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INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
O Ministério Evangélico se baseia na Palavra de Deus tal como ela se manifesta na literatura
canônica inspirada, e como se perpetua através da pregação. No Protestantismo, o servo é um ministro que
tem como função o Ministério da Palavra. Portanto uma das principais considerações do ministério cristão é
o uso correto da Palavra de Deus - 2 Tm 2.15.
HERMENÊUTICA GERAL: é o conjunto de normas que se aplica a todo o tipo de material que requer
interpretação, devido ao vazio que existe entre o intérprete e o objeto a ser interpretado.
HERMENÊUTICA BÍBLICA: é o estudo dos princípios que se referem a interpretação da Bíblia Sagrada.
A hermenêutica é Arte e Ciência. É a teoria daquilo que a exegese é a prática. A exegese é a
aplicação da hermenêutica à Palavra de Deus.
A hermenêutica, a exegese e a pregação são elementos contínuos de um mesmo processo, portanto, a
mensagem deve sempre ser bíblica, exegética e expositiva.
■ A Escritura é a fonte e norma da Pregação;
■ A Exegese é a aplicação da hermenêutica para o estudo científico do significado do texto;
■ A Exposição é a proclamação relevante à congregação.
O intérprete da Bíblia deve procurar tirar das Escrituras a mesma ideia que o escritor queria exprimir
quando escreveu, e expô-la de maneira contemporânea e relevante à geração atual.
Em muitos aspectos a Escritura é parte do corpo literário Geral. Foi escrita em idiomas comuns, usa
muitas formas típicas de composição literária, faz referência aos vários assuntos da vida cotidiana, e muita
de sua história esta inserida em outras histórias. Em todas estas coisas em que a Bíblia concorda com outras
literaturas deve ser interpretada como qualquer outra literatura. Mas a aplicação dos princípios gerais à
hermenêutica das Escrituras deve levar em consideração alguns pressupostos básicos por parte do intérprete:
1. Convicção a Respeito das Escrituras: mesmo com o debate entre os teólogos sobre se a Bíblia é,
contém ou se torna a Palavra de Deus, uma coisa tem que estar clara para o interprete: Deus tem parte
nela;
2. Conhecimento de Várias Versões: A utilização de edições críticas do AT e NT são importantes para a
interpretação, pois trazem notas esclarecedoras e possibilidades de outras traduções, aumentando o
universo semântico do intérprete.
3. Consultar Introduções e Comentários: A fim de que o intérprete tenha maiores condições de analisar tudo o
que envolvia o autor e sua época é importante consultar bons comentários e introduções que tratam dos diversos
aspectos como autoria, data, destinatários, conteúdo, etc.
As Sagrada Escritura têm também certas características particulares que requerem princípios
especiais si se desejar fazer justiça a sua interpretação:
1. O Fator Espiritual: Foi Calvino quem notou que a Palavra de Deus é espiritual, e por isso
somente poderia ser percebida espiritualmente. A Espiritualidade da Palavra de Deus tem dois aspectos:
Deus atua sobre o homem por meio do Espírito Santo, que ilumina sua mente e lhe dá testemunho das
verdades das realidades divinas. Porém, o homem sobre o qual atua o Espírito tem que Ter parte com o
Espírito através da regeneração. Mas, o Fator Espiritual não desconsidera a responsabilidade do estudo e da
Pr Rogério Marcarini da Costa Pá gina 2
Interpretaçã o da Bíblia - Hermenêutica
4. A Auto Interpretação da Bíblia: Antes da Reforma a ICR insistia que ela era a depositária
da graça de interpretar a Bíblia. Mas os Reformadores derrubaram este conceito e estabeleceram em seu
lugar a norma de que ''Escritura é sua própria interprete". Isto que significar que a totalidade da Escritura
interpreta a parte da Escritura, onde nenhuma parte da Escritura deve ser interpretada de tal forma que
deforme a essência da Escritura. Neste processo Lutero afirmou que a claridade objetiva das Escrituras está
em Jesus Cristo, e a claridade subjetiva está no Espírito Santo.
Não se pode interpretar o significado de um texto com certa precisão sem as análises histórico-
cultural e contextual. Esta análise pode ser feita mediante 3 perguntas:
RESPONDENDO A 1A PERGUNTA:
1a. Qual é a situação histórica geral com a qual se defrontam o autor e seus leitores? Quais eram as
situações políticas, económicas e sociais? Quais eram as principais ameaças e preocupações?
2a. Quais os costumes cujo conhecimento esclarecerá o significado de determinadas ações?
3a. Qual era o nível de comprometimento espiritual da audiência?
RESPONDENDO A 2A PERGUNTA:
1a. Quem foi o autor? Qual era seu ambiente e suas experiências espirituais?
2a. Para quem estava ele escrevendo (crentes fieis, incrédulos, apóstatas)?
