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“Para o homem sábio e verdadeiramente espiritual, o fechamento do

Canon do Novo Testamento, é entendido como o fechamento da porta


sobrenatural para novas revelações. Aberto ficou o mundo dos espíritos
caídos, que, se fazem passar por anjos de luz, a fim de enganar com
muita diligência, qualquer um que se atreva a rejeitar a suficiência das
Escrituras” (C. J. Jacinto)

Existe uma guerra espiritual que se trava desde o principio, em Genesis 3


vimos como a antiga serpente (Apocalipse 12:9) aparece sem ser
invocada, por trás da aparição sobrenatural há uma intenção disfarçada,
que por sinal consegue ser muito eficaz no poder da sedução. Da mesma
forma, quando Jesus foi tentado no deserto (Mateus 4:1 a 8 e Lucas 4:1
a 10) o diabo de forma sobrenatural aparece, sem ser invocado!
novamente podemos perceber o poder da sedução, quando o Senhor
resiste, apelando para autoridade da Palavra de Deus. O Jesus usou o
que “estava escrito” de modo a combater as tentações de satanás.
Nestes dois exemplos vimos que uma aparição espontânea de um ser
espiritual, isto é, sem ser invocado, estabelece uma verdade, aparições

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espontâneas ou conseqüentes de invocações ou evocações, fazem parte
de um mesmo fenômeno de engano espiritual.

Paulo estabelece as táticas do mundo espiritual caído, satanás se


transfigura em anjo de luz e seus ministros, ou seja, seus agentes,
humanos e os espíritos caídos (Veja I Timóteo 4:1) interagem para
promover a sedução e o engano em grande escala. Quando João, o
ultimo dos apóstolos escreve uma de suas epistolas universais, parece
ter percebido esse perigo, pois exorta a todos os cristãos da sua época a
testarem os espíritos (I João 4:1 a 6). O teste dos espíritos possui
elementos doutrinários fundamentais que dão segurança para um
discernimento espiritual seguro.

Após o fechamento do Canon do Novo Testamento e o estabelecimento


da doutrina dos apóstolos, coisas estranhas começaram a ocorrer dentro
da igreja, na medida em que o tempo avançava. O espiritualismo entrou
na igreja, o contato com espíritos, uma forma primitiva de espiritismo, a
sedução demoníaca projetou seus tentáculos para dentro da
cristandade.

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho, sobre que o Espírito Santo
vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele
resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei que, depois de minha
partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão o
rebanho” ( Profecia de Paulo em Atos 20:28 e 29)

O pesquisador Vincenzo Cavalli aponta para o comportamento bizarro


de alguns lideres da igreja primitiva:

“São Gregório de Cesárea, o seu discurso sobre o Concílio de Nicéia


(volume VI, em Lippman), relata um exemplo solene e edificante de
evocação nestes termos: "Enquanto o Concílio de Nicéia ainda
realizava as suas sessões, e antes que os Padres tivessem tido a
oportunidade de assinar as decisões, dois piedosos bispos, Crisanto e
Musônio, morreram. O Concílio, depois de ter proferido a sua
sentença, lamentando profundamente que o seu voto não pudesse

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ter sido somado a todos os outros, dirigiu-se em procissão ao seu
túmulo, e um dos Padres, tomando a palavra, disse: - Santíssimos
pastores, todos juntos cumprimos a nossa tarefa e travamos as
batalhas do Senhor; se o nosso trabalho lhe tem agradado, por favor,
avise-nos com a sua assinatura. Após o que a decisão do Concílio foi
selada e colocada no túmulo, onde foram colocados selos. "Depois de
passar toda a noite em orações, na madrugada do dia seguinte os
selos foram retirados, e no final do manuscrito foram encontradas as
seguintes linhas, cobertas com as assinaturas e números dos falecidos
consultados: “Nós Crisanto e Musônio, que dividimos as opiniões de
todos os Padres do primeiro e santo Concílio Ecumênico, embora
atualmente despojados dos nossos corpos, subscrevemos, no
entanto, com as nossas próprias mãos a sua decisão..." (Ver também
Nicéforo, Lib. VIII, Cap. XXIII).” (2)

