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Introdução à

Teologia
Sistemática
Pré-aula

Apresentação do módulo
+ bibliografia;
Conteúdo programático
 Aula 01: Breve história da sistematização da teologia
cristã;
 Aula 02: A possibilidade da Teologia: a morte (e a
ressurreição) de Deus;
 Aula 03: A possibilidade do Sistema: um diálogo com
a filosofia reformacional;
 Aula 04: Abordagens contemporâneas: Vanhoozer e
Kärkkäinen;
 Aula 05: Teologia Sistemática e as outras áreas da
teologia.

3
Ementa
Introdução aos estudos da Teologia Sistemática. O módulo
enfatiza a história da sistematização das doutrinas cristãs, seus
problemas e desafios contemporâneos, bem como a relação da
Teologia Sistemática com as outras áreas da Teologia.
OBJETIVO
>  Apresentar aos alunos o status quaestionis do
desenvolvimento da Teologia Sistemática.
> Abordar os desafios contemporâneos concernentes ao
conhecimento de Deus e às possibilidades da teologia e sua
sistematização.
> Apresentar abordagens contemporâneas à Teologia
Sistemática
> Relacionar a Teologia Sistemática com as demais áreas da
Teologia

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Bibliografia

Bibliografia básica:

VANHOOZER, Kevin. O drama da doutrina: uma abordagem canônico-


linguística da teologia cristã. São Paulo: Vida Nova. 2016.

VANHOOZER, Kevin. Teologia primeira; Deus, Escritura e hermenêutica.


São Paulo: Vida Nova. 2016

FERREIRA, Franklin e Myatt, Alan. Teologia Sistemática: uma análise


histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova,
2007.

5
Bibliografia Complementar
Horton, Michael. The Christian Faith: A Systematic Theology for
Pilgrims on the Way. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2011.
Frame, John. Systematic Theology: An Introduction to Christian
Belief. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2013
Bavinck, Herman (1895–1901). Gereformeerde Dogmatiek (in
Dutch). 4 volumes. Kampen: J.H. Bos. English translation: Bolt,
John, ed. Reformed Dogmatics. 4 volumes. Translated by John
Vriend. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 2008. 
Vos, Geerhardus. Gereformeerde Dogmatiek (in Dutch). 5
volumes. Grand Rapids, MI. 1896. English translation: Gaffin,
Richard B., ed. Reformed Dogmatics. 5 volumes. Translated by
Richard B. Gaffin Jr. Bellingham, WA: Lexham, 2012-2016.
Migliore, Daniel L. (2004). Faith Seeking Understanding. Grand
Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 2004.

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Aula 01
Breve história da
sistematização da
teologia cristã
δόγμα e δόξα
> Não é uma construção teológica de um
erudito piedoso (como afirma Friedrich August
Kahnis)

> A comunidade hermenêutica do dogma

> Breve prolegômena dogmática

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Método e organização da Teologia
> Clemente de Alexandria ou Tito Flávio Clemente
(Atenas (?), c. 150 - Palestina, 215)

> Προτρεπτικος προς Ἑλληνας


> Παιδαγωγος
> Στρωματα

Orígenes (Alexandria, Egito, c. 185 – Cesárea, ou, mais


provavelmente, Tiro, 253):
Περὶ Ἄρκων

9
Método e organização da Teologia
> Firmianus Lactantius; ca. 240 — ca. 320), conselheiro
de Constantino: Institutas Divinas)

> Aurélio Agostinho de Hipona (13 de


novembro de 354 em Tagaste, Numídia (moderna Souk
Ahras, Argélia) - 28 de
agosto de 430 (75 anos) em Hipona, Numídia (moderna 
Annaba, Argélia): Enchiridion
> Petrus Lombardus, filósofo escolástico do século
XII nascido por volta de 1100 em Lumellogno, perto
de Novara, no norte da Itália, e falecido em 20 de Julho
de 1160: Sentenças.

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Método e organização da Teologia
> Boaventura (1217-1274): Breviloquium;

> Tomás de Aquino (1225-1274): Summa.

> Filipe Melâncton (1497-1560):  Loci Communes.

> João Calvino (1509-1564): Institutas da religião cristã

> Bartholomäus Keckermann (c.1571-1608): Primeiro a


usar o termo Teologia Sistemática

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Método e organização da Teologia
> William Ames (1576-1633):Medulla
Theologiae
> Wilhelmus à Brakel (1635-1711): The
Christian’s Reasonable Service
> François Turretin (1623-1687):Compêndio de
teologia apologética
> Friedrich Schleiermacher (1768-1834): The
christian faith
> Herman Bavinck (1854-1921) Dogmática
reformada.

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Método e organização da Teologia
> Karl Barth (1886-1968): Church Domatics
> Wolfhart Pannenberg (1928-2014): Teologia
Sistemática
> Paul Tillich (1886-1965): T.S.]
> Franklin Ferreira e Allan Myat: T.S.
> Veli-Matti Kärkkäinen (1958-): A Constructive
Christian Theology for the Pluralistic
World (Eerdmans; 5 Volumes)
> Michael Bird: Evangelical theology (2020, 2ed.)

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Método e organização da Teologia
> Berkhof, Vos, Finney, Hodge, Gruden, Erickson,
Stanley Horton, Mcgrath, Culver, Beeke,
Augutus Strong, Lewis Chafer, Geisler.

> A polifonia dos sistemas!