3a. Qual foi a finalidade (intenção) do autor ao escrever este livro especial? podemos seguir os
seguintes passos:
1o. Observar a declaração explícita do autor ou repetição de certas frases. (P. Ex.: Lc 1. 1-4 e At 1.1; Jo
20.31; 1 Pe 5.12; A expressão "são essas as gerações de" se repete 10 vezes no livro de Gênesis).
2o. Observar as exortações e conselhos contidos no escrito. (P.Ex.: As cartas paulinas estão repletas de de
fatos teológicos seguidos de imediatos por um "portanto" e uma exortação).
3o Observar os pontos omitidos ou os problemas enfocados. (P. Ex.: 1 e 2 Crônicas não nos dá uma
história completa de todos os acontecimentos nacionais durante o reinado de Salomão e da divisão do reino.
Mas ele seleciona fatos que mostram que Israel só pode resistir quando se mantém fiel aos mandamentos de
Deus e a sua aliança. Como apoio a este ponto podemos observar que ele usa com frequência a frase "- fez o
que era mau (ou reto) perante o Senhor".
RESPONDENDO A 3A PERGUNTA:
1a Quais os principais blocos de material e de que forma se encaixam no todo? Alternativamente, qual é
o esboço do livro?
2a Como a passagem que estamos observando contribui para a corrente de argumentação do autor?
Alternativamente, qual a ligação entre a passagem que estamos estudando e as que vêm imediatamente antes
e depois?
3a Qual a perspectiva do autor? As vezes os autores escrevem como se estivessem olhando com os olhos
de Deus (como porta-vozes de Deus), especificamente em assuntos de moral, mas em seções narrativas
frequentemente descrevem fatos de forma como lhes parecem da perspectiva humana.
4a. A passagem está declarando verdade descritiva ou prescritiva? As passagens descritivas relatam o que
foi dito ou o que aconteceu em um determinado tempo. O que Deus diz é verdadeiro, o que o homem diz
pode ser ou não, o que Satanás diz, geralmente é uma mistura de verdade e erro. Quando as Escrituras
descrevem ações humanas sem comentá-las, não se deve, necessariamente, supor que elas são aprovadas.
As passagens prescritivas das Escrituras são tidas como articuladoras de princípios normativos. As
diferenças entre as passagens prescritivas sugere que não se deve universalizar nenhuma delas, mas aplicar
cada uma de acordo com a situação. Quando há somente uma passagem ou um problema prescritivo, ou
quando as várias passagens prescritivas coincidem com outra, geralmente o ensino é tido como normativo.
6a A quem se destina a passagem? Quem está falando? O ensino é normativo ou se dirige a determinados
indivíduos? A quem se dirige a passagem?
Há basicamente 3 grupos de destinatários nas Escrituras: Israel como Nação, Crentes do AT, e
Crentes do NT.
Embora as palavras possam assumir uma variedade de significados em contextos diferentes, elas têm
apenas um significado intencional em qualquer contexto dado. Assim, se dissermos: "Ele é ou está verde",
essas palavras poderiam significar:
1.6.1.1. ele é inexperiente
1.6.1.2. ele está doente
1.6.1.3. ele está assustado
Apesar destas palavras poderem expressar todas estas 3 coisas, o contexto geralmente indicará qual
dessas ideias queremos comunicar.
A análise léxico-sintática ajuda o intérprete a determinar a variedade de significados de uma palavra
ou de um grupo de palavras, e então declarar qual o significado é mais provável de ser a intenção do autor
nesta passagem.
foram sugeridas bem posteriormente a escrita da Bíblia com o propósito de localizarmos melhor as
passagens, mas elas correm o risco de separarem ideias e dividir o pensamento do autor.
6. Analisar a sintaxe:
A sintaxe trata do modo como os pensamentos são expressos por meios de formas gramaticais. A
relação das palavras entre si expressa-se por meio de suas formas e disposições gramaticais. A língua
portuguesa é analítica, ou seja, a ordem das palavras é um guia para o significado. Por exemplo, os
substantivos normalmente precedem os verbos, os quais normalmente precedem os complementos. Dizemos
"a árvore é verde" de preferência a alguma outra combinação dessas palavras. O hebraico é também uma
língua analítica, porém menos do que o português. O grego, pelo contrário, é uma língua sintética, ou seja, o
significado é entendido apenas parcialmente pela ordem das palavras e muito mais pelas terminações da
palavra ou pelas terminações dos casos.
Há diversos instrumentos úteis para se descobrir que informação a sintaxe pode trazer para a nossa
compreensão do significado de uma passagem, como por exemplo Bíblias interlineares: contêm o texto
hebraico ou grego com a tradução impressa entre as linhas.
Pr Rogério Marcarini da Costa Pá gina 7
Interpretaçã o da Bíblia - Hermenêutica
ANÁLISE TEOLÓGICA
TODO CRISTÃO É UM TEÓLOGO
Teologia é qualquer reflexão sobre questões essenciais da vida que aponte para Deus.
A teologia é inevitável ao cristão que pensa, e a diferença entre teólogos profissionais é apenas de
posição, não de qualidade.
