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Introdução a Teologia Bíblica

Pr. Antônio Neto

DEFININDO A TEOLOGIA BÍBLICA


PARTE 1

1. O que é Teologia?
a. O estudo da Pessoa e obra de Deus em seus relacionamentos com o
homem.

2. Quais são os tipos de teologia?

a) Teologia Sistemática.
b) Teologia Histórica.
c) Teologia Prática.
d) Teologia Bíblica.

3. O que é uma Teologia Bíblica?

a) Sentido Adjetival.
b) Uma disciplina.
a. Algumas definições:
i. Walter kaiser: “É aquela teologia que descreve e
se contém na Bíblia e conscientemente vinculada
de era em era enquanto todo o contexto
antecedente e mais antigo se torna a base para a
teologia que se seguia em cada era”.
ii. Geroge Laad: “Teologia Bíblica é a disciplina que
estrutura a mensagem dos livros da Bíblia em seu
ambiente histórico. É uma disciplina
primariamente descritiva. Ela não está
inicialmente preocupada com o significado último
dos ensinos da Bíblia ou com sua relevância para
os dias atuais. Esta é uma tarefa da Teologia
Sistemática. A tarefa da teologia bíblica é expor a
teologia encontrada na Bíblia em seu próprio
contexto histórico, em seus próprios termos,
categorias e formas de pensamento”.

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iii. Darrel Book: “A Teologia Bíblia é a tentativa de estudar a


contribuição individual de um dado escritor ou de um
determinado período ao cânon de mensagem. Ela combina
análise e síntese”.

4. Definindo-a como Disciplina

a. Procura construir uma teologia a partir de unicamente das escrituras.


b. Pode ser tratada pelos testamentos:
i. Teologia do Antigo Testamento:

ii. Teologia do Novo Testamento:

5. Pode ser tratada como um tema.

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a. Teologia Bíblica da salvação.


i. Salvação nos Evangelhos;
ii. Salvação em Paulo;
iii. Salvação nas Epístolas gerais etc.
b) O uso de mundo em João.

6. Pode ser tratada por um autor.

a) Teologia Bíblica de Lucas-Atos (Lucas).


b) Teologia do Apóstolo Paulo.

7. Pressupostos da Teologia Bíblica.

a) A unidade da Bíblia.
b) A ação de Deus na história.
c) A teologicidade dos atos de Deus na história.
d) Crença na acumulação da revelação.
e) Crença na Inspiração da Bíblia.

8. A diferença da Teologia Bíblica com as outras disciplinas.

a) Teologia Histórica. Trata como os ensinos bíblicos foram tratados na história. A


TB lida só com o período bíblico.
b) Teologia Sistemática. Sistematiza e aplica o ensino bíblico. A TB lhe serve de
fonte.
c) Introdução ao AT e NT. Fornecem dados contextuais. Essencial para a TB.
d) História de Israel.
e) Exegese. Descobre o significado do texto bíblico. Essencial para a TB.
f) Teologia Prática: Aplica a teologia à vida prática.

9. A relação da Teologia Bíblica com as outras disciplinas.

a) Exegese Teologia Bíblica

Teologia Sistemática Teologia Histórica

10. Os valores da Teologia Bíblica.

a) O valor para a Exegese:


a. O exegeta não poderia dizer o agora (o que significa para nós hoje) se
não pudesse descobrir o então (o que significou para os primeiros cristãos).
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b. Cada texto interpretado (exegese) deverá ser colocado no contexto


geral da revelação (TB).

b) O valor para a Teologia Sistemática:


a. Impede que esta seja baseada apenas em textos provas, mas no
entendimento das Escrituras em seu contexto revelacional.

c) O valor para a pregação:


a. Fica mais fácil aplicar tal ensino se o pregador o entende dentro do
quadro geral da revelação progressiva de Deus.

11. Os passos da Teologia Bíblica.

a) Investigação do Texto (EXEGESE):


a. Qual o melhor texto? (crítica textual)
b. Qual o significado das palavras?
c. O que o texto está dizendo?

b) Estudo Hermenêutico (HERNENÊUTICA):


a. Qual o contexto do livro?
b. Qual a intenção do autor?

c) Estudo histórico:
a. O que isto significava naquela época?

d) Organização do Ensino:
a. Como o crente dos tempos bíblicos pensava, cria e adorava?

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PANORAMA HISTÓRICO DA TEOLOGIA BÍBLICA


PARTE 2

1. Da Reforma ao Iluminismo
a. A Igreja pós-NT não desenvolveu nenhuma teologia bíblica. O principal
motivo para isso era a equivalência dada aos escritos canônicos e ao
dogma da igreja.
b. A Reforma, com o seu princípio da Sola Escriptura, rompeu com a tradição
e com o escolasticismo. O reconhecimento da autoridade das Escrituras foi
a fonte para os posteriores desenvolvimentos da teologia bíblica.
c. Martinho Lutero
a. Foi quem primeiro projetou as questões da unidade da Bíblia e do
problema do “cânon dentro do cânon”.
b. Sua “nova hermenêutica” da Sola Escriptura teve forte
influencia, mas não foi o suficiente para desenvolver uma Teologia
Bíblia como disciplina, apenas como uma teologia baseada nas
Escrituras.
d. Os anabatistas foram os precursores dos que desenvolveram o termo
“teologia bíblica.”
e. O termo “teologia bíblica” só aparece a primeira vez em 1629, por
Wolfgang Jacob Christmann.
a. A TB foi entendida como um coletânea de textos-provas colhidos
dos dois testamentos
para manter os chamados “sistemas de doutrinas”.
b. ABRAHAM CALOVIUS utilizou a teologia bíblica como subsidiária da
dogmática. Seu papel era apoiar a ortodoxia protestante.
f. O pietismo alemão trouxe uma nova direção para a TB.
a. Tornou-se um instrumento de reação contra a ortodoxia protestante.
b. Em 1745 a TB se separa pela primeira vez da TS. Daí iniciou-se a
possibilidade da TB
tornar-se rival da TS e completamente separada.

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2. O Iluminismo
a. O iluminismo trouxe um novo enfoque à teologia bíblica, pois esse período
foi marcado pelas seguintes influencias.
i. Reação contra qualquer forma de supernaturalismo. A razão foi
elevada ao centro do conhecimento, não mais a revelação.
ii. O desenvolvimento da nova hermenêutica do método
histórico-crítico. iii. Aplicação da crítica-literária radical à
Bíblia.
iv. O rebaixamento da Bíblia de livro inspirado para mais um
documento antigo digno de
pesquisa.
b. JOHAN SOLOMO SEMLER
i. Catalisou a aplicação da nova hermenêutica.
ii. Declarou que: (1) A Escritura não é idêntica à Palavra de Deus;
(2) a Bíblia não é plenamente inspirada; (3) A Bíblia é um
documento histórico.
iii. O resultado foi a teologia tornando-se uma disciplina histórica e
completamente oposta à dogmática tradicional.
c. JOHANN PHILLIPP GABLER
i. Deu a maior contribuição para o desenvolvimento dessa
nova disciplina. ii. Em 1787, marcou o ano da TB como uma
disciplina puramente histórica.
iii. Gabler disse “A teologia bíblica tem um caráter histórico, que
transmite o que os
escritores sagrados pensavam a respeito das
questões divinas”.
iv. Desenvolveu a metodologia de estudo da TB, com os seguintes
passos:
1. A inspiração deve ser deixada de lado.
2. As idéias dos diversos autores bíblicos devem ser
comparadas, pois não há um autor apenas da Bíblia. Para isso,
deve-se usar o método-crítico, literário, histórico e filosófico.
3. O papel da TB é distinguir entre os vários períodos da religião
antiga e da nova. Tentar descobrir o que serve e o que não
serve para nós hoje.
d. GEORG LORENZ BAUER
i. Foi o primeiro a publicar uma teologia do AT e uma teologia do NT.
Assim, essa divisão deve-se a ele.
ii. Aplicou coerentemente o método histórico-crítico, com o apoio do
racionalismo da razão histórica.
e. Gabler e Bauer são considerados os fundadores da TB, bem como da TNT e
TAT.

