Você está na página 1de 2

Contextualização histórica do pensamento de Rudolf Karl Bultmann

Rudolf Karl Bultmann1 ocupou-se com muitos temas da teologia, filologia e arqueologia.
Levantou questões importantes que dominaram a discussão teológica do século passado e são
relevantes até hoje, como, por exemplo, o problema da desmitologização.

Teve como mestres homens de clara fama liberal e de orientação histórico-


critica. Em Tubingen, o historiador da Igreja Karl Muller; em Berlim, o
estudioso vetero-testamentário Hermann Gunkel e o grande historiador
dos dogmas Adolf Harnack; em Marburg, dois estudiosos do Novo
Testamento, Adolf Julicher e Johannes Weiss, e o teólogo sistemático
Wilhelm Herman n. Foi a conselho de Weiss que Bultmann se orientou
para os estudos de exegese neotestamentária. (MONDIN. 2003:177)

Em 1921, publicou uma de suas obras mais significativas, a célebre Die Geschichte der
synoptischen Tradition (História da Tradição Sinóptica), na qual introduzia no âmbito da
pesquisa neotestamentária o método histórico das formas (Formgeschichte).
Na década de vinte, também ensinava em Marburg Martin Heidegger. Bultmann teve assíduos
contactos com ele e assimilou com entusiasmo sua filosofia existencialista. Via nela o único
instrumento filosófico apto a exprimir a mensagem crista de um modo inteligível para o homem
moderno.
Em 1926, publicou Jesus, em que apresentava a mensagem de Jesus em termos existencialistas.
Contudo, tanto o uso da filosofia existencialista, como meio de expressão da mensagem crista,
como o emprego da Formgeschichte, com uma forte acentuação do elemento histórico-crítico.
Em 1941, Bultmann publicou Neues Testament und Mythologie (Novo Testamento e Mitologia),
o celebre ensaio em que lançou o famoso programa de desmitologização do Novo Testamento.

1
Nasceu em Wiefelstede (Oldenburg), na Alemanha, em 20 de agosto de 1884, Filho mais velho de um ministro
protestante da Igreja Luterana, cresceu num ambiente profundamente religioso. Cursou a escola primária em
Rastede, em 1910, licenciou-se em teologia, com a tese Der Stil (lerpaulirdschen Predigt und die kynisch-stoische
Diatribe (O Estilo da Pregação Paulina e a Diatribe Cinico-estoica), e dois anos mais tarde obteve a livre docência,
com uma dissertação sobre a exegese de Teodoro de Mopsuestia. Em 1912 começou a trabalhar como docente na
área de Bíblia - Novo Testamento em Marburg; em 1916, tornou-se professor em Breslau; em 1920 foi para
Giessen e, em 1921, transferiu-se para Marburg, onde viveu e trabalhou até o final de sua Vida.
Ocupou-se com muitos temas da teologia, filologia e arqueologia. Levantou questões importantes que dominaram
a discussão teológica do século passado e são relevantes até hoje, como, por exemplo, o problema da
desmitologização.
Segundo Reale e Antiseri (2006:363), com a teoria da desmitologização do Novo Testamento,
Bultmann pretendia justamente desmitizar a narração evangélica, descobrir o significado
profundo escondido sob as concepções mitológicas, dito de outra forma, quis distinguir entre o
conteúdo essencial do evangelho e a forma mitológica assumida por esse conteúdo.
O seu escrito obteve ressonância mundial e exerceu uma influência positiva sobre toda a teologia
depois da última Grande Guerra. Por isso, o ano de 1941 encontra-se entre os mais significativos
da teologia no século XX.
Lançou por último as obras Teologia do Novo Testamento de 1948 (Theologie des Neuen
Testaments) e Religião sem Mito de 1954 (em parceria com Karl Jaspers, título original: Die
Frage der Entmythologisierung).

Considerando um homem integral pois, nunca separou o filósofo do teólogo nem o teólogo do
exegeta, também nunca separou a doutrina da vida. Mesmo quando em 1935, o governo nazista
proibiu que as faculdades de teologia se inserissem nas discussões entre Estado e Igreja,
Bultmann respondeu com uma carta em que dizia: "Para um docente de teologia, e
absolutamente impossível deixar de tomar posição sobre aquilo que interessa a Igreja, se não
quiser perder todo contacto entre actividade literária e vida concreta, da qual a primeira retira
a sua vitalidade" (idem, p178).

Nos seus últimos anos de vida, Bultmann foi atormentado por cegueira tendo morrido em 30 de
Julho de 1976.

Referências Bibliográficas
MONDIN, Battista. (2003). Os grandes teologos do seculo vinte. Trad. Jose Fernandes.
Sao Paulo, Teologica.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. (2006). História da Filosofia. V.6. São Paulo, Paulinas.

Você também pode gostar