
baptize and teach. It is what is pending within the scope of this article.
KEYWORDS: Mission, Gospel, Good News.

1Bacharel em Teologia pela SEID-GO. Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas de
Anicuns. Advogado seção GO. Pós-Graduado em Direito de Família e Sucessões pela EBRADI SP.
Mestrando em Ministério pelo SEID-GO. Bispo Ordenado na IDB.
INTRODUÇÃO
A igreja foi constituída por Jesus e comissionada para uma missão triples de
discipular, batizar e ensinar. Não existe outra missão mais importante em que a igreja
possa se envolver que justifique diminuir sua força para cumprir essa missão.
Essas são as práticas eclesiásticas saudáveis que demonstra que uma igreja
não se desviou em seu caminho.
Neste artigo vamos abordar duas práticas de igrejas saudáveis, o
comprometimento da igreja com a grande comissão e a teologia bíblica.
Essas são as práticas eclesiásticas mais importantes de uma igreja. Ainda que
a igreja se encarregue de fazer tantas outras obras, essas não poderão tirar sua visão
da grande comissão e de uma teologia bíblica.

1 COMPROMETIMENTO COM A MISSÃO DA IGREJA


A razão da igreja existir é o seu comprometimento com a missão que foi dada a
ela. Depois de Jesus ter consumado sua obra de morte e ressureição, suas últimas
instruções para seus discípulos foram para que eles assumissem a responsabilidade
de anunciar a mensagem do evangelho a todas as noções. Essa missão ficou
conhecida como a grande comissão da igreja, Mt. 28:19: “Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo;”.

Durante o seu ministério antes da crucificação, Jesus havia dito que a sua
missão era apenas para as ovelhas perdidas de Israel (Mt 15.24). Mas agora,
após a ressurreição, ele é o exaltado juiz de toda a terra. Ele ressuscitou com
a autoridade do Todo-Poderoso, como o Filho do Homem mencionado em
Daniel 7. O governo de Jesus se estende além de Israel para todas as
nações. Ele tem toda autoridade no céu e na terra. Depois de afirmar essa
autoridade, Jesus diz aos seus discípulos que façam discípulos.
Gramaticalmente, esse é o único verbo imperativo no original grego: fazei
discípulos. E esse comando é cercado por três gerúndios, de modo que
poderíamos transcrever as formas verbais assim: Indo, fazei discípulos,
batizando e ensinando. O primeiro gerúndio — indo — é geralmente traduzido
como “ide”. Isso não é algo ruim, porque é a primeira palavra na sentença e
ocorre antes de “fazei discípulos”.2
As últimas palavra de Jesus, após a ressurreição e antes da ascensão, foram
registradas pelos quatro evangelistas como a Grande Comissão para aqueles
que continuariam a Sua obra. Naturalmente cada evangelista registra a
ordem do Senhor de acordo com a própria compreensão, mas todos os quatro
têm o mesmo enfoque: evangelizar todos os povos da terra, sem preconceito
de classe, raça, sexo ou religião. Nos lábios de Jesus, a Grande Comissão
expressa o amor cósmico de Deus pela humanidade – “Porque Deus amou
ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que

2 DEVER, Mark. Entendendo a grande comissão. Ed. Fiel, São Paulo, 2019.
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16). A ordem engloba
todas as nações, todas as coisas, todos os tempos. 3

Marck Dever nos diz que a grande comissão é entendida por muitos como
sendo a evangelização feita pelos cristãos de forma individual, mas que praticar a
missão, também implica, em algo mais. “E essa comissão não é apenas para nós
como cristãos individuais. É para nós como igrejas e membros de igreja.” (DEVER,
2019, p, 10)

“A Igreja é a ferramenta e o instrumento de Deus para a realização dos


propósitos do seu reino.” (STETZER, 2017, p, 23).

As igrejas cumprem a Grande Comissão por meio do plantio de mais igrejas.


