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DESCRIÇÃO

A história do desenvolvimento do Gestaltismo e sua influência na Psicologia enquanto Ciência,


bem como seus principais representantes e contribuições no campo da Psicologia Clínica por
meio da Gestalt-terapia.

PROPÓSITO
O Gestaltismo, importante movimento do século XX no âmbito da Psicologia, bem como a
Gestalt-terapia, são fundamentais para a atuação dos profissionais da psicologia na prática
clínica, para promover a expressão da experiência, considerando um diálogo que contempla a
vivência corporal e mental de cada indivíduo.

PREPARAÇÃO
Para melhor compreensão de alguns termos que serão apresentados ao longo de seu estudo,
sugerimos a utilização de um Dicionário de Filosofia, bem como de um dicionário de Gestalt-
terapia.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Categorizar o que é o Gestaltismo e suas contribuições para a Ciência Psicológica no início do


século XX
MÓDULO 2

Identificar as principais contribuições de Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt Kuffka e Kurt
Lewin, nomes principais da Psicologia da Gestalt

MÓDULO 3

Reconhecer os aspectos centrais da proposta da Gestalt-terapia desenvolvida por Fritz Perls

INTRODUÇÃO
Neste momento, você, provavelmente, está na frente de um computador, smartphone ou tablet,
recebendo uma série de estímulos que são captados pela sua visão.

Esses estímulos, inicialmente, se observados em seu aspecto mecânico, não possuem sentido.
São caracteres que, junto à luminosidade da tela, chegam até seu sistema visual, composto
pelos olhos, partes do cérebro, bem como rotas (nervos) que as conectam.

Entretanto, o que você experiencia não são estímulos sem sentido. Embora seu sistema visual
capte esses caracteres, que chamamos letras, você estará percebendo um texto, que lhe
motiva a refletir sobre a sua experiência concreta deste momento.

Você está percebendo um conjunto que, aos poucos, pode lhe proporcionar algum sentido, ou
seja, você percebe palavras, associa com situações do seu cotidiano, distingue o que está
como aspecto central desses estímulos (figura) e aquilo que está por trás, por exemplo, o
layout da página que você está lendo (fundo).

A pergunta que se faz importante é: como se explica isso? Por que você não percebe somente
estímulos frios e mecânicos, mas uma experiência?

A resposta vem por meio do Gestaltismo ou Psicologia da Gestalt, movimento que surgiu
oficialmente no início do século XX e gerou grande repercussão na Ciência Psicológica,
mudando o foco da pesquisa, bem como trazendo grandes contribuições para diversas áreas
da Psicologia.
A partir deste momento, você está convidado a embarcar na estrada para compreender como
as teses do Gestaltismo são observáveis em nosso cotidiano e contribuem para descrever e
explicar diversos aspectos da nossa experiência psicológica.

MÓDULO 1

 Categorizar o que é o Gestaltismo e suas contribuições para a Ciência Psicológica no


início do século XX

INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA GESTALT


Neste primeiro módulo, vamos apresentar o Gestaltismo, sendo importante, em primeiro lugar,
contextualizar seu surgimento e como esse movimento buscava responder criticamente a
alguns aspectos da Psicologia do fim do século XIX e início do século XX.

Posteriormente, apresentaremos as principais teses do Gestaltismo, também conhecido como


a Psicologia da Gestalt, bem como a sua presença em nosso dia a dia, facilitando a sua
compreensão teórica e existencial.

INVESTIGANDO A EXPERIÊNCIA
PSICOLÓGICA
No início de nossa caminhada para compreender o Gestaltismo, trouxemos o exemplo da sua
experiência ao ler este texto. Esse simples fato é marcado por uma complexa rede de
acontecimentos. Você está recebendo estímulos, captados pelo seu sistema visual. Você
também pode estar recebendo estímulos captados por outros sistemas, por exemplo, o auditivo
(os carros passando na rua), o tátil (a textura da capa de seu smartphone), o olfativo (o cheiro
de uma comida que está lhe abrindo o apetite).

Além disso, você também se vê buscando manter a atenção neste texto, tentando não se
distrair com as mensagens de WhatsApp que chegam ou com algum problema que possa estar
lhe afligindo.

Tudo isso, de alguma maneira, pode ser sintetizado na expressão experiência psicológica, ou
seja, no simples ato de ler este material, você está tendo uma complexa experiência
envolvendo diversas operações.

A nascente Psicologia enquanto ciência moderna, durante o século XIX, tinha como principal
preocupação investigar experimentalmente o fenômeno da experiência psicológica (MORAES,
2007).

