ABORDAGEM PSICOTERAPÊUTICA II

GESTALT TERAPIA
PROF. YURI ELLER VERZOLA
 O QUE É GESTALT?

• GESTALT TERAPIA TIRA O NOME DA PSICOLOGIA DA GESTALT.

• GESTALT É UMA PALAVRA ALEMÃ SEM TRADUÇÃO EQUIVALENTE EM OUTRA LÍNGUA. UMA
GESTALT É UMA FORMA, UMA CONFIGURAÇÃO, O MODO PARTICULAR DE ORGANIZAÇÃO
DAS PARTES INDIVIDUAIS QUE ENTRAM EM UMA COMPOSIÇÃO.

• O OLHAR PARA AS TOTALIDADES E COMO ESTAS SE RELACIONAM COM SUAS PARTES.

GESTALT, COMO UM TODO PERCEBIDO, NÃO É ALGO QUE
ACONTECE LÁ OU AQUI, MAS ALGO QUE ACONTECE ENTRE
A REALIDADE EXTERNA E A CONSCIÊNCIA.
• JÁ A PSICOTERAPIA É UM DISCURSO QUE PRESSUPÕE UMA LEITURA CRÍTICA
DAS RELAÇÕES DE PODER E SUAS FORMAS DE SUBJUGAÇÃO, E QUE PROCURA
FAZER UM ESTUDO RIGOROSO DOS EFEITOS CLÍNICOS DAS RELAÇÕES ENTRE
NOSSA NATUREZA E A CULTURA. (BELMINO)
FRITZ PERLS LAURA PERLS PAUL GOODMAN
• O GESTALT TERAPEUTA NÃO QUER SER NEUTRO PERANTE O MUNDO

ELE QUER MARAVILHAR-SE COM O MUNDO (BELMINO)

HISTÓRIA E CONTEXTO DA
GESTALT TERAPIA
 A HISTÓRIA DA GT: FRITZ PERLS
JUDEU, NASCE EM 1893 EM BERLIM. FAMÍLIA CONFLITUOSA, MAS COM
FACHADA FELIZ. REBELDE, CRESCE GOSTANDO MUITO DE ARTES E
DECIDE ESTUDAR MEDICINA.
ATEU, INFLUENCIA DE PENSADORES COMO NIETZSCHE E MARX.

PARTICIPOU DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918) DO LADO

ALEMÃO. “VIDA NA TRINCHEIRA, AGONIA. HORROR DE VIVER E
HORROR DE MORRER. CONFUSO”.
ESTUDA PSICANÁLISE E TAMBÉM COM REICH, DEPOIS GOLDSTEIN.
EM 1934 FOGE DA ALEMANHA POR CAUSA DE HITLER. COM LAURA,
ESCREVE EGO, FOME E AGRESSÃO NA ÁFRICA DO SUL.

EM 1936 PARTICIPA DE UM CONGRESSO INTERNACIONAL DE

Fritz e Laura Perls em 1930
PSICANÁLISE, APRESENTANDO A TEORIA DAS RESISTÊNCIAS ORAIS
A PARTIR DE 1942, SERVIU NO EXÉRCITO DA ÁFRICA DO SUL COMO
MÉDICO PSIQUIATRA DURANTE QUATRO ANOS E MEIO EM PRETORIA.
EM 1946, FOI EMBORA POR MEDO DO APARTHEID.
(A LIFE CHRONOLOGY - FREDERICK PERLS. FONTE: GESTALT.ORG)
• INFLUENCIADO POR SALOMON
FRIEDLANDER, FILÓSOFO QUE TRAZ UMA
NOVA FORMA DE COMPREENDER A
DIALÉTICA. A INDIFERENÇA CRIATIVA.

• CONTATO COM O PRIMEIRO MINISTRO DA

ÁFRICA DO SUL, JAN SMUTS, QUE
FUNDAMENTA O HOLISMO.
 LORE POSNER - LAURA PERLS
• BAILARINA, PIANISTA, ESCRITORA.
• ESTUDA EURITMA – TRABALHA O CORPO E A
AFETIVIDADE.
• FILOSOFIA EXISTENCIALISTA,
FENOMENOLOGIA E FILOSOFIA DO
DIÁLOGO – ALUDA DE MARTIN BUBER.
• TEVE PROFUNDA EXPERIÊNCIA COMO
CLÍNICA.
• SUA EXPERIÊNCIA COMO MÃE A FEZ PENSAR
O DESENVOLVIMENTO HUMANO.
 A HISTÓRIA DA GT.
• EM 1951, JÁ NOS EUA LANÇA O GESTALT TERAPIA COM
PAUL GOODMAN E RALPH HEFFERLINE.
• DEBATES COM O GRUPO DOS SETE: ISADORE FROM,
GOODMAN, PAUL WEISZ, SYLVESTER EASTMAN, ELLIOT
SHAPIRO, LAURA E FRITZ PERLS (MÉDICOS, FILÓSOFOS,
PSICÓLOGOS, EDUCADORES ETC).
• O HUMANISMO E O CONCEITO DE AUTORREGULAÇÃO
ORGANÍSMICA NO PÓS-GUERRA.
• LAURA PERLS ESTUDAVA EXISTENCIALISMO,
FENOMENOLOGIA E A PSICOLOGIA DA GESTALT.
• KURT GOLDSTEIN (TEORIA ORGANÍSMICA) TAMBÉM
FUGIU DO NAZISMO, INDO PARA OS EUA.
Perls em Esalen, 1963
• (FRAZÃO, 2013)
 PAUL GOODMAN, PACIFISMO, ANARQUISMO E
MOVIMENTOS DE CONTRACULTURA
• NASCE EM 1911, EM NOVA IORQUE. PROFESSOR E ESCRITOR DE
LITERATURA, POESIA E TEATRO. TAMBÉM PUBLICOU SOBRE
ARQUITETURA, EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA.
• ESCREVIA TEXTOS POLÍTICOS, BEM COMO LITERÁRIOS.
• BISSEXUAL ASSUMIDO DESDE A DÉCADA DE 1940.
• ANARQUISTA, INSPIRADO POR PIOTR KROPOTKIN.
• PENSAVA OS EFEITOS POLÍTICOS DO PENSAMENTO PSICANALISTA
• “GOODMAN ACREDITAVA QUE GRUPOS DE PESSOAS, LIDANDO
DIRETAMENTE UM COM O OUTRO EM UMA ESCALA PEQUENA, PODE
COMEÇAR A COSTURAR UMA COMUNIDADE NOVA E HUMANIZADA
PARA ALÉM DA GRANDE SOCIEDADE DE MASSA DA ERA PÓS
INDUSTRIAL E SUPERCENTRALIZADA” (MILLER, 2012)

• (FONTES: DOCUMENTÁRIO PAUL GOODMAN CHANGED MY LIFE, Paul Goodman em protesto em Nova Iorque (1968)
2011; MILLER, PAUL GOODMAN: THE POETICS OF THEORY, 2012)
 PAUL GOODMAN, PACIFISMO, ANARQUISMO E
MOVIMENTOS DE CONTRACULTURA
• PACIFISTA, PROTESTOU CONTRA A GUERRA DO VIETNÃ.

• GOODMAN, ENQUANTO TERAPEUTA, BUSCAVA DESCONSTRUIR O

LUGAR DE HIERARQUIA ENTRE TERAPEUTA E CLIENTE.

• LUTA CONTRA AS OPRESSÕES NOS MOVIMENTOS DE

CONTRACULTURA NA DÉCADA DE 1960.