A historia relata essas tendências ao espiritualismo e o contato com o


mundo dos mortos, embora o antigo testamento proíba a pratica e os
apóstolos do Senhor Jesus nunca ensinaram essas coisas:

“Eles também relatam dele o seguinte milagre. Ele teve uma filha
chamada Irene que, depois de servi-lo fielmente, morreu virgem. Depois
de sua morte, apareceu alguém que disse ter-lhe confiado um
depósito. O pai não sabia do caso. Uma busca em toda a casa não
revelou em nenhum lugar o que era procurado. Mas aquele que havia
deixado o depósito insistiu em sua reivindicação com choro e lágrimas,
até mesmo confessando que tiraria a própria vida se não conseguisse
recuperar o que havia depositado. Comovido pelas lágrimas, o velho
correu ao túmulo da filha e chamou-a pelo nome. Ela disse do túmulo:
“O que você quer, pai?” Ele respondeu: “Onde você colocou o depósito
deste homem?” Ela explicou onde estava, dizendo: “Você o encontrará
enterrado lá”. Voltando para casa, encontrou o que sua filha, do túmulo,
havia dito que estava, e devolveu a quem o havia pedido. Há muitos
outros milagres mencionados que ainda são comentados por todos. (3)
(Spyridon foi um dos que participaram do concilio de Niceia)

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O Erro de Agostinho

No excelente livro “Do Outro Lado A Historia do Sobrenatural no


Espiritismo” Mary Del Priore comenta: “As duas formas de encarar a
relação entre vivos e mortos, subsistiram. Segundo um modelo herdado
da antiguidade, os vivos deveriam cuidar dos mortos e vice-versa.
Segundo um modelo eclesiástico, definido por Santo Agostinho, o
conjunto da comunidade cristã deveria rezar por seus defuntos. No
primeiro caso, o culto consolidava as tradições velhíssimas (N.A.
tradições pagãs) No segundo, ele modelava a crença na qual apenas os
santos podiam cuidar dos vivos” (3)

Del Priore ainda afirma: Foi o já citado Santo Agostinho, num opúsculo
denominado “cuidado com os mortos” redigido entre os anos de 421 e
424, ele tratou das aparições dessas criaturas (N. A. Espíritos
desencarnados), capazes de brotar em sonhos, mandar mensagens e
reclamar sepulturas adequadas, Sua interpretação sobre eles era
simples: se existiam, era por obra divina. Quanto às aparições, tratava-se
de anjos que transmitiam mensagens, por meio dos mortos. Ele não
duvidava da existência de almas do outro mundo e de seu poder de
deslocamento. Somente que explicava, elas vem e vão com licença
divina. E recomendava: o mais importante não era querer fazer
perguntas muito complicadas. Mas meditar sobre os mandamentos do
Senhor...” (4) Agostinho vai apresentar argumentos sobre a crença das
almas do purgatório aparecendo em espectros fantasmagóricos pedindo
ajuda dos devotos e santos católicos, crença que vai se estabelecendo
pelos anos seguintes.

Ainda temos mais narrativas históricas sobre espiritismo entre cristãos


dos primeiros séculos, o que esclarece o fato de que Paulo já tinha
advertido que após sua partida, infiltrações espirituais iriam poluir o
cristianismo com heresias e ocultismo (I Timóteo 4:1 com Atos 20:29)

Um abade, Menas, o pai do mosteiro, contou-nos que tinha ouvido o


abade Eulogius, o patriarca de Alexandria, contar a seguinte história:
Quando fui para Constantinopla, desfrutei da comunhão de Sir
(dominus) Gregório, o arquidiácono de Roma, um homem

