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SEMINÁRIO EVANGÉLICO DA IGREJA DE DEUS

Instituição: Seminário Evangélico da Igreja de Deus


Curso: Mestrado Livre em Ministério
Disciplina: Teologia do Antigo e do Novo Testamento
Professor: Dr. Carlos A. Vailatti
Aluno: Valdivino Rodrigues dos Santos1

TEOLOGIA BÍBLICA DOS PROFETAS

RESUMO
A teologia bíblia é um mergulhar na Bíblia. É procurar compreender o texto dentro de
seu contexto de forma límpida, sem interferências de pressupostos, sejam eles quais
forem. O texto bíblico, tem por si só, uma mensagem a nos transmitir, e a teologia
bíblica busca essa mensagem e a deixa fluir de forma natural.
A teóloga bíblica dos profetas busca compreender as mensagens dos profetas dentro
seu contexto histórico, social, cultural e espiritual.
Os livros bíblicos dos profetas têm uma teologia de exortação, de repressão e
convocação para o arrependimento e obediência ao Deus criador que se revelou ao
povo de Israel.

PALAVRAS-CHAVE: Profeta; profecia; teologia.

ABSTRACT
Biblical theology is an immersion in the Bible. It is to seek to understand the text within
its context in a clear way, without interference from presuppositions, whatever they
may be. The biblical text, in itself, has a message to convey to us, and biblical theology
seeks this message and lets it flow naturally.

1Bacharel em Teologia pela SEID-GO. Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas de
Anicuns. Advogado seção GO. Pós Graduado em Direito de Família e Sucessões pela EBRADI SP.
Mestrando em Ministério pelo SEID-GO. Bispo Ordenado na IDB.
The biblical theologian of the prophets seeks to understand the messages of the
prophets within their historical, social, cultural, and spiritual context.
The biblical books of the prophets have a theology of exhortation, repression and
summons to the first and obedience to the creator God who revealed himself to the
people of Israel.

KEYWORDS: Prophet; prophecy; theology

INTRODUÇÃO
Este artigo pretende demostrar, em forma de pesquisa bibliográfica, a teologia
dos profetas do Antigo Testamento, abordando o conceito de teologia bíblica, o
chamado do profeta, o oficio de um profeta, e sua mensagem. Através das pesquisas,
ainda serão abordados, o entendimento do conteúdo das profecias, e qual era a fonte
e a inspiração dos profetas para entregarem suas profecias.

1 TEOLOGIA BÍBLICA

A Teologia Bíblica tem a preocupação em descobrir quais são os temas


teológicos nos quais os autores estavam interessados em relatá-los, no momento em
que foram escritos, seja do AT. ou NT. É o Entendimento a Respeito de Deus e do
Mundo obtido a partir das Escrituras.

A teologia bíblica precisa ser entendida como uma disciplina histórico-


teológica, o que equivale a dizer que o teólogo da Bíblia engajado no estudo
da teologia do Antigo ou do Novo Testamento deve reclamar por direito a
função de descobrir o que 0 texto quis dizer, além de esclarecer o seu
significado atual.2

“O teólogo bíblico trabalha com que os autores bíblicos registraram sobre


Deus.” (MIRANDA, 2011, p. 12).

Alguns estudiosos da Bíblia se concentram no evento narrado. Outros


procuram estudar o momento em que ele foi registrado. São especialidades
bíblicas diferentes. É importante saber situar os eventos que o livro narra,
mas, muito mais do que situá-los, precisamos compreendê-los como o seu

2
HASEL, Gerhad F. Teologia Do Antigo Testamento: Questões Fundamentais no debate Atual. Rio
de Janeiro. JUERP, 1982.
escritor queria que eles fossem compreendidos. Isso significa que a teologia
bíblica tem como missão trabalhar com os textos bíblicos e com o momento
em que surgiram. Quando eles narram os tempos antigos, nosso objetivo é
entender por que e para que eles o fizeram. O autor ou redator de um livro do
Antigo Testamento, seja nominalmente conhecido, seja anônimo, desejou
com sua obra ensinar, confortar, exortar e transformar determinado grupo de
leitores ou ouvintes. Essa digressão é para enfatizar que algumas histórias
bíblicas foram registradas de forma escrita muito tempo depois do seu
acontecimento. O livro pode ser posterior aos eventos que ele narra. Isso
parece claro em alguns momentos. Afinal, o autor de Crônicas não estava lá
para acompanhar a construção do templo. Mas nem sempre o leitor percebe
a diferença entre o tempo do texto e o tempo do evento. Se o objetivo é
estudar a teologia bíblica, o sensato, nesse caso, é dar prioridade ao
momento em que o livro nasceu, e não ao momento em que o evento ocorreu.
Para a teologia bíblica, muito mais importante do que conhecer as histórias é
saber por que elas foram registradas.3