• BUSCA DE LIBERDADE – CULTURAL, SOCIAL, CIVIL, SEXUAL.

• MOVIMENTOS FEMINISTAS E ANTIRRACISTAS.

• PERLS TEM DESTAQUE NO SEU TRABALHO PERCORRENDO OS EUA,

GANHA FAMA COMO “PAI DOS HIPPIES” E A TRANSFORMAÇÃO DA
CONTRACULTURA. Dr. Martin Luther King Jr., referência na luta
por direitos civis e na luta antirracista
 8. A
INSPIRAÇÃO
HUMANISTA:
DIGNIDADE
HUMANA E A
PESSOA COMO
FIM

• NA PSICOLOGIA ESTADUNIDENSE,
COMEÇOU A SURGIR A TERCEIRA
FORÇA EM PSICOLOGIA, NA
DÉCADA DE 1960.

• DEMANDA DE OLHAR PARA O SER

HUMANO DE FORMA AMPLA E
INTEGRADA.

• ABRAHAM MASLOW COMO

PRIMEIRA REFERÊNCIA.
A INSPIRAÇÃO HUMANISTA: DIGNIDADE HUMANA E A
PESSOA COMO FIM
• A CRENÇA NA AUTONOMIA, EM QUE A
PESSOA TEM A TENDÊNCIA DE ENCONTRAR A
• “A COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA VIVIDA
MELHOR ALTERNATIVA PARA AS SUAS
PODE SE TORNAR INADVERTIDAMENTE A
DIFICULDADES.
APROVAÇÃO DE UMA EXISTÊNCIA
AUTOCENTRADA. CAMINHAMOS, COMO TEMIA
E ALERTAVA BUBER, POR UMA “VEREDA
• HUMANISMO NÃO É INDIVIDUALISMO. A
ESTREITA”, E O RISCO DE CAIR NO
IMPORTÂNCIA DA INTIMIDADE E DO
DESPENHADEIRO DO INDIVIDUALISMO
COMPARTILHAR.
TERAPÊUTICO NOS RONDA A CADA PASSO! A
ÉTICA HUMANISTA, HERDEIRA TAMBÉM DO
• O SER HUMANO COMO FIM E NÃO COMO EXISTENCIALISMO, NOS ATRIBUI A CONDIÇÃO
MEIO OU INSTRUMENTO, SENDO TOMADO DE SER COM” (MENDONÇA, 2013).
COMO VALOR ABSOLUTO.
 A CHEGADA DA GT NO BRASIL:
DITADURA CIVIL-MILITAR
• A GT CHEGA NO BRASIL NA DÉCADA DE 1970, EM
PLENA DITADURA CIVIL-MILITAR.
• O MARCO HISTÓRICO É DE 1972, ATRAVÉS DA
PUBLICAÇÃO DO ARTIGO DE THÉRÈSE AMELIE TELLEGEN:
ELEMENTOS DE PSICOTERAPIA GUESTÁLTICA, NO
BOLETIM DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO.

• O MOVIMENTO TROPICALISMO MARCA A RESISTÊNCIA

CULTURAL DA ÉPOCA.
• “É PROIBIDO PROIBIR”

• NA PROIBIÇÃO DE SE DISCUTIR QUESTÕES SOCIAIS, OS

PROBLEMAS FORAM SE PRIVATIZANDO, COM ENFOQUE “Tropicália” de Hélio Oiticica
PSICOLÓGICO DENTRO DO ÂMBITO FAMILIAR.
 A CHEGADA DA GT NO BRASIL:
DITADURA CIVIL-MILITAR
A GT (junto com psicodrama, ACP e Reich) encontra
os anseios de psicólogos querendo resistir a
opressão e fazer um trabalho mais “social”, com
grupos.

Ecoa nos brasileiros o clamor pela liberdade que a

GT trazia.

Os trabalhos que chegaram primeiro foram os que

tratavam de experimentos e técnicas, como a
“cadeira vazia” e a “cadeira quente”.
Posteriormente, se aprofundaram as questões
teóricas.

(Ferreira-Esch, Jacó-Vilela, 2019)

 FUNDAMENTOS DA CLÍNICA GESTALTICA

• FRIEDLANDER – INDIFERENÇA CRIATIVA

• GOLDSTEIN – TEORIA ORGANÍSMICA
• FENOMENOLOGIA
• EXISTENCIALISMO
• HUMANISMO
• BUBER - PSICOTERAPIA DIALÓGICA
• CRÍTICAS À IDEIA DE SEPARAÇÃO ENTRE O
CORPO, A RAZÃO E O AFETO.
• REFORMULAÇÃO DO QUE SERIA A
DIMENSÃO IRREFLETIDA DO HOMEM.
• O ENTENDIMENTO ORGANÍSMICO DA
DIMENSÃO IRREFLETIDA (GOLDSTEIN)
• A BUSCA POR EQUILÍBRIO E A ANGÚSTIA
COMO SINAL DE DESEQUILÍBRIO
• A BUSCA DE EQUILÍBRIO SE DÁ A PARTIR DAS
NECESSIDADES, ESTAS NÃO SÃO PRÉ
DETERMINADAS, MAS CONSTRUÍDAS NA
RELAÇÃO ORGANISMO/AMBIENTE.

• O EGO É VISTO COMO FUNÇÃO DO

ORGANISMO. (ASSIM COMO A RESPIRAÇÃO É
UMA FUNÇÃO DOS PULMÕES E DO AR)

• O COMPORTAMENTO É COMPREENDIDO
FUNCIONALMENTE E RELACIONALMENTE.
• A FUNÇÃO DO EGO DE ESCOLHER O QUE
FOR INTERESSANTE E REJEITAR O QUE NÃO
É, PERLS CHAMA DE AGRESSÃO.

• A APREENSÃO DO NOVO ATRAVÉS DA

AGRESSÃO CHAMAMOS DE CONTATO.

• O CONTATO PROMOVE O CRESCIMENTO

DO ORGANISMO.
• ALGUNS ORGANISMOS, PRINCIPALMENTE EM
FUNÇÃO DE UMA CULTURA OPRESSORA E
REPRESSIVA, EVITAM O CONTATO COM A
NOVIDADE, IMPEDINDO O CRESCIMENTO E A
MATURAÇÃO DO ORGANISMO.

• OS AUTORES IDENTIFICAM A SOCIEDADE

JUDAICO-CRISTÃ COMO CRIADORA DE HÁBITOS
EVITATIVOS, COM ORGANISMOS APÁTICOS E
EXCESSIVAMENTE CONTROLADOS

• NEUROSE É COMPREENDIDA COMO EVITAÇÃO

DE CONTATO
• O ORGANISMO SAUDÁVEL FUNCIONA
COMO UM FLUXO.

• UM FLUXO CONSCIENTE DO MOMENTO

PRESENTE.

• O ORGANISMO É UM TODO (UMA GESTALT)

QUE A CADA MOMENTO BUSCA MEIOS DE
RESOLUÇÃO DAS NECESSIDADES FRENTE AO
AMBIENTE.
• A EXPERIÊNCIA, EM UM PRIMEIRO MOMENTO
ENTENDIDA COMO EXPERIÊNCIA DO
ORGANISMO, É COMPREENDIDA COMO
EXPERIÊNCIA DE CAMPO.

• A GT É SEMPRE INTERSUBJETIVA, COM FOCO

NA RELAÇÃO TERAPEUTA/PACIENTE.
FENOMENOLOGIA E GT
• FRANZ BRENTANO (1838-1917)
• FILÓSOFO.

• INFLUENCIA FREUD, WUNDT E HUSSERL.