Teólogos profissionais existem para servir à comunidade de fé, não para ditar-lhes as crenças ou
dominá-la intelectualmente. Os teólogos leigos precisam dos profissionais para fornecer ferramentas
para o estudo da Bíblia, a perspectiva histórica e a articulação sistemática, meios que lhe permitem
aprimorar a prática da teologia.
O termo teologia é formado por duas palavras: Theos e Logos (Deus e razão). Logo, literalmente:
pensamento de Deus ou raciocinar dobre Deus.
Considerando que a teologia cristã analisa a crença sobre Deus e o mundo, podemos afirmar que ela
é a reflexão e a organização das crenças referentes a Deus e o mundo que os cristãos têm em comum
como seguidores de Jesus Cristo.
As subdivisões básicas da teologia cristã:
o Deus (Teologia propriamente dita).
o A humanidade e o universo criado (antropologia)
o Jesus e a Salvação que ele trouxe (Cristologia e Soteriologia)
o O Espírito Santo e as obras do Espírito em nós e no mundo (Pneumatologia)
o A consumação ou conclusão do programa de Deus para a criação (Escatologia).
FERRAMENTAS DA TEOLOGIA
Aqui é importante mostrar que a Bíblia não é um tratado de teologia, mas longas narrativas, poesias,
provérbios e instruções para pessoas e grupos ES específicos de crentes.
Tudo que aprendemos na Bíblia é filtrado pelas lentes do que somos de onde nos situamos no tempo
e espaço.
1. A Mensagem Bíblica
a. O que na Bíblia exerce função normativa para a teologia?
b. A teologia nos conduz para as partes didáticas da Bíblia, analisando com a visão voltada para
o presente.
Ou seja, desejamos uma teologia que não somente seja bíblica e cristã, mas também relevante.
A narrativa é o tipo literário mais encontrado no Antigo Testamento, com aproximadamente 40 por
cento do Antigo Testamento. Alguns livros são compostos em grande medida ou inteiramente de narrativas:
Génesis, Josué, Juizes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Crónicas, Esdras, Neemias, Daniel, Jonas e Ageu. E
também em Êxodos, Números, Jeremias, Ezequiel, Isaías e Jó contém partes de narrativas.
O que são narrativas. As narrativas são histórias. Então dizemos que a Bíblia contém o que
chamamos de "História de Deus", uma história real, de vital importância e frequentemente complexa. O
termo "narrativa" é adotado no uso técnico para assim Ter uma conotação mais objetiva e evitando o termo
"história", que pode significar ficção, ou conto improvável.
Todas as narrativas tem um enredo, uma trama e personagens (seja divina, humana, animal, etc).
Em específico o Antigo Testamento possui um enredo que faz parte de um enredo especial global
( História de Deus), e tem um elenco especial de personagens dos quais o mais importante é o próprio Deus.
Três níveis de narrativa. Devemos reconhecer ao lermos as narrativas do Antigo Testamento que a
história esta sendo contada em três níveis a saber:
1- Nível Superior. É aquele plano universal de Deus, como: a criação, queda do homem,
necessidade de redenção e a encarnação e sacrifício de Cristo.
3- Nível Inferior. É aquele que narra a história num âmbito mais restrito e individual e
completam os outros dois níveis. Exemplos : história de José que foi vendido por seus irmãos a uma
caravana de árabes e do adultério de Davi com Bate-Seba.
Podemos observar que cada narrativa individual {inferior) do Antigo Testamento está contida na maior
parte da história de Israel {intermediária) e que por sua vez faz parte da narrativa do plano universal de
Deus {superior).
As narrativas não são meras histórias acerca de pessoas que viveram no Antigo Testamento, mas sim,
uma história Divina que relata tudo aquilo que Deus fez para aquelas pessoas e como operou por intermédio
delas. Deus sempre é o personagem decisivo principal de todas as narrativas.
As narrativas do Antigo Testamento não são história alegórica ou de significados ocultos. Embora haja
passagens de difícil interpretação, isto devido ao fato de não termos as informações detalhadas do que Deus
fez, como fez e por que Ele fez. Temos que conter nossos impulsos de curiosidade diante desta narrativas,
porque corremos o risco de inserir coisas que não estão contidas nas narrativas, ou especularmos
intervenções absurdas e forçadas diante de tais narrativas.
As narrativas do Antigo Testamento nem sempre ensinam de modo direto. Devemos ao invés de
aprendermos acerca das questões vividas naqueles momentos que narra o Antigo Testamento buscar com
ênfase a natureza e a revelação de Deus de maneira especial. Logicamente que o conhecimento histórico nos
ajude a entender melhor a natureza e a revelação e assim tendo um conhecimento secundário, mas pode nos
ajudar a moldar nosso comportamento. É importante sempre reforçar que se somos cristãos o Antigo
Testamento é nossa história espiritual.
As narrativas individuais geralmente não possuem uma lição moral restrita ao episódio individual. Não
podemos interpretar as narrativas independentemente das demais passagens, pois cada uma advém de uma
sequência inteira de eventos narrados e por isso não podemos tentar achar significado isolados para cada
narrativa individual.