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3. Do Iluminismo à Teologia Dialética


a. O racionalismo iluminista foi substituído pela filosofia de Hegel. Para
este filósofo, o Absoluto, ou o Espírito Absoluto era o que movia a história e os
assuntos humanos.
b. Hegel propôs o pensamento humano desenvolvendo-se em um processo
dialético. A história da religião segue esse movimento, das religiões da
natureza, passando pelas religiões da individualidade até a religião
absoluta, que é o cristianismo.
c. F.C.BAUR
i. Procurou no desenvolvimento históricos da igreja primitiva a
revelação do espírito, da sabedoria.
ii. Jesus manifestou uma consciência religiosa. Mas o
desenvolvimento teológico surgiu depois dele, nos diversos debates.
iii. O primeiro foi quanto a Lei. Paulo propôs uma tese – o cristão está
livre da lei.
Tiago e Pedro propuseram uma antítese – a lei é válida para o cristão.
iv. Esse debate foi apenas um exemplo das diversas teses e antíteses
que originaram a síntese na Igreja Católica.
v. Baur deu enorme importância ao desenvolvimento histórico no
estudo da Bíblia. E esse princípio é válido e deixou um legado
positivo, apesar do mau uso que o próprio Baur fez.
vi. Essa interpretação fez surgir a Escola de Tubingen, que teve muita
influencia nos estudos do NT na Alemanha.
d. REAÇÃO CONSERVADORA
i. Alguns estudiosos do início do século XIX realizaram uma
abordagem histórico - positiva. Foi uma tentativa de combinar a fé na
revelação com o método histórico.
ii. LUDWING F.O. BAUMGARTEN
1. Retomou a TB como fundamento para a doutrina.
2. O reino de Deus é o tema que une os
testamentos. iii. B. WEISS
1. Seu método consistia no “conceito-de-doutrina” teológico. A
TB tem que descrever a multiplicidade das formas de doutrina.
2. O método da TB deve ser a exegese histórico-gramatical.
iv. J.C. KONRAD VON HOFMANN.
1. Tentou vindicar a autoridade e inspiração da Bíblia por
meios históricos. Desenvolveu assim a Heilsgeschichte (História da
salvação).
2. “Hofmann encontrou na Bíblia um registro do processo da
história santa ou salvífica, que tem como objetico a redenção
de toda a humanidade, o qual, porém, não será plenamente
concluído senão por ocasião da consumação escatológica.
Ele procurou colocar cada livro da Bíblia em seu lugar lógico
no esquema da história da redenção. Esses estudiosos, que
fazem parte da Escola de Elangen, não consideraram a
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Bíblia como basicamente uma coleção de textos-prova ou


um repositório de doutrina, mas como um testemunho do que
Deus havia realizado na história da salvação. Defendiam que
as afirmações proposicionais na Escritura não foram feitas
para serem um fim em si mesmas nem um objeto de fé; mas
que foram designadas para serem as portadoras do
testemunho dos atos redentores de Deus”. TNT, 21.
v. Outros nomes importantes foram Schlatter e Ethelbert Stauffer. e. O
LIBERALISMO
i. Sobre a influencia do teólogo liberal Ritsch, o cristianismo foi
interpretado como uma religião ético-espiritual.
ii. Foi aqui que desenvolveu-se a religionsgeschichte, a escola de
desenvolvimento da religião. Os ensinos éticos de Jesus são o centro
da teologia. Por isso, é necessário notar-se as influencias religiosas
de seu tempo, que o influenciaram e a seus discípulos.
iii. Esse método originou consequências aos estudos de Paulo e de Jesus.
1. J.Weiss - Jesus foi influenciado pela apocalíptica judaica.
2. Albert Schweitzer – Buscou descrever o Jesus histórico, ou seja,
quem Jesus realmente era. Além disso, ele interpretou Jesus
como resultante da “Escatologia Consistente”.
3. M.Brunker, H.Gunkel e W.Bousset – Paulo deveria ser
interpretado à luz das religiões de mistério, do judaísmo
helenístico e do helenismo.
4. Rudolf Bultmann (1884-1976)
a. Foi quem mais incorporou esse método de estudo.
b. Interpretou Jesus em termos da apocalíptica judaica.
c. Seu elemento mais distintivo foi o acréscimo da
compreensão existencial dos chamados mitos do
Novo Testamento.
5. Seu seguidor mais famoso foi Hans Conzelmann.

4. Da Teologia Dialética até o Presente.


a. À partir de 1920, uma nova perspectiva começou a ganhar corpo. Foi um
avivamento da Teologia Bíblica.
i. Perda de confiança no naturalismo evolucionista.
ii. Reação contra o método puramente histórico, pois pressupunha uma
objetividade da história e sua capacidade de revelar a verdade.
iii. Recuperação da idéia de revelação.
iv. Novo gosto pelo estudo
teológico.
b. KARL BARTH
i. Um dos principais responsáveis por esse retorno.
ii. Assinalou uma grande mudança na hermenêutica e na teologia.

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1. “O método histórico-crítico da investigação bíblica tem sua


validade. Ele aponta para a preparação à compreensão, que nunca
é supérflua. Mas se eu tivesse que escolher entre ele e a velha
doutrina da inspiração, decididamente escolheria a segunda. Ela
tem a validade maior, mais profunda e mais importante, pois aponta
para o trabalho da compreensão, sem o qual toda preparação é
inútil. Estou contente por não escolher entre os dois. Mas a minha
atuação voltou-se para a investigação através do histórico dentro do
Espírito da Bíblia, que é o Espírito Eterno.” HASEL, pg 251.
iii. Essa é a postura típica da teologia dialética, chamada neo-ortodoxia.
iv. Sua grande contribuição foi interpretar a Bíblia se atendo menos aos
problemas históricos-críticos, e penetrando no testemunho da revelação.
c. MARTIN KAHLER
i. Questionou a segurança histórica do liberalismo.
ii. Sua maior crítica foi quanto a identidade de Jesus. Ele estruturou da seguinte
forma:
1. O Jesus histórico: era o Jesus como reconstruído pelo método
crítico do liberalismo. Esse Jesus nunca existiu, mas foi construído pela
crítica.
2. O Jesus da história: era o Jesus descrito na Bíblia, com um caráter
tal que seria impossível de ser reconstruído pela moderna crítica. Os
Evangelhos são documentos históricos que relatam a pessoa e os
feitos desse Jesus; relatam o kerigma. O Jesus real é esse, o que foi
pregado pela igreja.
d. Houve o surgimento da Formegescichte (a história das formas).
i. Tentativa de detectar as formas orais de tradição que vieram antes
das formas escritas.
ii. Resultou no reconhecimento da impossibilidade de se encontrar um Jesus
puramente humano.
e. E.H.Hoskyns e Noel Davey
i. Demonstraram que o Novo Testamento converge em um ponto: A
revelação de Deus em Jesus visando a salvação dos homens.
ii. Utilizaram o método-crítico para mostrar a unidade dos documentos do
NT e sua historicidade.
iii. Assim, o historiador deve reconhecer a validade das reivindicações do NT,
mesmo sabendo da impossibilidade de ser verificada historicamente, por
ser um juízo teológico do fato.
f. C.H.DODD
i. Clamou por uma nova ênfase na unidade do NT.
ii. O centro do NT está no querigma, na proclamação da chegada da
Nova Era em
Jesus.
iii. Foi quem primeiro introduziu um conceito bíblico como chave
interpretativa.

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iv. No entanto, para Dodd, a Era Vindou é marcado pelo entendimento


platônico, e não na da escatologia bíblica.
g. OSCAR CULLMANN
i. Forneceu uma correção à abordagem
platônica de Dodd. ii. Cristo e o Tempo
1. O NT mantém uma concepção comum de tempo e
história. A teologia encontra seu significado no tempo.
2. Defendeu a Heilsgeschichte como o centro unificador da
teologia do NT.

h. JOACHIN JEREMIAS
i. Tentou, pela crítica da forma, encontrar a ipisissima vox, bem
como a ipisissima verba de Jesus.
ii. A revelação só poderia ser encontrada em Jesus. As epístolas são
reação a esta revelação.

5. Os Últimos Vinte Anos.


a. A TB tem sido marcada por uma confusão metodológica
b. Uso de novas disciplinas linguísticas, como o desconstrucionismo, o
estruturalismo e etc. c. Novas agendas, como o feminismo, negros e
terceiro mundo.
d. No entanto, diversas teologias bíblicas conservadoras tem sido lançadas.

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O ENREDO CENTRAL DA BÍBLIA


PARTE 3

O PLANO DA REDENÇÃO
O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA

1. Introdução

a. Você já tentou ler um livro começando pela metade?


b. Quais seriam os prejuízos de ler um livro desta maneira?
c. Para ter uma boa compreensão de um livro, são necessárias duas coisas:
i. Compreender o assunto do livro.
ii. Compreender o desenvolvimento do assunto.
d. Você sabia que a Bíblia, embora contenha vários livros, é um livro só?
(veja 2 Pedro 1:20)
e. Sendo um livro, precisamos entender qual é o assunto da Bíblia e
como ela desenvolve este assunto.
f. É isto que vamos estudar nesta matéria!

2. Uma pergunta antes...

a) Você acredita que a Bíblia possui um assunto central? Se sim, consegue


dizer qual é, na sua opinião?
b) Embora contenha vários assuntos específicos, a Bíblia possui um tema
que perpassa todos os livros, de Gênesis a Apocalipse.
c) Este tema é como um enredo de um livro, ou de um desfile temático.
d) Além do tema, a Bíblia possui um personagem central.