• PROPÔS O ATO DA CONSCIÊNCIA.

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SA-NC
• DISTINGUE FENÔMENOS FÍSICOS COMO
OBJETOS QUE EXISTEM NO MUNDO, PORÉM
QUE PRECISAM DA CONSCIÊNCIA, OU SEJA,
DOS FENÔMENOS PSÍQUICOS, ATRAVÉS DE
ATOS DE REPRESENTAÇÃO PARA OBTEREM • O ATO DE REPRESENTAR CONTÊM AO
SENTIDO NO MUNDO. MESMO TEMPO O FENÔMENO PSÍQUICO E
O FENÔMENO FÍSICO.
• BRENTANO CRIA A PSICOLOGIA DO ATO,
SEGUNDO A QUAL O FENÔMENO PSÍQUICO
SE CONSTITUI COMO ATIVIDADE E NÃO
COMO CONTEÚDO.
• TODO ATO PSÍQUICO É CONSCIÊNCIA, OU
SEJA, O FENÔMENO FÍSICO INTENCIONA O
FENÔMENO PSÍQUICO
• ATRAVÉS DA SENSORIALIDADE (VISÃO,
AUDIÇÃO, GUSTAÇÃO, OLFATO E SENSAÇÃO
TÁTIL) QUE LHE DÁ SENTIDO DE UNIDADE,
UMA GESTALT
• UM TODO COM SUAS PARTES
INDISSOCIADAS.
• “TODA CONSCIÊNCIA É CONSCIÊNCIA DE
ALGUMA COISA”
• (BRENTANO)
 FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL
• É SÓ A CONSCIÊNCIA QUE PODE DAR SENTIDO
A UM OBJETO E NESTA RELAÇÃO
INDISSOCIÁVEL ESTÁ PRESENTE O QUE ELE VAI
CHAMAR DE FENÔMENO

• AQUILO DO MUNDO QUE SÓ APARECE PARA

UMA CONSCIÊNCIA.

• A CONSCIÊNCIA NÃO ESTÁ FECHADA EM SI

MESMA, PELO CONTRÁRIO, ELA SE ABRE AO
MUNDO É NESTE ENCONTRO QUE OCORRE O
FENÔMENO.
• HUSSERL PROCURA, A PRINCÍPIO, PELA EPOCHÉ (REDUÇÃO EIDÉTICA E FENOMENOLÓGICA)
CHEGAR A UM EU E A UM OBJETO PUROS EM SUAS PROPRIEDADES ESSENCIAIS,
RETIRANDO TODAS AS QUALIDADES CIRCUNSTANCIAIS, OU ACIDENTAIS, COM O FIM DE,
ESTANDO DE POSSE DE UM EU E DE UM OBJETO PUROS, FUNDAR UMA NOVA TEORIA DO
CONHECIMENTO DE MODO SÓLIDO E INQUESTIONÁVEL.

• PARA ISSO, É IMPRESCINDÍVEL UMA MUDANÇA RADICAL DE ATITUDE: A REDUÇÃO

FENOMENOLÓGICA OU EPOCHÉ VAI CONSISTIR EM “PÔR ENTRE PARÊNTESES” A
REALIDADE DO SENSO COMUM. NÃO SE DEVE PERMANECER AO NÍVEL DAS IMPRESSÕES
SENSÍVEIS, MAS SIM CAPTAR A “ESSÊNCIA” OU O SENTIDO DAS COISAS. POR ISSO É QUE
A INTUIÇÃO RECEBE O QUALIFICATIVO DE EIDÉTICA, OU SEJA, É A “VISÃO DAS
ESSÊNCIAS”.
• FENOMENOLOGIA, NO SEU TERMO LITERAL, SIGNIFICA “ESTUDO DOS FENÔMENOS”, ISTO É,
DAQUILO QUE É DADO À CONSCIÊNCIA. CONSCIÊNCIA É MUITO MAIS DO QUE APONTAVAM ATÉ
ENTÃO A FILOSOFIA, A PSICOLOGIA E PRINCIPALMENTE O SENSO COMUM, QUE A VIAM COMO
UM LUGAR ONDE, DE ALGUMA MANEIRA, SE PRENDE O CONHECIDO.

• HUSSERL VÊ A CONSCIÊNCIA COMO UMA SÍNTESE EM FLUXO QUE NÃO TEM NENHUMA
SUBSTANCIALIDADE, SENDO MAIS UMA DINÂMICA ENTRE SUJEITO E OBJETO, ONDE TODO SER
RECEBE SEU SENTIDO E VALOR.
• MÉTODO DE APROXIMAÇÃO E
COMPREENSÃO DOS FENÔMENOS, A
FENOMENOLOGIA EXIGE UMA NOVA
ATITUDE DIANTE DO CONHECIMENTO E DA
FILOSOFIA DA CIÊNCIA.

• SUA TAREFA É ELUCIDAR NÃO O MUNDO E A

REALIDADE TOMADOS EM SI MESMOS, MAS
AS RELAÇÕES VIVIDAS E EFETIVAS QUE SE
ESTABELECEM, AO MESMO TEMPO
NECESSÁRIA E LIVREMENTE, ENTRE HOMEM E
MUNDO.
• COMO APREENDER UM HOMEM? NÃO O HOMEM EM GERAL NEM O HOMEM EM SI, MAS AQUELE
À SUA FRENTE, COM TODA A SUA SINGULARIDADE, UNICIDADE E ORIGINALIDADE? SE FORMOS
OLHÁ-LO DO PRISMA DE UM PRÉ-CONCEITO, DE UMA PRÉ-REFLEXÃO, DE UMA PRÉ-DEFINIÇÃO OU
DE UM DIAGNÓSTICO PRÉVIO, NÃO O ENXERGAREMOS EM SUA PARTICULARIDADE NEM EM SUA
COMPLEXIDADE, MAS SOMENTE NAQUILO QUE JÁ PRÉ-VIMOS.

• É PRECISO PÔR EM SUSPENSÃO O SENSO COMUM, AS ESTRUTURAS PRÉVIAS DE INTERPRETAÇÃO E

A TRADIÇÃO SEDIMENTADA.
ATENÇÃO À PALAVRA
• A CONSCIÊNCIA TEM UM CARÁTER
TEMPORAL, O QUE PERMITE COMPREENDER
OS SEUS ATOS NÃO DELIBERADOS ->
INTENCIONALIDADE.

• É COMO SE, A CADA ATO, O PASSADO

(VIVIDO) SE APRESENTASSE COMO
ORIENTAÇÃO A PARTIR DE UMA
CONFIGURAÇÃO ÚNICA QUE CONSTITUÍSSE
OS OBJETOS DADOS E AS POSSIBILIDADES
FUTURAS.
• DE FORMA DELIBERADA OU NÃO, A
CONSCIÊNCIA É SEMPRE INTENCIONAL,
CORRELACIONADA AO MUNDO E
CONSTITUÍDA POR SUA INSEPARABILIDADE.

• A EXPERIÊNCIA É SEMPRE INTERSUBJETIVA E

ESCOA EM UMA FORMA TEMPORAL, NO
QUAL PASSADO, PRESENTE E FUTURO SÃO
TRÊS DIMENSÕES COEXISTENTES QUE
HABITAM O MESMO CAMPO EXISTENCIAL.
• A COMPREENSÃO É MAIS ORIGINÁRIA QUE A INTERPRETAÇÃO. ASSIM, TODA INTERVENÇÃO,
QUE NÃO PRECISA NEM DEVE TER A FORMA DE UMA INTERPRETAÇÃO – BUSCANDO EVITAR UM
ENCURTAMENTO –, EMBORA ADVENHA DE UMA LEITURA INTERPRETATIVA, SÓ PODE EMERGIR
NUM HORIZONTE COMPREENSIVO. TODA INTERPRETAÇÃO JÁ FOI DEMARCADA POR UM
HORIZONTE COMPREENSIVO.
• NA FALA SEM UMA EXPRESSÃO EMOCIONADA
A HISTÓRIA JÁ É UMA LEITURA ENCURTADA.
QUANDO O PACIENTE A CONTA AO
PSICOTERAPEUTA, JÁ O FEZ A SI MESMO
INÚMERAS VEZES.