Algumas Precauções
Notamos muitas vezes que pessoas ao interpretar as narrativas do Antigo Testamento conseguem
extrair lições que estão fora do que Deus quer que saibamos. Temos por identificado três principais
tendência para tais interpretações erronias : Em primeiro lugar há um desesperos em obter que lhes serão
úteis no âmbito totalmente pessoal; em segundo lugar há uma impaciência quanto a resposta do livro ou
passagem que esta sendo lida e em terceiro lugar esperam que a Bíblia tenha lições diretamente
ligadas as suas necessidades pessoais.
Com o propósito de evitar estas tendências relacionamos seis erros mais comuns cometidos por
aqueles que procuram respostas em partes isoladas da Bíblia.
1- Alegorização. Não observação do sentido claro do texto, extraindo reflexões além do texto.
4- Combinação Falsa. Combinação de textos isolados dento da mesma passagem e que não
estão diretamente ligadas.
5- Redefinição. É uma acomodação de um texto que tem o sentido exato para fins de abrandar
ou inserção de sentidos que ira de encontro direto com as pessoas.
6- Autoridade Extracanônica. Uso de livros que explicam doutrinas ou que revelam verdades
bíblicas que de outra forma não podem ser conhecidas.
A tradição cristã considera o AT como “palavra de Deus”. É uma expressão genérica, que na verdade
chamaremos de uma “multiplicidade” de palavras.
1. A palavra da Aliança
2. Palavra Profética
A palavra profética tem formas e características (Jr 30.2; Ez 13.16 2Rs 7.1). Se na “Aliança” aparece
mais no plural (palavras de Deus), nos profetas prevalece o singular (palavra). Isto significa que a palavra
profética em geral é mais individual e mais ligada à situação concreta. O profetismo é um movimento
carismático da Aliança (Dt 18). Mas cada profecia tem o seu próprio tema e a sua função própria. Podemos
pôr a palavra profética em paralelo com a palavra da “Aliança”, mas com a seguinte distinção: a Aliança era
uma unidade formada por três palavras-membros, ao passo que as palavras proféticas são múltiplas e
independestes.
a) Histórica: ocupa-se da história para explica-la se é próxima ou presente, para
despertar a sua recordação e a de suas conseqüências. Tem função teológica de interpretação da
história. O que há de estranho e irrepetível na história tem necessidade de semelhante palavra
explicativa atual, pois a interpretação geral, dada pela Aliança, não basta; ela deve entrosar-se com as
novidades da história. Revela um Deus em ação e descobre o sentido da ação histórica dos homens
estimulados por Deus. Por meio da palavra profética o acontecimento do passado se torna presente è
recordação e permite reconhecer nele um significado salvífico.
b) Advertência ou Juízo: freqüentemente o profeta faz referência aos mandamentos da
Aliança. O povo se obrigou a estes mandamentos no momento em que começou a existir como povo e
nas horas solenes da renovação. Ao recordar isto, o profeta uma palavra de advertência ou de juízo. A
palavra jurídica de Deus se exprime na forma de uma instrução criminal (Is 1; Os 2; Mq 6). A
advertência, ao contrário, usa mais a recordação do passado como benefício de Deus e o temor do
futuro como castigo.
c) O profeta se torna executor de bênção e de maldição : na promessa e na ameaça
proféticas a “Palavra da Aliança, de bênção e maldição” é atualizada (Dt 30.1) e aplicada a casos
específicos com notável fidelidade a fórmulas tradicionais de ameaças. A ameaça pode se intensificar,
mas só até ao anúncio do extermínio definitivo, como aconteceu com o reino do norte. A promessa
profética, ao contrário, conhece uma dialética, que pode superar todas as palavras anteriores de bênção;
com isso rompem-se os limites do horizonte presente e se abre, em determinado momento, um
horizonte novo, escatológico.
3. Ampliação da palavra
As palavras da Aliança e profética não são como algo fechado e imutável, ao contrário, são dotadas de
dinâmica, tendete à dilatação do seu significado e do seu poder. Notamos isso muito mais na palavra
profética, que no uso litúrgico de um mesmo texto, requerem u comentário que, por sua vez, pode se tornar
também “palavra de Deus”.
a) Discurso moral: No começo ela aparece como um comentário sacerdotal da palavra,
passando depois a constituir uma nova área da palavra de Deus (Dt 1.1,5). Prova de semelhantes
inserções no texto, ampliando o sentido da palavra, é o fato de ser colocado na boca de Moisés todo um
complexo discurso moral
b) Oráculos: é proferido pela boca de um sacerdote ou de um profeta, como resposta a
uma consulta de particular ou da comunidade (Ageu dedicava-se em grande parte à tarefa de responder
a tais consultas e tem consciência de transmitir a palavra de Deus).
c) Promessa: desdobra-se até uma visão escatológica de um futuro final. Ela não é
sempre anunciada como palavra de Deus mediante fórmulas clássicas proféticas, mas faz uso também
de coleções proféticas já existentes.