3. Identificando o tema central da Bíblia

a. A Bíblia fala da promessa de Deus em redimir o pecador através de um


descendente.
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i. Gênesis 3:15 – “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua


descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar.”

b. Mais à frente, vemos que essa redenção seria direcionada a um


povo escolhido.
i. Gênesis 17:7 – “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a
tua descendência no decurso das suas gerações, aliança
perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.”

c. Depois, encontramos o propósito dessa promessa.


i. Êxodo 29:45 “E habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu
Deus.”

d. Por fim, vemos a promessa em sua fórmula completa em Levíticos 26:12:


“Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.”
i. Esta fórmula apresenta o ideal de Deus perdido no jardim,
prometido aos patriarcas e a Israel, conquistado por Jesus, e
consumado no fim.

e. Vários textos importantes exibem este enredo:


i. Mateus 1:21-23:
1. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome
de Jesus, porque ele salvará o seu povo
dos pecados deles. Ora, tudo isto
aconteceu para que se cumprisse o que
fora dito pelo Senhor por intermédio do
profeta: Eis que a virgem conceberá e
dará à luz um filho, e ele será chamado
pelo nome de Emanuel ( que quer dizer:
Deus conosco ).
ii. Apocalipse 21:3:
1. Então, ouvi grande voz vinda do trono,
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com
os homens. Deus habitará com eles. Eles
serão povos de Deus, e Deus mesmo
estará com eles.

f. Os autores do NT veem o plano de Deus como uma promessa.


i. Atos 2:39
1. Pois para vós outros é a promessa, para
vossos filhos e para todos os que ainda
estão longe, isto é, para quantos o Senhor,
nosso Deus, chamar.
ii. Efésios 2:12
1. naquele tempo, estáveis sem Cristo,
separados da comunidade de Israel e
estranhos às alianças da promessa, não
tendo esperança e sem Deus no mundo.

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g. Portanto, podemos dizer que o enredo central da Bíblia é:


1. “A promessa de Deus em redimir um povo para si e
habitar no meio dele eternamente.”

h. Em palavras mais claras, a assunto central da Bíblia é o PLANO DA


REDENÇÃO.

4. Identificando o personagem central

a. Leia os textos a seguir e tente identificar o personagem principal.


i. Gênesis 1:1 No princípio, criou Deus os céus e a terra.
ii. João 1:1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus.
iii. João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.
iv. Romanos 11:36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas
as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!

b. A Bíblia não é um livro sobre os seres humanos, mas sobre o que Deus quis
fazer com os homens para a Sua glória.

c. O Deus Trino é o personagem central da Bíblia. É Ele quem planejou e


quem executa o plano da redenção.

d. Cada membro da Trindade está envolvido no plano da redenção:


i. “Eu serei o vosso Deus” – O Pai
ii. “Vocês serão o meu povo” – O Filho
iii. “E eu habitarei no meio de vós” – O Espírito Santo

5. Exemplo no Livro de Isaías.

a. Isaías 40-48 – Javé é o único Deus.


i. Esta parte tenta ressaltar a grandeza do Deus de Israel.
ii. Dois textos são marcantes: Isáias 40:12-30; Isaías 44:28 – 45:25.

b. Isaías 49-57 – O Servo Sofredor.


i. Nesta seção, Isaías apresenta a figura do Servo Sofredor,
utilizado por Deus para a salvação do seu povo.
ii. Os dois principais textos são Isaías 52:13 – 53:12 (A pessoa e a
obra do Servo) e Isaías 54:1 – 56:9 (A chamada para a
salvação de todos).

c. Isaías 58-66 – A restauração de todas as coisas.


i. Isaías finaliza seu livro apresentando o cumprimento e a
consumação da obra de Deus.
ii. Os dois textos principais:

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1. Isaías 61:1-63:6 – O Espírito Santo


como o grande agente restaurador.
2. Isaías 65:17-25 – A Glória dos Novos
Céus e Nova Terra.

d. Como tudo isso se encaixa no enredo total da Bíblia?


i. Mostra toda a Trindade agindo para a realização do plano.
1. A grandeza do Pai em prometer a restauração.
2. A grandeza do Filho em conquistar a restauração.
3. A grandeza do Espírito em executar a restauração.

ii. Cada parte se relaciona com um aspecto da promessa:


1. Isaías 40-48 – “Eu Serei o vosso Deus”.
2. Isaías 49-57 – “Vocês serão o meu povo”.
3. Isaías 58-66 – “Eu habitarei no meio de vós”.

6. Conclusão.

a. Vimos que o assunto central da Bíblia é o Plano da Redenção, e que


este plano é concebido e realizado pelo Deus Trino.
b. Este é um passo importantíssimo para entendermos melhor a Bíblia.
c. Nosso próximo passo é bem mais longo... Veremos como a Bíblia
desenrola este maravilhoso plano!

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PANORAMA DAS ALIANÇAS BÍBLICAS A ALIANÇA ABRAÂMICA


PARTE 4

INTRODUÇÃO

1) Após a queda de Adão, Deus prometeu redimir a humanidade por


meio da “semente da mulher”. Gn 3:15

2) As primeiras manifestações de graça de Deus foram preventivas,


como no caso do dilúvio e da Torre de Babel.

3) O primeiro ato ativo de Deus para cumprir sua promessa da semente


foi direcionada a Abraão, em Genesis 12.
4) Essa aliança é o ponto de partida do plano de Deus para
A tivamente redimir o seu povo para si mesmo.

5) Ela foi feita em Genesis 12:1-3, ratificada como uma aliança formal
em Genesis 15:4-21), mais detalhada em outras três ocasiões (Gn 13:14-17;
17:1-21; 22:15-18). Depois foi confirmada a Isaac (Gn 26:3-5), e a Jacó (Gn
28:13-15; 35:9-12). Depois, Israel pôde falar da aliança feita com “Abraão,
Isaac e Jacó” (2 Rs 13:23)

I. AS PROMESSAS DA ALIANÇA ABRAÂMICA

A. Promessas individuais
1. Abraão seria o primogenito de uma grande nação.
2. Teria um nome abençoado.
3. Abençoaria outros.

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B. O propósito da aliança
abraâmica
1. Em Genesis 12:2-3 notamos o propósito dessa aliança.
2. Esse propósito é descrito como abarcando “todas as
nações da terra”.
3. Também é descrito como uma “benção”.
4. Também é descrito como vinculado a Abraão.

C. As promessas da aliança
1. UMA SEMENTE
a) A primeira promessa é descrita como uma “grande
nação” vinda
de Abraão (Gn 12:2).
b) Depois disso, essa promessa foi reinterada por várias
vezes (Gn
13, 15, 17, 18:18; 21:12; 22:17; 26:3,4; 46:3; 48:4, 16)
c) Essa promessa é descrita
(1) Como inumerável (Gn 3:16)
(2) Tão numeroso como as estrelas (Gn 22:17)
(3) No NT, como incluindo todos os que seguem
a Abraão (Rm 4:10-2).
d) Questão: Essa promessa possui uma dimensão
física, ou apenas espiritual?
(1) A descendencia de Abraão é dita como
vindo do seu
“próprio corpo” (Gn
15:3,4).
(2) A descendencia de Abraão é descrita
como sendo de
“Isaque e
Jacó”.
(3) O termo “grande nação”, no AT, envolve
raça, governo e
territóri
o.
(4) Esses pontos acima apontam para o fato de
que a descendencia de Abraão seria de uma
natureza física, como também política.

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(5) Ou seja, o propósito último da aliança está


relacionado
com a criação de uma descencencia natural
formada como uma nação política dentre outras
nações.
(6) No entanto, as promessas de uma
descendencia inumerável antecipam que esta
natureza física e política não era a única intendida
na aliança.

2. UMA TERRA

a) Essa promessa é primeiro implicada no mandamento


“vai à terra que te mostrarei” e em “de ti farei uma grande
nação”.
b) Depois, no verso 7, ela é feita explícita.
c) Depois confirmada em 13:15, 17; 15:7-8; 17:8, 24:7;
35:12; 48:4; 50:24
d) Esta promessa é vista como um corolário da
promessa de uma grande nação.
e) Também, deve ser vista como parte integrante do
propósito de Deus na aliança.
f) Essa promessa depois é vista como um presente,
ou uma herança do Senhor a Israel (Dt 12:9).

3. UMA BÊNÇÃO UNIVERSAL


a) Essa promessa é feita em Gn 12:3. Depois repetida
duas vezes em Gn 18:18; 22:18), confirmada a Isaac (Gn
26:4) e Jacó (Gn 28:14).
b) Essa promessa é vista como sendo adquirida por
meio do cumprimento das outras duas. Abraão deveria ser
um canal de bênção para todas as nações.

