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Autopsia do Destino Humano

A terra da tumba coleciona lagrimas e medos

Quantos oceanos e charcos de temporais adormeceram

Nos vastos campos santos de todo o mundo

Quando a flor e a libélula pousam sobre sepulturas

A fotografia antiga desses falecidos memoriais

A terra de ninguém e os ceifeiros descansam em paz

Peregrinos da escuridão na cova da inércia da alma

Grita a andorinha (Tem alguém ai?)

Ninguém responde as ponderações do mistério

As velas crepitam a agonia do ar do necrotério

Nas pálpebras a tremula lagrima é a gorjeta da vida

Moedas que flutuam nos choros incandescentes dos (ais)

As sonâmbulas amargas de rostos retorcidos na saudade

Da vida morta de um cadáver que ressoa a cor da serenidade

Nos antros da madrugada dessa urna que parece fosso

Viúvas de véu negro que recitam o (Pai nosso)

Como lâmpadas dançantes de olhos tocando saltério

Numa jornada magistral até o chão do cemitério

A vida de cada um de nós é essa jornada tão (bendita)

É o viver de cada um de nós, um poema que o destino escreve


Aves de barro flutuam na matéria escura

Como cimbalos da madrugada no eco do bronze aromático

O hálito póla soprando sobre o coração em canduras

Homens de almas frias nesse inverno de gemidos

Nesse vale de sombra da morte, entre espinhos e farpas

O sangue de Cristo sustenta a lâmpada da esperança

Quem nEle encontra o imaculado refugio e doce perdão

Liberta-se do pântano de todas as agonias e misérias

Pois a luz que alumia em lugar escuro

Abre o caminho para a alma sedenta encontrar

O manancial que cura todas as chagas do pecado.


(Calvário das Minhas Consolações)

Os lírio brancos cantam nos pântanos negros

As estrelas fixas dançam no firmamento

Brado que ecoa nas ruas dos meus temores voláteis

Consolo que o aroma da noite de luar liberta

II

Nós mortais nesse monturo de mortalhas

Soldados no ímpeto de tantas dores desfalecidas

Choramos com os espinhos das roseiras de verão

As lamentações de um Jeremias de alma ferida

III

Nas primícias póstumas de todos os juízos

O pão do sofrimento que flutua nas lembranças árduas

Como a vitrola desafinada que canta sem doçura

As entranhas fecundas desse chão nas estradas

IV

Como alento de raivas no coração desconsolado

Os consolos frágeis de uma relva ofertório de orvalhos

Vi eu mesmo nesse jardim penúrias ancoradas

Náufragos medos recuados á sombra do carvalho

Quais vozes que de Sião ainda faz o prenuncio

Que por mais tenaz que seja as pálidas dores

No Calvário que de eterna voz faz o bom anuncio


Do Cristo que toma sobre si todos nossos dissabores,

(Clavio J. Jacinto)

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