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Aula 02
A possibilidade da
Teologia: a morte (e a
ressurreição) de Deus
I. O significado e o absurdo
de falarmos em “morte de
Deus”
1. Introdução
> Pascal, pensamentos, 695: “O grande Pan está
morto”, citando Plutarco, De defectu
oraculorum, 171-181.

> Des Granges, comentador de Pascal, afirma:


Pan, através de uma falsa etimologia,
simboliza o Grande Todo; é a morte do
paganismo que essa voz está anunciando (B.
Pascal, Pensees, Introduction et notes par Ch.-
M. des Granges (Paris: Editions Garnier Freres,
1955), p. 340, n. 127.).
17
1. Introdução
> Plutarco afirma que em um navio que viajava
da Grécia para a Itália, perto das ilhas Paxos e
Propaxos, de repente uma voz foi ouvida nas
ilhas que ordenavam ao barqueiro Thamus
que anunciasse na região de Palodes: "O
Grande Pan está morto". Eusébio narrou a
mesma história dois séculos depois e a referiu
ao fim dos demônios que Cristo havia
realizado (Praeparatio evangelica, V, 17, 6-8,)

18
1. Introdução
> A declaração alemã “todos os deuses devem
morrer”, que Nietzsche concorda, afirmando
ser a tarefa mais nobre do homem, possui
uma relação apenas biográfica com quem a
assume

(F. Nietzsche, The Joyful Wisdom (in The


Complete Works of Friedrich Nietzsche, vol. 10),
tr. Thomas Common, ed. Dr. O. Levy (Edinburgh,
London: The Darien Press, 1910), nr. 343 and nr.
125, pp. 275f and 167ff
19
1. Introdução
> Para Hegel: o sofrimento infinito [que] só existia
historicamente no processo formativo de cultura [;] existia
como o sentimento de que 'o próprio Deus está morto', sobre
o qual a religião dos tempos mais recentes repousa" e ele
quer entender essa tristeza "como um momento da suprema
idéia" (G. W. F. Hegel, Faith and Knowledge, trs. W. Cerf and H.
S. Harris (Albany: State University of New York Press, 1977), p.
190.
> Tanto em Hegel como em Nietzsche, a morte de Deus é
entendida tanto no sentido metafísico como no sentido da
teologia cristã: Nietzsche afirma que “a crença no Deus cristão
se tornou indigna de se crer” (R Nietzsche, The Joyful
Wisdom, nr. 343, p. 275)

20
1. Introdução
> É impossível pensar a morte de Deus sem a teologia cristã. A
morte de Deus trás tanto a metafísica quanto a fé cristã a seu
fim. Ou ambas estão eternamente unidas ou separadas e
independentes (Eberhad Jungel)

> A metafísica sempre postula Deus como necessariamente


“acima de nós”. A morte como “abaixo de nós”. Por isso a
impossibilidade de se falar em morte de Deus.

> Deus “acima de nós” significa que Ele está em todos os


lugares e em nenhum lugar (Anselmo, Monologium).

21
II. Onde está Deus?
A questão bíblica e
a questão moderna.
1. Introdução
> Antigamente Deus era a questão central da filosofia
metafísica.

> No pensamento moderno, Deus se torna secundário.

> Agora, não se pergunta mais o que é Deus ou quem é Deus,


mas onde está Deus.

> O louco de Nietzsche pergunta: para onde Deus se foi? –


Deus não estaria mais em seu lugar, ou seja, a cima.
(Friedrich Nietzsche, The Joyful Wisdom, in The Complete
Works of Friedrich Nietzsche, vol. X, tr. Thomas Common, ed.
Dr. O. Levy (Edinburgh, London: The Darien Press, 1920), nr.
125, pp. 167f.)

23
A questão bíblica
> Diz o louco (esperto) (Salmo 14.1; 53.1); não era uma questão
ateia, mas sim de qual deus era o verdadeiro.

> Questão de provocação. Salmos 79.10: Por que as nações


haverão de dizer: "Onde está o Deus deles? " Diante dos
nossos olhos, mostra às nações a tua vingança pelo sangue
dos teus servos.

24
A questão bíblica.
> Sl 115.1-3;

> Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória,
por amor da tua benignidade e da tua verdade. 2 Porque dirão
os gentios: Onde está o seu Deus? 3 Mas o nosso Deus está
nos céus; fez tudo o que lhe agradou.

> 1Re. 18.27


> E sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles e dizia: Clamai
em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja
falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente
alguma viagem; talvez esteja dormindo, e despertará.
> Jesus e o Salmo 22

25
A questão moderna
> A demanda por certeza absoluta do cartesianismo, iluminismo
e positivismo mudou o paradigma da questão sobre onde está
Deus (ateísmo, deus não existe);

> Contradições do homem moderno: quatro metáforas: se


levantar pela peruca, andar com a cabeça no chão, remar com
o remo dentro do barco, atlas. Falta de sentido.

26
A questão moderna
> Jean Paul (1763 —1825), pseudônimo de Johann Paul
Friedrich Richter: "Pai, onde estás? ... Ó Pai! Pai! Onde está o
teu peito ilimitado, para que eu descanse sobre ele?" “A
morte de Cristo proclama que Deus não existe" - deve ser lido
como um prelúdio para o século XX (Jean Paul (Johann Paul
Friedrich Richter), Flower, Fruit, and Thorn Pieces; or the
Wedded Life, Death, and Marriage ofFirmian Stanislaus
Siebenkaes, tr. A. Ewing (London: George Bell & Sons, 1892),
bk. H, ch. VII, "The dead Christ proclaims that there is no
God," pp. 263f).