D. A continuidade da aliança no Antigo Testamento


1. O livro de Gênesis encerra-se com José passando a
aliança aos seus irmãos (Gn 50:24). À partir daí, a aliança
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tornou-se o pano de fundo de todo o desenrolar do plano de


Deus no AT.
2. O estabelecimento de Israel como uma nação em Exodo
19:5,6 marca o
início do cumprimento da promessa. Depois, o AT passa a
apresentar maior substanciação.
3. Embora seja o pacto no Sinai quem regula a vida de Israel,
a aliança com
Abraão é quem mantém o favor de Deus ao seu povo. Salmo
105:6-11; Isaías
41:
8.
4. CONTINUIDADE DA PROMESSA DA DESCENDENCIA
5. A manutenção da descendencia de Israel era
baseada da aliança abraâmica.
a) Ex 32:13. O apelo de Moisés é baseado na aliança.

b) O julgamento de Deus não é absoluto sobre Israel


por causa da aliança. Por isso, os homens sempre dizem
“Lembra-te da aliança”. (Ex 32:13; Lv 26:42-44, 2 Rs 13:23; 1
Cr 16:16).
c) A escatologia da descendencia de Israel estava
ancorada na aliança com Abraão (Is 29:22-24; Jereminas
33: 9-11, 25-26; Mq 7:18-20).

6. CONTINUIDADE DA PROMESSA DA TERRA


7. O aspecto da terra teve uma ênfase especial no período
pós-monarquia
a) Por meio das profecias de Jeremias e Exequiel, Deus
manteve ativo a promessa da terra.
(1) Jeremias 30:3 - Porque eis que vêm dias, diz o
SENHOR, em que mudarei a sorte do meu povo de
Israel e de Judá, diz o SENHOR; fá-los-ei voltar para a
terra que dei a seus pais, e a possuirão.
(2) Ezequiel 36:24-28 - Tomar-vos-ei de entre as
nações, e vos congregarei de todos os países, e
vos trarei para a vossa terra. Então, aspergirei água
pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as
18
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos


purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro
de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de
pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de
vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
Habitareis na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis
o meu povo, e eu serei o vosso Deus.

8. Mesmo no período pós-exílico, a posse da terra e o valor


dela para Israel era vista vinculada à aliança com Abração.
a) Neemias 9:8 - Achaste o seu coração fiel perante ti e
com ele fizeste aliança, para dares à sua descendência a
terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus,
dos jebuseus e dos girgaseus; e cumpriste as tuas
promessas, porquanto és justo. [...]Eis que hoje somos
servos; e até na terra que deste a nossos pais, para
comerem o seu fruto e o seu bem, eis que somos servos
nela.

II. A Aliança Abraâmica no Novo Testamento


A. O NT traz o anúncio do cumprimento dessa aliança.
1. Maria manifestou a esperança do cumprimento dessa
aliança
a) Lc 1:54,55 - Amparou a Israel, seu servo, a fim de
lembrar-se da sua misericórdia a favor de Abraão e de sua
descendência, para sempre, como prometera aos nossos
pais.
2. Zacarias manifestou a mesma esperança
a) Lc 1:72,73 - para usar de misericórdia com os
nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança, e do
juramento que fez a Abraão, o nosso pai.
3. Pedro liga o ministério de Cristo e apostólico com a
aliança com Abraão.

19
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Atos 3:25, 26 - Vós sois os filhos dos profetas e da


aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a
Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas
as nações da terra. Tendo Deus ressuscitado o seu Servo,
enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar,
no sentido de que cada um se aparte das suas
perversidades.
4. A aliança abraâmica foi vista como operante e sendo
cumprida nos dias apostólicos.
a) Gál 3:14 para que a bênção de Abraão chegasse
aos gentios, em
Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o
Espírito prometido.
b) Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da
nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para
remissão das transgressões que havia sob a primeira
aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.

B. A PROMESSA DA DESCENDENCIA NO NT.

1. No Novo Testamento, a descendencia tanto é vista como


relacionada ao povo étnico de Israel, quanto relacionada a
todos os que estão em Cristo.

2. Os judeus, a despeito de sua posição espiritual, são


descritos como descendentes de Abraão
a) Luc 13:16 Por que motivo não se devia livrar deste
cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem
Satanás trazia presa há dezoito anos?
b) Ats 13:26 Irmãos, descendência de Abraão e vós
outros os que temeis a Deus, a nós nos foi enviada a
palavra desta salvação.
c) Rom 11:1 Pergunto, pois: terá Deus, porventura,
rejeitado o seu povo? De modo nenhum! Porque eu

20
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo


de Benjamim.

3. Assim como Abraão é herdeiro e mediador da


promessa (Gn 18:18), Paulo diz que agora Cristo, o descendente,
é herdeiro e mediador da promessa.
a) Gal. 3:16 - Ora, as promessas foram
feitas a Abraão e ao seu descendente. Não
diz: E aos descendentes, como se falando de
muitos, porém como de um só: E ao teu
descendente, que é Cristo.

4. Dessa forma, a participação na aliança abraâmica é


feita por todos os que têm fé em Cristo. Estes se tornam
descendentes de Abraão.
a) Gal 3:22 - Mas a Escritura encerrou tudo
sob o pecado, para que, mediante a fé em
Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos
que crêem.
b) Gál 3:29 E, se sois de Cristo,
também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.

5. No entanto, a filiação espiritual dos gentios a Abraão


não perclude a filiação física dos judeus a Abraão
a) Rom 4:16 Essa é a razão por que provém da fé,
para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a
promessa para toda a descendência, não somente ao que
está no regime da lei, mas também ao que é da fé que
teve Abraão ( porque Abraão é pai de todos nós
6. É preciso lembrarmos também que a inclusão
dos gentios à descendencia de Abraão é, no Novo
Testamento, tida como cumprimento da promessa de “bênção
para todos os povos” e não a promessa de uma “grande
nação”.
21
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Gálatas 3:7-9 - Sabei, pois, que os da fé é que


são filhos de
Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria
pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em
ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da
fé são abençoados com o crente Abraão.

C. A PROMESSA DA TERRA NO NOVO TESTAMENTO

1. A promessa da terra não encontra menção


explícita no Novo Testamento.

a) Para pactualistas, isso se deve ou por causa do


cumprimento no
AT, ou por causa da nova realidade trazida pelo Novo
Testamento.
b) Para dispensacionalistas, isso se deve à ênfase que o
NT dá à salvação aos gentios, mas que todas as vezes que
as demais promessas a Israel são mencionadas, a promessa
da terra deve ser vista como pano de fundo.
2. Um dos textos mais discutidos quanto á questão da
terra no NT é Hebreus 11:8-10.
a) Hebreus 11:8-10, 16 - Pela fé, Abraão, quando
chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia
receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé,
peregrinou na terra da promessa como em terra alheia,
habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros
com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade
que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e
edificador. [...]Mas, agora, aspiram a uma pátria superior,
isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de
ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma
cidade.
b) Muitos entendem que esta “pátria celestial”
demonstra que a terra prometida a Abraão era espiritual e
celestial, ao invés de física e terrena. Veja o que F.F. Bruce
22
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

afirma “A verdade é que sua (patriarcas) verdadeira pátria


não era terrena. A pátria superior à qual eles esperavam
era uma pátria celestial. A terrena Canaã e a terrena
Jerusalém foram apenas temporais, apontando para o
descanso final dos santos, a bem alicerçada cidade de
Deus”. (comentário de Hebreus,170).

c) Este é um exemplo claro da


hermeneutica aliancista.
d) Já dispensacionalistas se utilizam das passagens
do AT que atribuem a Jerusalém escatológica terrena
como uma pátria celestial, ou seja, oriunda de Deus.
Também afirmam que “celestial” não quer dizer “no céu”
mas vinda do céu, ou seja, de Deus. Portanto, a pátria
celestial a qual os patriarcas aguardavam é o mesmo que
“terra da promessa”, ou seja, a Canãa futura, a terra
prometida.
3. Outro texto amplamente discutido é Romanos 4:13.
a) Romanos 4:13 - Não foi por intermédio da lei que a
Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser
herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
b) Muitos aliancistas acreditam que esse texto é uma
demonstração de que Abraão não herdaria uma terra
física, mas o mundo inteiro. O mundo é a terra prometida
ao Israel de Deus.
c) Dispensacionalistas crêem que “mundo” não se
refere à terra, mas à humanidade. Ou seja, visto que os
descendentes de Abraão são todos os que crêem,
então a humanidade toda será a herança de Abraão,
como o contexto sugere.

D. A BÊNÇÃO UNIVERSAL
1. O NT revela a inauguração dessa bênção por meio da
obra de Cristo.
a) Gálatas 3:8 – Ora, tendo a Escritura previsto que
Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o

23
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os


povos.
2. Essa bênção universal consiste na salvação espiritual
destinada a todos sem distinção por meio da fé em Cristo.
a) Gálatas 3:8 – Ora, tendo a Escritura previsto que
Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o
evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os
povos.
b) Gálatas 3:13, 14 – Cristo nos resgatou da
maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em
nosso lugar ( porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro ), para que a bênção de
Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de
que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.