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excepcionalmente grande, que me contou uma história sobre o
santíssimo e abençoado Leão, papa de Roma. Ele disse que estava
registrado na igreja romana que quando Leão escreveu ao santo
Flaviano, bispo de Constantinopla, sua carta contra os hereges Eutiques
e Nestor, ele a colocou no túmulo de Pedro, o príncipe dos apóstolos,
acompanhado por orações, vigílias e jejuns. “Se escrevi humanamente
com cuidado insuficiente ou até mesmo deixei escapar alguma
coisa”, ele orou ao chefe dos apóstolos, “ corrija-o, pois a você foi dada
esta sé e esta igreja por nosso Senhor Deus e Salvador, Jesus
Cristo."Depois de quarenta dias, o Apóstolo apareceu-lhe enquanto
orava. “Eu li e fiz correções”, disse ele. Ele tirou a carta do túmulo do
bem-aventurado Pedro, abriu-a e encontrou-a corrigida pela própria
mão do apóstolo (5)

O mundo espiritual caído pode ser percebido nesses casos registrados na


historia, a experiência de visitações espontâneas é um fenômeno
comum, e o que deve ser visto, que no caso das proibições de
invocações, como proibidas pelas escrituras e apresentadas nos manuais
de ocultismo deve se levar em conta que, o fato da ausência de
evocações ou invocações, nas Escrituras, o primeiro caso, ocorrido no
Jardim do Éden foi espontâneo, e repito, como já afirmei antes, a
tentação de Jesus teve o aparecimento espontâneo do diabo, não se deu
por invocação, e isso não diminui em espécie ou grau o perigo, a
malignidade e a enganação do Diabo. Moroni, um suposto anjo de luz,
apareceu para Joseph Smith, ele não invocou, mas foi um fenômeno
espontâneo de aparição, que induziu Smith ao erro e posteriormente
fundar o mormonismo. Venho estudando casos de abduções provocadas
por supostos alienígenas, o que na realidade o comportamento desses
supostos seres alienígenas é de natureza demoníaca, como nos descritos
nas experiências de Whitley Strieber no seu livro “comunhão” na maior
parte, as experiências de abduções e contatos como seres de outras
dimensões, se dão de forma espontânea, tendo como um ponto de
contato uma crença errada. É importante notar que casos de possessão
e envolvimento como o demoníaco está ligado a crenças pagãs,
envolvimentos diretos com o ocultismo, negação dos fundamentos da
doutrina cristã e uma apostasia generalizada. O argumento usado por

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alguns de que almas que aparecem de forma espontânea pedindo
“socorro”, pois estão sofrendo no purgatório, é uma falácia, o engano é
obvio, tanto as invocações quanto as aparições espontâneas são da
mesma natureza maligna. Acerca de Uma famosa beata católica
chamada Maria Simma, conhecida por receber almas do purgatorio para
fazer expiação por elas, o que põe em evidencia a negação da obra
consumada e perfeita que Cristo realizou na cruz, a respeito dela foi
descrito: “Todas as noites, (uma alma) vinha causar novos sofrimentos,
esta alma a oprimia, esmagava-a, por assim dizer, e sempre em todas as
partes, como que espadas, penetravam nela com violência. Noutra vez,
era como se cravasse nela uma lamina sem ponta, que curvando-se por
causa da resistência, penetrasse em cada parte do seu corpo. Esta alma
devia expiar homicídios , adultérios etc.” (6) Essas experiências são
comuns dentro do catolicismo, a visitas de espíritos desencarnados, algo
que nunca ocorre dentro do Novo Testamento, levando em conta que as
Escrituras apontam para um destino definitivo (Hebreus 9:27 Lucas 16
etc) no entanto a experiência de visitações de espíritos ocorre inclusive
entre grandes vultos da religião (7)

A razão porque as Escrituras advertem sobre o contato com o


sobrenatural e a aparição de espíritos se dá pelo fato de que sua
natureza intrépida é fatalmente sagaz. Paulo chama de anátema a
mensagem e a entidade, mesmo de caráter angélico, que anuncia outro
evangelho (Gálatas 1:8 e 9) ele adverte duas vezes e isso não
redundância é alerta Maximo! John Ankerberg e John Weldon após
muito tempo pesquisando sobre as manifestações de entidades
sobrenaturais afirmaram “Os ocultistas afirmam que os espíritos os
enganaram e que tomam diferentes formas, e que o fazem com
propósitos malignos, parece razoável dizer que não se pode confiar nos
espíritos” (8) eles ainda citam o famoso médium espiritualista
Swedenborg que conviveu durante toda a vida em contato com os
espíritos, ele muito advertiu sobre a natureza maligna e sagaz desses
espíritos, ele explicou que os espíritos demoníacos são atores talentosos
que conseguem imitar os mortos (9) Outro exemplo claro e definitivo, é
o de Sir William Crookes, um apostolo do espiritismo, pesquisador
criterioso, era um cientista, Crookes não descartou a possibilidade dos