> Onde está Deus pressupõe proximidade ou ausência. Nunca é


Deus em si mesmo mas Deus em relação comigo.

27
III. O retorno da
morte de Deus:
Bonhoeffer e a
teologia;
Bonhoeffer na prisão, usa o conceito de morte de Deus
para repensar e dialogar com o ateísmo e a fé cristã.
Bonhoeffer vai a fundo à origem do problema moderno. A modernidade
avançou rumo à autonomia do homem e do mundo em relação a Deus.
Herbert de Cherbury (1583-1648): a razão é suficiente para o conhecimento
religioso;
Montaigne e Bodin: na moralidade, substituíram os mandamentos por regras da
vida;
Maquiavel: na política, separou-a da moralidade geral, criando a razão de
Estado;
H. Grotius: as leis naturais para as nações são válidas “mesmo se Deus não
existisse”;
Descartes: deísmo – mundo como mecanismo independente de Deus;
Espinoza: panteísmo – Deus é a natureza;
Kant era deísta e Fichte e Hegel panteísta;
Dietrich Bonhoeffer, Letters and Papers from Prison, ed. E. Bethge, tr. R. H. Fuller
(New York: Macmillan, 1972), p. 359.
O Status quo é explicado pelo status quo ante: o mundo escolheu viver sem Deus.

29
Reflexão cristológica: Diante de Deus e com Deus nós
vivemos sem Deus.

Deus permitiu ser expulso do mundo na cruz. Ele estava fraco e


impotente no mundo, mas essa á a única maneira dele estar
conosco e nos ajudar.
A diferença entre o cristianismo e as outras religiões: Todas as
religiões veem deus em seu poder – deus ex machina. A fé cristã
entende que somente o Deus sofredor pode nos ajudar.
Deus é pensado em relação com o mundo. E uma vez que Deus foi
expulso do mundo na cruz, essa partida intensifica a relação Deus-
mundo (p. ex. Cristo joanino). Levantado - Consolador
O mundo que existe “mesmo se Deus não existir” existe coram
Deo. Deus no Cristo crucificado é coram mundo. Deus carrega o
mundo na cruz do modo como o mundo jamais carregaria Deus.
A dicotomia presença-ausência é superada. Deus está presente no
mundo em sua ausência cruciforme.

30
IV. O ateísmo
metodológico.
1. A metodologia de Heidegger

> Para o jovem Heidegger, todo filósofo precisa


ser metodologicamente ateu, independente de
ser uma pessoa religiosa ou não.

> Filosofia cristã se torna um círculo quadrado.

32
2. Os teólogos da “morte de Deus”

> Thomas J.J. Altizer e William Hamilton


argumentam que o deus da metafísica não é
o mesmo Deus de Abraão, Isaque e Jacó;

> Esse ateísmo não tem a ver com a existência


de Deus, mas sim com a prioridade do Ser e
da metafísica quando falamos sobre Deus;

33
2. Os teólogos da “morte de Deus”
> Jean-Luc Marion sugeriu: "Deus é, existe, e
isso é o menor dos problemas. O que está em
questão aqui não é a possibilidade de Deus
alcançar o Ser, mas, pelo contrário, a
possibilidade do ser alcançar Deus."

(Jean-Luc Marion, in the Preface to the English


edition of God Without Being, trans. Thomas A.
Carlson (Chicago: University of Chicago Press,
1991): xix-xx.

34
2. Os teólogos da “morte de Deus”

> O ateísmo de Heidegger é diferente dos


teólogos da morte de Deus. Ele quer excluir a
fé do filosofar, ainda que o filósofo
permaneça religioso em privado.

> Heidegger não era contra a fé religiosa. Foi


seu catolicismo e depois protestantismo que
deu fôlego a sua filosofia primeira.

35
2. Os teólogos da “morte de Deus”

> Para ele, o questionar, que é próprio da


filosofia, não pertence à religião (fé).

> Para qualquer um que crê na Bíblia, as


perguntas difíceis recebem respostas muito
rápidas (por que existe algo em vez do nada?)

> Fé e filosofia são inimigas mortais.

36
3. O Heidegger católico
> Será que a ideia de uma filosofia livre da fé não é uma
ideia tomista? O Dr. Angelical não ensinava que a
filosofia era do domínio da razão humana natural e que
a fé era do domínio da teologia?

> Embora nem Aquino nem os tomistas advogaram um


ateísmo metodológico, os paralelos com Heidegger são
interessantes.

> Jude Dougherty, filósofo católico, afirma que filosofia


cristã é um oximoro, pois qualquer filosofia que
dependa de uma revelação já não é mais (boa)
filosofia.
37
3. O Heidegger católico
> Para Jean-Luc Marion Deus é “sem ser”. Na
fenomenologia, Deus aparece como fenômeno que
satura nossas intenções e objetivos. Mas ainda é
diferente do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, visto que
aparece apenas como uma possiblidade de fenômeno;

> John Caputo ficou maravilhado das possibilidades que


o pós modernismo abriu para a filosofia cristã. Mas tal
filosofia é apenas um estilo de pensar de acordo com o
Novo testamento, como é com a filosofia francesa,
idealista, etc.

38
4. Desmitologizando Heidegger
> Será que a filosofia é tão pura assim?
> Heidegger não insistia na função dos pressupostos na
filosofia?
> Essa separação da fé do Dasein não é semelhante à
redução a um ego lógico transcendental, o animal que
Heidegger declarou ser mítico?
> Somos in-der-Weltsein, como seres corporificados,
históricos e situados. Estamos aqui (Da), agora, e essa
é uma condição para eu saber alguma coisa. Não
podemos sair da nossa pele ou transcender nossa
finitude.