• A GT, TRADICIONALMENTE, TEM MUITAS

TÉCNICAS PARA INCENTIVAR A EXPRESSÃO.
MAS EM ALGUNS MOMENTOS OS LIMITES DOS
PACIENTES NÃO ESTAVAM SENDO
RESPEITADOS.
• A GESTALT-TERAPIA CONTEMPORÂNEA TENDE, A PARTIR DE
ENTÃO, A VALORIZAR O “EXPERIMENTO” EM DETRIMENTO
DA TÉCNICA. SE ESTA ÚLTIMA CONDUZIA O PACIENTE A UM
PONTO EM QUE O TERAPEUTA JÁ SE ENCONTRAVA, O
EXPERIMENTO, POR SUA VEZ, NÃO TEM TAL PONTO, DE
MODO QUE PACIENTE E TERAPEUTA CAMINHAM JUNTOS EM
DIREÇÃO AO NOVO, NOVO PARA OS DOIS.
• O FUNDAMENTO DESSE CAMINHAR É QUE
TODO SOFRIMENTO – QUE EM GERAL É O
QUE LEVA O PACIENTE À PSICOTERAPIA – É
UM ENCURTAMENTO DE SEU MUNDO, DE
SUAS POSSIBILIDADES. AO BUSCAR O NOVO,
OUTRAS POSSIBILIDADES APARECEM,
AMPLIANDO O MUNDO COM NOVAS
SIGNIFICAÇÕES E SENTIDO,
INDEPENDENTEMENTE DAS ESCOLHAS FEITAS.
• DESENCURTAMENTO DE MUNDO PODE SER
TAMBÉM CHAMADO DE AMPLIAÇÃO DE
MUNDO, AMPLIAÇÃO DE CONSCIÊNCIA, E
UM DOS PRINCIPAIS PILARES DO TRABALHO
CLÍNICO – FENOMENOLÓGICO E
GESTÁLTICO – É A AWARENESS, ESSA
CONSCIÊNCIA EM FLUXO EM SUA
EXPRESSÃO CORRELATA.
• NESSE MESMO CAMINHO A GESTALT-TERAPIA,
AO PROPICIAR A EXPRESSÃO DO FENÔMENO
“QUE SE MOSTRA NO QUE APARECE”, TEM
CONTRIBUÍDO PARA A DESCRIÇÃO DESSE
MODO DE SER.

• PODEMOS AFIRMAR QUE A GESTALT-TERAPIA,

EM SEU MODO DE SER MAIS ORIGINÁRIO,
POSSIBILITA ESCAPAR DESSE NATURALISMO
OBJETIFICANTE.
 A FACE EXISTENCIAL DA GESTALT-TERAPIA
CLAUDIA LINS CARDOSO
NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO 20, APÓS DUAS GUERRAS MUNDIAIS, A HUMANIDADE SE VÊ
MERGULHADA EM SOFRIMENTO E DESESPERO E DIVERSOS PENSADORES COMEÇAM A DUVIDAR DE
QUE O RACIONALISMO DEFENDIDO ATÉ ENTÃO SERIA A ÚNICA SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS E AS
TRIBULAÇÕES ATRAVESSADAS PELA SOCIEDADE NAQUELE PERÍODO.

É NESSE CONTEXTO QUE O EXISTENCIALISMO SURGE E SE DESENVOLVE, ESPECIALMENTE NA EUROPA

OCIDENTAL, POR MEIO DE REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E SEU MODO PRÓPRIO DE SER NO MUNDO
PROPOSTAS POR SÖREN KIERKEGAARD, MARTIN HEIDEGGER, JEAN-PAUL SARTRE E MARTIN BUBER,
ENTRE OUTROS.
A PALAVRA “EXISTÊNCIA” DERIVA DO LATIM EX-SISTERE, QUE SIGNIFICA SURGIR, EXIBIR-SE,
MOVIMENTO PARA FORA, ESTAR EM TENSÃO PARA ADIANTE.

O EXISTENCIALISMO PODE SER ENTENDIDO COMO UM CONJUNTO DE DOUTRINAS FILOSÓFICAS

CUJO TEMA CENTRAL É A EXISTÊNCIA HUMANA. TENDO POR OBJETIVO COMPREENDER O
HOMEM COMO SER CONCRETO NAS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS E NO SEU VIVER, CONFORME SE
MOSTRA NA SUA REALIDADE.
NA PERSPECTIVA EXISTENCIAL, O HOMEM É CONCEBIDO COMO UM SER LIVRE E RESPONSÁVEL
POR CONSTRUIR A PRÓPRIA EXISTÊNCIA. TAL CONCEPÇÃO FOI SINTETIZADA POR SARTRE (2012,
P. 25) AO AFIRMAR QUE “A EXISTÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA”.

ISSO SIGNIFICA QUE O HOMEM SURGE NO MUNDO COMO UM SER PARTICULAR, SEM A
POSSIBILIDADE DE DEFINIÇÃO PRÉVIA, E SOMENTE DEPOIS PODERÁ VIR A SER.
NASCEMOS COMO SERES DE POSSIBILIDADES E ESCOLHEMOS A TODO INSTANTE, AO LONGO
DE TODA A NOSSA EXISTÊNCIA, AQUILO QUE QUEREMOS SER. SÓ EXISTINDO O SER HUMANO
PODERÁ SER. PORTANTO, O HOMEM É UM SER DE GERÚNDIO, QUE DESIGNA AÇÃO,
MOVIMENTO, E NÃO DE PARTICÍPIO, QUE INDICA UMA AÇÃO JÁ FINALIZADA: ELE NUNCA É, MAS
SEMPRE “ESTÁ SENDO”.
• MAIS DO QUE “AJUSTAR-SE”, A CONDIÇÃO HUMANA ESTÁ RELACIONADA À
RESPONSABILIDADE DE ESCOLHER. MESMO QUANDO NÃO EXPLICITAMOS AO MUNDO NOSSA
OPÇÃO OU DEIXAMOS QUE O OUTRO DECIDA POR NÓS, AINDA SE TRATA DE UMA ESCOLHA
(PELA QUAL CONTINUAMOS RESPONDENDO).
“O IMPORTANTE NÃO É AQUILO QUE FAZEM DE NÓS, MAS
O QUE FAZEMOS DO QUE OS OUTROS FIZERAM DE NÓS”.
SARTRE
• ENTRETANTO, A LIBERDADE NÃO ESTÁ APENAS VINCULADA À ESCOLHA.

• O SER HUMANO É ABERTURA PARA O MUNDO, E SÓ SE CONSTITUI COMO HOMEM

ENQUANTO ESTÁ EM CONEXÃO COM O MUNDO DANDO-LHE UM SENTIDO, O QUE SEMPRE
ACONTECE POR DETERMINADO TEMPO.

• EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, ELE NÃO ESTÁ CONECTADO A NADA EM DEFINITIVO.

• NESSE SENTIDO, O HOMEM É LIBERDADE, CONDIÇÃO PROMOTORA DA ANGÚSTIA.