No contexto da época, para a investigação da experiência psicológica, duas realidades eram


fundamentais:

A NOÇÃO DE SENSAÇÃO
No que diz respeito à noção de sensação, essa era compreendida como a base da experiência
psicológica, sendo uma reação fisiológica cuja causa seria um estímulo físico. De acordo com
Moraes (2007, p. 301) a sensação seria física, enquanto provocada por um estímulo externo,
fisiológica, visto causar uma alteração no corpo e psicológica, já que é o cerne da experiência
psicológica.

Em nosso exemplo, podemos dizer que caracteres e luminosidade da tela são o estímulo físico
que causam uma alteração em seu sistema visual (aspecto fisiológico) e, por fim, contribuem
para a experiência psicológica (esperamos que a compreensão do presente texto).

A HIPÓTESE DA CONSTÂNCIA
No que diz respeito à hipótese da constância, essa afirma que, mesmo com a variação da
estimulação local, caso o receptor seja o mesmo, a resposta permanece igual, ou seja, a
sensação permanecerá sem alteração. A hipótese da constância sustenta que existe uma
relação direta entre estímulos e sensações.

Entretanto, as tentativas de explicar a experiência psicológica, desde as premissas da hipótese


da constância e da noção de sensação, não eram suficientes. Tal tentativa era demasiada
mecanicista, não dando conta da complexidade da experiência psicológica.

Em síntese, não seria possível explicar sua experiência de leitura do presente material
explorando apenas as relações entre o estímulo e a sua manifestação em seu organismo
psicofísico. Faz-se necessário se acercar mais da experiência concreta da pessoa, do sentido
que está agregado a essa experiência e, nesse contexto, o Gestaltismo encontrou amplo
caminho para o desenvolvimento de suas teses.

Esse caminho teria sido iniciado por Ehrenfels, no século XIX, filósofo austríaco que cunhou o
termo Gestalt, significando forma ou aspecto (WERTHEIMER, 1912). Ehrenfels defendia
que algumas percepções complexas, se divididas, perdem suas propriedades. Nesse sentido, a
Gestalt seria uma estrutura perceptual inteira, formada por elementos que interagem entre si e
geram propriedades diferentes das individuais. Ehrenfels foi um dos pensadores que
influenciou o desenvolvimento da Psicologia da Gestalt por Wertheimer.
Esse aspecto do pensamento de Ehrenfels influenciará uma das teses centrais do Gestaltismo,
de que o todo possui propriedades próprias que não são somente resultado da soma das
partes. Essa é uma das teses mais importantes do Gestaltismo, também conhecida como
princípio holístico, que enfatiza o surgimento de um sentido do todo que transcende a mera
reunião das partes. Em síntese, o todo também possui sua singularidade.

Nota-se, portanto, que a investigação da experiência psicológica, com o Gestaltismo, passa a


levar em consideração não somente as sensações isoladas, mas também a relação entre elas,
ou seja, abre-se espaço para o conceito de estrutura, que significa, justamente, a relação
entre os elementos de determinada experiência psicológica.

No contexto da Psicologia da Gestalt, isso se faz perceptível pela utilização da teoria dos
campos, oriunda da Física. Segundo essa teoria, a explicação de um fenômeno somente
poderia se dar se este fosse considerado globalmente e interconectado. Kurt Lewin será o
principal representante do Gestaltismo a explorar o conceito de campo.

Considerar a experiência psicológica de forma global significa dizer que, no exemplo que
estamos trabalhando, devemos considerar não somente a relação entre o estímulo (texto
digital) e a captação pelo sistema visual, mas também todos os demais estímulos, bem como o
sentido, as questões valorativas que estão para além do acúmulo das sensações.

 EXEMPLO
Você pode estar muito motivado em ler esse texto pelo fato de gostar do tema, ou pelo fato de
ter uma prova no dia seguinte. As motivações influenciam na experiência psicológica.

O Gestaltismo vai afirmar que a experiência psicológica é uma experiência de uma pessoa
concreta, dotada de motivações, perspectivas e que isso deve ser investigado. Não é a
explicação de um dado físico (relação estímulo/organismo), mas a apreensão do sentido que
tal relação assume na perspectiva da pessoa.

Nota-se, aqui, que o Gestaltismo também gera uma mudança na perspectiva da pesquisa na
Ciência Psicológica da época. Senão, vejamos. Anteriormente, como já dito, a Psicologia se
debruçava sobre o estudo da experiência psicológica desde uma perspectiva mecanicista,
elementarista e associacionista.