39
Parte IV: Sobre a
possibilidade de se falar
sobre Deus.
1. Teologia é falar sobre Deus.
> Essa fala é muito variada até mesmo na Bíblia.

> Podemos falar qualquer coisa sobre Deus? A


Teologia é a fala responsável sobre Deus que
previne falas irreverentes.

> A crítica da morte do autor como ausência.


Deus está sempre presente.

41
2. Pensamento, fala e revelação
> A revelação antecede o nosso pensar e falar
> A revelação pode ser compreendida nos pensamentos
apenas na medida em que esses pensamentos se
referem constantemente a algo que deve ser pensado
novamente. Deus pode ser pensado apenas como algo
constantemente a ser pensado de novo
Eberhard Jüngel: God as the Mystery of the World. On the
Foundation of the Theology of the Crucified One in the
Dispute Between Theism and Atheism. Trad. Darrel Guder.
Edinburgh, T. & T. Clark, 1983. P. 227.

42
2. Pensamento, fala e revelação
> Romanos 12.2: Não se amoldem ao padrão
deste mundo, mas transformem-se pela
renovação da sua mente, para que sejam
capazes de experimentar e comprovar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.

> Fé é a realização antropológica do fato de


Deus ter revelado a si mesmo.
> Deus é conhecido no evento da fé.

43
3. O pensamento, quando quer pensar Deus,
sempre pensa “após” a fé.

> O pensamento não pode construir esse ou


aquele conceito de Deus “remota fide”, sem a
fé.

> Podemos pensar e falar sobre Deus


significativamente somente porque Deus
falou.

44
4. Justificação e a via catafática
> “Podemos falar apenas aquilo que Deus não
“é” é autocontraditório. A Justificação pela fé,
como ato declarativo-judicial de Deus, faz com
que nós o conheçamos (Rm. 5.1), e tenhamos
um relacionamento positivo com Ele.

45
Conclusão: a morte do autor e a morte de Deus

> “O signo e a divindade possuem o mesmo local e data


de nascimento. A época do signo é essencialmente
teológica” (Of Grammatology, Trad. Gayatri Spivak
(Baltimore: Johns Hopkins Univ. Press 1976), p. 14.

> Roland Barthes escreve que a recusa de atribuir um


significado fixo tanto ao mundo quanto aos textos
“libera uma atividade que podemos chamar de contra-
teológica, propriamente revolucionária, pois recusar-se
a por um fim ao significado é, no fim, recusar a Deus”
(Death of the author, in: The Rustle of Language. Trad.
Richard Howard. New York: Hill and Wang, 1986. p. 54);

46
Aula 03
A possibilidade do
Sistema: um diálogo com
a filosofia reformacional
I. A demanda de Fichte:
“não devemos sequer
pensar sobre Deus”.
Texto: Ex. 20.1-6
1. A certeza de Fichte
> Não devemos pensar sobre Deus porque
“isso é impossível”. A certeza dele aqui é
exatamente a existência de Deus como Ser
supremo de acordo com a metafísica.

49
1. A certeza de Fichte
> Após uma controversa ateísta em Jena, Fichte disse,
em uma palestra em Berlin: Somente o Metafísico, e
não o Histórico, pode nos dar a bem-aventurança. J. G.
Fichte, The Way Towards the Blessed Life; or, The
Doctrine of Religion, tr. W. Smith, in The Popular
Works of Johann Gottlieb Fichte (London: Triibner &
Company, 1889), p. 392.

> Para entendermos Fichte, precisamos voltar a Kant.

50
2. Kant
> No prefácio da 2º edição da crítica da razão
pura, Kant afirma que sua obra nos adverte a
não usarmos a razão especulativa além dos
limites da experiência. Portanto ele precisava
abolir o conhecimento para dar lugar à fé
(p.18).

51
2. Kant
> Esse conhecimento é a cognição e não o
pensamento. Podemos pensar o que quiser,
mas a cognição (conhecer) demanda provar
sua possibilidade e existência por meio da
experiência, ou a priori, por meio da razão;

52
2. Kant
O conceito básico da unidade sintética da percepção
transcendental produziu certa ambivalência no que diz respeito
ao significado do "eu penso", uma ambivalência que nos obriga a
perguntar se o conceito de pensamento de Kant não está de fato
vinculado ao seu conceito de intuição em tais de uma maneira
que é impossível para o "eu penso" pensar qualquer coisa
independente do que é dado pela intuição. A necessidade
prática de pensar em Deus não pode ser realizada sem, pelo
menos, pensar Deus em analogia às representações
acompanhadas pelo "eu penso" - mesmo que Deus, como
legislador moral, não se enquadre nas condições da
sensualidade.
> Para Fichte, pensar é fazer mortal, é trazer sob as condições
do tempo e do espaço.

53
3. O esquema
> Para Fichte, todo nosso pensamento é
esquematizador, i.e., construtor e limitante. Existem
dois tipos de esquema: O Ato (puro, autônomo,
fundado em si mesmo) e matéria estendida. O
tempo é o mediador entre ambos.

> Deus seria esse puro Ato. Deus é para ser pensado
como ordem de ocorrências, através do
pensamento puro. Isso não seria pensar Deus
propriamente, mas apenas um esquema de Deus.