• UM SENTIMENTO ORIGINADO NO FATO DE O HOMEM VIVER NUM MUNDO DE

POSSIBILIDADES, SEM QUALQUER GARANTIA DE REALIZAÇÃO, SUCESSO OU SEGURANÇA.
ANTES, PARA OS EXISTENCIALISTAS, O HOMEM É UM SER PARA A MORTE. A ANGÚSTIA É,
ENTÃO, O SENTIMENTO CONECTADO AO RECONHECIMENTO DESSA CONDIÇÃO (HEIDEGGER,
2008).
• GILES (1989, P. 19) DESCREVE NAS SEGUINTES PALAVRAS:

• A ANGÚSTIA E O NADA CORRESPONDEM-SE E EQUIVALEM-SE EXATA E CONSTANTEMENTE. [...]

NA ANGÚSTIA, TODO O SENTIDO DA EXISTÊNCIA CEDE LUGAR A UMA DÚVIDA UNIVERSAL
SEM ESPERANÇA. O INDIVÍDUO DEIXA DE TER UM ARRIMO PARA APOIAR-SE. LANÇA-SE NA
PROCURA DE ALGUMA COISA PARA AGARRAR-SE E SÓ ALCANÇA O VÁCUO, VINDO A SENTIR-
SE EM PODER DA MAIS ABSOLUTA SOLIDÃO E ABANDONO. [...]. A ANGÚSTIA É A VERTIGEM
DA PRÓPRIA LIBERDADE.
• AO CONSIDERAR O CLIENTE UM SER PARTICULAR, CONSCIENTE E RESPONSÁVEL, LIVRE PARA
CONSTRUIR SEU PROJETO EXISTENCIAL, A PROPOSTA DO GESTALT-TERAPEUTA É LEVÁ-LO A
TOMAR CONHECIMENTO DO SEU PROJETO DE VIDA E A ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELA
DIREÇÃO DO SENTIDO DE SUA EXISTÊNCIA.

• ESSA REFLEXÃO SE DÁ SEMPRE COM BASE NO PRÓPRIO REFERENCIAL DA PESSOA COMO SER
EM RELAÇÃO, EM CONSONÂNCIA COM SUAS POTENCIALIDADES E RESPEITANDO SEUS LIMITES,
FACILITANDO A INTEGRAÇÃO DOS DIVERSOS ASPECTOS DE SI MESMA E DE SUA LIGAÇÃO
COM O MUNDO.
• A GESTALT-TERAPIA CONCEBE O HOMEM COMO O MELHOR INTÉRPRETE DE SI MESMO, DE SUA
INDIVIDUALIDADE COMPLEXA E DINÂMICA, O QUE É POSSÍVEL MEDIANTE O PRINCÍPIO DA
PRESENTIFICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA (AWARENESS), OU SEJA, NO MODO COMO SEU PASSADO
E SEU FUTURO SÃO EXPERIENCIADOS NO AQUI E AGORA (PERLS, 1977 E 1988).
 A GESTALT-TERAPIA E A ARTE DE CUIDAR

• ETIMOLOGICAMENTE, A PALAVRA “CUIDADO” DERIVA DO LATIM CURA. BOFF (2008) RESSALTA

TAMBÉM QUE CURA, NO LATIM MAIS ANTIGO, ERA GRAFADA COMO COERA E UTILIZADA EM
CONTEXTOS DE RELAÇÕES DE AMOR E DE AMIZADE, NUMA ALUSÃO AO CUIDADO COMO
UMA OCORRÊNCIA VINCULADA À IMPORTÂNCIA QUE A EXISTÊNCIA DA OUTRA PESSOA TEM
PARA AQUELE QUE CUIDA.
• CUIDAR É UMA ATITUDE QUE TRAZ IMPLICITAMENTE O DESPRENDIMENTO DE SI E UM VOLTAR-
SE PARA O OUTRO, NUMA RELAÇÃO DE AFETIVIDADE, DE INTERESSE GENUÍNO E DE ATENÇÃO
PARA COM A PESSOA DE QUEM SE CUIDA. CUIDAR ESTÁ INTRINSECAMENTE LIGADO À
PRESENÇA E À RELAÇÃO.
• NA PERSPECTIVA DAS ABORDAGENS FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAIS, O HOMEM É
CONCEBIDO COMO UM SER DE POSSIBILIDADES, OU SEJA, UM SER QUE NASCE COM UM FEIXE
DE POTENCIALIDADES QUE PODEM OU NÃO SER CONSUMADAS EM FUNÇÃO DAS RELAÇÕES
QUE ELE ESTABELECE E DAS EXPERIÊNCIAS QUE ELE ADQUIRE AO LONGO DA VIDA.
• A GESTALT-TERAPIA REFERE-SE AO FATO DE O HOMEM SER DOTADO DE LIBERDADE PARA FAZER
ESCOLHAS NA VIDA PELAS QUAIS SE TORNA RESPONSÁVEL, AINDA QUE LIMITADAS POR
CARACTERÍSTICAS DE SUA EXISTÊNCIA.

• UMA DAS TAREFAS DO PSICOTERAPEUTA É AJUDAR A PESSOA A DISCRIMINAR AS

FACTICIDADES (SITUAÇÕES DAS QUAIS NÃO SE TEM NENHUM CONTROLE) DAS ESCOLHAS
QUE VÊM FAZENDO AO LONGO DE SUA EXISTÊNCIA.
• MICHELAZZO (1999) RESSALTA OS TRÊS MODOS DE SER NO MUNDO PROPOSTOS NA OBRA SER E
TEMPO, DE HEIDEGGER: PROJETO, LANÇADO E DECAÍDO.

• PROJETO: O HOMEM É CAPAZ DE FAZER ESCOLHAS COERENTES COM SUA PERSPECTIVA, OU SEJA, HÁ
UMA LÓGICA ENTRE SEU PENSAMENTO, SUAS EMOÇÕES E SUAS AÇÕES, SENDO A VIDA DOTADA DE
UM SENTIDO.
• LANÇADO: O SER DEPARA TAMBÉM COM IMPOSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES AS QUAIS ELE NÃO
ESCOLHEU AO SER JOGADO NUM MUNDO ANTERIOR À SUA EXISTÊNCIA.
• DECAÍDO: O SER ENCONTRA-SE NUM ESTADO DE EXISTÊNCIA INAUTÊNTICA, CARACTERIZADA PELA
BANALIDADE DO COTIDIANO E PELA SUPERFICIALIDADE, NA QUAL O HOMEM SE PERDE DE SI MESMO.
NESSE MODO PECULIAR DE EXISTIR, O SER AÍ EXPERIMENTA O VAZIO EXISTENCIAL, DECORRENTE DA
FALTA DE SENTIDO DA VIDA.
• A NECESSIDADE DE DAR UM SENTIDO À VIDA É INERENTE A TODO SER HUMANO. QUANDO
NOS AFASTAMOS DE NÓS MESMOS, HÁ UMA PERDA NA QUALIDADE DO NOSSO CONTATO
CONOSCO E COM O MUNDO E COMEÇAMOS A NOS PRIVAR DO SENTIDO QUE NORTEIA A
NOSSA EXISTÊNCIA.

