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APLICADA
AO CUIDADO
Sabine Heumann
Escolas modernas da
psicologia: Gestalt
e Humanismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A psicologia, enquanto ciência, desenvolveu, ao longo de sua história,
diversas formas de entender os fenômenos psicológicos. Entre as escolas
clássicas, pode-se citar a psicanálise e o behaviorismo, por exemplo.
No entanto, há outras escolas psicológicas, classificadas como modernas,
com importantes contribuições para o entendimento do ser humano e
da sua subjetividade. Entre as escolas modernas da psicologia, a Gestalt
e o Humanismo merecem destaque, devido às suas contribuições e
diferenças na forma de pensar e entender os fenômenos psicológicos.
Neste capítulo, você estudará sobre as escolas modernas da psicologia,
especificamente a Gestalt e o Humanismo. Além disso, verá a definição da
Gestalt a partir dos trabalhos de Max Wertheimer, bem como a do Huma-
nismo a partir da visão de Rogers e Maslow. Por fim, verá a relação entre
ambas as teorias, Gestalt e Humanismo, com a formação do enfermeiro.
2 Escolas modernas da psicologia: Gestalt e Humanismo
(b) Proximidade
(a) Fechamento
As escolas gestálticas
A primeira é a escola de Berlim, também conhecida como escola da ges-
taltqualität ou qualidade gestáltica. A segunda, conhecida como escola da
ganzheitspsychologie ou psicologia da totalidade, foi desenvolvida por Felix
Krueger, na Universidade de Leipzig (ENGELMANN, 2002).
deixa de ser afetada pelo que acontece com a outra. Com essa afirmação,
pode-se perceber uma relação da psicologia da Gestalt com a GT.
Além da teoria de campo, a GT tem como sustentação a visão de mundo e
de homem com base humanista, existencial-fenomenológica. De acordo com
essa visão, entende-se que o mundo e a existência têm o homem como elemento
central, sendo ele dotado de potencial, capaz de buscar suas próprias soluções,
quando em condições favoráveis. Quanto à base existencial, pode-se dizer que,
na GT, entende-se que o homem é um ser singular, particularizado no seu modo
de ser no mundo. Já no que diz respeito à base fenomenológica, entende-se
que esta pode servir como uma filosofia e como um método. Assim, quando
se fala em método fenomenológico, trata-se de uma descrição sistemática da
experiência imediata, a partir da suspensão de todo e qualquer pressuposto
acerca do fenômeno analisado. Já enquanto filosofia, a fenomenologia busca
estudar o fenômeno em si, o seu ponto mais essencial, sua essência (RIBEIRO,
1985; YONTEF, 1998).
Ou seja, a psicologia da Gestalt e a GT se relacionam, pois ambas estavam
interessadas na experiência consciente e na percepção, trazendo um ponto de
vista diferente do que vinha sendo proposto pelas teorias clássicas da psicologia
(HOTHERSALL, 2019).
Necessidades fisiológicas
Essas necessidades são as mais básicas do ser humano, as quais estão rela-
cionadas à sobrevivência, como alimentação, água e sexo. Entretanto, essas
necessidades, por estarem na base da pirâmide, são as mais fortes de todas.
Por exemplo, pessoas famintas têm necessidade apenas de comida, ou seja,
somente quando essa necessidade for suprida, mesmo que parcialmente, é que
elas passarão a ansiar por outras coisas mais sofisticadas, como as necessidades
de segurança.
Necessidades de segurança
Necessidades de estima
Necessidades de autorrealização
Para Rogers, a única necessidade do ser humano — que motivará todas as suas ações,
em última instância — é de se atualizar e desenvolver seus potenciais e capacidades.
Observe que, embora Maslow e Rogers tenham como base a psicologia humanista,
compartilhando uma visão positiva e mais favorável do ser humano, suas teorias
possuem algumas diferenças.
Para Maslow, o comportamento do homem é balizado por cinco diferentes ne-
cessidades, organizadas de forma hierárquica. A necessidade mais “sofisticada” —
a de autorrealização — apenas passará a influenciar as ações quando as demais
necessidades, abaixo dela, forem realizadas (ainda que em partes). Já para Rogers, há
apenas uma única necessidade que influencia o ser humano: a de se atualizar e atingir
seu máximo potencial (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
Rogers é bem claro quanto à sua posição no dilema livre-arbítrio versus determinismo.
De acordo com ele, a pessoa de pleno funcionamento está apta a fazer suas escolhas
e a criar a sua identidade/personalidade, ou seja, ele acredita no livre-arbítrio, e não
no determinismo (SCHULTZ; SCHULTZ, 2019).
mentos. Além disso, nesse sentido, elas destacam que a formação profissional
deve promover o enfoque no olhar integral. Assim, entende-se que o enfermeiro
deve trabalhar na busca pela assistência ampliada, centrada no indivíduo
como um todo, e não apenas na doença ou na dimensão biológica. Ou seja,
a concepção de integralidade está relacionada ao resgate da dimensão total
do ser humano, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos, espirituais e
sociais — o cuidado holístico.
Essas discussões reforçam aspectos mencionados anteriormente nas es-
colas do Humanismo e da Gestalt. Em geral, conforme apontam Lima et
al. (2011), as teorias da enfermagem compreendem que o enfermeiro é o
responsável pelo cuidado do ser humano de uma maneira integral, ou seja,
considerando suas necessidades biológicas, psicológicas, sociais e espirituais
(biopsicossocioespirituais), pois não é possível tratar ou cuidar de partes de
maneira isolada, apenas de um todo que se organiza e se complementa. Ou seja,
a discussão feita pelas autoras reforça a ideia de que o aluno de enfermagem
deve desenvolver competências que favoreçam a compreensão humanista da
pessoa, valorizando sua integralidade e suas capacidades potenciais.
Souza et al. (2005) corroboram essa linha de pensamento discutindo
o conceito de cuidado em enfermagem. Conforme afirmam as autoras, cuidar,
em enfermagem, pode ser entendido como um processo de destinar esforços
transpessoais a outro ser humano, visando à sua proteção, à promoção da sua
humanidade e ajudando essa pessoa a encontrar significado na sua doença,
no seu sofrimento e na sua dor.
A concepção humanista dá um sentido a esse cuidar, que passa a não
ser meramente instrumental, mas sim dotado de sentido, embasado em uma
perspectiva teórica. Conforme as autoras, o cuidar nunca é neutro, ele sempre
é apoiado em um conjunto de ideias de quem o executa, uma forma de pensar.
Nesse contexto, o referencial humanista pode ser esse conjunto de ideias,
essa “forma de pensar”, de compreender o ser humano, visando a valorizar a
potência de cada um, a sua saúde, bem como a sua cidadania.
Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo O cuidado em enfermagem: uma
aproximação teórica, Souza et al. (2005), que propõe uma reflexão acerca dos sentidos
do processo de cuidado na enfermagem.
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Leitura recomendada
CURVELLO, F. V.; FERREIRA, A. A. L. O trabalho antropológico de Max Wertheimer e
a psicologia da Gestalt. Psicologia em Pesquisa, Juiz de Fora, v. 8, n. 1, p. 77–84, 2014.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-
-12472014000100008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 15 mar. 2020.
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