6
espíritos que se apresentam como entidades desencarnadas serem
demônios que se manifestam como querem e da maneira como lhes
apraz (10) Ora, uma conclusão vindo de um grande vulto do espiritismo,
como sendo uma possibilidade de operação do engano demoníaco, induz
para um campo minado, quaisquer movimentos religiosos que apóiam a
aparições de espíritos dos mortos, como provenientes de “umbrais” ou
do “astral” ou ainda do céu ou do “purgatório” pois todos esses
fenômenos são de uma fonte e natureza só.

O contato com os espíritos demoníacos que se disfarçam de anjos de luz


podem se dar por meio de crenças erradas, ritos, invocações e auto-
flagelamento, Eliphas Levi, famoso ocultista, cabalista e católico Frances,
fazia isso. (11) Autor do livro Dogma e Ritual de Alta Magia, talvez seu
livro mais celebre, Lévi mantinha contato com entidades espirituais e
pensava ter controle sobre os espíritos infernais. No mundo subjetivo e
ambíguo do paranormal, onde o teste dos espíritos ordenados pelas
Escrituras deveria ser o ultimo recurso caso ocorresse fenômenos de
forma espontânea em circunstancias de enganos intencionais, seria a
única alternativa apresentada pelo Espírito Santo (I João 4:1 a 6) nesse
caso, um evangelho com um conjunto definido de doutrinas e ensinos,
que foi dado uma vez por todas registrados no Novo testamento, deveria
ser definitivamente aceito como a doutrina dos apóstolos. O
fechamento do Canon deveria ser entendido por qualquer homem
espiritualmente sábio como o fechamento da porta para novas
revelações, pois nem Cristo ordenou e nem os apóstolos, o contato com
espíritos os espíritos dos mortos, seja por manifestações espontâneas ou
não, a questão principal é que uma vez que a doutrina dos apóstolos seja
o que os apóstolos ensinaram em conformidade com os ensinos de
Cristo se constituem a base dos fundamentos da verdadeira fé cristã,
elas foram dadas uma vez por todas (Judas 1:3) e foram seladas com a
verdade(João 17:17) se algum anjo aparecer pregando outro evangelho,
seja anátema (Gálatas 1:8 e 9) assim prossegue nunca devemos ignorar
os ardis do diabo (II Coríntios 2:11) no entanto, vimos que não somente
ocultistas e esotéricos ignoram os ardis diabólicos, mas muitos ditos
cristãos, acabam caindo na mesma armadilha. O teosófico Jaime
Guedes, por exemplo, explica que os anjos caídos são redentores, eles

7
são espíritos das trevas, porque deram a luz para uma humanidade
primitiva que precisava evoluir. A transcendência do homem para um
estado avançado foi fruto desse sacrifico dos espíritos caídos (Os
demônios descritos na bíblia) essa péssima teologia que segundo Guedes
faz parte dos segredos da sabedoria primitiva, é um erro grotesco, um
engano leviano e sumamente perigoso. (12)

Foi Alan Kardec quem estabeleceu um movimento de contato com


espíritos regido por normas, princípios e doutrinas. É dito a respeito
dele: “Na época de Alan Kardec, descobriu-se também a antiguidade e a
permanência das manifestações de espíritos, o que se deu por
intermédio das mesas, das casas assombradas ou por outro meio
completamente diferente até então misterioso e não compreendido”
(13)