3. Dispensacionalistas argumentam que o texto de Atos 1:6-


8 demonstra que a inauguração dessa bênção universal é
distinguida da consumação de todas as bênçãos prometidas a
Israel.
a) Atos 1:6-8 - Então, os que estavam reunidos lhe
perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures
o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete
conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua
exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra.

III. A ALIANÇA MOSAICA

A. Promessas da Aliança
1. LEITURA: Êxodo 19:1-8

24
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Quais promessas são feitas


a Israel?
b) De acordo com os versos 5 e 6, estas promessas são
condicionais ou incondicionais?
c) Quais os critérios para pertencer ao povo de Deus?
– O CUMPRIMENTO DA LEI
d) Esta aliança serve para estabelecer os critérios para
fazer parte
do povo de Deus no Antigo Testamento. À partir de agora,
todo aquele que quisesse pertencer ao povo de Deus,
deveria “ouvir a sua voz e guardar a sua aliança”.
2. LEITURA: Êxodo 24:1-8
a) Neste trecho, temos a descrição destes dois critérios.
b) 24:4 – “Ouvir a voz de Deus” é cumprir a Lei de
Moisés, especialmente expressa nos Dez Mandamentos.
c) 24:7,8 – “Guardar a Aliança” é viver de acordo com
a aliança.
d) Leia Lucas 22:20 e compare com Êxodo 24:7,8.
e) Qual a resposta do povo à aliança? Êxodo 19:8

B. O Papel da Lei de Moisés


1. A Lei de Moisés passou a exercer um papel fundamental
na vida do povo de Deus.
2. Ela tinha basicamente 4 funções
a) Critério para desfrutar os benefícios da aliança com
Israel (Deuteronômio 7:11-15)
b) Corrigir o pecado e restabelecer a comunhão entre
Deus e o povo (Levíticos 1 - 7)
c) Prescrever a forma da adoração, como as Festas e o
Santuário (Êxodo 29:43-46)
d) Como constituição civil da teocracia de Israel (ex.
Levíticos 25:1-4).
3. A Lei nunca teve a função de salvar. A fé sempre foi o
critério para a justificação.

C. A Aliança Mosaica no Novo Testamento


1. O Novo Testamento aponta duas outras funções da Lei.
25
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Exibir a pecaminosidade humana e a necessidade da fé


(Romanos 3:19-22)
b) Conduzir o povo antes da chegada do
Messias. Esta função engloba as 4 funções anteriores.
(Gálatas 3:23-25)
2. O Novo Testamento apresenta o mesmo critério para a
salvação, a fé
(Ef. 2:8).
3. O Novo Testamento mostra que a vinda de Jesus aboliu a
Aliança com Moisés como critério para participar do povo de
Deus.
a) Gálatas 3:23-25 Mas, antes que viesse a fé,
estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa
fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a
lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de
que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já
não permanecemos subordinados ao aio.
b) Efésios 2:14-16 Porque ele é a nossa paz, o qual de
ambos fez
um; e, tendo derribado a parede da separação que
estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos
mandamentos na forma de ordenanças, para que dos
dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a
paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por
intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.
c) Hebreus 8-10
4. Mas o NT apresenta uma nova forma de ingressar no
povo de Deus, a habitação do Espírito Santo.
a) Romanos 8:1-4 - agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque
a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do
pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei,
no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando
o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na
carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se
26
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne,


mas segundo o Espírito.
b) 1 Coríntios 12:13 - Pois, em um só Espírito, todos nós
fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos,
quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de
um só Espírito.
5. As duas funções da lei (revelar o pecado e conduzir o povo
em obediência) são dadas ao Espírito Santo.
a) João 16:8 - Quando ele [o Espírito] vier, convencerá
o mundo do pecado, da justiça e do juízo
b) Gálatas 5:18 - Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais sob a lei.
6. Enquanto a lei era a base da Antiga Aliança feita por
Moisés, o Espírito
Santo é a base da Nova Aliança feita por Cristo.
7. Por isso, não precisamos cumprir a Lei de Moisés como
critério para participarmos do povo de Deus.
8. Qual a função da Lei hoje?
a) Paulo, no livro de Gálatas, nos ensina como usar a lei:
(1) Gal 5:14 Porque toda a lei se cumpre em um
só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo.
b) Isto reflete o mesmo uso de Jesus da Lei de Moisés:
(1) Mateus 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a
tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o
grande e primeiro mandamento. O segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a
ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem
toda a Lei e os Profetas.
c) Portanto, aprendemos que a Lei de Moisés nos serve
com princípios de como amar a Deus e ao próximo, que
devem ser aplicados à nossa época.

27
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

A ALIANÇA DAVÍDICA

I. A ALIANÇA DAVÍDICA NO ANTIGO TESTAMENTO

A. Os elementos da Aliança
1. O relato desse aliança se encontra em 2 Samuel 7 e 1
Crônicas 17.
2. O trato de Deus com Davi possui quatro promessas básicas:
a) Um “lugar” para Israel
habitar. (v.10)
b) Descanso neste lugar de
habitação. (v. 9-11)
c) Uma dinastia real
(v. 9-10)
d) Um reino “para sempre” (v
13-16)
3. As promessas de um lugar para habitação de Israel e de
descanso neste lugar são reminiscencias das promessas feitas a
Abraão e Moisés.
4. O elemento novo desta aliança é a promessa de uma
dinastia e um reino
para Israel.

B. A dinastia real
1. Essa dinastia é expressa no termo “casa” (o SENHOR te fará
casa – v.11).
2. O texto nos diz que essa “casa” é igual a uma
“descendencia”.
a) farei levantar depois de ti o teu descendente, que
procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. (v.12)
3. Essa dinastia, como visto acima, será estabelecia em um
reino, ou um “trono”.
4. Ter um reino em Israel, apesar das intenções
equivocadas da nação, sempre fora a intenção de Deus, desde
os dias de Abraão.

28
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Genesis 49:10 - O cetro não se arredará de Judá,


nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a
ele obedecerão os povos.
b) Núm 24:7 Águas manarão de seus baldes,
e as suas sementeiras terão águas abundantes; o seu rei
se levantará mais do que Agague, e o seu reino será
exaltado.

C. O reino eterno

1. Inicialmente, o texto de 2 Samuel enfatiza que este


reino é político e terreno. Isso é visto por meio das
declarações “um lugar para habitar” e “descanso dos
inimigos”.

2. O texto apresenta o desejo de Deus de ter uma “casa”,


ou seja, um
Templo para habitar no meio do povo. Para isto, o texto
apresenta uma série de ações necessárias para esta habitação
de Deus.
a) Um lugar para o povo.
b) Descanso dos inimigos.
c) A dinastia real.
3. É apenas quando Israel tivesse em seu lugar, em
descanso, e que o
descendente de Davi se levantasse é que o Templo seria
construído e Deus habitaria no meio do seu povo.
4. Depois disso, Deus estabeleceria para sempre o trono do
reino de Davi,
o seu
reino.

D. O cumprimento Messiânico
1. Apesar do caráter puramente físico e nacional das
promessas em 2
Samuel, o Antigo Testamento já apresenta um sentido mais
completo das palavras ditas a Davi. Estas expressões são

29
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

encontradas nos chamados “salmos messianicos” (Sl 2; 16; 72, 89,


110, 132) e nas palavras dos profetas.
2. Primeiro, a dinastia real prometida a Davi diz respeito mais
a um futuro rei do que a uma linhagem específica de reis.
a) Gên 49:10 O cetro não se arredará de Judá, nem o
bastão de entre seus pés, até que venha Siló (aquele a
quem pertence); e a ele obedecerão os povos.
b) Jer 30:9 que servirá ao SENHOR, seu Deus, como
também a
Davi, seu rei, que lhe
levantarei.
c) Eze 34:23 Suscitarei para elas um só pastor,
e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as
apascentará; ele lhes servirá de pastor.
3. Segundo, o reinado de Davi, ou do seu descendente possui
um aspecto universal.
a) Slm 72:8 Domine ele de mar a mar e desde o rio até
aos confins da terra.
b) Amós 9:11,12 - Naquele dia, levantarei o
tabernáculo caído de
Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas
ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;
para que possuam o restante de Edom e todas as
nações que são chamadas pelo meu nome, diz o
SENHOR, que faz estas coisas.
c) Slm 2:8 Pede-me, e eu te darei as nações por
herança e as extremidades da terra por tua possessão.
d) Miq 5:4 Ele se manterá firme e apascentará o povo
na força do
SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e
eles habitarão seguros, porque, agora, será ele
engrandecido até aos confins da terra.
4. No entanto, o caráter do Messias e seu reinado universal,
no Antigo
Testamento, não perclude a centralidade de Israel.

30
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

a) Isaías 2:2,3 - Nos últimos dias, acontecerá que o


monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos
montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão
todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e
subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó,
para que nos ensine os seus caminhos, e andemos
pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra
do SENHOR, de Jerusalém.
b) Zacarias 9:9,10 - Alegra-te muito, ó filha de Sião;
exulta, ó filha
de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador,
humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de
jumenta, Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de
Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará
paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e
desde o Eufrates até às extremidades da terra.