d) Salmos: é palavra do homem à qual Deus responde. Os salmos são palavras de Deus
enquanto por eles Deus ensina o seu povo a orar. Eles são palavras autênticas, por meio da qual o povo
exprime validamente — sem falsificações da doutrina ou do sentimento religioso — a sua fé, gratidão e
recordação das ações salvíficas de Deus. São também o grito do homem, que quer ser ouvido por Deus
e que é ouvido, pois ora com palavras que Deus ensinou. A palavra dos salmos é verdadeira porque
recorda as ações divinas e as anuncia; é firme porque exprime a fé e o reconhecimento; é eficaz porque
na estrutura da salvação chega realmente até Deus.
e) Historiógrafos: sãos que escrevem a história do povo. O ponto de partida são
aquelas “palavras históricas” da Aliança, às quais vêm unir-se as palavras históricas dos profetas —
Elias, Nata, Aias — que explicam os acontecimentos. Embora, ao publicar a sua obra, eles não usem a
expressão “ouvi a palavra do Senhor”, na realidade, eles dão prosseguimento à atividade profética
enquanto mostram o sentido teológico dos acontecimentos, isto é, Deus em ação e os homens sob a
direção de Deus. Também a palavra dos historiógrafos é tomada como palavra de Deus.
f) Palavra dos Sábios: parece puramente humana, e que trata da vida cotidiana.
Mesmo esta dimensão humana, singela e simples, tem seu lugar no plano de Deus. Por isso esse tipo de
palavra é válido e se torna digno de ser acolhido no todo da Escritura. Uma vez reconhecida como
Escritura, a palavra passa a exercer uma dinâmica própria e requer “comentários”, alguns dos quais são
também aceitos como palavras de Deus
A dinâmica da palavra se exerce por isso em duas direções: de um lado tende a ampliar-se, do outro, a
estabilizar-se. Ela se desenvolve pelo uso e pela aplicação e, no entanto, quer ser preservada com veneração.
Ela se incorpora em novos contextos históricos ou literários, mas põe-se em guarda contra falsificações. Esta
tensão da palavra de Deus é uma dinâmica, que pouco a pouco passa a exigir os meios da própria
conservação: recordação, reconhecimento oficial, escritura, reunião oficial em livros.
Exercício Hermenêutica
Marcos 10.46-52
1ª ETAPA: OBSERVAÇÃO:
2ª ETAPA: INTERPRETAÇÃO
Que significa? Para quem foi escrito? Por que o texto diz isso?
Qual a idéia Principal que está sendo comunicada?
3ª ETAPA: CORRELAÇÃO.
4ª ETAPA: APLICAÇÃO
OS NOMES DE DEUS
’adôn — Um dos três títulos (’adôn ’adônai, ’adônîm), geralmente traduzidos por “Senhor”. Todos
denotam os vários aspectos de supremacia, mas cada nome tem seu uso peculiar. O título “Senhor” (’adônî),
significando “proprietário”, é mais um título de honra e respeito do que um nome, como “sir”, “meu
senhor”, ou “meritíssimo”. Usado pelo súdito que se dirige a seu rei (1Sm 24.8; 16.17; Jr 22.18; v. Gn
44.18), pela esposa a seu marido (Gn 18.12), por um escravo seu dono (Gn 24.12; Êx 21.5; v.Ml 1.6), ou por
um seguidor a seu líder (Nm 11.28). “Refere-se à autoridade e ao prestígio de uma pessoa (Gn 23.6; 45.8) e
neste sentido poderia ser usado como um título ao se dirigir ao Deus a quem, no sentido mais elevado,
pertence a honra e o domínio (v. Js 3.11,13; Sl 97.5; Mq 4.13; Zc 4.14; 6.5). Usado como Yahweh ou como
seu substituto (Êx 23.17; 34.23; Is 1.24;3.15; 10.16; Am 8.1; Sl 90.1; 114.7; Is 6.1; 8.11; Ml 3.1).” Veio a
significar o senhorio absoluto de Deus em sua santidade transcendente; “Adon é o Senhor que governa na
terra”.
Adonai — O Senhor em sua relação com a terra, cumprindo seus propósitos de abençoar na terra. Com
esta limitação, era quase equivalente a YaHWeH; 134 passagens são registradas na Massorá onde isto foi
feito deliberadamente, associando os pontos vogais da palavra YaHWeH com Adon, convertendo-a em
Adonai. Posteriormente, para diferenciar seu uso como título divino para Deus,e impedi-lo de se tornar
excessivamente familiar para os humanos, o título sempre foi pronunciado de forma ligeiramente diferente
— o a curto do ditongo ai em Adonai ficou mais comprido, e em hebraico a frase terminava com a palavra
“meu”.
Adonim — O plural de adon, transmitindo tudo o que adon transmite, mas num grau maior ou mais
elevado, mais especialmente como dono ou proprietário. Raramente se refere a homens; um adon (sem o
artigo) pode governar outros que não lhe pertencem, mas Adonim é o Senhor que governa sobre os que são
seus.