Acerca disse fato, a antiguidade nada mais é do que o paganismo, nas


suas formas mais primitivas, desde o xamanismo até as religiões de
mistérios das civilizações antigas, como Babilônica e Egípcia que tinha
uma infinidade com os cultos aos defuntos. Todavia, quando abrimos o
Antigo testamento encontramos uma norma estabelecida por Deus, não
deve existir contato com os mortos, o povo Hebreu se destaca entre as
nações vizinhas por duas definições objetivas e claras; não fazer imagens
do Deus que eles adoram e servem e não manter contato com os
espíritos, sejam eles demoníacos ou supostamente de desencarnados. O
único exemplo vem de um apostata que vai tentar manter contato com
um homem santo falecido (O caso de Saul, a Médium e o espírito
invocado: de Samuel) todavia o contexto de I Samuel 28, os capítulos
anteriores e posteriores revelam que foi um erro grave que Saul
cometeu. Ele primeiro, dentro de um contexto onde estava decidido
obedecer ao Senhor, extinguir a pratica de contato com os mortos entre
os judeus, e posteriormente depois que num estado de apostasia resolve
buscar ajuda do falecido Samuel, por conseqüência vai sofrer uma morte
terrível, além da divergência de informações que o espírito consultado
lhe passou, deixo a critério do leitor, um estudo sério e atencioso da
narrativa em I Samuel.

Pseudo Dioniso Aeropagita


8
Amonio Saccas desertou a fé cristã e fundou o neoplatonismo, o
representante mais destacado deste movimento foi Plotino, é ele quem
vai desenvolver um misticismo sofisticado, para Plotino o homem pode
ter uma união com o Uno, um conceito subjetivo para uma divindade
suprema, para alcançar essa unidade, seria necessário uma serie de
auto-sacrificios, seguido nessa perspectiva: Purificação, iluminação e
união. A formula para alcançar essa experiência de êxtase, uma espécie
de plenitude religiosa, seriam processos de purificações ascéticas, a
união com o Uno, é uma experiência comum entre sufis, hindus,
católicos romanos, mostra que a experiência é genérica. Plotino supõe
que é possível uma união direta com uma divindade sem a mediação de
Cristo, tudo o que ele ensinou foi infiltrado na cristandade através de
Pseudo Dioniso Aeropagita (Seculo V) ele foi um teólogo que escreveu
varias obras, chamado de corpus dionysiacum. Foi ele quem introduziu a
teologia do neoplatonismo na cristandade, suas obras irão ter um
impacto atemporal e sua influencia ultrapassou os séculos e continua
ainda em nossos dias. Com isso, surgiram as praticas ascéticas
conhecidas no ocidente, a formação de “santos” que se desenvolveram
no catolicismo, alguns deles bem conhecidos e muito venerados no
ocidente, um grande exercito de neoplatonicos cristianizados vai surgir e
até o protestantismo vai sofrer essa influencia, através de Jacob
Boehme, Jeane Ladd e suponho eu, outras figuras como William Law e
Madame Guyon, esta ultima bem conhecida entre os evangélicos.

Acontece que todo o sistema místico cristão desenvolvido a partir do


neoplatonismo, é perigoso. Não vamos encontrar outro caminho para
uma união com Deus a não ser através de Cristo, quando Paulo aborda a
questão da união com Cristo, cerca de 164 vezes no Novo Testamento
ele define a união com a divindade como que “Em Cristo” e isso é algo
que está sustentado pelas palavras de Jesus Cristo “Eu Sou o Caminho, a
Verdade e a Vida” (João 14:6) Mas um outro caminho de ascese é
desenvolvido, e isso inclui o suor do devoto, o esforço, as purificações,
os processos doloroso de isolamento, autoflagelação, mortificações de
apetites carnais, uma escalada dolorida, na melhor das hipóteses,
seguindo o caminho de Plotino, sem Cristo, na definição mais pura do
sentido do Novo testamento como único acesso a Deus, os

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neoplatonistas alcançavam um estado de “bem aventurança espiritual”
uma união com uma identidade que se revela como uma divindade
absoluta.

Ter experiências de iluminação, paz profunda, alegria intensa por vias


místicas não é garantia de que essas experiências são divinas, Henry
Thoreau experimentou tudo isso sem professar a Cristo como Senhor e
ter as Escrituras como autoridade em questões de fé e pratica. No livro
“Les Enseignements Secrets de La Gnose”, Simon Teophane Matgioi
afirma: “O ascetismo pessoal e o trabalho espiritual são necessários para
a transformação pessoal e a salvação” aqui temos um ensino puramente
gnóstico.