54
3. O esquema
> Deus e o homem são atos puros e se
encontram apenas na atividade. Essa atividade
é diferente da esquematização que vimos.

> Se Kant precisa abolir o conhecimento para


deixar lugar para a fé, Fichte precisa abolir o
pensamento para deixar lugar à fé. Essa
dicotomia é totalmente estranha ao AT e NT.

55
4. Dois Pressupostos
> O pensamento é sempre mortal e limitante;
> Deus é infinito e impossível de se limitar.
(finitum non capax infiniti)
> Pensar em Deus e dizer que ele existe é
quebrar o segundo mandamento.
> Por isso ele cria na primitiva declaração alemã:
todos os deuses devem morrer.

56
II: A asserção de
Feuerbach: “somente
quando nosso
pensamento é Deus é
que nós pensamos”.
Texto: Ex. 20.1-3
1. Introdução
> Enquanto a frase de Fichte foi dita apenas de passagem,
a de Feuerbach foi “rigorosamente dita”.
> Essa frase carrega sua interpretação da essência do
cristianismo: O mistério contido na palavra "Deus" deve
beneficiar o homem de tal maneira que tudo o que está
implícito na palavra "Deus" deve ser afirmado pelo
homem. A proposição pertence ao contexto de uma
exposição crítica do conceito metafísico tradicional de
Deus.
> A relação entre Deus e o homem é apenas uma divisão
dentro do próprio homem. O homem, com essa
dicotomia, pode ter o mérito de ser chamado de divino.

58
2. Deus é a essência do entendimento e
é a essência moral, i.e., lei.

O Divino existe por causa própria. Assim. O


pensamento existe pelo pensamento, desejo
existe pela causa de desejar e o amor existe pelo
amor.

Deus expressa a possibilidade do homem ser


perfeito. A encarnação de Deus demonstra a
divinização humana. Nesse nível, deus
permanece como antítese do homem.

59
2. Deus é a essência do entendimento e
é a essência moral, i.e., lei.

> Já em Deus como lei, essa antítese desaparece


no amor, pois para cumprir a lei é necessário o
amor. No entendimento de religião de
Feuerbach, a lei capacita o evangelho do deus
encarnado.

> O sentido geral da tese é: a essência da


teologia é a antropologia.

60
3. A declaração
> A declaração “somente quando nosso
pensamento é Deus é que nós realmente
pensamos, rigorosamente falando” é
entendida no contexto de que Deus “é o ser
sobre o qual nada maior pode ser pensado”.

61
3. A declaração
> Somente com a doutrina da encarnação de Cristo
podemos entender Deus. Deus se torna a essência do
nosso coração, uma divindade humana. Ainda sim,
paradoxalmente, deus é o oposto do ser humano, o
outro extremo.

> Deus, sendo o maior ser, o maior objeto do


pensamento, é portanto o maior nível do poder do
pensamento. Uma variação pós hegeliana de noeseos
noesis (pensamento pensante). Portanto, a frase inicial
seria validada.

62
4. Dois pressupostos
> 1. Deus é aquele que nada maior pode ser
pensado;

> 2 Portanto, Deus é a natureza intrínseca do


pensamento.

63
4. Dois pressupostos
> O ego é o limite do pensamento. Deus é esse
limite (portanto). O ego, quando quer se
magnificar, pensa Deus. Deus é o conceito
limite criado pelo próprio pensamento (ratio
creatrix divinitatis).

> Novamente, o mistério da teologia é a


antropologia.

64
III: A questão de
Nietzche: “você pode
conceber Deus?”.
Texto: Ex. 20.7
> Zaratustra pergunta: você poderia conceber
Deus? É paralelo a: “você poderia criar um
deus? Ambas assumem que deus é uma
conjectura. Essas objeções são feitas contra
essa conjectura, mas o homem
necessariamente deve conjecturar. Mas essas
conjecturas precisam ter significado. Deus,
como a conjectura irrestrita, bloqueia as
conjecturas humanas, mas como?

66
1. Quando falamos de Deus olhamos para o oceano como
metáfora do infinito; a antítese máxima da finitude.

> Orgulhosamente sobrepujando a metafísica


e o cristianismo, Nietzsche fala da morte de
Deus, como o abrir dos horizontes: “nosso
oceano está aberto diante de nós, talvez
nunca antes nosso oceano estivesse
“aberto””. Nesse sentido, a morte de deus é
a eliminação da oposição fixa entre a
finitude e a infinitude.

67
1. Quando falamos de Deus olhamos para o oceano como
metáfora do infinito; a antítese máxima da finitude.

> Deus infinito, sendo o oposto da vontade


criativa do homem finito, sempre lança a
vontade criativa de volta para sua finitude.

> Esse é o fundamento à impossibilidade de se


falar responsavelmente sobre deus. Portanto
deus não é digno de ser discutido: “você
poderia criar um deus? – então te imploro –
fique em silencio sobre todos os deuses”

68
2. Pressupõe e se põe a definição anselmiana sobre
Deus e o cogito de Descartes.

> Para Nietzsche, o poder do "ser além de si" do finito


está no discernimento dos sentidos: poder criativo.

> Deus como o maior ser possível, se coloca para além


da possibilidade de compreensão (o maior ser
possível), que é restrita pela vontade criativa. O
pensamento não pode ir além de si mesmo.

> “que eu revele meu coração inteiramente a vocês,


meus amigos: se houvessem Deuses, como eu
suportaria não ser um Deus! Portanto, não há Deuses.