1.1 Conceitos de teologia bíblica

Em outras palavras, a teologia bíblica se limita mais intencionalmente à


mensagem do texto ou corpus em consideração. Ela questiona quais temas
são mais centrais para os escritores bíblicos em seu contexto histórico e
procura discernir a coerência entre esses temas. A teologia bíblica foca no
enredo da Escritura – o desdobramento do plano de Deus na história
redentiva. Como nós consideraremos mais cuidadosamente na Parte 3, isso
significa que nós deveríamos interpretar e então pregar cada texto no
contexto de sua relação com todo o enredo da Bíblia. A teologia bíblica pode
limitar-se à teologia de Gênesis, do Pentateuco, de Mateus, de Romanos ou
até mesmo à teologia paulina. Contudo, a teologia bíblica pode também
compreender todo o cânon da Escritura, no qual o enredo das Escrituras
como um todo é integrado. Com muita frequência, pregadores expositivos
limitam-se aos livros de Levítico, Mateus ou Apocalipse, sem considerar o
lugar que eles ocupam no enredo da história redentiva. Eles isolam uma parte
da Escritura da outra, e assim pregam de um modo truncado, ao invés de
anunciarem todo o conselho de Deus. Gerhard Hasel corretamente destaca
que nós precisamos fazer teologia bíblica de um modo “que busca fazer
justiça a todas as dimensões da realidade de que os textos bíblicos
testificam”. Fazer tal teologia não é meramente uma tarefa para professores
de seminário; é a responsabilidade de cada pregador da Palavra! 4
O objetivo da Teologia Bíblica. tratar do progresso da verdade nos diversos
livros da Bíblia, e descrever a forma de cada escritor apresentar as doutrinas
fundamentais. A Teologia Bíblica, então, preocupa-se com a doutrina em um
livro, quer no Antigo Testamento, quer nas páginas do Novo Testamento em
particular. Seguindo este método teológico, o biblista, por exemplo, pode
ocupar-se do estudo da doutrina de Deus apenas em Gênesis, ou da
cristologia na epístola de Paulo aos Romanos, e assim sucessivamente. 5

3
MIRANDA, Valtair. Fundamentos da Teologia Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.
4
FIEL, MINISTÉRIO. Uma introdução à pregação e à teologia bíblica (parte 2). Disponível em:<
https://bityli.com/rkXKLl> acesso em 29 de julho de 2022.
5 BENTHO, Esdras Costa. HERMENÊUTICA – Fácil e Descomplicada. Rio de Janeiro. CPAD, 2003.
1.2 História da teologia bíblica
“O termo teologia bíblica” só apareceu pela primeira vez cem anos após a
Reforma na obra Deutsche Biblische Theologie (Kempten), 1629.” (HASEL, 1972,
p.14).

Da Reforma ao Iluminismo.0 principio protestante "sola scriptura" que


transformou no grito de guerra da Reforma contra a teologia escolástica e a
tradição eclesiástica, preparou 0 terreno para o desenvolvimento
subsequente da teologia bíblica através de sua conclamação a livre
interpretação das Escrituras (sui gipsius interpres). Não foram os reformistas
que criaram 0 termo "teologia bíblica" nem a abraçaram como disciplina,
como veio a ser entendida posteriormente.6
Já em 1 745 a teologia bíblica sofre uma nítida separação da teologia
dogmática (sistemática), passando a ser entendida como fundamento desta
última. Isto denota sua libertação do simples papel de auxiliar da dogmática.
A possibilidade de a teologia bíblica rivalizar com a dogmática e se converter
numa disciplina totalmente independente está inerente nesse progresso.
Estas tendencias eram patrocinadas pelo racionalismo da era do iluminismo.7

2 OS LIVROS PROFÉTICOS NO ANTIGO TESTAMENTO


Em nossas bíblias cristãs, os livros do AT. não estão dispostos como na bíblia
hebraica.