Os processos de ascese, mortificações, meditações, autoflagelamento,


disciplinas rígidas, meditações, métodos de controle mental,
esvaziamento da mente, podem processar o que no ocultismo é
identificado como estados alterados de consciência, uma abertura para
dimensões espirituais perigosas, onde o diabo pode se transfigurar em
anjo de luz e seus demônios em ministros de justiça. Partindo da
literatura catolica narrando as experiências desses “santos” publicados
pela igreja romana, lemos a descrição de uma ex adepta do movimento
nova era, voltando para o seio do catolicismo e surpreendida com os
vários elementos da renovação carismática católica ter tantas
semelhanças com a Novas Era. Com relação as experiências místicas dos
santos, afirmou: “Teresa D’ávila já fazia ‘saídas do corpo’ não foi a nova
era quem inventou isso! E o cura D’Ars! Quando se reza muito, sofre-se,
inevitavelmente fenômenos como bilocação, saídas do corpo,
estigmas...”(14) Aqui temos a descrição clara de projeção astral. No
esoterismo, ocultismo e espiritualismo essas são experiências de
contato, pontes que ligam a mente ao mundo espiritual, essas são
também experiências xamanicas, batidas de tambores e psicodélicos
produzem estados alterados de consciência e um mundo espiritual se
descortina via mental, uma dimensão perigosa e ambígua, cheia de
enganos. Assim entramos no mundo das novas revelações, entidades
espirituais autônomas, pois não creio que seja algo imanente ao místico,
mas potencias que se manifestam por meios da mente alterada, e isso

10
não é uma certeza, pois anjos entraram em contato como alguns homens
no Novo Testamento através do sonho (Veja Mateus 2:13) constitui-se
que a consciência não somente dimensiona e modela o mundo físico
como também pode interagir com o mundo espiritual, e assim vimos que
“As visões e as vozes conjugam-se tanto com a vida mística que não
podemos ignorá-la” (15) Surgem as novas revelações vinda do além,
projeções de informações vindo de entidades alienígenas para dentro de
uma consciência aberta para o mundo espiritual, para isso, ocorre como
disse Evelyn Underhill, a experiência mística que induz ao êxtase
(Suponho que na maioria das vezes seja a mesma experiência de estados
alterados de consciência) e as informações chegam de forma abrupta e
completa, Brigite da Suécia e Hidelgarde Von Bingen receberam seus
livros num instante (16) Ainda vimos que “A vida mística de Santa Teresa
foi dirigida por vozes que a guiaram profundamente em sua
carreira...”(17) e ainda mais: “A predominância da literatura mística de
revelações que adquirem a forma de um dialogo, de conversas intimas
entre a divina Realidade e a Alma, está estritamente ligada, por um lado,
ao fenômenos de palavras autônomas, por outro, ao das profecias e da
inspiração, temos a impressão de assistir a um verdadeiro desfraldar do
Espírito divino cristalizando—se em forma verbal na consciência
humana, sentimos por um lado, uma unidade com o absoluto...”(18)

Evelyn Underhill que ao meu ver foi uma das maiores autoridades sobre
misticismo, assim como Mircea Eliade foi para as religiões comparadas,
ela era de confissão anglicana, seu livro “Misticismo” é uma defesa da
experiência mística, na sua obra, dá muita relevância aos santos
católicos, a abordagem é bem ampla, com linguagem coloquial, uma
obra bem documentada e simples de ler, Underhill afirma que muitos
livros de santos católicos foram escritos em estado de êxtase, ela
compara esse tipo de escrita como sendo puramente sobrenatural, faz
similaridade com os escritos dos médiuns (19). Ela explicou: “A faculdade
da escrita autônoma pode apresentar graus variados de intensidade,
desde a ‘inspiração’, a terrível compulsão para escrever que todos os
artistas conhecem, ayé o caso extremo em que a mão do sujeito,
consciente parece ter se tornado o agente de uma outra personalidade”
(20) Underhill cita alguns místicos que escreveram por esse processo