69
3. Você poderia conceber um Deus?"

> Lemos assim: "Mas deixe que isso signifique


Vontade de verdade entre vocês, para que
tudo seja transformado em humanamente
concebível, humanamente visível,
humanamente sensível! Seu próprio
discernimento você deve seguir para o fim "

70
3. Você poderia conceber um Deus?"

> Portanto Deus, acima de tudo, precisa ser


transformado pelo pensamento humano.

> Contrapondo o finito e o infinito, a vontade de


poder sempre elimina deus e se projeta como
superego, que ultrapassa o ego finito. Nasce o
superhomem. O infinito é transformado no
devir do super-homem.
> Mesma ideia de Feuerbach. Ambos partem
da definição de Anselmo.

71
Wittgenstein e o
mistério de Deus.

Texto: 1Tm. 3.16


1. O tratado de Wittgentein
> (n7): sobre aquilo que não podemos falar,
devemos silenciar;

> Proposição 6.522: Existem coisas


indescritíveis. Elas são demonstradas, são o
místico.

73
A filosofia de Herman Dooyeweerd

A essência do ser humano: Religião


O ser de tudo o que existe é significado.
Lado-lei e Lado-sujeito
Estruturas de individualidade e aspectos modais.

Os aspectos da realidade: 

74
A filosofia de Herman Dooyeweerd

15  Pístico = Confiança / crença racional


14  Ético = Amor / caridade 6  Sensitivo = Sensação e
sacrificial sentimento
13  Jurídico = Retribuição, juízo 5  Biótico = Vida orgânica
12  Estético = Harmonia 4  Físico = Energia / matéria
11  Econômico = Alocação frugal 3  Cinemático = Movimento
10  Social = Intercurso social 2  Espacial = Extensão contínua
9  Simbólico (ou Linguístico) = 1  Aritmético = Quantidade
Significação simbólica discreta
8  Histórico = Poder de formação
cultural
7  Lógico = Distinção analítica ou

75
A filosofia de Herman Dooyeweerd

A filosofia sistemática: A filosofia sistemática tenta


fornecer uma estrutura na razão que pode explicar todas
as questões e problemas relacionados à vida humana.
Exemplos de filósofos sistemáticos incluem Platão,
Aristóteles, Descartes, Spinoza e Hegel. De muitas
maneiras, qualquer tentativa de formular um método
filosófico que forneça os constituintes fundamentais da
realidade, uma metafísica, pode ser considerada filosofia
sistemática. Na filosofia moderna, a reação à filosofia
sistemática começou com Kierkegaard e continuou em
várias formas por meio da filosofia analítica,
existencialismo, hermenêutica e desconstrucionismo.

76
A filosofia de Herman Dooyeweerd

 Uma sistematização não dualista: Matéria e


forma; graça e natureza; natureza e liberdade.

 Criação, queda, redenção e consumação.

 Reformational Theology: A New Paradigm for


Doing Dogmatics; Por Gordon J. Spykman

77
A filosofia de Herman Dooyeweerd

Apreciação renovada da ordem da criação como


quadro permanente de toda a revelação ao longo
da história;
Compreensão mais dinâmica do homem como
imagem de Deus; e não os dualismos corpo/alma,
por exemplo, mas uma compreensão mais
holística do ser humano
Compreender a realidade profunda do pecado e
seus efeitos em todas as áreas

78
A filosofia de Herman Dooyeweerd

Insight mais claro da relação da revelação na criação e na


redenção
Melhor entendimento da relação do AT com NT, como
promessa-cumprimento
Melhor compreensão da linearidade da história a partir da
revelação bíblica.
Repúdio a ler a filosofia grega no NT e maior apreciação do
pano de fundo do AT.

O aspecto da fé e o da lógica.

79
Resumo das possibilidades sobre Deus

> (a) É possível permanecer calado sobre Deus e, nesse silêncio, afirmá-
lo, uma vez que ele é totalmente impensável e, portanto, indizível.
> (b) É possível falar de Deus como aquele que é totalmente impensável
e, portanto, indizível, e assim, falar para negá-lo. Esta é
principalmente a maneira pela qual o ateísmo responde à pergunta de
Deus.
> (c) É possível permanecer calado sobre Deus como alguém que é
totalmente impensável e, portanto, indizível, e permanecer calado
para negá-lo.
> (d) É possível falar de Deus como alguém que não é impensável em
todos os aspectos e, portanto, é de alguma maneira falável, e assim
falar para afirmá-lo
> A crítica teológica: só pensamos e falamos sobre Deus após ele ter
falado. (verdadeiros e falsos profetas).

80
Aula 04
Abordagens
contemporâneas:
Vanhoozer e Kärkkäinen
Vanhoozer e a Teologia primeira
> O que vem primeiro: a doutrina de Deus ou
das Escrituras?

> Se começar por Deus, surge a questão: como


se pode obter conhecimento a respeito de
Deus?

> Se começarmos pelas Escrituras, surge a


questão: por que esse texto em particular e
nenhum outro?

82
A filosofia primeira: dos pré socráticos à
modernidade

> Na Idade Média muitos teólogos seguiam Aristóteles e


começam com a questão do ser de Deus. A Escritura era
uma fonte de autoridade, mas não a única. A razão também
poderia conhecer a existência e essência de Deus.

> Na modernidade, com Descartes, o método e o processo


contam mais. As perguntas preliminares corretas já não
importam, apenas os procedimentos corretos.