• A PERDA DO SENTIDO DA VIDA CARACTERIZA, ENTÃO, O VAZIO EXISTENCIAL, O QUAL PODE

ASSUMIR UMA DIVERSIDADE DE SINTOMAS, TAIS COMO DEPRESSÃO, ANSIEDADE, PÂNICO E
FOBIAS, ENTRE OUTROS.
• PERLS (1988) ILUSTRA ESSA INAUTENTICIDADE COMO O MODO DO SHOULDISM, TRADUZIDO
LIVREMENTE COMO “DEVERIAÍSMO”, OU SEJA, SITUAÇÕES NAS QUAIS A PESSOASE CONECTA
COM OUTRAS REFERÊNCIAS DISTINTAS DAS SUAS PRÓPRIAS E AGE COMO SE FOSSE A EXPRESSÃO
MAIS AUTÊNTICA DE SI.

• É COMO SE ELA DESEMPENHASSE UM SCRIPT ELABORADO POR OUTROS E ACREDITASSE TRATAR-SE

DE UMA SITUAÇÃO AUTÊNTICA, QUANDO, NA VERDADE, SEU NÍVEL DE INSATISFAÇÃO SE ELEVA,
POIS SUAS NECESSIDADES MAIS BÁSICAS NÃO PODEM SER SATISFEITAS NESSE MODO
INAUTÊNTICO DE EXISTIR.
• NA SITUAÇÃO PSICOTERAPÊUTICA, EM GERAL, O SER DE QUEM SE CUIDA É AQUELE QUE SE
ENCONTRA NO MODO DE INAUTENTICIDADE, É A PESSOA CUJA EXISTÊNCIA É MALOGRADA,
ALIENADA, REDUZIDA À CONDIÇÃO DE OBJETO, AOS SINTOMAS, A PARTES FRAGMENTADAS QUE,
POR SER VISTAS ISOLADAMENTE, PERDEM O SENTIDO.

• NAS PALAVRAS DE PERLS (1977), QUANDO, NAS SITUAÇÕES EM QUE PENSAMENTOS, SENTIMENTOS
OU AÇÕES SÃO INACEITÁVEIS, E, NA TENTATIVA DE NEGÁ-LOS, A PESSOA SE ALIENA DE PARTES
VALIOSAS DE SI, RESTRINGE SUA FRONTEIRA DE CONTATO COM O MUNDO E SE IMPEDE DE SER
AUTENTICAMENTE. É NESSA FORMA DE EXISTIR QUE ELA SE DESCUIDA.
• HEIDEGGER (1981) DISTINGUE DOIS MODOS DE CUIDAR: UM É AQUELE NO QUAL O
CUIDADOR ASSUME AS ESCOLHAS PELO OUTRO E GUIA, ORIENTA, CONTROLA E SE OCUPA. O
FOCO ESTÁ NO RESULTADO QUE SE ESPERA QUE O OUTRO ALCANCE POR MEIO DO
CUIDADO. O OUTRO É UMA POSTURA DE VOLTAR-SE PARA O OUTRO E AJUDÁ-LO A SE
RECONHECER E A FAZER ESCOLHAS PRÓPRIAS. NESSE CASO, A ÊNFASE DO CUIDADO RECAI
SOBRE A RELAÇÃO E A SUA FORMA DE ESTAR NO MUNDO.
• COMO SALIENTA SAPIENZA (2004, P. 56), O CUIDADO TERAPÊUTICO “TEM A VER COM DEVOLVER,
RECUPERAR OU RESGATAR PARA AQUILO QUE É CUIDADO ALGO QUE DIZ RESPEITO A ELE E, POR ALGUM
MOTIVO, FOI PERDIDO OU PREJUDICADO”.

• CUIDAR CONSISTIRIA EM PENSAR O SER E O SENTIDO DA SUA EXISTÊNCIA NAS SUAS VÁRIAS DIMENSÕES.
ESSE CUIDADO SE FAZ NECESSÁRIO PORQUE A EXISTÊNCIA É INSTÁVEL E FRÁGIL POR NATUREZA E, POR
ISSO, O SER SOFRE.

• CUIDAR É FAZER COM, NÃO FAZER POR.

• A PALAVRA “HOMEM” TEM A MESMA ETIMOLOGIA DA PALAVRA “HÚMUS”, QUE SIGNIFICA
TERRA FÉRTIL.

• ESTAR EM RELAÇÃO COM O OUTRO A QUEM SE QUER AJUDAR É OFERECER-SE COMO TERRA
FÉRTIL PARA QUE O OUTRO FLORESÇA. E ISSO É PARTE DO CUIDADO TERAPÊUTICO, QUE
REQUER PRESENÇA, ENTENDIDA COMO O ENCONTRO DE PESSOAS QUE SE ABREM PARA O
CONTATO ENTRE SI, PROPICIANDO O FLUIR DOS PROCESSOS HUMANOS.
• CUIDAR NÃO É TÉCNICA, É UMA POSTURA; É A ARTE DE ESTAR COM, QUE RECONHECE A
PESSOA, FUNDA O ENCONTRO E SINGULARIZA O SABER E OS RECURSOS TÉCNICOS DE QUE
DISPÕE O PSICOTERAPEUTA-CUIDADOR PARA AUXILIAR AQUELE DE QUEM CUIDA.
• CUIDAR ENVOLVE O RECONHECIMENTO DO OUTRO NA SUA SINGULARIDADE E NÃO COMO
IMAGEM E SEMELHANÇA DO TERAPEUTA (OU DO PROJETO QUE ESTE, IMBUÍDO DAS
MELHORES INTENÇÕES, ELABOROU PARA SEU CLIENTE).

• IMPLICA O DESPOJAMENTO DE SI E O DISPONIBILIZAR-SE PARA O OUTRO, NUMA POSTURA DE

ATENÇÃO, DE RECONHECIMENTO E DE CONFIRMAÇÃO DA PESSOA DE QUEM SE CUIDA.

• QUEM CUIDA PRECISA OLHAR A PESSOA POR INTEIRO, O QUE NÃO CONDIZ COM REDUZI-LA
A PARTES CARENTES, DOENTES OU AINDA A CLASSIFICAÇÕES DIAGNÓSTICAS.
• A ESPERA DO JARDINEIRO QUE CUIDA DE SEU CANTEIRO, ACOMPANHANDO O DESABROCHAR
DAS FLORES.

• REHFELD (2004, P. 8): “SE NÃO SOUBERES ESPERAR, NÃO ENCONTRARÁS O INESPERADO. O
INESPERADO PRESENTEIA QUEM SABE ESPERAR. SOMENTE QUEM SABE ESPERAR ACOLHE.
QUEM NÃO SABE ESPERAR SE DES-ESPERA”.

• CUIDAR É RESPEITAR O TEMPO E O RITMO DO OUTRO, TAREFA TÃO DIFÍCIL NESSES DIAS DE
URGÊNCIAS E DE EXIGÊNCIAS DE RESULTADOS IMEDIATOS NOS QUAIS VIVEMOS, CUJOS
EFEITOS NEFASTOS SE DÃO ESPECIALMENTE QUANDO ESSA PRESSA PARTE DO
PSICOTERAPEUTA.
• CUIDAR, ENTÃO, É CONFIRMAR O ÍNTIMO, NO SENTIDO DAQUILO QUE É MAIS SINGULAR NA
PESSOA, NA CONTRAMÃO DAS APARÊNCIAS SUPERFICIAIS E VAZIAS DE SENTIDO, TANTAS
VEZES SUPERVALORIZADAS NA NOSSA SOCIEDADE.

• É INSPIRAR NO OUTRO A CONFIANÇA NECESSÁRIA PARA QUE ELE ACREDITE EM SI MESMO E

SE RECONHEÇA COMO ALGUÉM DIGNO, CAPAZ E DE VALOR.
PSICOTERAPIA DIALÓGICA
• FILOSOFIA QUE INFLUENCIA A GT, BEM • PENSADORES IMPORTANTES:
COMO OUTRAS ABORDAGENS.