Na Bíblia cristã, o último livro do Antigo Testamento é o pequeno livro do


profeta Malaquias. Curiosamente, apesar de as Escrituras judaicas
possuírem exatamente os mesmos livros que o nosso Antigo Testamento
protestante, o arranjo e a ordem não são os mesmos. O último livro da Bíblia
hebraica e Crônicas.8

“A Bíblia hebraica tem 24 livros agrupados em três categorias distintas: Torá


(Lei), Nebiim (Profetas) e Ketubim (Escritos).” (MIRANDA, 2011, p.24).

Torá (LEI) Gênesis


Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Nebliim (Profetas) Josué
Juízes
Samuel

6 HASEL, Gerhad F. Teologia Do Antigo Testamento: Questões Fundamentais no debate Atual. Rio de
Janeiro. JUERP, 1982.
7 HASEL, Gerhad F. Teologia Do Antigo Testamento: Questões Fundamentais no debate Atual. Rio de

Janeiro. JUERP, 1982.


8 MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da Teologia Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.
Primeiros Profetas Reis
(ou profetas
anteriores)
Profetas Posteriores Isaias
Jeremias
Ezequiel
Os doze
Ketubim (escritos) Salmos
Provérbios
Poéticos

Os cinco Rolos Cântico dos Cânticos
Rute
Lamentações
Eclesiastes
Ester
Restante Daniel
Esdras-Neemias
Crônicas
Fonte:9

Nos informa ainda Miranda (2011, p. 25) que: “Os 22 livros da Bíblia hebraica,
quando foram recebidos pelas primeiras igrejas, tornaram-se o Antigo Testamento.”
Ou seja, 22 livros da bíblia hebraica viraram os 39 livros que conhecemos em nossas
Bíblias cristã.
Na Bíblia hebraica os livros, além de terem uma disposição diferente da cristã,
também são chamados de forma diferente. Nos livros que conhecemos como, profetas
menores, “Os Doze, livro único na Escritura judaica, foi separado em doze pequenas
obras: Oseias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.” Enquanto consideramos os doze profetas menores, em
doze unidades separadamente, para os judeus é um único livro. (MIRANDA, 2011, p.
25).
Para Fee e Stuart (2009, p. 153) “Os profetas menores são assim chamados
porque estes livros são relativamente curtos; os profetas maiores são livros
comparativamente longos. Os termos não subentendem absolutamente nada acerca
da importância relativa dos livros.”
As diferenças, ainda podem ser encontradas nos livros de Samuel, Reis,
Crônicas, Esdras e Neemias.

• Samuel, Reis e Crônicas também foram divididos. Tornaram- se


duas obras cada: 1-2 Samuel, 1-2 Reis e 1-2Crônicas.

9 Idem.
• Esdras-Neemias é uma única obra na Bíblia hebraica. No Antigo
Testamento protestante, foi separado, gerando duas obras distintas:
Esdras e Neemias.10

“As obras denominadas de Profetas Posteriores na Bíblia hebraica


correspondem aos livros proféticos do Antigo Testamento protestante, com exceção
de Daniel, que está entre os Escritos.” (MIRANDA, 2011, p. 43).

Scholz, também nos diz em seu livro “Princípios de Interpretação bíblica”:

A Bíblia Hebraica começa com Gênesis e termina com Crônicas. Os Profetas


aparecem antes dos Salmos. A Bíblia latina, aceita oficialmente pela Igreja
Católica, segue a ordem dos livros que se encontra na Septuaginta,
colocando os Profetas depois dos Salmos, além de incluir os
deuterocanônicos9. As Bíblias de editoras protestantes, embora adotem,
hoje, o cânone hebraico, isto é, excluem os apócrifos ou deuterocanônicos,
seguem a ordem dos livros encontrada na Bíblia latina.11

3 PROFETA
Na Bíblia os termos para referenciar os profetas vai desde vidente, homem de
Deus e profeta mesmo. Essas variações de nomenclaturas não são usadas para
diferenciarem o papel do profeta, mas são termos usados em tempo e lugares
diferentes para se referirem a mesma função de profeta.

