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PEREGRINOS E ESTRANGEIROS

Clavio J. Jacinto

PUBLICAÇÕES BIBLICAS BEREIANAS


claviojj@gmail.com

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Existem aqueles que desejam adquirir
conhecimento pelo seu próprio valor - e isso
é uma vaidade vil. Mas há outros que
desejam ter isso para edificar os outros - e
isso é caridade. E há outros que desejam isso
para serem edificados - e isso é sabedoria.

Bernard of Clairvaux, The Song of Salomon

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A MENTE POR TRÁS DO SISTEMA

Política, educação, literatura, ciência, arte, lei, comércio,


música – são estas coisas que constituem o kosmos, e estas são
coisas que encontramos diariamente. Se as subtrairmos, o
mundo como um sistema coerente deixará de existir.
Estudando a história da humanidade, temos que reconhecer
marcante progresso em cada uma dessas áreas. Contudo a
questão é: em que direção está seguindo esse progresso? Qual
é o objetivo final de todo esse desenvolvimento? No final,
conta-nos João, o anticristo se levantará e estabelecerá o seu
próprio reino neste mundo (1 João 2:18, 22; 4:3; 2 João 7; Ap.
13). Essa é a direção do progresso do mundo. Satanás está
utilizando o mundo material, os homens do mundo, as coisas
que estão no mundo, para finalmente liderar tudo no reino do
anticristo. Naquela ocasião o sistema mundial terá alcançado
seu apogeu; e naquela ocasião cada uma de suas unidades será
revelada como sendo anticristã. (Watchman Nee. A mente por
trás do sistema. Extraído do livro: Não ameis o mundo)

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Toda a marcha pela vida tem um deserto em seu percurso, e
isso não deve ser visto com medo, mas com alegria, pois é nas
circunstancias mais difíceis da vida, que a voz consoladora do
Senhor se torna mais audível.

Peregrinos Porém Embaixadores

O autor aos Hebreus (Creio ter sido Paulo) escreve


no capítulo 13: versículo 14 que não temos uma
cidade aqui no mundo mas buscamos a que há de
vir. Precisamos entender bem o contexto geral,
pois temos um papel a cumprir no mundo. Embora
seja verdade que não temos um lugar fixo no
mundo como sistema, é certo que os mansos
herdarão a terra, aliás entendemos que haverá
novos céus e nova terra no mundo vindouro e
como co-herdeiros em Cristo, iremos possuir essa
terra como herança, todo o mundo vindouro é a
herança dos salvos. Um novo sistema de coisas, as

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que são removíveis desaparecerão para que as
imóveis possam ficar fixas na eternidade, pelo
século dos séculos então haverá o desfrute da
comunhão plena com Deus e a abundância da
felicidade pura. No entanto é fácil
compreendermos que no mundo presente
sofreremos sempre as aflições (João 16:33) não há
justiça mo sistema atual de coisas, novos céus e
nova terra onde habita justiça é algo que pertence
ao mundo vindouro, todavia devemos
compreender que devemos trazer as
características dessa justiça para a presente era, é
nosso dever viver o presente com toda a
intensidade sem contudo perder a esperança do
mundo vindouro. As raízes da vida espiritual se
encontram no céu, mas o fruto do Espírito Santo
que produzimos, em contato coma videira
verdadeira é para o tempo presente(João 15:1 a 5
e Gálatas 5:22). Há peregrinação cristã é frutífera e
não estéril, acerca disso, lemos nas escritras que o
machado é lançado a raiz das arvores e toda a
arvore que não produz bom fruto é cortada e
lançada no fogo, é dessa realidade que devemos
tomar posse, o peregrino frutifica na presente era
e as raízes se aprofundam na eternidade, daí o fato