E. SIMILARIDADES DAS ALIANÇAS ABRAÂMICA E DAVÍDICA.

PROMESSA AL. ABRAÂMICA AL. DAVÍDICA

Um Gên 12:2 ... te 2 Sm 7:9 - ...e fiz


grande engrandecerei o grande o teu nome,
nome nome. Sê tu uma como só os grandes têm
bênção! na terra.

Uma Gên 12:2 e te 2 Sm 7:29 - ... com a tua


bênç abençoarei, e te bênção, será, para
ão engrandecerei o sempre, bendita a casa
nome. Sê tu uma do teu servo.
bênção!

Um povo Gên 17:6 Far- 2Sm 7:12 ...farei


e uma te-ei fecundo levantar depois de ti o
dinasti extraordinariament teu descendente, que
a real. e, de ti farei procederá de ti, e
nações, e reis estabelecerei o seu
procederão de ti. reino.

31
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

Uma terra Gên 12:7 2Sm 7:10 Prepararei


Apareceu o lugar para o meu
SENHOR a Abrão e povo, para Israel, e o
lhe disse: Darei à plantarei, para que
tua descendência habite no seu lugar...
esta terra.

Uma Gên 12:3 em ti Slm 72:17 ...nele sejam


bênç serão benditas abençoados todos os
ão todas as famílias da homens, e as nações lhe
para terra. chamem bem-
todos os aventurado.
povos.

II. A ALIANÇA DAVÍDICA NO NOVO TESTAMENTO

A. Introdução
1. O Novo testamento anuncia a Jesus como o
Messias, o descendente prometido de Davi.
2. No entanto, há discordância sobre o quanto Cristo
cumpriu as alianças.
a) Dispensacionalistas afirmam que ainda há
algo a se cumprir.
b) Não-dispensacionalistas afirmam que tudo se
cumpre na era da igreja.
3. Já vimos o ensino do NT sobre a Aliança Abraâmica e
suas devidas promessas. Como então o NT lida com as promessas
da dinastia real e do reino eterno e universal do descendente de
Davi?

B. A Dinastia Real
1. Os Evangelhos enfatizam que Jesus é o prometido
descendente de Davi. a) Mat 1:1 Livro da genealogia
de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
b) Luc 1:27 a uma virgem desposada com certo
homem da casa de
Davi, cujo nome era
José
c) Mat 9:27 Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos,
clamando: Tem compaixão de nós, Filho de Davi!
d) Mat 21:16 Ouves o que estes estão dizendo?
Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de
32
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?


Referindo-se à afirmação das crianças “Hosana ao Filho de
Davi”.
e) Ats 2:30 Sendo, pois, profeta e sabendo que
Deus lhe havia
jurado que um dos seus descendentes se assentaria
no seu trono
f) Ats 13:34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos
para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o
disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas
feitas a Davi.
g) Apo 5:5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não
chores; eis que o
Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o
livro e os seus sete selos.

C. O Reino Messiânico
1. O Novo Testamento mostra que Jesus traz o cumprimento
desta aliança, porém alguns aspectos permanecem futuros.
a) Aspectos já cumpridos
(1) Atos 2:30,31 Sendo, pois, profeta e sabendo
que Deus lhe havia jurado que um dos seus
descendentes se assentaria no seu trono, prevendo
isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi
deixado na morte, nem o seu corpo experimentou
corrupção.
(2) Atos 13:23 Da descendência deste [Davi],
conforme a
promessa, trouxe Deus a Israel o Salvador,
que é Jesus
(3) Os aspectos espirituais do reino já estão sendo
cumpridos (Romanos 14:17 Porque o reino de Deus
não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e
alegria no Espírito Santo.)
b) Aspectos a se cumprir
(1) Atos 1:6,7 Então, os que estavam reunidos lhe
perguntaram: Senhor, será este o tempo em que
restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos

33
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

compete conhecer tempos ou épocas que o Pai


reservou pela sua exclusiva autoridade;
(2) Mat 25:31,32a Quando vier o Filho do
Homem na sua majestade e todos os anjos com
ele, então, se assentará no trono da sua glória; e
todas as nações serão reunidas em sua presença
(3) Os aspectos nacionais e físicos ainda
estão para se cumprir (Apocalipse 5:10 e para o
nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e
reinarão sobre a terra.)
2. Portanto, o Novo Testamento apresenta o esquema
já/ainda-não para o cumprimento messiânico do reino. Tanto
pode-se falar que Jesus já está reinando, como que ele irá
reinar.

A NOVA ALIANÇA

I. AS PROMESSAS DA ALIANÇA
a. Esta aliança é prometida em Jeremias 31:31-34 e Ezequiel
36:24-28.
b. Várias promessas fazem parte desta aliança.
i. Interiorização da lei de Deus – Jr
31:33 ii. Perdão de pecados – Jr
31:34
iii. A habitação do Espírito Santo e um novo coração – Ez
36:26,27
iv. A garantia de pertencer ao povo de Deus, segundo a
Aliança com Abraão - Ez 36:28 Habitareis na terra que
eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o
vosso Deus.
c. Portanto, a Nova Aliança deveria substituir a Aliança Mosaica
e se tornar o critério para pertencer ao povo de Deus. Porém,
ao invés de critérios externos, ela oferece critérios internos e
espirituais.

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Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

II. A NOVA ALIANÇA NO NOVO TESTAMENTO

a. O Novo Testamento afirma o cumprimento da Nova Aliança


por meio da obra e do sangue de Jesus.
i. Luc 22:20 Semelhantemente, depois de cear, tomou
o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no
meu sangue derramado em favor de vós.
ii. Ats 2:33 Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou
isto que vedes e ouvis.
iii. Efs 2:14-16 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos
fez um; e, tendo derribado a parede da separação que
estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei
dos mandamentos na forma de ordenanças, para que
dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo
a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus,
por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.

b. A Nova Aliança é diretamente relacionada com a Antiga


Aliança em uma relação de substituição.
i. Hb 10:8,9, 16 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e
ofertas não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo
pecado, nem com isto te deleitaste ( coisas que se
oferecem segundo a lei ), então, acrescentou: Eis
aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o
primeiro para estabelecer o segundo. Esta é a aliança
que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor:
Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente
as inscreverei,
ii. Efs_2:15 aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos
na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si
mesmo, um novo homem, fazendo a paz,
iii. Gál 4:6,7 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso
coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De

35
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio Neto

sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho,


também herdeiro por Deus.

c. Assim como as demais alianças, o Novo Testamento


apresenta o cumprimento da Nova Aliança num esquema de
já/ainda-não.
i. Já - Rom 8:1,2 Agora, pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do
pecado e da morte.
ii. Ainda não – Rom 8:23,24 E não somente ela, mas
também nós, que
temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em
nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos
salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois
o que alguém vê, como o espera?

36
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

A QUESTÃO DA CONTINUIDADE E
DESCONTINUIDADE
PARTE 5

I. Introdução.

A. Assim como a Teologia Sistemática possui os seus temas principais, a


Teologia Bíblia também apresenta temas que são elementares.
1. Como as alianças são cumpridas no Novo Testamento?
2. Qual a relação entre Israel e a Igreja?
3. Como o Novo Testamento utiliza o Antigo Testamento?
4. Quem possui prioridade interpretativa: o Antigo ou o Novo
Testamento?

B. Além destes temas maiores, outros temas menores fazer parte da Teologia
Bíblica – mistério; templo; descanso; promessa; êxodo, dentre outros.

C. Estas questões são reunidas em torno de uma questão principal na


teologia Bíblica: Qual a relação entre o Antigo Testamento e o Novo
Testamento? Continuidade ou Descontinuidade?

D. Na história do debate da TB, duas posições principais têm dado


diferentes ênfases no estudo da Teologia Bíblica.
1. Dispensacionalistas tendem a enfatizar as diferenças entre os
vários períodos da história bíblica.
2. Aliancistas tendem a enfatizar a unidade da
obra de Deus na história.

37
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

3. No desenvolvimento do debate, muitas alterações foram feitas em


cada posição. Dispensacionalistas passando a enfatizar a unidade, e
aliancistas passando a enfatizar a descontinuidade.
4. Por conta disso, há aspectos de semelhança e dessemelhança.
Veremos cada um desses sistemas separadamente, depois veremos
seus pontos comuns, vantagens e desvantagens.

II. O Sistema Aliancista.

A. Definição Básica.
1. Teologia da Aliança, ou Teologia do Pacto, é um sistema de teologia
que vê o plano eterno de salvação de Deus através da história desenvolvendo-
se por meio de três alianças – a Aliança das Obras, a Aliança da Graça e a
Aliança da Redenção. Esta última não é aceita com unanimidade.