11
paranormal, Wiliam Blake, Rulman Merswin, Teresa D’avila e até
Madame Guyon. Com respeito a Teresa D’Ávila ela afirma: “...Quando
sua cosnciencia mística estava mais ativa – e sempre muito
rapidamente, sem hesitações nem correções, As idéias e as imagens
fluíam, desde sua região subliminar rica e ativa, de fato com muita
rapidez, para a pena impaciente que a apressava, ao ponto de as vezes
ela exclamar: ‘Ó, pudesse eu escrever com varias mãos para não
esquecer nada!’ “(21) quando escreveu “Castelo Interior e Moradas”
Underhill faz menção de que “ela não parava de escrever e não se
queixava de estar sendo perturbada” (22) O místico protestante Jacob
Boehme ao escrever o livro “Aurora” é outro exemplo de escrita
autônoma. A respeito de Madame Guyon, mística muito apreciada entre
os evangélicos, mas que era de confissão católica, Underhill afirma:
“Quando madame Guyon, cujo temperamento assemelhava-se quase
tanto ao de um médium, quanto ao de um místico, e cuja paixão pelo
Quietismo e pela passividade mental entregava-a quase inteiramente
aos seus impulsos subconscientes, conheceu, de quando em quando,
momentos de clarividência, de profecia, de telepatia e de escrita
autônoma em prodigiosa profusão” (23).

Há uma sedução que envolve engano nesses fenômenos, Bernard


Ranquim, ex adepto da Nova Era convertido a Renovação Carismática
Católica observou que a manifestação de certos dons como a “palavra
de conhecimento” é muito parecida com as experiências de
mediunidade que ele conheceu, ele ainda afirmou: “Na mediunidade
encontra-se também glossolalias que são interpretadas posteriormente”
e fala sobre a experiência do “repouso no espírito” similar aos transes
que conheceu na Nova era (24)

Mary Del Priore em Seu livro já citado neste artigo, registra que o
espiritismo foi rejeitado e teve oposição do catolicismo, essa oposição se
dá por razões técnicas, o espiritismo é uma negação do sistema ortodoxo
católico e também evangélico, mas isto é o sistema espírita kardecista
em particular como negadora da divindade de Cristo, Trindade, obra
consumada e perfeita de Cristo, negação do céu e do inferno como
expõe o catolicismo e o protestantismo, com relação a salvação, devido

12
a crença em um carma e a reencarnação, a ênfase é dada absolutamente
a ética e as boas obras. Todos os grandes vultos do espiritismo tinham
essa característica: a caridade como via de purgação de delitos
cometidos nesta ou em vidas anteriores. Que demônios podem se
disfarçar em almas vindas do purgatório é um fato declarado por Maria
Simma (25) que o uso do teste dos espíritos descritos em I João 4:1 a 6 e
outras passagens do Novo Testamento não é usado, a própria Maria
Simma confirma na maneira como provava essas entidades. Assim, ela
afirma que no caso das almas do purgatório “Maria é o socorro dos
cristãos!” (26) essa declaração vai contra a doutrina dos apóstolos, em
Hebreus 4:16 nos é dito por exemplo que Cristo é o socorro dos cristãos!

Que as experiências de Maria Simma são consultas com as almas dos


mortos pode ser vista nessas declarações obvias: “Ainda no mesmo de
outubro de 1954, uma alma do purgatório lhe disse que durante a
semana dos mortos poderia fazer perguntas a todas as almas cujos
Parentes estavam dispostos a ajudar, prestando-lhes os socorros
necessários. Por outro lado, Maria Simma já fizera algumas perguntas e
obtidos respostas a respeito de certas almas...” (27) Como no
espiritismo, a ênfase na caridade como um meio de obter salvação,
Maria Simma conta:

“O que está fazendo com este balde?” perguntei a uma senhora que
encontrei com um balde na mão.

“É a minha chave do paraíso” – Respondeu alegremente. “Não rezei


muito durante minha vida, raramente ia à igreja, certa vez, porém, antes
do natal, limpei gratuitamente a casa de uma idosa. Foi a minha
salvação”.