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de sempre nos fortalecermos no Senhor e na força
do seu poder. O cristão verdadeiro é como uma
arvore plantada junto a corrente de águas e que
no tempo certo frutifica (Veja Salmo 1:3). A
peregrinação terrena não significa sair do mundo e
enclausurar-se e perder-se na escuridão de uma
solidão monástica, é ser lâmpada, sair debaixo do
alqueire e ir para o velador onde possa distribuir
brilho e luz para os lugares mais escuros do
mundo. A função da lâmpada acesa é essa, não há
qualquer utilidade de acender uma lâmpada ao
meio dia, é irrelevante tal coisa. Ninguém percebe
uma lâmpada a acesa nessas condições, mas se
você acende uma lâmpada onde reina uma grande
escuridão ai temos uma grandiosa diferença, a luz
causa um impacto no ambiente. A peregrinação
terrena consiste em ser luz do mundo, de modo
que a nossa luz deve brilhar com o intuito de Deus
ser glorificado através de nós.
É verdade que o peregrino não deve amar o
presente século, o sistema vigente é contrario aos
valores de Reino de Deus. Satanás deseja manter
implantado os seus reinos e a glória que
pertencem a eles, e o peregrino faz oposição, as

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portas do inferno não prevalecem, não resistem
quando peregrino atua. No estado das coisas
presentes o mundo passa com suas
concupiscência, mas aquele que faz a vontade de
Deus permanece para sempre. Agora as coisas que
se movem ainda prevalecem até o fim de todas as
coisas, mas chegará o dia em que todo o elemento
se fundirá, todo o universo que sofre de entropia
será enrolado como um pergaminho, a nova
estrutura que substituirá a antiga, será de material
eterno, anti-entropico, completamente e
absolutamente incorruptível. “Ainda uma vez
comoverei não só a terra, senão também o céu. E
esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança
das coisas móveis. Como coisas feitas, para que as
imóveis permaneçam, por isso, tendo um reino
que não pode ser abalado, retenhamos a graça
pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com
reverencia e piedade”(Hebreus 12: 26 a 28)
No atual estagio em que vivemos, estamos no
mundo, o exercício da piedade é uma função do
peregrino aqui no mundo, o cristão está dentro de
um sistema que se move, por isso mesmo haverá
consumação dos séculos, estamos caminhando

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para lá, essa é uma verdade pura, é uma solida
promessa e afirmação das Escrituras. Mas ainda
assim, estamos no mundo onde o tempo é
concreto e não abstrato, e nele vivemos a
dimensão do Reino de Deus, não em plenitude
mas em etapas, o corolário da fé espiritual é uma
consumação por etapas. Até mesmo o dia do
Senhor será um processo e não apenas uma ação
imediata, e a peregrinação também é um
processo, e devemos nos mover conforme a ação
do Espirito Santo que sopra a “vela” da vida cristã,
e o porto seguro é o mundo vindouro. Deslizamos
numa mobilidade, sem naufrágio, sem imersão no
sistema adâmico e satânico, mas como porta vozes
da justiça do reino e como peregrinos,
estabelecemos a realidade do evangelho mediante
nossa ação e nosso testemunho diante de uma
sociedade que carece de luz espiritual e esperança
verdadeira.

“Portanto, recebendo um reino que não pode ser


abalado, tenhamos a graça, pela qual possamos
oferecer um serviço que agrade a Deus com
reverência e temor: Quão abençoados, sendo

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"novas criaturas em Cristo", por fazer parte
desse reino que não pode ser abalado. Os
crentes pertencem àquela Nova Criação que é
tão maravilhosamente apresentada nos últimos
dois capítulos do Apocalipse! Saber e crer nisso
enche os santos com aquela bendita graça (ou
gratidão) pela qual, com temor piedoso [RV,
margem] e admiração, somos capazes de
oferecer um serviço agradável a Deus.” (William
newell)
A espiritualidade puritana é caracterizada por quatro
características. A primeira é que se baseia na conversão. Vidas
precisam ser mudadas e transformadas por um encontro com o
Cristo vivo. Esta experiência de conversão é a norma e todos os
cristãos devem vivenciar esta etapa do encontro para poder
caminhar rumo à Cidade Celestial. Em segundo lugar, é baseado
no ativismo. O status espiritual da pessoa em Deus deve ser
continuamente mantido e aprofundado, de modo que o esforço
por meio da autodisciplina seja a marca registrada de um estilo
de vida puritano ativo. Terceiro, é baseado nas escrituras. Ele
considera a Bíblia como a única regra de fé e em termos de
fé; não há necessidade de nenhum, a não ser o livro dos livros
que é a Bíblia. E em quarto lugar, enfatiza o sacrifício de Cristo
na cruz pelos pecados do mundo inteiro (Barnabas Boon Kok
San)