A terminologia para profeta é variada, indo de “vidente” (rõ’eh) a “profeta”


(nãbí) ou (hôzeh), ou ainda “homem de Deus” (‘is 'élõhim). Estes não são
usados para diferenciar aspectos isolados do papel profético, mas antes são
termos usados em épocas ou em lugares diferentes. Tudo se refere a função
principal do profeta como porta-voz de Deus. Muitos tem feito uma
diferenciação entre profetas orais e profetas escritores, mas estes últimos
com certeza tinham também um ministério oral, e a denúncia de Amos da
injustiça coletiva em Israel não difere radicalmente da condenação de Elias
da corte de Acabe.12

10
MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da Teologia Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.
11
SCHOLZ, Vilson. Princípios de Interpretação bíblica: introdução à hermenêutica com ênfase em
gêneros literários. Canoas. Ed. ULBRA, 2006.
12
FEE, Gordon D. & Douglas Stuart. ENTENDES O QUE LÊS. 2ª ed. São Paulo. VIDA NOVA, 2008.
4 O CHAMADO
Como se dava o chamado de um profeta?

O chamado do profeta pode ocorrer por meio de uma experiencia de


revelação sobrenatural, como nos casos de Isaias (6.1-13) ou Jeremias (I.2-
10); mas também pode ocorrer por meios naturais, por exemplo, quando Elias
lançou o seu manto sobre Eliseu (l Rs 19 .19 -2 1), significando a transferência
de autoridade e poder, e isso pode envolver também a unção (l Rs 19 .16).
Ao contrário do sacerdote ou do rei, o profeta jamais assumiu seu “oficio” de
forma indireta, por herança, mas sempre de forma direta como resultado da
vontade divina. O significado do chamado é sempre o mesmo: os profetas
não estão mais no controle de seu próprio destino, mas pertencem de forma
absoluta a Javé. Eles não falam por si mesmos e nem mesmo podem querer
proferir a mensagem (ver Jr 20.7-18), mas estão sob o domínio de Javé,
chamados para proferir a mensagem divina ao povo.13

5 O OFÍCIO
Dentre os ofícios em que um profeta, deveria atuar, segundo Osborne, (2009,
p.333) “O papel do profeta era complexo e multifacetado. Ele era principalmente um
mensageiro de Deus enviado para trazer o povo de volta a sua relação de aliança com
Javé.”

David Petersen contesta os termos “oficio” e “carisma” para designar o papel


do profeta (1981:9-15). Os dois conceitos têm sido muitas vezes
contrastados, como se um oficio fosse algo institucional, e carisma, anti-
institucional. Petersen argumenta que os profetas desempenhavam um
papel, em vez de cumprir um oficio. Em essência, ele está correto, porque
temos pouca evidencia da institucionalização entre os profetas de Israel
(diferentes de seus vizinhos, como os filisteus). Os profetas judeus atuavam
de modo particular, como Elias ou Jeremias; eles eram chamados
diretamente por Deus e não pertenciam a nenhuma “instituição”. Num certo
sentido, eles eram “carismáticos”, porque estavam plenos do Espirito de Deus
— o ímpeto vinha de Deus, e não deles próprios. Eles não tinham controle
sobre o seu papel, mas simplesmente seguiam as orientações de Deus.14

Os profetas eram chamados sempre que o povo estava se desviando dos


propósitos de Deus anunciados pela entrega da Lei a Moisés. “A reponsabilidade dos
profetas do Antigo Testamento não era principalmente predizer o futuro no sentido

13
OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São
Paulo. Vida Nova, 2009.
14 OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São

Paulo. Vida Nova, 2009.


moderno da palavra “profetizar”, era mais anunciar a vontade de Deus que Ele
comunicara através da revelação.” (ARCHER, 1986, P. 222).

6 A TEOLOGIA DOS PROFETAS


Ler e entender os escritos dos profetas não é nada fácil. Fee e Stuart (2008, p.
153) “Devemos notar logo de início que os livros proféticos estão entre as partes mais
difíceis da Bíblia para serem interpretados ou lidos com entendimento. As razões disto
dizem respeito a mal entendimentos quanto à sua função e forma.”
Em nossos dias, quase sempre que falamos em profeta ou em profecia, o que
logo nos vem à mente são os prognósticos para no futuro. “Os profetas realmente
anunciaram o futuro. Mas, usualmente, era o futuro imediato de Israel, Judá, e doutras
nações que existiam em derredor, que anunciavam, e não o nosso futuro.” “Na
realidade, usar os Profetas desta maneira é altamente seletivo.” (FEE e STUART
2008, p. 153).
A maioria das profecias no A.T. falavam de acontecimentos relacionados ao
povo de Israel, de Judá e das nações vizinhas, poucas são as profecias que se
referem ao nosso futuro, ou ao futuro Messias que viria.