Vamos explicar melhor a seguir:

O elementarismo defendia que seria possível compreender o todo somente levando em


consideração a função das partes. De acordo com Figueiredo (1998), a perspectiva
elementarista na Psicologia defende que os elementos da experiência (as sensações) são o
objeto de estudo da Ciência Psicológica, devendo esta compreender as relações de
dependência dos elementos com o organismo. Como já pontuado anteriormente, essa tese se
digladia com a do holismo, defendida pelo Gestaltismo.

Na adoção de uma perspectiva mecanicista, havia uma tentativa de explicar a experiência


psicológica somente desde a relação estímulo/receptor, ou seja, como determinado estímulo
externo (caracteres do texto) atua no sistema visual, gerando a experiência (compreensão do
texto). Em síntese, seria como se nós tentássemos explicar o funcionamento do relógio a partir
de como é seu mecanismo interno, como os ponteiros se movimentam, mas não
adentrássemos na sua principal função e no sentido dela: informar as horas.

O associacionismo, em geral, defende que a experiência psicológica poderia ser


compreendida a partir da associação de seus elementos. Por exemplo, quando se fala do
processo de aprendizagem, a perspectiva associacionista diria que aprenderíamos a partir da
junção de conhecimento. Quanto mais conhecimento, melhor.

Essas perspectivas da Psicologia do século XIX acabavam restringindo-a aos laboratórios. O


Gestaltismo queria se debruçar sobre as vivências da pessoa comum, a experiência do homem
em seu cotidiano, na qual as perspectivas mecanicistas, associacionistas e elementaristas
apresentavam limitações de explicação.
Aqui, há um esforço para que ciência e vida se encontrem e, com isso, pode-se pontuar um
pequeno ponto de encontro entre o Gestaltismo e a Psicologia Humanista, ainda que sejam
movimentos com histórico de desenvolvimento e preocupações diferentes.

Essa aproximação entre ciência e vida pode ser percebida em outro princípio do Gestaltismo: o
do isomorfismo psicofísico.

Os representantes da Psicologia da Gestalt tinham a preocupação de que suas teses


pudessem ser, de alguma maneira, observáveis. Ao defender a importância de se observar a
vivência concreta das pessoas, o Gestaltismo se via no risco de cair no relativismo
subjetivista, ou seja, cada pessoa tem uma experiência psicológica diferente diante de um
mesmo estímulo, não havendo aspectos comuns, generalizáveis e, portanto, aptos a serem
explicados pela Ciência Psicológica.

O Gestaltismo defende que as experiências psicológicas mantêm um paralelo com a fisiologia


cerebral, ou seja, as vivências particulares da pessoa, de algum modo, se manifestam em nível
neurofisiológico.

Compreende-se que um mapa, por exemplo, pode ser a representação completa de tudo o que
está presente em determinado lugar, e mesmo que o mapa possa conter as rotas, pode não
representar aspectos do relevo, ou mesmo, flores, animais e outras pequenas características
do local. Entretanto, o mapa é uma representação material de uma realidade. É a “marca” física
de uma experiência psicológica. Nas palavras de Moraes (2007, p. 312):
O ISOMORFISMO PSICOFÍSICO É UM PRINCÍPIO
ESTRUTURAL: HÁ UMA IDENTIDADE DE
ESTRUTURAS ENTRE O PERCEPTO E O EVENTO
CEREBRAL. NÃO ESTÁ EM JOGO, NESTE CASO, UMA
“IMAGEM CEREBRAL” QUE COPIE O DADO
FENOMENAL. A FISIOLOGIA NERVOSA SUPÕE
CORRENTES ELÉTRICAS QUE, ATRAVÉS DE
DIFERENÇAS DE POTENCIAL, DELIMITAM DOMÍNIOS
HETEROGÊNEOS CORRELATOS ÀQUELES QUE SE
APRESENTAM NO PLANO VIVIDO.

Outro importante princípio defendido pelo Gestaltismo é conhecido como Lei de Pragnanz.
Segundo ela, a organização de uma percepção será tão boa quanto permitam as condições
presentes no momento. Veja o exemplo a seguir:

Você, provavelmente, percebe um triângulo, ainda que haja espaços entre as linhas que
formam o mesmo. A lei de Pregnanz busca explicar esse fenômeno dizendo que as lacunas da
figura são fechadas devido a favorecerem uma imagem mais pregnante, mais estável, mais
estruturada.

Diante de tudo isso, podemos ensaiar uma definição de Gestaltismo: um movimento, surgido
no início do século XX, como uma crítica às posições mecanicistas, elementaristas e
associacionistas da Psicologia da época, que buscou tornar mais próxima a relação
entre ciência e experiência vivencial, exercendo influência não somente no delineamento
da pesquisa psicológica, mas também nos estudos do campo da Percepção, Memória e
Aprendizagem.

No próximo tópico, apresentaremos algumas leis do Gestaltismo que são facilmente


observadas em nosso cotidiano.