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Todas as vezes que lemos Apocalipse 21 e 22,
notamos que a glória do mundo vindouro é o
destino de todo o redimido, ser achado no livro
da vida, é ter nascido de novo. O que antecede
novos céus e nova terra é a nova criatura que
está em Cristo (II Coríntios 5;17) que nasceu de
novo, da água da Palavra de Deus e viva e eficaz
e pelo poder do Espírito santo que é capaz de
gerar vida espiritual eterna no coração do
homem mortal pela morte de Cristo na cruz, que
concede vida abundante pela sua vida eterna
derramada na obra consumada e perfeita de
Cristo na cruz. Somos peregrinos porque somos
forasteiros no mundo, somos residentes no
mundo, porque temos aqui um velador, e por
meio dele, a nossa vida espiritual que procede da
nova Criatura que está em Cristo, alumia as
coisas trazendo realidade sobre um mundo a
despeito das coisas verdadeiras, está encoberto
porque o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos para que
permaneçam na escuridão. Lembre que se trata
de luz espiritual, a luz da gloria do evangelho, a
cegueira é do entendimento, isso é: ignorância
com r elação as coisas espirituais, daí o fato da
importância da pregação, a proclamação do
evangelho é a luz que alumia o coração que está
cego de entendimento. As Escrituras quando
pregada com fidelidade e muita oração, remove

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essa cegueira que é provocada por trevas e
confusão, engano e muita mentira que se aloja
no coração do incrédulo é serve como entulho
que obstrui a luz da gloria do evangelho de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O atual sistema injeta veneno espiritual e cultiral
no coração dos homens, a presença do cristão
peregrino carrega consigo uma demanda de
antídotos para esses venenos culturais e
espirituais. A importância da presença do cristão
no mundo será medida pelo fato de quando eles
serem removidos do mundo, a multiplicação da
iniqüidade tomará um processo tão acelerado
que haverá um tempo de trevas tal como nunca
houve sobre o mundo desde a antiguidade. O
fato dos últimos dias serem comparados por
Cristo como os dias de Noé, deve ser elevado em
conta a experiência da humanidade para com a
pratica do pecado, a civilização humana sempre
entra em processo de declínio até chegar num
ponto culminante, até que seja maduro para um
juízo devastador, e isso ocorre por conseqüência
da rebelião humana contra Deus. A estadia de
um cristão, tal como Abraão, quando sai de Ur e
vai para uma terra desconhecida mas prometida,
é um exemplo de peregrinação sem
contaminação com o mundo a sua volta
(Exemplificados em Sodoma e Gomorra) note
que seu sobrinho Ló desceu até as campinas

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verdejantes do Jordão, a visão dele é que tinham
encontrado o paraíso perdido de Adão, há uma
boa dose de razão para acreditar que Ló
realmente acreditava nisso, mas por trás do
frescor das montanhas e o fluir das fontes de
aguas refrescantes daquele lugar supostamente
paradisíaco, havia uma civilização de pecados
extremos, o que detém a ruína daqueles povos?
a presença de Ló e a intercessão de Abraão.
Havia a necessidade de uma remoção da Ló de
Sodoma, sem a saída dele, o juízo de fogo
consumidor não cairia sobre a cidade em forma
de juízo divino. Até certo momento Ló foi um
agente de transformação social pelo testemunho
que dava, pois está escrito: “E livrou o justo Ló,
enfadado da vida dissoluta dos homens
abomináveis” (II Pedro 2:7) era peregrino e não
compartilhava do pecado de Sodoma, mas viveu
até ser removido daquele lugar, e o evento teve
uma reação sobrenatural por parte de Deus no
que diz respeito a remoção do justo do meio dos
ímpios, pois os anjos executaram a tarefa
daquela evacuação do justo que vivia no meio
dos ímpios, da mesma forma, isso nos lembra de
outro homem, anterior a Ló, Enoque, também
naquela época que era caracterizada por um
assombro de decadência moral e espiritual,
houve a necessidade da remoção de um santo
dentre os ímpios, assim novamente vimos aquela