Esta é a prova de que tudo depende da caridade (28)

Isso é o oposto a doutrina dos apóstolos como lemos em passagens


clássicas do Novo testamento como Efésios 2:8 e 9 e outras tão claras
com relação a graça divina como condutora e como sistema operacional
definitivo para salvar os homens.

13
Conclusão:

Que há um mundo sobrenatural e paranormal com grande poder de


manipulação, sedução e enganação não há duvidas, a bíblia é muito
clara quanto a isso! Em passagens como Lucas 4:33 Marcos 1:24 Atos
16:16 Lucas 8:28 a 32 e Marcos 5:9 Atos 10:38 Mateus 15:22 e 23 I
Timoteo 4:1 lemos sobre este fato.

Que a bíblia proíbe o contato com as almas dos mortos é claro,


definitivamente sem declarar a origem dessas manifestações.
(Deuteronômio 18:10 a 12 Levitico 19:31 20:6 e 27 II Reis 21:6) Está claro
que a bíblia nunca nega a existência delas, a ênfase na proibição se dá
por fatos que as almas dos salvos na Nova Aliança irão para o Paraíso
(Lucas 23:43 com Lucas 16:22) O mundo dos espíritos é obscuro, de certa
forma, ambíguo e subjetivo, o estado atual do homem é de uma
percepção extremamente limitada tendo a luz das Escrituras como único
guia infalível para determinar a natureza e desmascarar as intenções
nefastas por trás de falsas identidades que os espíritos enganadores
usam para seduzir os homens. (João 8:44)

(1) Citado em NECROMÂNCIA ECLESIÁSTICA de Vincenzo Cavalli


(2) https://www.johnsanidopoulos.com/2011/12/early-christian-histories-
of-saint.htm
(3) “Do Outro Lado A Historia do Sobrenatural no Espiritismo” Mary Del
Priore – Editora Planeta – Pagina 30
(4) Idem Pagina 30 e 31
(5) https://iconandlight.wordpress.com/2020/02/17/the-apostle-peter-
appeared-to-st-leo-a-of-rome-said-i-have-prayed-for-you-and-all-your-
sins-are-forgiven-except-for-those-of-ordinations/
(6) Maria Simma e as Almas do Purgatório Correio Rainha da Paz – Pagina 11
(7) https://www.lalucedimaria.it/padre-pio-incontra-anima-del-purgatorio/
(8) Os Fatos Sobre os Espíritos Guias – John Ankerberg e John Weldon Pagina
20 – Obra Missionária Chamada da Meia Noite
(9) Idem Pagina 20
(10) Fatos Espíritas - William Crookes – FEB – Pagina 57

14
(11) Contatos com o Invisível – Jean-Paul Borre Edições Europa America
Paginas 22 e 23
(12) Encontro com os Deuses Jaime Guedes Editora Mandala Pagina 38 e 39
(13) ]O Universo dos Espíritos D. Hemmert e A. Roudene Editora Hemus
pagina 21
(14) Entre Nova Era e Cristianismo Monique Hebrard – Edições Paulinas-
Pagina 18
(15) Misticismo Evelyn Underhill Editora Ordem Rosacruz Pagina 413
(16) Idem Pagina 423
(17) Idem Pagina 425
(18) Idem pagina 428
(19) Idem pagina 115
(20) Idem pagina 451
(21) Idem pagina 253
(22) idem Pagina 253
(23) Idem pagina 454
(24) Entre Nova Era e Cristianismo - Monique Hebrard - Paulinas – Pagina
22
(25) Maria Simma e as Almas do Purgatorio Correio Rainha da Paz Pagina 9
(26) Idem Pagina 95
(27) Idem Pagina 13
(28) Idem Pagina 83

O Autor: C. J. Jacinto atua no ministério pastoral na Igreja


Verdade e Vida, é pesquisador a mais de 25 anos na área de
apologética, seitas e teologia. Autor de vários livros, artigos,
apostilas e estudos bíblicos. Mora em Paulo Lopes SC

Contatos :

claviojj@gmail.com

(48) 999616582

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Ministério de literatura cristã gratuita. Todo o material
produzido por C. J. Jacinto é distribuído inteiramente grátis,
não há qualquer vinculo lucrativo com o ministério epistolar e
de pregação das Escrituras.

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