LEIS DO GESTALTISMO
Embora não possam ser resumidas ao campo da percepção, as contribuições do Gestaltismo
se deram, sobretudo, nesta área, sendo que as chamadas Leis do Gestaltismo são explicações
para a experiência psicológica que encarnam o espírito do movimento de abarcar a vivência do
homem em seu dia a dia.

Para o Gestaltismo, a percepção não era uma mera soma de estímulos sensoriais recebidos
sem a interferência da pessoa. A percepção seria um processo ativo no qual se busca
organizar uma estrutura (uma Gestalt ou Gestalten). As leis que serão elencadas a seguir
estão subordinadas ao princípio de Pregnanz (ou boa forma), citado anteriormente. Elas foram
desenvolvidas por Wertheimer e também podem ser encontradas com o nome de leis de
organização.

LEI DO FECHAMENTO (PREENCHIMENTO)


Segundo esta lei, nossa mente completa os elementos necessários para que haja a
complementação de alguma figura. A Lei do Fechamento pode ser considerada um
subprincípio direto da Lei da Boa Forma e o exemplo do triângulo demonstra seu
funcionamento.

LEI DA SEMELHANÇA (SIMILARIDADE)


De acordo com a Lei da Semelhança, nós tendemos a agrupar os elementos similares em uma
mesma estrutura. O exemplo abaixo contribui para a compreensão desta lei.
Ao olharmos para esse conjunto de figuras, tendemos a focar nos círculos e deixar os
triângulos em segundo plano, ou vice-versa. Esse fenômeno se baseia na Lei da Figura e
Fundo, mas também demonstra a tendência a reunir os elementos semelhantes.

LEI DA PROXIMIDADE
Nós tendemos a agrupar aqueles elementos que estão próximos entre si, seja espacial seja
temporalmente.

LEI DA CONTINUIDADE
Após percebermos um padrão, tendemos a continuá-lo, mesmo que desapareça. Por exemplo,
duas linhas tendem a ser vistas de forma contínua. Ao olhar uma cruz vemos uma linha vertical
e uma horizontal que se cruzam e não dois ângulos retos.

LEI DE FIGURA E FUNDO


Provavelmente, uma das leis mais importantes do Gestaltismo, muito conhecida por diversas
imagens que podem ser vistas na Internet. A Lei de Figura e Fundo manifesta que tendemos a
manter o foco na superfície ou no fundo, de modo que não somos capazes de focar em ambas
as dimensões ao mesmo tempo. Existe uma enorme quantidade de imagens na Internet que
permitem confirmar a realidade desta lei, bem como de outras. Dê uma olhada no Explore +
para ampliar seu conhecimento.

A Lei de Figura e Fundo foi, posteriormente, utilizada pela Gestalt-terapia para explicar o
funcionamento do comportamento humano. Pode-se perceber que essa lei contribuiu para
melhor entendermos a organização de nosso funcionamento e mostra quão necessária é a
existência desses dois referenciais (figura e fundo) para que haja nossa organização.
Precisamos de um fundo para que se sobressaia uma figura. Neste exato momento, você
somente consegue ler este material, pois há essa separação entre figura (letras digitadas) e
fundo (layout da página).

Um aspecto interessante das leis do Gestaltismo é que elas apontam a necessidade da ação
do sujeito para complementar aspectos relacionados à percepção do estímulo, ou seja, não é
somente uma relação direta do estímulo com a recepção, mas existe uma interferência do
sujeito. Por exemplo, na Lei de Figura e Fundo existe uma ação do sujeito em focar, em algum
momento, na figura ou no fundo, não sendo um acontecimento automático ou programado.

LEI DO DESTINO COMUM


Afirma que quando vários objetos se movem de forma semelhante em uma mesma direção,
eles são vistos como um conjunto.

 SAIBA MAIS

Você quer ver mais de perto essas leis? Não deixe de dar uma espiada no Explore +!

Agora que você já aprendeu sobre o Gestaltismo, bem como seus princípios e principais leis,
apresentaremos alguns dos principais nomes deste movimento e suas diferentes contribuições.
O GESTALTISMO NA HISTÓRIA DA
PSICOLOGIA
Neste vídeo, vamos apresentar como o Gestaltismo mudou os rumos da pesquisa psicológica,
defendendo que esta deveria se aproximar da experiência cotidiana das pessoas.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Investigando a Experiência Psicológica

Leis do Gestaltismo
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Identificar as principais contribuições de Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt


Kuffka e Kurt Lewin, nomes principais da Psicologia da Gestalt

AS TEORIAS DE WERTHEIMER, KOFFKA,


KÖHLER E LEWIN
O Gestaltismo tem seu marco de desenvolvimento na Alemanha, sendo, por isso, conhecido
como Escola de Berlim. Os principais nomes no início desse movimento são: Max
Wertheimer, Wolfang Kohler e Kurt Koffka.