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alma piedosa sendo transladado para não ver a
morte, Enoque desde então nunca foi achado por
nenhum mortal, para sempre foi removido para o
céu e promovida para a glória, deixando o
testemunho para a igreja do Senhor que é
composta de peregrinos que profetizam a
respeito da vinda do Senhor, mas que de alguma
forma, de maneira muito sobrenatural esperam
ser removidos desse mundo, quando ele se
encontrar completamente maduro para o juízo
terrível que desce por intermédio da justiça de
Deus, para castigar os ímpios e destruir toda a
rebelião contra o criador.

PEREGRINOS

Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que


vos abstenhais da concupiscências carnais que combatem
contra alma (I Coríntios 2:11 veja também Hebreus
11:13)
Há um chamado bíblico para uma vida peregrina, essa
ordem é uma ordem do Espírito Santo. Quase sempre não
compreendemos a natureza espiritual desse chamado.
Mas esla está no texto sagrado. A palavra peregrino
(grego
παρεπιδήμους parepidēmous que significa a permanecia
em um lugar estranho) tem a idéia de um estrangeiro

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residente, alguém de uma outra nacionalidade vivendo e
permanecendo dentro de outra nação que não é a sua. A
questão principal é de natureza bem peculiar,
estrangeiro, porém fixo, como um embaixador,(II
Coríntios 5:20) e de fato quando a Palavra de Deus chama
os cristãos de embaixadores, remete a compreensão para
dentro dessa doutrina muito importante, mas
negligenciada hoje em dia. Crentes como Abraão tinham
um lugar fixo no mundo em tempos antigos. A verdade
suprema de que vivemos daqui sem ser daqui deve ser
compreendida sobre um ângulo espiritual mais nobre. O
Senhor nos chama para sermos peregrinos que uma vez
fixos no mundo, tendo como pátria a cidade de Deus o
santuário de todas as bem-aventuranças, sejamos como
sal e luz, a estadia presente no mundo, como peregrinos
significa que os valores do reino vindouro sejam trazidos
para o agora. A verdade mais obvia é fazer com muitos
atributos eternos transcendam o futuro e venham para
nós no tempo presente. Deixe-me ser mais claro, temos
Abrão nosso pai na fé, ele sai de Ur e se estabeleceu numa
terra desconhecida, e ali meso ele estabelece também os
valores do Reino de Deus, via de regra, o peregrino
cristão tem a compromisso de trazer para dentro da vida
presente, as qualidades inerentes das coisas mais santas
e de certo modo brilhar sobre um mundo que jaz em
escuridão espiritual e muita confusão religiosa
(Filipenses 2:15) é nesse sentido que devemos entender
as palavras de Cristo quando roga ao Pai que não tire os
cristãos do mundo, mas que proteja eles de todo o mal
(João 17:15)
Enquanto aqui permanecemos, residentes em uma terra
estranha, somos forasteiros peregrinos, mas a luz deve