• MARTIN BUBER
• RICHARD HYCNER
• A PSICOTERAPIA DIALÓGICA PARTE DO • MAURICE FRIEDMAN
PRINCÍPIO DE QUE A PRÓPRIA RELAÇÃO
“CURA”.
• PSICOTERAPIA DIALÓGICA É, PARA NÓS, UMA TERAPIA CENTRADA NO ENCONTRO DO
TERAPEUTA COM SEU CLIENTE, OU A FAMÍLIA, AMBOS COMO O MÓDULO CENTRAL DE CURA,
SEJA QUAL FOR A ANÁLISE, O ROLE PLAYING, AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS E ATIVIDADES QUE
POSSAM ESTAR SENDO UTILIZADAS. É MAIS UMA ABORDAGEM QUE UMA LINHA
PSICOTERAPÊUTICA, PORQUE NÃO PERTENCE A NENHUMA ESCOLA ESPECÍFICA, E CUJOS
REPRESENTANTES E PIONEIROS ENCONTRAM-SE EM MUITAS DAS MAIORES ESCOLAS DE
PSICOTERAPIA. (HYCNER, 1995, P. 9)
• TRATA-SE DE UMA ABORDAGEM PSICOTERAPÊUTICA FUNDAMENTADA NA FILOSOFIA DO DIÁLOGO –
UMA PSICOTERAPIA DIALÓGICA. ESSE TERMO NÃO SE REFERE À FALA, COMO PODE PARECER: O
NÍVEL MAIS PROFUNDO DA EXISTÊNCIA HUMANA É INERENTEMENTE RELACIONAL. TRATA-SE DE
UM CONTRASTE COM DIVERSAS TEORIAS QUE COLOCAM, EM PRIMEIRO LUGAR, UM MODELO
INDIVIDUALISTA DE PESSOA E DEFENDEM A EXISTÊNCIA DOS INDIVÍDUOS COMO “ENTIDADES”
SEPARADAS, ENQUANTO O RELACIONAL É CONSIDERADO UM FENÔMENO SECUNDÁRIO.

• INDIVÍDUO X SISTEMA
 MARTIN BUBER

• DE FAMÍLIA JUDAICA, ESSE PENSADOR, NASCIDO

NA ÁUSTRIA EM 1878, TINHA COMO TEMA
PRINCIPAL O ENCONTRO ENTRE PESSOAS E ATÉ
MESMO PAÍSES.

• BUBER FALAVA VÁRIAS LÍNGUAS E SERVIA DE

TRADUTOR ENTRE PESSOAS DE IDIOMAS
DIFERENTES.
• BUBER FOI ABANDONADO PELA MÃE AOS 3
ANOS DE IDADE. ESSA DOR É APONTADA
COMO UM DOS FATORES QUE O LEVARAM À
BUSCA PERMANENTE DO ENCONTRO. TODA
SUA VIDA FOI DEDICADA A ESSE OBJETIVO.
QUANDO REENCONTROU A MÃE, 20 ANOS
MAIS TARDE, COMENTOU TRISTEMENTE QUE,
AO TENTAR OLHÁ-LA, OUVIA DE LONGE A
PALAVRA “DESENCONTRO”.
• EDUCADO PELOS AVÓS, BUBER ESTUDOU
CIÊNCIA E LITERATURA. TAMBÉM AS
RELIGIÕES O IMPRESSIONARAM
FORTEMENTE, DE INÍCIO POR MEIO DO AVÔ,
FIGURA INFLUENTE NO HASSIDISMO –
VERTENTE DE RENOVAÇÃO DO JUDAÍSMO
QUE SE DIFUNDIA NO LESTE EUROPEU.
• A PROXIMIDADE DA PRIMEIRA GUERRA
MUNDIAL (1914) LEVOU BUBER A REFLEXÕES
SOBRE “O HOMEM MODERNO”: EXTREMA
DESILUSÃO, DUALISMO, SEPARAÇÃO
RADICAL ENTRE IDEIAS E VALORES E A
EXISTÊNCIA PESSOAL E ABANDONO DO
ESPIRITUAL.
• SUAS IDEIAS ATRAÍRAM ESTUDIOSOS DE
DIVERSAS ÁREAS, COMO ONTOLOGIA,
RELIGIÃO E HISTÓRIA, ALÉM DE TEREM
DESPERTADO O INTERESSE DE PSICÓLOGOS E
PSICOTERAPEUTAS. BUBER ATUOU POR MEIO
DE OBRAS BEM FUNDAMENTADAS,
DISCUSSÕES PÚBLICAS, MAGISTÉRIO E
ENCONTROS PESSOAIS (INCLUSIVE COM
LAURA PERLS).
 MAURICE FRIEDMAN
• PSICÓLOGO ESTADUNIDENSE DE ORIGEM
JUDAICA

• A CONVITE DE FRIEDMAN, BUBER VISITOU OS

ESTADOS UNIDOS, PARTICIPANDO DE
DIVERSAS ATIVIDADES, INCLUINDO UM DEBATE
PÚBLICO COM CARL ROGERS, EM QUE
DISCUTIRAM OS SENTIDOS DE
“CONFIRMAÇÃO” E “ACEITAÇÃO” NA
PSICOTERAPIA.
• FRIEDMAN INDICA, SEGUINDO BUBER, UM
DOS ELEMENTOS DA POSTURA DO
TERAPEUTA. O CONHECIMENTO TÉCNICO É
NECESSÁRIO, MAS NÃO SUFICIENTE PARA • NO PROCESSO TERAPÊUTICO, OBSERVA-SE
QUE EMIRJA A SINGULARIDADE – QUE UMA ALTERNÂNCIA ENTRE SEPARAÇÃO E
SURGE DAS RELAÇÕES GENUÍNAS COM OS RELAÇÃO, QUE OCORRE NO ESPAÇO DO
OUTROS E COM O MUNDO. ENTRE E AFETA TERAPEUTA E CLIENTE.
• SÓ SURGIRÃO RESPOSTAS ENTRE DUAS PESSOAS, O TERAPEUTA E SEU CLIENTE, NO MOMENTO
DO ENCONTRO, EM UMA RELAÇÃO GENUÍNA.

• “ANDAR PELA VEREDA ESTREITA E PEDREGOSA, VARRIDA PELO VENTO” PARECE INDICAR A FALTA DE
SEGURANÇA DO TERAPEUTA NO PROCESSO. ELE NÃO TEM RESPOSTAS PRONTAS E SE ARRISCA
NO ENCONTRO COM O OUTRO. O QUE RESULTARÁ DAÍ É IMPREVISÍVEL, MAS EXISTE A
CONFIANÇA DE UM POSSÍVEL DESVELAR. EM UMA RELAÇÃO GENUÍNA (A MAIS POSSÍVEL PARA OS
DOIS), A TERAPIA ACONTECE NO ENTRE.

• É UM ESPAÇO CRIADO TAMBÉM PELOS DOIS, BUSCANDO O MÍNIMO DE HIERARQUIA E A MAIOR

PROXIMIDADE POSSÍVEL, QUE PROPICIEM O ENCONTRO.
• A ELEMENTARIDADE IRRESTRITA DO ENCONTRO HUMANO EXIGE QUE
O TERAPEUTA SEJA, PRIMEIRO, UMA PESSOA DISPONÍVEL PARA
OUTRO SER HUMANO E, SEGUNDO, UM PROFISSIONAL TREINADO
NOS MÉTODOS APROPRIADOS DA PRÁTICA PSICOTERAPÊUTICA.
PRESENÇA: MARINA ABRAMOVIC
 EU-TU E EU-ISSO
• “NÃO HÁ ‘EU’ EM SI; HÁ SOMENTE O ‘EU’ DA PALAVRA-PRINCÍPIO EU-TU OU O ‘EU’ DA PALAVRA-
PRINCÍPIO EU-ISSO”.