Neste módulo, apresentaremos um pouco de cada um desses pensadores, seus principais


trabalhos e suas contribuições para o Gestaltismo, bem como as contribuições de Kurt Lewin,
grande promotor da Psicologia da Gestalt e importante nome no desenvolvimento da Psicologia
Social.
MAX WERTHEIMER (1880-1943)
Wertheimer nasceu em Praga no ano de 1880. Estudou Direito na Universidade de Praga,
mudando posteriormente a sua graduação para a Filosofia, onde frequentou as classes de
Ehrenfels. Posteriormente, também estudou Psicologia, obtendo seu doutorado em 1904, na
Universidade de Wurzburg.

A publicação de um artigo em 1912, Experimentelle Studien über das Sehen von Be-wegung
(Estudos experimentais sobre como ver o movimento), é considerada o marco do início da
Psicologia da Gestalt. Nesse artigo, Wertheimer abordará o chamado Fenômeno Phi e o
movimento ilusório.

Você, decerto, já viu letreiros luminosos de alguma estação de trem que, aparentemente, lhe
deram a sensação de movimento. No entanto, sabemos que não há o movimento das luzes ou
lâmpadas do letreiro, mas o piscar de focos de luz que nos dão essa impressão. O cinema
também apresenta essa realidade, ou seja, uma série de películas que, ao serem exibidas, dão
a impressão de movimento.

Essa questão era um grande problema para a Psicologia da época, ou seja, embora a
experiência pessoal fosse de movimento, objetivamente, este não existia. O que existia eram
dois focos de luzes piscando, entretanto, uma pessoa, ao receber esse estímulo, percebia um
movimento aparente. Pela ótica da Psicologia predominante no século XIX, a qual a Psicologia
da Gestalt combaterá, o que se tinha eram dois feixes de luz, mas a experiência da pessoa era
de um movimento e não de dois feixes separados.

Como explicar o movimento desde uma perspectiva que só considera os estímulos separados?

Wertheimer, para explicar, cunhou o termo Fenômeno Phi, significando “a ilusão de que dois
focos fixos de luz piscante estão em movimento de um lugar para o outro” (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2020, p. 292). Para Wertheimer, o movimento aparente não poderia ser
decomposto em seus elementos (tese elementarista), pois era mais do que a soma de suas
partes, sendo, na realidade, um todo que possuía sentido em si (tese holística).

Também fica claro que, para a Psicologia da Gestalt, a Fenomenologia ganhará um importante
espaço. Para se aproximar da experiência da pessoa, deve-se deixar de considerar os
conhecimentos prévios. No caso do movimento aparente, isso ficou claro.

 SAIBA MAIS

Embora Wundt, representante da Psicologia Clássica do século XIX, defendesse que, a partir
da introspecção do estímulo (luzes piscando), o observador veria duas linhas de luz, isso não
ocorria, ou seja, ele continuava enxergando uma linha em movimento (Araújo, 2013).

O método fenomenológico, portanto, se tornou o meio empreendido para se estudar a


experiência psicológica, sendo esse um ponto em comum do Gestaltismo com a Psicologia
Existencial e com a Psicologia Humanista.
Embora pareça simples, a proposta de Wertheimer foi revolucionária para época e, no
contexto alemão, encontrou um ambiente hostil. Afirmar a existência de experiências que não
poderiam ser reduzidas a seus elementos contrariava o status quo da Psicologia da época.
Entretanto, a proximidade com a vivência das pessoas gerou boa aceitação para muitos e, com
isso, a Psicologia da Gestalt pode dar seu pontapé inicial.

 SAIBA MAIS

Wertheimer, devido à ascensão do Nazismo, emigrou para os EUA e, apesar das dificuldades
de adaptação à cultura e à língua, influenciou um importante nome da Psicologia do século XX:
Abraham Maslow, um dos principais nomes da Psicologia Humanista. Maslow realizou a
pesquisa de pessoas que, em sua avaliação, seriam modelos de autorrealização, e Wertheimer
foi uma dessas pessoas, tendo gerado forte impacto neste outro eminente pensador do século
XX (SCHULTZ; SCHULTZ, 2020, p. 390).

WOLFGANG KOHLER (1886-1941)


Koller pode ser considerado o principal porta-voz do Gestaltismo (SCHULTZ; SCHULTZ, 2020),
por ter apresentado os princípios da Psicologia da Gestalt de forma precisa, bem como
adotado uma linguagem compartilhada com a Física para explicar os fenômenos.