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brilhar em nós, os valores morais devem ser
estabelecidos, temos uma representação, cartas vivas em
que olhos alheios podem ler a vida de Cristo em nosso
testemunho. Todos a nossa volta perceberão que não
somos daqui, a decadência do mundo não nos representa,
o fluxo da decadência produzido pelo pecado não nos
seduz, mas retemos em oposição contra as mudanças que
promovem a iniqüidade e ao mesmo tempo erguemos a
bandeira da equidade.
Ainda assim, a verdade deve prevalecer sobre a práxis da
vida cristã autentica. Na época do império romano,
quando uma cidade era conquistada, muitos cidadãos
romanos iam morar lá, ali estabeleciam a residência,
representavam os valores de os interesses do império
romano, até mesmo a cultura romana era promovida,
estavam a ali num lugar estrangeiro para estabelecer e
representar os valores, a as idéias, a cultura e os
costumes do império. O cristão exerce função igual. Essa é
uma doutrina importante, o exercício da influência
espiritual para trazer certezas para uma sociedade cheia
de incertezas, para trazer a verdade para um mundo
cheio de falsidades, confusão e mentiras. Trazer a luz ao
mundo que jaz em trevas e sombras, nosso papel de
representantes do Reino de Deus aqui no mundo, não se
conformar com ele (Romanos 12:1 e 2) mas sermos
transformados pelo conhecimento da vontade de Deus e
dar a impressão ao mundo de que somos evidencias e
testemunhas vivas do poder do Evangelho.
A permanência do sal, como um elemento que não
pertence à esfera adâmica, mas que age como agente que
conserva evidente os valores do reino dos céus, de modo

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que a amostra representativa fala da existência do céu, o
futuro mundo vindouro de bênçãos e justiça, pelo fato dos
embaixadores estarem atuando no mundo, promovendo
esses valores celestiais quando tudo mostra que as
instituições terrenas estão falindo e caindo em ruínas. A
amostra grátis do reino vindouro é a vida de um homem
piedoso que vive debaixo dos conselhos divinos e norteia
toda a vida segundo a Palavra de Deus (Salmos 119:105)
A grandeza da vida espiritual de um cristão se revela de
modo positivo quando reage contra um mundo em
decomposição, quando representa na presente era um
reino que não pode ser abalado

“Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser


abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus
agradavelmente, com reverencia e piedade” (Hebreus
12:28)

Marcha Solitária

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Pelo caminho marcho em cantos e aflições

Np caminho esperançoso da via consagrada

Por espinhos cortantes e vales tão escuros

Mas a glória do evangelho alumia a jornada

Nos passos alcunha desse trajeto solitário

Nas curvas e sombras que tenta me assustar

Mas do medo infame que grita e que assombra

A glória do evangelho de Cristo a me alumiar

Quão pesada é a hora do pesar que implora

Para que em conforto atalho possa então se desviar

Mas em todo o escuro brado dessas pústulas tentações

A glória santa do Evangelho vem me iluminar

Percorrendo a trilha santa que conduz á vida

Das promessas benditas que apontam o testamento

Mesmo envolto aos trapos da presente era

A gloria do evangelho é meu segundo paramento

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De graça em graça prossigo a marcha peregrina

Em dificuldades e sem jamais desanimar

Até que no abençoado mundo vindouro

Possa pela luz do Evangelho no Reino entrar

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Você pode encontrar uma grande multidão, não ao
lado da cruz. Muitas vezes os que permanecem
próximo a cruz são os zombadores, com o intuito
de insultar e desprezar a Cristo, de alguma forma,
há mais incrédulos do religiosos diante da cruz, os
inimigos de Cristo eram em maior quantidade do
que os amigos, quando Jesus padecia na cruz do
Calvário. O número de piedosos no monte Caveira
eram poucos. Quanto mais próximo da cruz, menos
piedosos você encontrará. A vida espiritual que se
aproxima da cruz, exige um negar-se a si mesmo e
padecer os restos das aflições de Cristo, é um lugar
inóspita para gente orgulhosa, não é agradável
para quem deseja possuir uma religião carnal,
pautada em opiniões e gostos pessoais, a cruz traz
uma exigência de custo muito alto, então
o número dos que seguem a sua proximidade é
muito pouco. Notamos isso nos evangelhos, a
multidão grita Hosana, quando a questão é levada a
cabo, no interesse pessoal, possuídos de uma
esperança terrena de que o Emanuel seria o
libertador de Israel e que o império romano seria
desmantelado com a chegada de um Messias
entrando pelas portas de Jerusalem,
a multidão aplaudiu e festejou aquela entrada
triunfal do Cristo de Deus. (Mateus 21:1 a 14) Ali
estava a multidão, muita gente aclamando o
Messias libertador, uma presunção política cujo
anseio ardente era dar um “adeus’ ao jugo pesado
do imperador romano. Da mesma forma ,
na multiplicação dos pães, ali temos uma grande
multidão, eles estavam famintos e então Cristo
multiplica os pães (Mateus 14:14 a 21). A multidão