Elohim — Ocorre 2 700 vezes. Traduzido como “Senhor” (KJV) e “YaHWeH” (KJV). Uma palavra
plural (v. Jz 9.13; 1Sm 4.8; 2Sm 4.8; 2Sm 7.23; Sl 86.8). Entretanto, na maioria das vezes é usado no
singular, mesmo quando o verbo que o acompanha está no plural (Gn 1.26; 20.13; 35.7; Êx 22.9). As
implicações da Trindade são óbvias; a palavra é equivalente a Divindade, e é indicada na KJV
ordinariamente por “Deus”. Apesar de ser às vezes usada para descrever a adoração pagã (de Camos; Jz
11.24), de Astarote ou Istar (1Rs 11.5) e de Belzebu (2Rs 1.2), é usada na maioria das vezes para o
verdadeiro e absoluto “Senhor da história e da natureza, que exige a homenagem exclusiva de seu povo”.
Elohim — Pode significar “grandeza e glória”, com a idéia de poder criativo que governa, de
onipotência e de soberania. “Elohim é Deus o Criador colocando sua onipotência em operação.” Em Gênesis
1.1—2.4 Elohim é usado 35 vezes; é ele que cria por seu grande poder o vasto universo; que diz, e é feito; e
traz à existência o que não existe. A ligação primitiva do nome com a criação confere-lhe um significado
primário como Criador: “Indica sua relação com a humanidade criada (2Cr 18.31), permanecendo em
contraste com YaHWeH, indicando o relacionamento pela aliança”. Elohim possui e governa os céus e a
terra, aquele que traz a luz a partir das trevas, o cosmos a partir do caos, a habitação a partir da desolação e
faz a vida à sua imagem.
Alah — Outra possível palavra a partir da qual Elohim poderia se derivar. Pode significar “declarar ou
jurar”, sugerindo assim um relacionamento baseado na aliança. “Fazer uma aliança implica no poder e no
direito de fazê-la, e estabelece o fato da “autoridade absoluta do Criador e Governante do Universo”. Ele
não pode jurar por ninguém maior do que si mesmo, e assim ele faz sua aliança com Abraão (Gn 17.7). “Eu
sou o Deus todo-poderoso [El-Shaddai] (17.1), [...] estabelecerei a minha aliança [...] para ser o seu Deus
[Elohim]”, isto é, ele estar com seus filhos num relacionamento pela aliança.”
O sinal da aliança de Elohim com Noé é o arco-íris (Gn 6.18; 9.15,16). José lembra seus filhos: “Estou
à beira da morte. Mas Deus certamente virá em auxílio de vocês e os tirará desta terra, levando-os para a
terra que prometeu com juramento a Abraão” (Gn 50.24). “Tu [Elohim] que guardas a tua aliança de amor
com os teus servos que, de todo o coração, andam segundo sua vontade” (1Rs 8.23). Em Jeremias 31.33 e
em 32.40, Elohim é usado especialmente para a nova aliança, na qual ele escreverá sua reverência e lei nos
corações.
El — “Um derivado incerto, mas o significado básico é, aparentemente, ‘poder’ — o ‘poder divino e
numinoso que enche os homens de assombro e terror’. Traduzido como ‘poderoso’, ‘forte’, ‘proeminente’.
Usado 250 vezes, e aparece freqüentemente onde o grande poder de Deus é evidente. El é Elohim em todo
sua força e poder; Deus onisciente (primeiramente usado em Gn 14.18-22), e Deus onipotente (Gn 16.13).
Ele pode fazer todas as coisas por seu povo (Sl 57.2), e nele todos os atributos divinos estão concentrados.”
Combinações de El
El-Betel — “Deus de Betel” (Gn 35.7). Ele é o Deus que se revelou em Betel.
El Elohe Israel — “Deus, o Deus de Israel” (Gn 33.19,20). Jacó compra um campo próximo a Siquém,
e lá dedica um altar a Deus.
Elyon — A primeira ocorrência é em Gênesis 14.18-20, em que Melquisedeque abençoa Abraão neste
nome, louvando a Deus como o “Criador dos céus e da terra”. O “Criador dos céus e da terra” divide as
nações, “sua herança” (Sl 78.55). Ele é “Altíssimo sobre toda a terra” (Sl 83.18), um título que ocorre 36
vezes.
El Elyon — “Exaltado” ou “Altíssimo”. Usado na profecia de Balaão (Nm 24.16) com El e Shaddai,
tanto na canção de Moisés quanto na de Davi (Dt 32.8,9; 2Sm 22.14), nas orações de Davi (Sl7.17; 9.2;
21.7; 46.4; 97.9), e em outras passagens nas quais seu governo e propriedade, ou a absoluta preeminência da
divindade, são os focos da adoração (“os seres celestiais” — Sl 89.6; “É Deus quem preside à assembléia
divina; no meio dos deuses, ele é juiz” — Sl 82.1). Aparece em sua forma aramaica com Nabucodonosor,
em Daniel 3.26 (“servos do Deus Altíssimo”), e é usada em sua confissão de arrependimento (Dn
4.2,24,32,34). Em sua forma grega, hypsistos, é usada nove vezes no NT: o anjo falando com Maria (Lc
1.32,35), João como profeta de Deus (Lc 1.76), o endemoninhado gadareno com Jesus (Mc 5.7; Lc 8.28), e
Paulo com os filósofos no Areópago (At 17.22), e como referência às “alturas” (Mt 21.9; Mc 11.10; Lc 2.14;
19.38; At 16.17; Hb 7.1).