> O racionalismo adentra na teologia;

> A pós modernidade critica esse olhar inocente e racional.

83
A filosofia primeira: dos pré socráticos à pós
modernidade;

> A linguagem como filosofia primeira: Derrida – não há nada


fora do texto.

> A ética como filosofia primeira: Levinas: não reduzir o outro


a si mesmo;

> A bíblia e a crítica ideológica.

84
A Teologia primeira
> Pensar em Deus sem as Escrituras: o sensus divinitatis.

> Pensar as Escrituras sem Deus: o sensus literalis. (Frye)

> O sensus fidelium: comunidades interpretativas, mas qual?

> Sensus scripturalis: hermenêutica teológica como teologia


primeira

85
Vanhoozer e a Teoria dos Atos de Fala
A teoria dos Atos de fala.

Wittgenstein, On Certanty:

204. Fundamentar, no entanto, justificando as evidências,


vêm a um fim; mas o fim não é certas proposições que nos
parecem imediatamente verdadeiras, ou seja, não é uma
espécie de visão de nossa parte; é a nossa atuação, que
está na base do jogo de linguagem. 

Cita Goethe em OC, 402. 

86
Vanhoozer e a Teoria dos Atos de Fala
A teoria dos atos de fala, em linguística e filosofia da
linguagem, é o nome dado ao projeto filosófico de John
Langshaw Austin, que concebe a linguagem como
ação.Austin faz parte da escola de filosofia analítica de
Oxford, cuja fundação é atribuída a Gilbert Ryle. O fator
que caracteriza os filósofos desta escola é a análise
minuciosa da linguagem, na verdade da linguagem
ordinária.

How to do Things with Words (publicado postumamente


em 1962)

87
Vanhoozer e a Teoria dos Atos de Fala
1. ato locutório: corresponde ao ato de pronunciar um enunciado.
2. ato ilocutório: corresponde ao ato que o locutor realiza quando
pronuncia um enunciado em certas condições comunicativas e com
certas intenções, tais como ordenar, avisar, criticar, perguntar, convidar,
ameaçar, etc. Assim, num ato ilocutório, a intenção comunicativa de
execução vem associada ao significado de determinado enunciado.
3. ato perlocutório: corresponde aos efeitos que um dado ato ilocutório
produz no alocutário. Verbos como convencer, persuadir ou assustar
ocorrem neste tipo de atos de fala, pois informam-nos do efeito causado
no alocutário.

88
Vanhoozer e a Teoria dos Atos de Fala
Três exemplos:

1. Trindade:
Autor: agente intencional + texto: ato comunicativo
intencional + leitor responsável.
Pai, Filho e Espírito: Autor – Palavra – Intérprete

2. Chamado eficaz

3. Justificação pela fé.

89
Vanhoozer e o Teodrama
As dimensões da teologia:

Não é apenas terapêutica: 1. doxológica; 2. Comunicativa;


3. Crítica.
Distinguir entre o verdadeiro e falso conhecimento de
Deus.
A doutrina cristã é a recompensa que a fé recebe no final
da busca pelo sentido do testemunho apostólico sobre o
que Deus realizou no evento de Jesus Cristo.

90
Vanhoozer e o Teodrama
Crítica ao fundacionalismo (p. 308):

1. Não leva em conta os vários gêneros literários da


Bíblia;

2. O procedimento de geração de conhecimento subtrai


do processo o conhecedor;

3. Razão é neutra e universal

91
Aula 05
Teologia Sistemática e as
outras áreas da teologia
Tomando café com as comadres
1. Teologia Sistemática e Teologia bíblica
2. Teologia Sistemática e Teologia histórica
3. Teologia Sistemática, teologia prática e
apologética
4. Teologia Sistemática e teologia das religiões
5. Teologia Sistemática e a filosofia.

93
Estudo de caso: Provérbios
> Charles Hodge e Herman Bavinck, que
compartilham convicção teológica e tamanho
(obras de 3-4 volumes):

> Hodge cita 12 textos exclusivos de


Provérbios, repetindo alguns para um total
de 19; Bavinck cita 102 e com repetições
totaliza 161 

94
Estudo de caso I
Robert Sherman descreve a exegese de Karl Barth do
livro de Jó e o localiza dentro do sistema teológico mais
amplo de Barth (Sherman, Robert J. 2000. “Reclaiming a
Theological Reading of the Bible: Barth’s Interpretation
of Job As a Case Study.” International Journal of
Systematic Theology 2/2: 175–88.).

John Bolt considera brevemente o uso de Herman


Bavinck do conceito bíblico de sabedoria, mas não o
texto da literatura sapiencial como tal (Bolt, John. 2011.
“Bavinck’s Use of Wisdom Literature in Systematic
Theology.” Scottish Bulletin of Evangelical Theology 29:
4–23)

95
Provérbios 8. 22-31
Teólogos quase uniformemente usam Provérbios 8:
22-31 para argumentar a favor da distinção dentro
da unidade entre o Pai e o Filho, a eternidade desse
relacionamento e a identidade de Cristo como
Sabedoria
(à Brakel: 1:160–61; Bavinck: 2:261, 421, 423;
Berkhof: 86; Bray: 167; Calvin: 13.7; Frame: 111, 323,
435; Gill: 1.xxiv.1; Grenz: 393; Grudem: 229; Härle:
335, 402; Hodge: 1:505; Johnson: 125; Kraus: 72,
409; Moule: 71; Strong: 309, 341, 378, 380;
Thiessen: 287; Turretin: 1:292–95, 287; 2:178, 344).