Kohler emigrou para a Alemanha com cinco anos de idade. Seu país de origem era a Estônia.
Estudou em diferentes Universidades e obteve seu doutoramento pela Universidade de Berlim.

 CURIOSIDADE

Um aspecto interessante da vida de Kohler é que o mesmo, em 1913, viajou para as Ilhas
Canárias, passando a estudar o comportamento de chimpanzés. Entretanto, houve a explosão
da Primeira Guerra Mundial e Kohler não conseguiu deixar o local, tendo passado cerca de
sete anos trabalhando com o comportamento animal.
Existe uma polêmica afirmando que, na realidade, Kohler teria permanecido na ilha por ser um
espião alemão, entretanto, não existe comprovação de tal fato.

Kohler, em 1920, publicou um importante livro, Static and Stationary Phisycal Ges-talts (Gestalt
Físico estacionário e estático), no qual defendia que a teoria da Ges-talt, na realidade, era uma
lei geral da natureza, podendo ser aplicada a outras ciências. De certa maneira, essa proposta
de Kohler se coaduna com a afirmação de que o Gestaltismo, mais do que um movimento da
Psicologia, se transformou em uma Filosofia da Natureza, ampliando suas teses para as
demais áreas do conheci-mento.

Com a ascensão do regime Nazista, Kohler, em 1935, deixou a Alemanha, passando a viver
nos EUA. Esse movimento, também repetido por Wertheimer e Koffka, contribuiu para que a
Psicologia da Gestalt pudesse ser disseminada fora da Alemanha e Europa.

Uma das importantes contribuições de Kohler se deu no campo da aprendizagem. De certa


forma, essa constatação contribui para perceber que a Psicologia da Gestalt não se resume
aos aspectos referentes à percepção.

Como já visto, para o Gestaltismo, uma premissa básica é de que a percepção sofre influência
do campo como um todo, e não somente de um estímulo isolado. Essa premissa foi
transportada por Kohler para o campo da aprendizagem e resolução de problemas. Nesse
sentido, os experimentos com chimpanzés ajudaram Kohler a perceber que o aprendizado,
mais especificamente a resolução de problemas, não era um processo de acúmulo de dados
sensoriais ou tentativa e erro, e sim uma reestruturação do campo perceptual.

Em uma dessas famosas experiências, um chimpanzé recebia duas varas que podiam ser
unidas, aumentando de tamanho. Fora de sua jaula, estava uma banana, a qual o chimpanzé
não conseguia alcançar usando somente uma vara. Segundo a descrição de Kohler, após
várias tentativas, o chimpanzé desistiu de alcançar a comida e permaneceu brincando com as
varas, até que, de forma surpreendente, as uniu e foi pegar a banana.
 SAIBA MAIS

A esse fenômeno, Kohler deu o nome de insigth, uma apreensão e compreensão imediata das
relações presentes em determinada situação. Para Kohler, o insight era diferente da
aprendizagem por ensaio e erro, e envolvia uma reorganização do ambiente percebido pelo
indivíduo, levando-o a desenvolver a teoria do aprendizado por insigth.

O aprendizado por insigth seria um processo cognitivo no qual ocorre a reorganização dos
elementos de um problema, levando a uma solução ou compreensão repentina e à resolução
da situação. A noção de insigth tornou-se importante não somente no campo do Gestaltismo e
da Psicologia da Aprendizagem, mas também no campo da Psicologia Clínica.

KURT KOFFKA (1886-1941)


Koffka nasceu em Berlim, em 1886, crescendo em uma família na qual o pai e o irmão seguiam
o campo do Direito. Contrariando o fluxo de envolvimento com esta disciplina, Koffka resolveu
estudar Psicologia, tornando-se um dos três grandes nomes iniciais da Psicologia da Gestalt.
Trabalhou com Wertheimer e Kohler, sendo um dos mais criativos do trio.
Koffka sofria de daltonismo, sendo que seu interesse pelo estudo da percepção humana
ganhava motivação por sua condição de saúde. Além de ser importante no âmbito do
desenvolvimento inicial do Gestaltismo, Koffka se dedicou aos estudos sobre a memória e o
pensamento.

 SAIBA MAIS

Uma contribuição importante de Kofka foi a elaboração de um artigo sobre a Psicologia da


Gestalt, publicado no periódico americano Psychological Bulletim, contribuindo para a
expansão do Gestaltismo nos EUA.