2. Pacto das Obras


a) De acordo com a Confissão de Westminster: “O primeiro pacto
feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida
prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita
obediência pessoal.”
b) De acordo com o Evangelical Dictionary of Theology, o Pacto
das Obras consiste em três coisas: (1) promessa de vida eterna sob a
condição de obediência perfeita por um período probatório; (2) o
pagamento com a morte pela desobediência; e (3) o sacramento da
árvore da vida.

3. Pacto da Graça
a) Segundo a Confissão de Westminster: “O homem, tendo-se
tornado pela sua queda incapaz de vida por esse pacto, o Senhor
dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da
graça; nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a
salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos;
e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu
Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer.”
b) A Confissão continua afirmando que esse Pacto é manifesto no
Antigo Testamento por meio de outras alianças, como a Abraâmica,
Mosaica, Davídica e posteriormente pela Nova Aliança. Há, porém, um
38
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

aspecto de continuidade entre todas estas alianças, visto que elas são
desenvolvimentos da Aliança da Graça.

4. Pacto da Redenção.
a) Este Pacto consiste em uma aliança estabelecida na eternidade
passada entre os membros da Trindade.
b) Louis Berkhof define assim: “O pacto da redenção pode ser
definido como o acordo entre o Pai, dando o Filho como o Cabeça e
Redentor dos eleitos, e o Filho, voluntariamente tomando o lugar
daqueles a quem o Pai o deu” (ST, 279).
c) Este Pacto foi Deus comissionando o Filho para ser o Salvador e o
Filho aceitando e cumprindo fielmente essa comissão.

B. Hermenêutica
1. O pactualismo é historicamente relacionado à Teologia Reformada. Por
isso, esta posição mantém um conceito bastante elevado de Deus e das
Escrituras.
2. O traço hermenêutico mais característico dessa posição é a prioridade
interpretativa do NT
sobre o AT na interpretação das profecias.
a) Para esta posição, a exegese cristã deve permitir ao Novo
Testamento interpretar o AT… Essa abordagem à interpretação bíblica
permite que a revelação conclusiva de Deus no Novo Testamento
interprete autoritativamente a revelação incompleta no Antigo.
b) Oswald T. Allis estabeleceu as premissas da
hermenêutica aliancista:
(1) Rejeição da Interpretação estritamente literal. Ele disse “o
Novo Testamento deixa claro que a interpretação literal é uma
pedra de tropeço para os judeus. Ela ocultava deles as mais
preciosas verdades das Escrituras.”(PC, 258).
(2) Aceitação do Sensus Plenior. Sensus Plenior significa a
aceitação de um sentido mais profundo para os textos proféticos.
Como a Bíblia foi escrita em dupla autoria, Deus pretendia mais
com o significado de um texto do que o autor humano. (3)
Interpretação do Antigo Testamento à Luz do Cumprimento
do Novo Testamento. “A afirmação de que „Israel sempre quer
dizer Israel‟, e que as profecias do reino a respeito de Israel
passam para o Novo Testamento

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Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

„completamente inalteradas‟, leva imediatamente e


inevitavelmente à conclusão de que o „reino dos céus‟ que João
Batista anunciou que „era chegado‟ era um reino terreno, político,
nacional dos judeus. Mas, uma vez que Jesus cumpriu o Antigo
Testamento, estas passagens devem ser interpretadas como
cumpridas espiritualmente” (PC, 256).
(4) Interpretação Cristológica do Antigo Testamento.
Jesus Cristo é o cumprimento pleno das promessas feitas a
Abraão e Davi quanto a terra, ao trono e a descendência. Cristo
é o verdadeiro Israel, e assim a Igreja no NT é o Israel espiritual.
(5) Interpretação Retroativa. O Novo Testamente deve ser
lido no Antigo Testamento. Assim, as verdades do NT comandam
o significado das verdades do AT.

C. Variações
1. Teologia Batista Pactual (Federalismo Batista)
a) Modificação no Pacto da Graça, igualando-o à Nova Aliança.
b) Credobatismo

2. Aliancismo Progressivo
a) Deus administra o seu plano por meio
de alianças
b) Estas alianças possuem um elemento de
progressão entre elas.
D. Resumo das Crenças Fundamentais
1. Prioridade do Novo Testamento sobre o Antigo
Testamento.
2. Relacionamento de “tipo-antítipo”, ou “sombra-realidade” entre
o Novo Testamento e o Antigo Testamento.
3. A Igreja existe desde Abraão e é igual a Israel. Esta era a posição
de Calvino e é a posição mais defendida entre aliancistas.
4. Por implicação, a maioria aceita o batismo infantil. Assim como a
circuncisão era o rito de iniciação no Pacto, o batismo agora é este rito.
Portanto, crianças precisam passar pelo batismo para ingressarem no
pacto.
5. A Lei Mosaica como expressa nos Dez Mandamentos ainda é
válida para os nossos dias, pois ela traz a lei moral divina. Aliancistas
geralmente crêem na tripartição da Lei em lei moral, civil e cerimonial.
6. Geralmente aliancistas são amilenistas, costumeiramente pós-
milenistas e raramente pré- milenistas.
40
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

III. Teologia da Nova Aliança

A. Definição:
1. A Teologia da Nova Aliança é um movimento relativamente novo,
ainda não muito definido, oriundo dos círculos reformados em direção a
uma interação com o Dispensacionalismo. Seu nome se deve à crença
de que a Nova Aliança é uma novidade no plano de Deus, e não
apenas uma renovação da Antiga Aliança, como dizem os aliancistas.
2. Por isso, esse sistema propôs algumas modificações no sistema
aliancista.
B. Modificações:
1. Rejeição do esquema das alianças das obras, da
redenção e da graça.
a) “Não cremos que seja sábio se referir ao plano de Deus
em salvar pressoas na eternidade como uma aliança”, disse Jon
Zens.
b) “a NTA não crê que seja sábio referir-se ao relacionamento de
Deus com Adão como
uma “aliança”. Lehrer, NCT, 40.
c) “”Mas, poderíamos perguntar, onde está “aliança da
graça” revelada na Bíblia?”
John Zens.

2. Rejeição da Antiga Aliança como sobre os


cristãos desta era.
a) A Lei mosaica não possui nem teológica, nem legal, nem
ética, influencia sobre os cristãos da era da Nova Aliança.
b) Os cristãos da Igreja devem obedecer a Lei de Cristo, ou seja,
a conduta descrita nas
Escrituras da era da Nova Aliança.
c) A Lei Mosaica não pode ser dividida em Lei moral, civil e
cerimonial.
(1) “Embora essa tripartição seja antiga, seu uso como
uma base para explicar o relacionamento entre os
testamentos não é derivada nem do Novo Testamento e
provavelmente não seja mais antiga que Tomás de
Aquino” D.A.Carson (Mathew, 143).

3. Rejeição do batismo de Infantes

41
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

a) Já que não existe continuidade entre a Antiga e a Nova


Aliança, o batismo de infantes não deve ser considerado um
paralelo com a circuncisão.
4. Rejeição da Igualdade entre Israel e Igreja.
a) Afirmam que a Igreja iniciou-se no Pentecostes.
b) Assim, Israel não foi a Igreja no AT.

5. Similaridades:
a) Prioridade lógica e interpretativa do NT sobre o AT.
b) Interpretação Tipológica como abordagem correta para
interpretar o relacionamento entre os testamentos.
c) Israel não possui mais uma identidade, papel ou missão no
plano de Deus. A Igreja é o Israel de Deus, que substituiu o Israel
étnico. Este era apenas uma figura daquele.
d) Não requer necessariamente uma posição escatológica
quanto ao milênio. Pode ser amilenista, pós-milenista ou pré-
milenista.

C. Principais
Proponentes
1. John Zens
2. John G. Reisinger
3. Fred Zaspel
4. Tom Wells
5. Steve Lehrer
6. John Piper, D.A. Carson e Douglas Moo já afirmaram
publicamente sua proximidade com este sistema.

O Sistema Dispensacionalista

O Dispensacionalismo não é um movimento totalmente unificado, pois ele não é


oriundo de um movimento confessional. Por isso, falar de uma tradição
dispensacionalista é apontar aquelas crenças que todo dispensacionalista
possui, sem destacar as diferenças maiores e menores neste movimento1.
Abaixo, alistamos as principais crenças dispensacionalistas2. Estas crenças
constituem-se no sine qua non do Dispensacionalismo.

42
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

I. DEUS ADMINISTRA O SEU PLANO ATRAVÉS DE DISPENSAÇÕES SUCESSIVAS


E DIFERENTES ATRAVÉS DA HISTÓRIA.