• EU-TU SE REFERE À FORMA COMO UM HOMEM SE RELACIONA COM OUTRO HOMEM: COMO UM SER
SUJEITO COMO ELE, DIGNO DE RESPEITO. AMBOS ESTÃO DISPONÍVEIS PARA O ENCONTRO POSSÍVEL,
SENDO ISSO NECESSÁRIO PARA QUE VIVAM COMO SERES QUE SE COMPLETAM. É PRECISO QUE
AMBOS ESTEJAM DISPONÍVEIS PARA ESSE ENCONTRO, QUE É POETICAMENTE DESCRITO POR BUBER EM
SEU PRIMEIRO LIVRO DE SUCESSO.

• JÁ EU-ISSO RETRATA RELAÇÕES UTILITARISTAS, EM QUE UM USA O OUTRO PARA SUAS NECESSIDADES,
DESFAZENDO-SE DELE DEPOIS DE ATINGIR SEU OBJETIVO. MANTER O OUTRO COMO ISSO IMPLICA
UMA RELAÇÃO ASSIMÉTRICA E, COM FREQUÊNCIA, EFÊMERA.
 ESPERAR O TEMPO DO CLIENTE
• É MAIS IMPORTANTE CUIDAR DO CONTATO ENTRE OS DOIS NA PSICOTERAPIA DO QUE
PREOCUPAR-SE EM INVESTIGAR DADOS ESPECÍFICOS DA VIDA DO CLIENTE.

• TAL INVESTIGAÇÃO PODE SIGNIFICAR A INVASÃO DO OUTRO, QUE TENDE A SE FECHAR MAIS. É
A VISÃO AMPLA DA VIDA DO CLIENTE QUE DÁ SENTIDO ÀQUILO QUE ELE CONTA.

• A EXPERIÊNCIA CLÍNICA PÕE EM XEQUE A REDUÇÃO DA PESSOA À SUA SINTOMÁTICA COMO

FORMA DE CONHECER O CLIENTE E CUIDAR DELE. NÃO BASTA USAR RÓTULOS PARA
DIAGNOSTICÁ-LO; É PRECISO VÊ-LO COMO UMA PESSOA INTEIRA.
 A CONFIRMAÇÃO

• EU ME TORNO CONSCIENTE DELE, CONSCIENTE DE QUE ELE É DIFERENTE, ESSENCIALMENTE

DIFERENTE DE MIM, DE UMA MANEIRA DEFINIDA E ÚNICA QUE LHE É PECULIAR. ACEITO QUEM
ASSIM ENXERGO DE TAL FORMA QUE POSSO, PLENAMENTE, DIRECIONAR O QUE LHE DIGO DE
ACORDO COM A PESSOA QUE É. (BUBER APUD HYCNER, 1995, P. 63)
• CONFIRMAR O OUTRO SIGNIFICA ESFORÇAR-SE PARA SE VOLTAR PARA A OUTRA PESSOA E
AFIRMAR SUA EXISTÊNCIA ÚNICA E SEPARADA – SUA ALTERIDADE.

• HÁ UMA ÊNFASE CLARA EM DISTINGUIR CONFIRMAÇÃO DE ACEITAÇÃO, EMBORA ESSE POSSA

SER UM PRIMEIRO PASSO DO PROCESSO. ACEITAR É SOMENTE ACEITAR A PESSOA COMO ELA
É NESTE MOMENTO, NESTA REALIDADE QUE LHE É PRÓPRIA.
 ALICE MILLER

• ALICE MILLER (1997), POR EXEMPLO, VINDA DA PSICANÁLISE, TRABALHOU INTENSAMENTE OS

EFEITOS DE SUA FALTA NA RELAÇÃO MÃE/FILHOS.

• MUITOS PAIS TÊM MODELOS IDEALIZADOS, ÀS VEZES RÍGIDOS, PARA SEUS FILHOS. ESTES, POR SUA
VEZ, SÃO CONFIRMADOS PELO QUE MOSTRAM DE ACORDO COM ESSES MODELOS. SEU
VERDADEIRO SELF NÃO É TOCADO: CRIANÇAS E JOVENS MAIS SENSÍVEIS, NECESSITANDO SER
RECONHECIDOS PELOS PAIS DE QUALQUER FORMA, ADAPTAM-SE A SUAS EXPECTATIVAS. A
RELAÇÃO TENDE A SE TORNAR DISFUNCIONAL, COM GRAVES CONSEQUÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO.
• FRIEDMAN TAMBÉM SE VOLTA PARA A CONFIRMAÇÃO, QUE ESTUDA PROFUNDAMENTE: O
CLIENTE PRECISA SER CONFIRMADO EM SUA INTEIREZA E NÃO APENAS NO QUE MOSTRA
COMO PATOLOGIA. MAIS: ELE PRECISA SER CONFIRMADO DE FORMA CLARA PELO TERAPEUTA,
SEM QUALQUER JUÍZO DE VALOR, COMO CERTO/ERRADO E OUTROS. EM GERAL, O CLIENTE
CHEGA COM RESERVAS À TERAPIA, TEMENDO PASSAR POR REJEIÇÕES SEMELHANTES ÀS QUE
JÁ VIVEU. AO SENTIR-SE VERDADEIRAMENTE CONFIRMADO, ABRE A PORTA DE SEU MUNDO AO
TERAPEUTA E ÀS MUDANÇAS POSSÍVEIS.
 DIÁLOGO GENUÍNO X TÉCNICO E PALAVRÓRIO

• O QUE É DIÁLOGO? O SIGNIFICADO COMUM É CONVERSAR JUNTOS. DIÁLOGO EXISTENCIAL

É O QUE ACONTECE QUANDO DUAS PESSOAS SE ENCONTRAM COMO PESSOAS, EM QUE
CADA UMA É “IMPACTADA POR” E “RESPONDE AO” OUTRO, EU E TU. NÃO É UMA SEQUÊNCIA
DE MONÓLOGOS PREPARADOS. É UMA FORMA DE CONTATO ESPECIALIZADA. É NESTE ÚLTIMO
SENTIDO QUE O TERMO É USADO EM GESTALT-TERAPIA. O DIÁLOGO EXISTENCIAL REFERE-SE
AO COMPORTAMENTO QUE COMPREENDE O RELACIONAMENTO EU-TU […]. (GARY YONTEF)
• O SÉCULO XXI ENCONTROU NA PSICOTERAPIA DIALÓGICA UMA CONTRIBUIÇÃO IMPORTANTE
À PSICOTERAPIA GESTÁLTICA. A POSTURA DO TERAPEUTA FIRMOU-SE NO SENTIDO DE CUIDAR
DA RELAÇÃO, ESTAR PRESENTE NO PROCESSO, ESPERAR O MOMENTO DO CLIENTE,
COMPREENDER QUE ELE “CAMINHA POR UMA VEREDA ESTREITA, CHEIA DE PEDRAS, VARRIDA
PELO VENTO”. PERDURA A INSEGURANÇA PRÓPRIA À RELAÇÃO, MAS COM A CERTEZA DE QUE
EXISTEM UM CAMINHO E A CONFIANÇA PARA BUSCÁ-LO.