Assim, a Grande Comissão envolve você, o cristão individual. Mas a Grande
Comissão também envolve você através de sua igreja local. Essa é a maneira
normal que Deus intenciona para que possamos ir, fazer discípulos, batizar e
ensinar.4

“A Grande Comissão, além disso, nos convoca a anunciar a Palavra de Deus às


nações e a reunir o seu povo. Essa comissão nos convoca a fazer discípulos das
nações para que eles também creiam e entrem.” (DEVER, 2019, p, 16)

Nesse processo, há igrejas locais mais fiéis ao seu chamado, outras menos
fiéis, e outras que estão profundamente enfermas. As últimas não passam de
monumentos egocêntricos, que até podem utilizar símbolos do cristianismo,
mas não fariam falta na região onde estão localizadas caso fechassem as
portas.5

Ainda que haja igrejas que se ocupem com outras áreas na sociedade fazendo
obras que, em muitos casos, são necessárias, elas não podem negligenciarem a
principal missão, discipular, batizar e ensinar toda humanidade perdida.

Igrejas saudáveis são aquelas que encontram o equilíbrio e, sem abrir mão
da sã doutrina, levam o amor ao próximo às últimas consequências;

3 A Grande Comissão nos Evangelhos. Disponível em:<http://www.pibci.org.br/2014/conteudo.


asp?codigo=1634> Acesso em: 01 de fevereiro. de 2023.
4 DEVER, Mark. Entendendo a grande comissão. Ed. Fiel, São Paulo, 2019.
5 Ed Stetzer, Sérgio Queiroz. 1ª ed. - São Paulo: Mundo Cristão, 2017.
proclamam o amor de Deus por meio da morte de Jesus na cruz do Calvário;
e demonstram esse amor mediante obras de amor prático pelas pessoas e
pela criação como um todo. 6

O foco da igreja não deva ser ela mesma, mas os que estão fora dela. A missão
da igreja é ir e anunciar as boas novas aqueles que ainda não ouviram essa
mensagem. Uma igreja local não deve ser um lugar onde os cristãos vão apenas para
ouvirem pregações e cantarem.

Com muita frequência, a Igreja tem se tornado um símbolo de reunião para


os de dentro (os cristãos), em vez de também ser um símbolo de
disseminação em favor dos outros (os do lado de fora). A Igreja foi planejada
por Deus para estar em ação no mundo, e não plantada numa rua sem saída
da vizinhança, esperando que os necessitados apareçam na porta. 7

Muitas igrejas tem adotado várias práticas em suas programações semanais em


substituição a mensagem do evangelho. Porém, a única mensagem que tem o poder
de transformar um pecador em um filho de Deus é o evangelho. Stetzer (2017, p, 27).
“O evangelho é, ele próprio, o poder de Deus para a transformação — Paulo diz que
ele cresce e dá fruto (cf. Cl 1.6). O evangelho transforma o indivíduo, depois
transforma a igreja e, então, o mundo. Por isso ele é importante, mais do que qualquer
outra coisa.”

O foco de uma igreja com práticas transformacionais está em levar a missão


adiante, e não em mimar e entreter crentes imaturos. Envolver e ganhar o
perdido e amadurecer os crentes para que repitam esse processo é a missão
predominante nas igrejas transformacionais que encontramos. 8

1.1 Analise da grande comissão do Ide

A Grande Comissão na perspectiva da missão de Jesus na terra.


Ide – Ordem que indica uma ação continua, dinâmica e irreversível.
Mundo – Toda a criação de Deus; O sistema da existência humana;
Humanidade decaída, hostil a Deus.
Pregar – Proclamar as boas novas da salvação em Cristo.
Evangelho – As Boas Novas de Cristo, o Reino de Deus.
Criatura – Pessoas geradas (criadas por Deus), mas não regeneradas, (não
nascidas do Espírito).