A. O Termo Dispensação
1. A palavra em português aparece 4 vezes, em Efésios 1:10, 3:2,
3:9 e Col 1:25.
2. Porém, o termo traduzido aparece na língua grega
também traduzida como
“administração” (Lucas 16:3) ou “despenseiro” (1 Co 9:17).
3. A ideia central do termo é o da administração. Por isso, é
utilizada tanto para a admistração de uma casa, quanto a
administração do plano de Deus.
4. Teologicamente, o termo “refere-se à uma maneira distintiva
na qual Deus conduz ou
arranja o relacionamento dos homens com Ele mesmo”3
5. Esta definição e o uso do termo são comuns na história da
teologia, em diferentes tradições.

B. O Termo Dispensacionalismo
1. O Dispensacionalismo possui crenças específicas à respeito
da forma como Deus administra os seu plano.
2. Enquanto todos reconhecem que existam dispensações
no plano de Deus, o Dispensacionalismo entende que Deus
administra o seu plano através de dispensações.
a) Diferentemente da Teologia da Aliança, ou Aliancismo,
que entende que Deus administra por meio de Alianças.
3. Há divergências dentro do dispensacionalismo em dois pontos
quanto às dispensações:
a) O número de dispensações: há quem proponha 7,
5, 4, 3 e 2 dispensações.
b) A natureza das dispensações:
(1) há dispensacionalistas que entendem que cada
dispensação é um teste de Deus para com a
humanidade; outros acham que elas são avanços
históricos.
(2) Há disp. que entendem que cada dispensação
se encerra com um juízo; outros entendem que se
encerram com uma nova realidade na relação de
Deuscom o povo.

4. Contudo, esta é a primeira marca do Dispensacionalismo, e a


que lhe rende o nome: a crença da administração do plano de
Deus através de dispensações.

43
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

II. O ANTIGO TESTAMENTO DEVE SER INTERPRETADO DENTRO DE SEU


PRÓPRIO CONTEXTO HISTÓRICO- GRAMATICAL, ASSIM COMO O NOVO
TESTAMENTO.

A. A Questão
1. No centro do debate entre dispensacionalistas e aliancistas
está uma questão hermenêutica a respeito de dois pontos:
a) A Prioridade dos Testamentos: qual testamento
deve ter prioridade na interpretação? O Antigo Testamento
é a base para entender o NT, ou o contrário?
b) O Uso do AT no NT: como o AT é utilizado no Novo
Testamento? O NT
modifica o significado do AT? Ele complementa? Ele mantém?
2. Aliancistas tendem a entender que o Novo Testamento
estabelece a base para a interpretação do AT. Também, tendem
a entender que o NT traz novos sentidos para termos como “Israel”,
templo, semente de Abraão.
3. Suposto embate Interpretação Literal x
Interpretação Espiritual/Alegórica.

B. A Convicção Dispensacionalista
1. Cada testamento deve ser interpretado dentro de seu
contexto histórico-gramatical.
2. O Novo Testamento não deve ser utilizado a priori na
interpretação do AT, mas a posteriori.
a) Ou seja, primeiro o AT é interpretado, depois é
analisada a sua relação com aquilo que foi interpretado no
NT.
b) Exemplo, o “façamos o homem” de Gênesis.
3. O Novo Testamento não modifica o significado do AT, mas
o mantém, embora trazendo novidades.
4. Por isso, termos como “descendência de Abraão”, “Israel”,
“meu povo” podem ter
múltiplas aplicações, a depender do contexto em
que está sendo usado.

III. Existe uma distinção entre Israel e Igreja.

A. A Questão
1. Como resultado das questões hermenêuticas, surge a
seguinte questão: Qual a relação entre a nação de Israel e a
Igreja?
2. Teologia da Aliança – relação de continuidade. A Igreja existe
desde o AT e é marcada por todo aquele que participa da Aliança
da Graça. Por isso, a Igreja é o Israel Espiritual. Outros vão dizer que
a Igreja é o Novo Israel (teologia da substituição).
44
Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

3. Esta questão é crucial. Ouso dizer que é aqui que reside a


principal diferença entre as correntes teológicas.

B. A Convicção Dispensacionalista
1. Todos os dispensacionalistas concordam que a Israel é uma
nação étnica e que não se pode dizer, portanto, que a Igreja é o
Israel espiritual ou o Novo Israel.
2. Israel é uma nação étnica escolhida por Deus para ser a
receptadora e propagadora das Alianças, como as alianças com
Abraão, Davi e a Nova Aliança.
3. A eleição de Israel reside no fato de que as alianças feitas
no AT com Israel são incondicionais, ou seja, Deus compromete-se
unilateralmente em cumprir as promessas de cada aliança no povo
de Israel.
4. A Igreja originou-se no “Evento de Cristo”, ou seja, depois e
sua morte- ressurreição-ascensão-batismo com o Espírito Santo,
como descrito em Atos 2.
5. A Igreja é um organismo espiritual, marcada pela união de
judeus e gentios em um só corpo, por meio de Jesus Cristo.
6. “Dispensacionalistas reconhecem que os crentes gentios
foram aproximados às alianças de Israel (cf Ef. 2:11-22), mas eles
também apontam que o Novo Testamento distingue Israel e igreja
de tal maneira que exclui a ideia de que a igreja é agora
identificada como Israel ou que a igreja herda totalmente as
promessas e alianças de Israel com a exclusão desta nação”
(Michael Vlach, em Dispensacionalismo, pg 44)
7. Portanto, embora o Novo Testamento apresente a Igreja
participando das alianças feitas com Israel, isso não exclui a
identificação de Israel como uma nação étnica que irá receber o
cumprimento das promessas feitas a esta nação.

IV. Escatologia Futurista.

A. A Questão
1. Como resultado dos pontos anteriores, a questão que se
coloca é: como as promessas feitas no AT se cumprem ou se
cumprirão?
2. A Teologia da Aliança tende a entender que estas
promessas se cumprem espiritualmente na era da Igreja, antes do
retorno de Cristo.
3. Por isso, os aliancistas geralmente são amilenistas,
ocasionalmente pós-milenistas e raramente pré-milenistas.
4. Também, a teologia da aliança tende a ser idealista,
entendendo que os eventos de Apocalipse ocorrem durante a era
da Igreja, ou preteristas, afirmando que ocorreram no ano 70 d.C.

B. A Convicção Dispensacionalista
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Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

1. Todos os dispensacionalistas crêem que as promessas feitas


nas Alianças bíblicas, bem como as profecias de juízo sobre este
mundo, se cumprirão plenamente no futuro.
2. Embora haja discordâncias dentro do
dispensacionalismo quanto a detalhes importantes, todos desta
corrente entendem que eventos como a Tribulação, o
arrebatamento da Igreja e o reino milenar ocorrerão no futuro, em
torno do retorno de Cristo.
3. Também, todos os dispensacionalistas vêem um futuro distinto
para a nação de Israel. Esta é a distinção entre o pré-milenismo
dispensacionalista e outras formas de pré-milenismo.
4. Por fim, o dispensacionalismo entende que o livro de
Apocalipse descreve eventos primariamente futuros, embora haja
dispensacionalistas que aceitam uma certa medida de preterismo.

MITOS SOBRE O DISPENSACIONALISMO

1. O Dispensacionalismo ensina que a salvação no AT era por obras e


no NT é pela graça.
a. Falso. Uma declaração na primeira edição da Bíblida de
Scofield levou a esta percepção. Porém, ela foi firmemente
corrigida e nenhum outro proponente significante do
Dispensacionalismo afirmou isto.

2. Os Dispensacionalistas são arminianos.


a. Falso. Embora haja dispensacionalistas de renome que
são arminianos, em sua maioria, dispensacionalistas se
identificam dentro da tradição calvinista.

3. Dispensacionalistas são os que creem no Deixados para Trás.


a. Falso. Embora este livro/filme tenha divulgado massivamente
a escatologia de linha dispensacionalista, seu
sensacionalismo não reflete a seriedade e erudição típicas
dos dispensacionalistas.

4. Os melhores teólogos são da Teologia da Aliança.


a. No Brasil, isso é verdade. Porém, isso se deve à falta de
grandes instituições e editoras que produzam material
dispensacionalista. Porém, nos EUA o quadro é diferente.

5. Todo dispensacionalista tem que crer no arrebatamento da


igreja antes da tribulação.
a. Falso.

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Introdução a Teologia Bíblica
Pr. Antônio

_________________________________________________________
1
Neste estudo, também consideraremos como tradição dispensacionalista aquelas
crenças mais populares, aquelas que exerceram e exercem maior influência no meio
evangélico.
2
Há diversas abordagens quanto ao que seriam as crenças essências do dispensacionalismo. Em
nosso estudo, resumirei com minhas palavras. Você pode, também, para uma abordagem mais
abrangente, consultar a obra de Ryrie, Dispensacionalismo, Ajuda ou Heresia; a obra de Michal
Vlach, Dispensacionalismo, crenças essenciais e mitos comuns; e o capítulo de John Feinberg,
Sistemas de Descontinuidade, na obra Continuidade e Descontinuidade.
3
Blaising, Craig A.. Progressive Dispensationalism (Locais do Kindle 132-134). Baker Publishing
Group. Edição do Kindle.

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