’El ‘Ola m — “Deus o Eterno” ou “Deus da Eternidade”. A palavra significa “tempo eterno”, “tempo
cujos limites estão longe da vista”. Aplicado a Deus significa, aparentemente, “sua soberania contínua
através das eras, que não é afetada pela passagem do tempo”.
El Roi — O “Deus que me vê” ou o “Deus da visão”. Usado por Hagar no deserto, quando Deus cuidou
dela e de seu filho (Gn 16.13).
El Shaddai — O “Deus das montanhas” (referindo-se a suas visitas ao Sinai, ou seu governo altivo) ou
“Deus todo-poderoso”. Excluindo Gênesis e Êxodo 6.2,3, El Shaddai ocorre 35 vezes
no AT, 29 das quais estão em Jó, que está hipnotizado com a majestade e o poder de Deus. Ocorre
como citação em 2Coríntios 6.18 e Apocalipse 1.8; 4.8; 21.22. Em todas as ocorrências traduz-se por “Todo-
poderoso”. “É o Deus El, não como uma fonte de força, mas de graça; não como Criador, mas como doador.
Shaddai é o todo-generoso. Não se refere a seu poder criativo, mas a seu poder de suprir as necessidades de
seu povo”. “A primeira ocorrência de El Shaddai (Gn 17.1) é usada para mostrar a Abraão que Deus o
chamou para andar diante si, e que poderia suprir todas as suas necessidades. Devemos mostrar ao mundo
que estamos separados dele com a mesma confiança (2Co 6.18).”
Primeiro e último — O termo de Isaías para transmitir a “eterna soberania de Deus sobre toda a
extensão de tempo, do início ao fim” (Is 44.6; 48.12). “O profeta não fala da eternidade em termos abstratos
e não-históricos, mas leva a linguagem a seu limite temporal, ao dizer de forma concreta: ‘Antes de mim
nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de mim’” (Is 43.10). “A soberania eterna de YaHWeH
está, então, escondida dentro da sombra do primeiro e do último. [...] Assim, a expressão “o primeiro e o
último” é uma forma vívida de dizer que a história, em toda sua extensão, está sob o controle de Deus, que é
Criador e Senhor, cuja presença direcionadora é conhecida na história (Is 46.10; v. 45.21). A mesma nota é
acentuada no NT sob a convicção de que o senhorio soberano de Deus é manifesto em Jesus Cristo, o Alfa e
o Ômega (Ap 1.8,17; 2.8; 22.13).”
Eloah — “Elohim deve ser adorado. Eloah é Deus em conexão com sua vontade, e não com seu poder.
A primeira ocorrência associa este nome com a adoração (Dt 32.15,17); assim, é o título usado sempre que
houver contraste (latente ou manifesto) com deuses falsos ou ídolos. Eloah é essencialmente o “Deus vivo”,
em contraste com ídolos.”15 Aparece também como “Deus” na KJV.
Os títulos de YaHWeH
YaHWeH — “O nome próprio de Deus, que denota sua presença (Gn2.4). Derivado do verbo hebraico
havah — ‘ser’ ou ‘sendo’, uma palavra quase exatamente igual ao verbo chavah — ‘viver ou vida’. Com
esse nome, devemos pensar em YaHWeH como o ser que é absolutamente auto-existente, aquele que em si
mesmo possui a vida essencial, a existência permanente.” Traduzido como “SENHOR” na NVI e em
diversas outras versões da Bíblia, e é o nome mais freqüente para Deus no AT, sendo usado 6 823 vezes.
Enquanto Elohim é Deus como Criador de todas as coisas, YaHWeH é o mesmo Deus numa relação de
aliança com aqueles que ele criou (2Cr 18.31). YaHWeH significa o Eterno, o Imutável, o que foi, é e há de
vir. A definição divina é dada em Gênesis 21.33. Portanto, ele é, especialmente, o Deus de Israel, e o Deus
os redimidos em Cristo. Podemos dizer “o Deus” Elohim ou “meu Deus” Elohim para distinguir nosso
verdadeiro Deus dos ídolos, mas não “meu YaHWeH” ou “o YaHWeH”, pois YaHWeH é o nome do Deus
verdadeiro, vivo e pessoal, distinto de todos os deuses e ídolos falsos. Indicado na KJV como SENHOR, e
por “DEUS” quando ocorre em combinação com Adonai, e neste caso SENHOR DEUS = Adonai
YaHWeH. Enquanto Elohim é o nome usado nos livros mais “universais” da Escritura, tais como
Eclesiastes, Daniel e Jonas (um Deus de poder amoroso por toda a criação), o nome usado nos livros
teocráticos e
históricos de Israel é YaHWeH, distinguindo assim, propositadamente, a revelação singular de Deus
para seu povo (poder e amor condicionados pelos atributos morais).