Kofka também foi responsável por propor a extensão do conceito de Gestalt ao âmbito social.
Em seu livro Princípios de Psicologia da Gestalt (1975), ele define que grupo pode significar
grupo geográfico, ao qual ele chamará de sociológico, e o grupo comportamental, ao qual
chamará psicológico. Vamos entender mais sobre esses grupos a seguir:

GRUPOS SOCIOLÓGICOS
Koffka vai definir os grupos sociológicos como supersomativos, ou seja, estruturas diferentes
da soma das partes, seus membros. Nota-se aqui um princípio da Psicologia da Gestalt
aplicado aos grupos.
GRUPOS PSICOLÓGICOS
O grupo psicológico pode ser definido como a realidade de uma pluralidade de indivíduos que
funciona de forma unificada. Kofka refere-se a essa realidade a partir do uso do pronome nós.
Quando dizemos “nós lemos o texto sobre Gestaltismo”, não estamos afirmando que somente
eu li, ou que esse foi um ato particular isolado. Estou afirmando que o grupo emitiu esse
comportamento.

Com isso, Kofka vai definir três grandes problemas no campo da Psicologia Social:

COMO SE ORGANIZAM OS GRUPOS PSICOLÓGICOS?

QUAIS AS SUAS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS?

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE SOCIAL?

Kofka utiliza as leis da Psicologia da Gestalt para explicar os grupos psicológicos, trazendo
para o campo social os enunciados de semelhança, fechamento, estabilidade etc., para
explicar os grupos sociais.

KURT LEWIN (1890-1947)


Em algum momento de seus estudos, você, provavelmente, escutará que Kurt Lewin é um dos
mais importantes nomes da Psicologia Social, sendo possível que a referência dele ao
Gestaltismo passe despercebida. Entretanto, Lewin foi um entusiasta do Gestaltismo, sendo
suas ideias, inicialmente, tão próximas do trio de Berlim (Wertheimer, Kohler e Kofka) que se
acreditava que eram todos muito amigos.

Diversas foram as contribuições de Lewin e, de certa maneira, pode-se dizer que, embora seja
um representante do Gestaltismo, aos poucos, suas ideias se afastaram um pouco da
Psicologia da Gestalt, uma vez que ele começou a considerar a importância das necessidades
humanas, da personalidade e das influências sociais na compreensão do comportamento e da
experiência psicológica.

Uma primeira grande contribuição de Lewin deve-se à formulação da Teoria de Campo,


realizando uma equivalência ao conceito de campos de força próprios da Física.

A teoria de campo defende que o comportamento humano se deve tanto aos aspectos
particulares da pessoa como às características do meio no qual ela está inserida. Com
essa afirmação, Lewin postulava que o comportamento humano não era somente resultado dos
impulsos, bem como não era simplesmente uma resposta aos estímulos do ambiente, ou seja,
se contrapunha às explicações psicanalistas e behavioristas.

Dessa constatação, Lewin (1965) formulará a equação:

C = F (P . M )

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Ou seja, o comportamento da pessoa é igual à função da relação da pessoa com o seu meio.
Um pouco de Matemática na Psicologia, ainda que, para alguns, isso seja um verdadeiro
problema.
Para complementar sua teoria de campos, Lewin utilizará o conceito de espaço vital ou
espaço de vida. O espaço vital compreende todos os acontecimentos do passado, presente e
futuro que, porventura, venham a afetar o comportamento da pessoa. No espaço vital, estão
incluídos os fatores pessoais: crenças, necessidades, metas, bem como os fatores ambientais
externos à pessoa.

É no espaço vital que a pessoa experimentará tensões, ou seja, forças que buscam ser
atendidas no meio. A tensão sempre envolve uma relação entre forças e o meio em que se
dão.

Por exemplo, voltemos à nossa leitura deste material. Neste momento, o seu espaço vital, de
forma simplificada, envolve você e o ambiente de estudo. Agora que você está lendo e
buscando entender a teoria de campo de Lewin, existe uma força que, graficamente, seria
representada por um vetor (seta) na direção do texto (página web) que você busca
compreender. Na imagem a seguir, representamos graficamente tal situação.

Se você deseja compreender o texto e a sua ação está de acordo com esse desejo, temos o
que Lewin denomina valência positiva, ou seja, há uma coerência entre seus desejos e seus
comportamentos, havendo a possibilidade de satisfação dos mesmos. Entretanto, se você, na
realidade, está desejando interromper a leitura para se deliciar com um lanche, teríamos uma
valência negativa, ou seja, a relação entre seus desejos e suas ações está invertida.

De acordo com Rodrigues (2020, p. 124):


O CONCEITO DE VALÊNCIA REFERE-SE AO QUE
MOBILIZA A PESSOA PARA UM POTENCIAL
MOVIMENTO, SEMPRE PENSANDO EM UMA
SITUAÇÃO VIVIDA.