96
Provérbios 8. 22-31
> Uso no debate ariano (Bavinck: 2:290, 310; Berkouwer
1954: 61; Calvin: 14.8; Erickson: 696; Grudem: 243;
Hodge: 1:396–97).
> Uso na doutrina da criação: (Mason: 78; Frame: 192;
Bavinck: 2:418, 426; Fitzwater: 245; Garrett: 345; Gill
1767: 3.i.3; Turretin: 1:437; Oden: 1:245; Barth: 3.i.52;
van Oosterzee: 262; Dorner: 296).
> Uso na doutrina dos decretos, revelação (geral e
especial) e atributos de Deus (Bavinck: 1:318, 314;
2:372, 421; Gill 1767: 1.xix.3; 2.i.2; 2.iv; Thiessen: 152;
Turretin: 1:431, 540; Frame:180; Johnson: 61; Kraus: 98,
209; Berkhof: 69; Berkouwer 1952: 205; Barth: 3.i.145;
Thielicke: 1:195; Pope: 125, 146).

97
Pv. 8 no judaísmo Colossenses 1.15-20
Sabedoria/Palavra é a imagem Cristo é a imagem de Deus
de Deus. (v.15a)
  Provérbios 8 no judaísmo e em
Wis 7:25–26; Philo, Alleg. Interp. 1.43,
2.4, 3.96; Confusion 97, 146–47;
Colossenses
Creation 25, 31, 146; Planting 19–20; Flight 12–
13, 101; Names 223; Dreams 1.239, 2.45; Moses
1.66; Spec. Laws 1.81, 1.171, 3.83, 3.207; Heir
231; QG 2.62.

Sabedoria/Palavra é a Cristo é o primogênito de toda a


“primogênita” (de toda a criação (v.15b).
criação).
 
Philo, Confusion 146–47; Dreams 1.215;
Agriculture 51; Heir 117–19; cf. Pv. 8:25

Sabedoria/Palavra é o princípio Cristo é o princípio da criação


da criação renovada (v.18b).
 
Philo, Confusion 146–47; Alleg. Interp.
1.43. Cf. Pv. 8:22.
98
Pv. 8 no judaísmo Colossenses 1.15-20
Sabedoria/Palavra é Cristo é preexistente a criação
preexistente a criação. (v.17a).
  Provérbios 8 no judaísmo
  e em
Pv. 8:23–25 lxx (πρό [6x]); Sir 24:9; αὐτός ἐστιν πρὸ πάντων
Colossenses
Wis 9:9; Aristob. 5.10–11a; Philo,
Migration 6; cf. Jo. 1:1–3.

Sabedoria/Palavra é agente da Cristo é agente da criação


criação. (v.16f).
   
Pv. 8:22 lxx (εἰς ἔργα αὐτοῦ); Wis τὰ πάντα δι᾽ αὐτοῦ ... ἔκτισται
7:22, 8:6, 9:1; Philo, Flight 12, 109;
Spec. Laws 1.81; Unchangeable 57; Heir
199; Migration 6; Worse 54, 115–16;
Sacrifices 8; Alleg. Interp. 1.65, 3.96;
Drunkenness 30–31; Virtues 62; Dreams
1.241, 2.45; 2 En. 30:8; cf. Alleg. Interp.
2.49; Heir 53; Jo. 1:1–3.
Sabedoria/Palavra sustenta a Cristo sustenta a criação (v.17b)
criação.  
  τὰ πάντα ἐν αὐτῷ συνέστηκεν
Philo, Flight 112; Heir 187–88; cf. Wis
1:6–7 (“Sabedoria” e “Espírito do Senhor”
são intercambiáveis nesse último texto).
 

99
Pv. 8 no judaísmo Colossenses 1.15-20
Sabedoria é a “cabeça”. Cristo é o cabeça da igreja, que
  é seu corpo (v.18a).
Provérbios 8 no judaísmo e em
O κεφάλαιον de Áquila em Pv. 8:22 (140
d.C); Ver Midr. Rabbah Song of Songs
Colossenses
5.11, §1; Midr. Rabbah Leviticus 19.1 (a
evidência é posterior ao primeiro século,
mas sua tradição remonta aos tempos de
Paulo).

O emprego volumoso de πᾶς O emprego volumoso de πᾶς


(tudo) para descrever a natureza (tudo) para descrever a natureza
e a extensão da atividade da e a extensão da atividade de
Sabedoria. Cristo.
   
Wis 7:22, 23, 24, 27, 8:1, 5, 9:1; Philo, Cl. 1:15, 16a, 16f, 17a, 17b, 18d,
Flight 112. 19, 20.

A expressão “contém toda a Em Cristo agradou a Deus que


plenitude (de Deus). habitasse toda a plenitude 1.19
ecoando Sl. 67.17 (LXX), a
Philo, Dreams 1.75. A Sabedoria/Palavra é referência é a presença de Deus
a casa (templo) de Deus. Philo, Migration
4–6; cf. Alleg. Interp. 3.46 no templo de Sião. O paralelo
com Fílo é o forte tom templário
de Cl. 1.19
100
Provérbios 8 no judaísmo e em
Colossenses
Pv. 8 no judaísmo Colossenses 1.15-20
 
Sabedoria é a agente de Cristo é o agente de
reconciliação e paz entre Deus e reconciliação e paz entre Deus
a humanidade. e a humanidade (v.20)
 
Philo, Heir 205–6; QE 2.68.

Análise e conclusão.

101

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