Harmonia dos Evangelhos na Grande Comissão

6 Idem.
7 Ed Stetzer, Sérgio Queiroz. 1ª ed. - São Paulo: Mundo Cristão, 2017.
8 Idem.
Mt. 28:19 “ide...Fazei Lc. 24:47 “Em seu nome se pregasse
discípulos” arrependimento”
Mc. 16:15 “Ide... Pregai” Jo. 20:21 “Eu também vos envio”

Atos 1:8 “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir


sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra.”

Ide
O verbo, como aparece no texto de Marcos 16:15, não é uma ordem que a
igreja pode ou não obedecer. É uma ordem que indica uma ação contínua,
dinâmica e irreversível. A igreja, assim como Abraão, tem que ser uma
bênção a todas as famílias da terra. A igreja não pode deixar de ir.
Mundo
A obra de Deus, em Cristo, trata diretamente do mundo como um todo, não
simplesmente do indivíduo. Portanto, uma soteriologia que não leve em conta
a relação entre evangelho e o mundo não faz justiça ao ensino bíblico.

Pregai
O congresso de evangelismo de Lausanne, na Suíça, realizado em 1972,
desenvolveu-se sobre o sugestivo tema “Para que toda a terra ouça a voz de
Deus”. Porém, Paulo diz: “como ouvirão se não há quem pregue?” (Rm
10:14).
O pregar no Novo Testamento é mais que um discurso. Indica proclamar
“Boas Novas”; proclamar as virtudes de Cristo; anunciar o ano aceitável do
Senhor.

Evangelho
A palavra em si significa: boas-novas, boas-notícias e é acompanhada de
vários atributos que determinam o seu sentido mais profundo:
Mc. 1:1- Evangelho de Mt. 24:14 – Mc.1:14 -
Cristo. Evangelho do Reino. Evangelho
de Deus.
O evangelho a ser proclamado é a confirmação de que Jesus é o Messias, o
Cristo de Israel. Nele está o cumprimento de todas as promessas contidas no
Antigo Testamento. O evangelho tem seu ponto de partida na encarnação do
“Verbo”, é sustentado pelo “Verbo Encarnado” e tem o seu fim no “Verbo”. É
assim que começa o evangelho de João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
Jo 1:1.
Esse “Verbo” é Jesus Cristo, o evangelho encarnado.

Criatura:
A palavra “criatura”, na Grande Comissão, indica pessoa gerada e não
regenerada. Ainda que saibamos que o evangelho, na mais larga extensão,
tem bênçãos para as pessoas regeneradas, na Grande Comissão, o
evangelho é a boa nova de que Jesus é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo
14:6).
É pelo evangelho que a pessoa deixa de ser uma simples criatura e ganha a
condição de filha de Deus, pessoa regenerada, nascida de novo (cf Jo 1:13-
13).

Teologia Prática
A teologia da Grande Comissão na perspectiva redentora de Deus – “Porque
Deus amou ao mundo...”, desenvolveu-se em quatro dimensões:

Dimensão Geográfica
“...tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins
da terra” (At 1:8).
Atos 8:4 – “toda parte”;
Atos 17:6 “todo o mundo”;
Atos 13:49 “toda aquela região”;
Atos 8:40 “todas as cidades”.

Dimensão Étnica
Essa é a Grande Comissão na visão transcultural.
Atos 19:10 “tanto judeus como gregos”;
Atos 10:47 “centurião romano”;
Atos 8:27 “um etíope”;
Atos 8:25 “aldeias dos samaritanos”;
Atos 11:20 “gregos e gentios”.

Dimensão Social
A teologia da Grande Comissão é sem preconceitos.
Atos 26:22 “tantos a pequenos como a grandes”
Romanos 1:14,15 “gregos, bárbaros, sábios e ignorantes”.9

A Igreja é formada da união de todos aqueles que ao ouvirem a pregação do


evangelho, creem e recebem a Jesus Cristo como salvador de suas vidas. Recebem
a ordenança do batismo nas águas, e participam da comunhão da ceia do Senhor.
Composta por estas pessoas, a igreja, forma então, um corpo, cuja a cabeça desse
corpo é Cristo.
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra". (BÍBLIA NVI, Atos 1:8)
Com a chegada do Espírito Santo é marcado o nascimento da igreja. A igreja,
agora, é o novo povo de Deus, incumbidos de anunciar as boas novas em toda a terra.
Os discípulos, cheios do Espirito Santo, começaram a anunciar com coragem e
muita ousadia a mensagem de restauração por todo o mundo.