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satisfeita, mas mesmo assim, a grande multidão era
incrédula “E, estando Ele em Jerusalém pela
páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que
fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não
confiava neles, porque a todos conhecia; E não
necessitava de que alguém testificasse do homem,
porque ele sabia o que havia no homem” (João 2:23
a 25) E assim, vimos que a multidão seguia Cristo
ainda longe da cruz e muito perto dos sinais e
maravilhas, pois que tinham um motivo
interesseiro e conveniente de seguir o Santo
Salvador: “ “Jesus respondeu-lhe e disse; ma
verdade, na verdade vos digo que me buscais, não
pelos sinais que vistes, mas porque comestes do
pão e vos saciastes”(João 6:26) ou seja, puro
interesse egoísta, a mesma motivação de Judas
Iscariotes, que percebendo o caminho da cruz,
separa-se de Cristo, e ainda assim precisa
satisfazer seu instinto com algum ganho, pois era a
sua religião apenas um amontoado de convicções
que o induziam a satisfação de seu próprio ego.
Eram na verdade todos “Uma grande multidão de
religiosos (Atos 17:4) que tinham somente um
intuito: a satisfação do ego, por esse motivo
procuravam uma religião que lhes fosse
conveniente aos interesses mais egoístas. Assim
podemos notar que em muitas circunstâncias,
Jesus preferia a solidão e saia fora da grande
multidão (João 5:18)
É certo que João viu no céu uma grande multidão,
mas ai temos a soma dos solitários peregrinos de

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todas as eras, desde o justo Abel e do piedoso
Enoque, até os últimos fiéis remanescente mas o
caminho da cruz é um caminho de poucos, a
multidão não era confiável, pois eram, e ainda são
massa de manobra do deus deste século que cega o
entendimento dos incrédulos.
Notamos que em épocas de grandes crises
espirituais Elias se sentia um homem solitário, ele
não se conformava com o sistema vigente e sua
voz denuncia as potencias da apostasia que
empurrava à sociedade a prostituição espiritual.
Ora, a cruz, o lugar mais inóspito para um coração
orgulhoso e um lugar muito desconfortável para os
religiosos mais egoístas, é porém um lugar seguro,
quando um salvo encontra pelo amor á Deus, a
fonte de sangue por onde flui a justificação por
intermédio do perdão dos nossos pecados. Assim
nunca encontramos uma multidão de santos
comprometidos como o verdadeiro amor aos pés
do crucificado. Pois perto da cruz, a morte de nosso
ego deve ser uma realidade, aproximar-se da
vergonha da cruz é uma ato de despir-se de nosso
próprio orgulho e abandonar todas as paixões da
carne e ainda negar todos os prazeres do pecado.
Mais perto da cruz é mais perto da morte para nós
mesmos (Veja Gálatas 2:20) Olhe bem, pois a
maioria dos discípulos ficaram acuados e quando
Cristo se aproximava da cruz, eles fugiram para
longe do Calvário (Mateus 26:56), isso não tão
desesperador? havia um temor pela própria vida,
um medo horrível estampava a memória de quem