“Todos os nomes de Deus que ocorrem na Escritura são derivados de suas obras, com uma exceção, e
esta é YaHWeH. [...] Ensina de forma clara e inequívoca a respeito da substância de Deus”. “YaHWeH” é o
nome que Deus usa quando faz uma revelação especial de si mesmo, como um Deus pessoal-infinito,
espiritual e moral,
YaHWeH-Yireh comemora uma grande lição e uma poderosa libertação. A libertação que Abraão e
Isaque experimentaram no monte Moriá purificou o amor de Abraão por seu filho, possibilitando que ele
visse Isaque como “a dádiva e a possessão graciosa de Deus, como um bem confiado por Deus a ele; que ele
deveria estar pronto para se render novamente a Deus a qualquer momento”. Depois que Abraão sacrificou o
cordeiro, que o Senhor providenciou para o lugar de Isaque, Abraão chamou o local de “O SENHOR
Proverá” (Gn 22.14). Ao dar um nome para o local, Abraão mostra que tinha um entendimento da futura
provisão e da manifestação messiânica de Deus (Hb 11.19). O monte Moriá (uma palavra aparentada a
Yireh) tornou-se, num dado momento, o próprio local do templo de Israel (2Cr 3.1), onde os sacrifícios eram
o centro da adoração. Mas Abraão viu o maior dos sacrifícios (Jo 8.56), e realmente soube que Deus, um dia,
providenciaria o verdadeiro Cordeiro no “monte do Senhor” para todo o mundo (Jo 1.29; 1Pe 1.18,19; Ap
5.11-13).
YaHWeH-Raphah — “... o SENHOR que os cura” (Êx 15.26). A palavra raphah é usada cerca de 70
vezes e sempre significa “restaurar, curar ou um médico, não apenas no sentido físico, mas também no
sentido moral ou espiritual”. A transformação das águas amargas de Mara em água potável é um tipo de cura
que Deus dá à corrente infectada de nossa raça humana. Nossa sede nunca pode ser saciada (Jo 4.13,14;
7.37,38) pelas águas contaminadas com amargor e morte (Is 30.26; 61.1; Jr 14.19,20; 30.17), até que nos
cheguemos a ele, que é a encarnação da árvore da vida (Ap 22.1,2) e é, ele mesmo, a fonte da vida e da
saúde (Ap 22.17).
YaHWeH-Shalom — “O SENHOR é paz” (Jz 6.24). Essa palavra, traduzida como paz cerca de 170
vezes, também pode significar “bruto [tosco]” (Dt 27.6), “acabado, levado a cabo” (Dn 5.26; 1Rs 9.25), ou
tornar em bem a perda causada em virtude de um descuido (Êx 21.34; 22.5,6). No sentido físico e material
de inteireza e completude, é traduzida como “bem estar” e “bem” (Gn 43.27), e, no sentido de cumprir ou
completar uma obrigação, é freqüentemente usada como “cumprir [um voto]” ou “realizar” (Sl 50.14; 37.21;
Dt 23.31). Em cerca de 20 vezes é traduzida como “perfeito” (shalem — 1Rs 8.6 [ARA], onde o significado
é a harmonia e a integridade com Deus).
“E esta é a idéia básica s ubjacente a todas a variadas traduções dessa palavra hebraica — a harmonia
do relacionamento ou a reconciliação baseada numa transação completada, o pagamento de um débito, dar
satisfação. [...] Expressava o desejo e a necessidade mais profunda do coração humano. Representava a
maior medida de contentamento e de satisfação na vida (v.1Rs 4.25; Jr 23.6).”
“Paz” era o cumprimento mais comum nas terras bíblicas (como ainda é hoje), e também era a palavra
usada para as ofertas de paz (Lv 3; 7.11-21). A restauração da comunhão entre Deus e o homem, quebrada
pelo pecado, mas agora restabelecida pelo sangue derramado, estava indicada no fato de que Deus e o
homem, sacerdote e povo participavam da oferta. [...] Toda a benção, temporal e espiritual, está incluída ao
restaurar o homem àquela paz com Deus, perdida na queda.
A despeito da dor e da amargura que Deus sente a respeito deste mundo obstinado, não apenas
YaHWeH está em paz consigo mesmo em sua natureza divina perfeitamente equilibrada, mas deseja paz
para todos que estão nele (Lv 26.3,6; Nm 6.24-26; Sl 29.11; Is 26.12; 48.18; 66.12; Jr 29.11). Ele é o Deus
de paz (Rm 15.33; 2Co 13.11; Hb 13.20); e o próprio Cristo é o Príncipe da Paz (Is 9.6; At 10.36; Cl 1.20).