2 TER UMA TEOLOGIA BÍBLICA


“Olhando de baixo para cima, a maneira como entendemos o evangelho indicará
a maneira como evangelizamos.” (DEVER, 2015, p, 61)

Aquilo com que você ganha as pessoas é também aquilo para o que você as
ganha. Se você as ganha com o evangelho, elas são ganhas para o
evangelho. Se as ganha com técnicas, programas, entretenimento e carisma
pessoal, você acaba ganhando-as para si mesmo e para seus métodos (e
talvez nem as ganhe!).10

9 A Grande Comissão nos Evangelhos. Disponível em:<http://www.pibci.org.br/2014/conteúdo. asp?


codigo=1634> Acesso em: 01 de fevereiro. de 2023.
10 Dever, Mark, Paul Alexander. Igreja intencional: edificando seu ministério sobre o Evangelho. Ed.

Fiel 2. ed. São José dos Campos, SP, 2015.


Um entendimento bíblico das boas-novas. particularmente importante é que
as igrejas tenham uma teologia bíblica correta em uma área especial — o
entendimento das boas-novas de Jesus Cristo, o evangelho. O evangelho é
o âmago do cristianismo; por isso, deve estar no âmago de nossas igrejas.
Uma igreja saudável é uma igreja em que cada membro, novo ou velho,
maduro ou imaturo, une-se ao redor das maravilhosas boas novas de
salvação por meio de Jesus Cristo. Essa é a razão por que a segunda marca
essencial de uma igreja saudável é a teologia bíblica exata, ou seja, uma
teologia que é bíblica. Do contrário, interpretaremos versículos isolados
dando-lhes o significado que desejarmos. A teologia bíblica exata é uma
teologia fiel ao ensino de toda a Bíblia. É confiável e interpreta com exatidão
as partes em relação ao todo. Cada parte da Bíblia aponta para o evangelho
ou para algum dos seus aspectos. Assim, a igreja se reúne semana após
semana para ouvir o evangelho sendo contado mais uma vez. Um
entendimento bíblico das boas-novas deve fundamentar cada sermão, cada
batismo e ceia, cada canção, cada oração, cada conversa. Mais do que
qualquer outra coisa na vida da igreja, os membros de uma igreja saudável
oram e anelam por um conhecimento mais profundo deste evangelho.11

A igreja que não tem um entendimento bíblico de sua pregação adoece, e acaba
adoecendo seus ouvintes também com sua mensagem, como argumentado por Mark
Dever:

O que é uma igreja doente? É uma igreja em que os sermões retornam


frequentemente a clichês e repetições. E, pior do que isso, elas se tornam
moralistas e centralizadas no homem, e o evangelho é remodelado em pouco
mais do que uma mensagem espiritual de “autoajuda”. A conversão é vista
como um ato da decisão humana. Em diferentes aspectos, de mal a pior, a
cultura da igreja é indistinguível da cultura secular que a circunda. Igrejas
assim não proclamam as admiráveis boas-novas de salvação em Jesus
Cristo. 12

Um evangelho que não esteja fundamentado em uma teologia bíblica poderá


está oferecendo somente seus benefícios, o que todos, não importa a crença, querem.