A dificuldade primária para a maioria dos leitores modernos dos Profetas com
sua origem numa compreensão prévia inexata da palavra profecia. Para a
maioria das pessoas, esta palavra significa aquilo que aparece como a
primeira definição na maioria dos dicionários: O prenúncio ou a predição
daquilo que está para vir." Acontece frequentemente, portanto, que muitos
cristãos se referem aos Profetas somente para predições acerca da vinda de
Jesus e/ou certos aspectos da era da Nova Aliança como se a predição de
eventos muito distantes dos seus próprios dias fosse a preocupação principal
dos Profetas. Na realidade, usar os Profetas desta maneira é altamente
seletivo. Considere nesta conexão as seguintes estatísticas: Menos que 2 por
cento da profecia do Antigo Testamento é messiânica. Menos que 5 por cento
especificamente descreve a era da Nova Aliança. Menos que 1 por cento diz
respeito a eventos ainda vindouros.15

Outro aspecto que dificulta a compreensão dos profetas são as nuances nos
assuntos abordado. Eles vão sendo passados de um a outro rapidamente, exigindo
uma leitura atenta de cada parte, e ao mesmo tempo o leitor precisa ir costurando
cada uma delas, procurando dar uma unidade ao todo do livro. isso acontece porque

15 FEE, Gordon D. & Douglas Stuart. ENTENDES O QUE LÊS. 2ª ed. São Paulo. VIDA NOVA, 2008.
as profecias, em muitos casos, foram pronunciadas durante um longo período de
tempo antes de serem colecionadas e escritas juntas.

Além disto, você já notou quão difícil é ler qualquer dos livros proféticos mais
compridos numa só assentada? Por que é assim? Primariamente, pensamos,
porque provavelmente não visavam ser lidos daquela maneira. Na sua maior
parte, estes livros mais longos são coletâneas de oráculos falados, nem
sempre apresentadas na sua sequência cronológica original, frequentemente
sem indícios sobre onde um oráculo termina e outro começa, e
frequentemente sem indícios quanto à sua situação histórica. E a maioria dos
oráculos foram falados em poesia!16

A expectativa dos profetas era advertir o povo, em geral, quanto sua


desobediência as ordens de Deus nas alianças feitas.
“Para compreender o que Deus deseja dizer-nos através destes livros inspirados,
devemos primeiramente ter uma clara compreensão quanto ao papel e à função do
profeta em Israel.” (FEE STUART, 2008, p. 153).

Os Profetas eram mediadores para fazer cumprir a aliança [....] a lei de Israel
se constituía em aliança entre Deus e Seu povo. Esta aliança contém, não
somente regras para serem observadas, como também descreve os tipos de
castigo que Deus necessariamente aplicará ao Seu povo se não guardar a
Lei, bem como os tipos de benefícios que Ele lhe outorgará se a guardar. Os
castigos frequentemente são chamados "maldições" da aliança, e os
benefícios, "bênçãos." O nome não importa. O que importa é que Deus não
somente dá a Sua lei, como também a faz cumprir. A execução positiva é a
benção; a execução negativa é a maldição. É aqui que os profetas entram em
cena. Deus anunciou a execução (positiva ou negativa) da Sua lei através
deles, de modo que os eventos da bênção ou da maldição fossem claramente
compreendidos pelo Seu povo. Moisés foi o mediador da lei de Deus quando
Deus a anunciou pela primeira vez, e, portanto, é um paradigma (modelo)
para os profetas. São os mediadores, ou porta-vozes de Deus, no tocante à
aliança. Através deles, Deus relembra às pessoas nas gerações depois de
Moisés que, se a Lei for guardada, haverá bênçãos como resultado; senão,
seguir-se-á o castigo.17

Onde estão listadas essas leis que Israel deveria observar? Fee e Stuart (2008,
p. 155): “Os tipos de bênçãos que sobrevirão a Israel pela sua fidelidade à aliança são
achados especialmente em Levítico 26.1-13, Deuteronômio 4,32-40, e 28.1-14. Estas

16
Idem.
17 FEE, Gordon D. & Douglas Stuart. ENTENDES O QUE LÊS. 2ª ed. São Paulo. VIDA NOVA, 2008.
bênçãos, no entanto, são proclamadas com uma advertência; se Israel não obedecer
à lei de Deus, as bênçãos cessarão.”