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pensava na morte de cruz. Cristo estava indo para
lá, mas onde estavam os que proclamavam hosanas
ao filho de Davi quando ele entrava em Jerusalém?
e onde estavam aqueles pobres famintos que
comeram com fartura na multiplicação dos pães e
peixes? Será que podemos supor que entre a
multidão que gritava pela soltura de Barrabás e a
crucificação de Cristo estavam muitos deles? E que
aos pés da cruz em santa piedade estavam apenas
alguns dignos de padecer um pouco da morte de
Cristo para beber do cálice da vida que se
derramava pelo Seu sangue imaculado? E por nós
mesmos que amamos estar entre a multidão, não
queremos nunca ficar entre os poucos, pois é bem
melhor que a nossa identidade seja dissolvida em
uma massa de manobra que segue uma religião de
instintos e que não busca outra coisa senão a
satisfação egoísta, e usa muito do pragmatismo
para alcançar os fins e então se sentir seguro em
fazer parte da maioria, como se números fossem
provas irrefutáveis da verdade e da segurança
espiritual e pessoal. Porém o calcula que cristo fez
é completamente contrário a essa tendência
falaciosa (Mateus 7:13 e 14)
Quando Cristo revelou a sua glória, levou ao monte
apenas três discípulos, Pedro Tiago e João, mas
mesmo assim ali era o lugar da glorificação, e não o
lugar extremo da humilhação, portanto não
estavam lá no Calvário, nem Pedro e nem Tiago,
mas somente João, pois o amor de João era um
amor que sentia o bater do coração de Cristo, e lá
na cruz João também foi testemunha de um

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coração imaculado que parou de bater. E aqui
temos a diferença, a diferença da religião pura e
imaculada que é feita de amor verdadeiro por
Cristo, um amor tal que podemos perder tudo por
causa dEle, mas de outra forma, podemos ainda
morrer para nós mesmos para que não venhamos
perder á Cristo. Cristo acima da nossa vida natural,
o lugar perto da cruz, não nos dá segurança e nem
conforto, pelo menos se não sentimos a nossa dor,
ainda assim ouvimos a dor dos outros. é
compartilhar da vergonha ou ajudar na zombaria,
não há neutralidade aos pés da cruz. Poucas
pessoas estavam ao pé da cruz (João 19:26) entre
elas João o discípulo amado e Maria sua mãe, havia
então mais três mulheres, almas frágeis podem
possuir um coração mais forte, e a coragem do
amor supera a vergonha de sofrer junto a quem se
ama. As vezes no meio de tanta gente forte, apenas
uma alma fraca com coração de Arimatéia, pode
ajudar a segurar uma dor que bem maior do que a
nossa. Assim temos os heróis de verdade, cuja
coragem é sustentada por um afeto tão íntimo que
o momento da dor mais extrema não é capaz de
desatar esse laço de profundo amor. E assim, vimos
que nunca haverá uma multidão de almas piedosas,
próxima ao calvário. A vida de um homem
crucificado é pavimentada pela fidelidade
incondicional nutrida pelo amor mais puro por
Deus Pai e por Seu Filho Jesus Cristo. É um lugar
incomum, a intimidade do sofrimento de Cristo é a
ciência da compreensão da redenção, e somente
aqueles que ficam próximos da cruz de Cristo, que
podem ouvir o maior brado de todos os séculos:

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“Está consumado!” (João 19:30) longe da obra
consumada e perfeita de Cristo na cruz, o homem
só encontra incertezas.

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O Autor

Clavio J. Jacinto agradece a todos que leram essa e


outras obras e foram abençoados e edificados pela
leitura tomam a inicativa de agradecer, pois essa é
a única forma de incentivo para contuniar com o
projeto epistolar. O projeto Publicações Biblicas
Bereianas é uma missão epistolar de publicação de
livros e livretos sem nenhum vinculo lucrativo,
todas as publicações do autor são completamente
gratuitas. É absolutamente proibido a
comercialização de qualquer livro ou livreto das
Publicações Biblicas Bereianas e do seu
responsável, Clavio J. Jacinto. O autor oferece a
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