O evangelho não é a mensagem de que Deus tem um plano e um propósito


maravilhosos para nós. Como falei amplamente no capítulo 1, o evangelho é
as boas-novas de que Jesus morreu na cruz como um sacrifício vicário, em
favor dos pecadores, e ressuscitou, estabelecendo o meio de sermos
reconciliados com Deus. É a mensagem de que o Juiz se torna Pai, se tão-
somente nos arrependermos e crermos. Eis os quatro assuntos que tento
lembrar quando compartilho o evangelho, em particular ou em público: (1)
Deus, (2) homem, (3) Cristo e (4) resposta. Em outras palavras:
• Eu expliquei que Deus é nosso santo e soberano Criador?
• Deixei claro que nós, humanos, somos uma mistura esquisita, feitos de um
modo maravilhoso à imagem de Deus, mas horrivelmente caídos,

11 Dever, Mark. Ed, O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL Fiel, São José dos Campos, 2009.
12 Idem.
pecaminosos e alienados dEle?
• Expliquei quem é Jesus e o que Ele fez — ou seja, que Ele é o Deus-
Homem, que permanece de modo exclusivo entre Deus e o homem como
substituto e Senhor ressurreto?
• E, finalmente, ainda que eu tenha compartilhado tudo isso, afirmei com
clareza que a pessoa tem de responder ao evangelho e crer nesta
mensagem, convertendo-se de sua vida de egocentrismo e pecado?
Às vezes, é tentador apresentar alguns dos benefícios do evangelho como se
estes fossem o próprio evangelho. E esses benefícios tendem a ser coisas
que os não-cristãos naturalmente desejam, como alegria, paz, felicidade,
satisfação, autoestima ou amor. Todavia, apresentar essas coisas como se
fossem o próprio evangelho é apresentar uma verdade parcial. E, conforme
disse J. I. Packer, “uma meia-verdade que se mascara como se fosse a
verdade inteira torna-se uma mentira completa”.13

A conversão de alguém de seus erros e pecados acontecerá quando ela for


exposta a uma pregação do evangelho que a confronte, em amor, e lhe mostre que
está errada, e que seu caminho o conduzirá a uma perdição eterna se ela não mudar
sua rota.

A conversão não é recitar um credo. Não é fazer uma oração. Não é um


diálogo. Não é tornar-se um ocidental. Não é alcançar certa idade, assistir
uma aula ou passar por algum ritual de maturidade. Não é uma jornada em
que todos estão dispersos em diferentes pontos ao longo do caminho. Antes,
a conversão é tornar-nos, com toda a nossa vida, da autojustificação para a
justificação de Cristo, do domínio do “ego” para o governo de Deus, da
adoração aos ídolos para a adoração a Deus.
Charles Spurgeon, pregador do século XIX, contou certa vez a história de
que, enquanto caminhava por uma das ruas de Londres, um bêbado se
aproximou dele, encostou-se ao poste e disse: “Olá, senhor Spurgeon, eu sou
um de seus convertidos!” Spurgeon respondeu: “Você deve ser um dos meus
convertidos, mas, com certeza, não é um dos convertidos do Senhor!”
Quando uma igreja entende erroneamente o ensino bíblico sobre a
conversão, ela pode se encher de pessoas que fizeram declarações sinceras
em um momento de sua vida, mas não experimentaram a mudança radical
que a Bíblia apresenta como conversão. A verdadeira conversão pode ou
não envolver uma experiência emocionalmente intensa. Contudo, ela se
evidenciará em seus frutos. Os convertidos dão evidência de mudança —
despojando-se do velho e revestindo-se do novo? Os membros se mostram
interessados em guerrear contra o seu pecado, mesmo quando continuam a
tropeçar? Demonstram um novo interesse em desfrutar da comunhão dos
cristãos e, talvez, novos motivos em gastar tempo com os não-cristãos? Nas
provações e desafios, estão começando a reagir de maneira diferente de
como o faziam quando não eram cristãos? Entender o que Bíblia ensina sobre
a conversão é uma das marcas importantes de uma igreja saudável. 14