Devemos, portanto, ter sempre em mente que os profetas não inventaram as


bênçãos ou as maldições que proclamavam. Podem ter expressado estas
bênçãos e maldições de modos novos e cativantes, conforme foram
inspirados a assim fazer. Reproduziam, porém, a palavra de Deus, não a sua
própria. Através deles, Deus proclamou Sua intenção de fazer cumprir a
aliança, para o benefício ou para o dano, de acordo com a fidelidade de Israel,
mas sempre na base de, e de acordo com, as categorias de bênçãos e de
maldições já contidas em Levítico 26, Deuteronômio 4 e Deuteronômio 28-
32. Se você se der ao trabalho de aprender esses capítulos do Pentateuco,
você terá como recompensa uma compreensão muito melhor do porquê os
profetas dizem aquilo que dizem.18

Ainda, Fee e Stuart, também nos informa que a mensagem do profeta não era
original:

Os profetas foram inspirados por Deus para apresentar o conteúdo essencial


das advertências e promessas (maldições e bênçãos) da aliança. Logo,
quando lemos as palavras dos profetas, o que lemos não é nada
genuinamente novo, mas, em essência, a mesma mensagem que Deus
entregou originalmente através de Moisés. A forma em que aquela
mensagem é transmitida pode, naturalmente, variar substancialmente. Deus
levantou os profetas para atrair a atenção das pessoas às quais foram
enviados. Obter a atenção das pessoas pode envolver um refraseamento e
reestruturação dalguma coisa que já ouviram muitas vezes, de modo que tem
certo tipo de "novidade."19

A conclusão de Gordon Fee e Douglas Stuart (2008, p.158) é que: “Aquilo que
lemos nos livros proféticos, portanto, não é meramente a Palavra de Deus conforme
o profeta a via, mas, sim, a Palavra de Deus conforme Deus queria que o profeta a
apresentasse.

Os profetas eram homens e mulheres de oposição à situação a sua volta.


Nessa fase da atividade profética, a mensagem tinha uma intensa crítica
social. Criticavam o Estado, a religião e o próprio povo, por estarem na

18 Idem.
19 Idem.
situação de miséria e não buscarem a ajuda de Deus. Na verdade, suas
palavras apontavam que a situação era resultado da desobediência. 20

CONCLUSÃO
Vimos que a conhecimento da teologia bíblica dos profetas é de suma importância! Os
profetas ocupam um grande espaço no conteúdo bíblico. A influência que eles exerceram, e
continuam exercendo em nossos dias, exige que estudemos suas teleologias, que intendamos
sua importância na vida espiritual e social de Israel, e também o significado para os nossos
dias. Termos a compreensão, do que fato significa uma profecia. “Uma profecia é uma
revelação oral ou escrita, em palavras humanas e através de um porta-voz humano,
transmitindo a revelação de Deus e esclarecendo aos homens Sua divina vontade.”
(ARCHER, 1986, P. 222).
Vimos que a mensagem dos profetas não eram deles mesmos, e nem eram originais,
no sentido de que Deus estivessem anunciando algo inédito, com raras exceções, as
mensagens dos profetas eram exortações que chamavam o povo de volta para a obediência
a vontade de Deus na Torá, esse seria o papel e a função do profeta. Isso significa, que, se
quisermos compreendermos melhor a teologia dos profetas, precisaremos conhecermos
melhor, também, a teologia do Pentateuco, ou Torá.

BIBLIOGRAFIA

ARCHER, Gleason L. Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo. Vida
Nova, 1986.
FEE, Gordon D. & Douglas Stuart. ENTENDES O QUE LÊS. 2ª ed. São Paulo. VIDA
NOVA, 2008.
HASEL, Gerhad F. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO: Questões Fundamentais
no Debate Atual. Rio de Janeiro. JUERP, 1982.
HASEL, Gerhad F. TEOLOGIA DO NOVO: Questões Fundamentais no Debate Atual.
Testamento. Rio de Janeiro. JUERP, 1998.
MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da Teologia Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão,
2019.
OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação
bíblica. São Paulo. Vida Nova, 2009.

20 MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da Teologia Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.
SCHOLZ, Vilson. Princípios de Interpretação bíblica: introdução à hermenêutica com ênfase em
gêneros literários. Canoas. Ed. ULBRA, 2006.

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