Dever, (2015, p, 46) “Portanto, alimentar o rebanho é a maior prioridade de um

13 Idem.
14 Dever, Mark. Ed, O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL Fiel, São José dos Campos, 2009.
pastor. “Apascenta os meus cordeiros (Jo 21.15).” “Retire a pregação expositiva, a
teologia bíblica e o entendimento bíblico do evangelho, e você observará a saúde da
igreja declinando rápida e radicalmente. De fato, espere que logo ela morra (ainda que
suas portas estejam, tecnicamente, abertas)”. (DEVER, 2009, p,56)
O zelo por uma teologia bíblica é fundamental para não dizermos o quisermos
sobre o evangelho, como nos afirma Dever, (2009, p, 63) “Essa é a razão por que a
segunda marca essencial de uma igreja saudável é a teologia bíblica exata, ou seja,
uma teologia que é bíblica. Do contrário, interpretaremos versículos isolados dando-
lhes o significado que desejarmos.”
“A teologia bíblica exata é uma teologia fiel ao ensino de toda a Bíblia. É confiável
e interpreta com exatidão as partes em relação ao todo.” (DEVER, 2009, p,64)
“Uma igreja saudável é caracterizada por pregação expositiva e por teologia
bíblica.” (DEVER, 2009, p,67)

Particularmente importante que as igrejas tenham uma teologia bíblica


correta em uma área especial — o entendimento das boas-novas de Jesus
Cristo, o evangelho. O evangelho é o âmago do cristianismo; por isso, deve
estar no âmago de nossas igrejas. Uma igreja saudável é uma igreja em que
cada membro, novo ou velho, maduro ou imaturo, une-se ao redor das
maravilhosas boas novas de salvação por meio de Jesus Cristo. 15

Cada parte da Bíblia aponta para o evangelho ou para algum dos seus
aspectos. Assim, a igreja se reúne semana após semana para ouvir o
evangelho sendo contado mais uma vez. Um entendimento bíblico das boas-
novas deve fundamentar cada sermão, cada batismo e ceia, cada canção,
cada oração, cada conversa. Mais do que qualquer outra coisa na vida da
igreja, os membros de uma igreja saudável oram e anelam por um
conhecimento mais profundo deste evangelho. 16

CONCLUSÃO
Podemos ter a mais clara certeza que a missão que a igreja recebeu de Jesus é
a meta mais importante que devamos insistir em alcança-la. Jesus veio a este mundo,
nasceu, viveu, morreu como cordeiro inocente e sem pecado. Ressuscitou ao terceiro
dia, reuniu seus discípulos, a quem ele já havia preparado durante seu ministério
terreno, e os incumbiu dessa nobre tarefa de anunciar ao mundo todo que existe
perdão para os seus pecados. Por isso, essa é, sem dúvida, a prática mais importante
que nós, como igreja, temos de assumir.

15 Dever, Mark. Ed, O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL Fiel, São José dos Campos, 2009.
16 Idem.
A missão tríplice de fazer discípulo, batizar e ensinar deva ser o alvo de toda
igreja que deseja ser bíblica, obediente a quem a comissionou e comprometida com
a salvação daqueles que ainda estão perdidos. Todas as demais práticas da igreja
não poderão comprometer o seu tempo a ponto de não poder dedicar-se a sua missão
principal de proclamar as boas novas.
A igreja é a agência de Deus na terra incumbida de pregar o evangelho, edificar
os salvos, e preparar os novos trabalhadores para prosseguir na missão de Deus na
terra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEVER, Mark, Paul Alexander. Igreja intencional: edificando seu ministério sobre o
Evangelho. Ed. Fiel 2. ed. São José dos Campos, SP, 2015.
DEVER, Mark. Entendendo a grande comissão. Ed. Fiel, São Paulo, 2019.
DEVER, Mark. IGREJA: o evangelho visível, 1ª ed, Editora FIEL, São José dos
Campos, SP, 2015.
DEVER, Mark. O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL. Fiel, São José dos Campos,
2009.
STETZER, Ed & Sérgio Queiroz. IGREJAS QUE TRANSFORMAM O BRASIL.1ª ed.
Mundo Cristão, São Paulo 2017.
MARSHALL, Colin & Tony Payne. A treliça e a videira: a mentalidade de discipulado
que muda tudo. Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2016.

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