Lewin (1965) corroborou suas hipóteses por meio do trabalho de Bluma Zeignark (1901-1988),
que elaborou um experimento no qual voluntários recebiam tarefas durante o período de tempo
de um dia. Algumas tarefas foram interrompidas pelos pesquisadores de forma proposital,
outras não, permitindo que o voluntário alcançasse o objetivo.

A premissa era que um voluntário, quando recebesse uma tarefa para ser cumprida,
começasse a vivenciar uma tensão, ou seja, uma relação de forças. Se a tarefa era
concretizada, a tensão terminava, mas se fosse interrompida, a tensão permanecia. Ao fim do
dia, os voluntários foram questionados sobre quais tarefas se lembravam e a maioria deles
mencionava as que não concluíram, ou seja, as interrompidas, reforçando a existência da
continuidade da tensão pelo não fechamento da situação.

 Bluma Zeignark na infância


Talvez você já tenha experimentado algo parecido quando o fato de não ter terminado uma
tarefa ecoa na sua mente mais do que todas as tarefas terminadas.

 SAIBA MAIS

Segundo Rodrigues (2020), o marketing e a propaganda utilizam os achados desse estudo,


conhecido como Efeito Zeigarnik, para criar os famosos teasers. Neles, há a mobilização do
público, mas não a sua satisfação, ou seja, cria-se uma expectativa, necessidade (tensão),
mas não há seu fechamento, gerando maior retenção da informação na memória da pessoa.
Experimente isso vendo o teaser de algum filme que lhe gera muita expectativa!

Lewin foi importante no contexto do Gestaltismo, mas também nas suas contribuições para a
Psicologia Social. Foi ele quem desenvolveu, de forma pioneira, os estudos sobre as dinâmicas
de grupo, bem como sobre os diferentes tipos de liderança. No entanto, essas contribuições
ficam para o campo da Psicologia Social.

KURT LEWIN: DO GESTALTISMO À


PSICOLOGIA SOCIAL
Neste vídeo, vamos apresentar as contribuições de Kurt Lewin para a Psicologia Moderna,
sobretudo com suas considerações desde a teoria de campo.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Max Wertheimer (1880-1943) e Wolfgang Kohler (1886-1941)

Kurt Koffka (1886-1941) e Kurt Lewin (1890-1947)

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Reconhecer os aspectos centrais da proposta da Gestalt-terapia desenvolvida por


Fritz Perls
GESTALT-TERAPIA DE FRITZ PERLS
Nossa caminhada está chegando ao fim e, agora, podemos apresentar um pouco da Gestalt-
terapia. Inicialmente, pode parecer que o fato de ser chamado Gestalt leva a que acreditemos
que a Gestalt-terapia seria a aplicação do Gestaltismo ao âmbito clínico. Entretanto, essa
transposição não é tão clara. Como veremos, Fritz Pearls, principal desenvolvedor dessa
teoria, nutria algumas discordâncias com o movimento da Psicologia da Gestalt.

Inicialmente, você será apresentado a um pouco da história da Gestalt-Terapia, bem como sua
relação com a Psicologia Humanista e as principais influências filosóficas recebidas por esta
escola de psicoterapia. Posteriormente, discutiremos alguns conceitos importantes dentro do
contexto da Gestalt-terapia, bem como seu entendimento de intervenção psicoterapêutica.

GESTALT-TERAPIA: UMA BREVE HISTÓRIA


O marco de surgimento da Gestalt-terapia é o ano de 1951, quando Frederick Perls (Fritz
Perls), Paul Goodman e Ralph Hefferline lançaram o livro Gestalt-therapy: Excitement and
grouth in the human personality, publicado no Brasil como Gestalt-terapia, em 1997.

Nesse livro, os autores apresentam não somente os trabalhos (anotações) que Fritz havia
desenvolvido ao longo dos anos e, especialmente, no tempo em que viveu na África do Sul,
bem como as discussões envolvendo o chamado Grupo dos Sete.

GRUPO DOS SETE

Isadore From, Paul Goodman, Paul Weisz, Sylvester Eastman, Elliot Shapiro, Laura Perls e
Fritz Perls.

 CURIOSIDADE
Laura Perls, cocriadora da Gestalt-terapia, foi casada com Fritz, tendo ambos se conhecido no
tempo de trabalho com Kurt Goldstein.

Em termos de contexto histórico, a Gestalt-terapia surge no meio da ascensão da Psicologia


Humanista nos EUA. Embora Fritz tenha nascido na Alemanha, devido ao crescimento do
Nazismo, acabou emigrando para África do Sul e, posteriormente, para os EUA. Conforme
sintetiza Frazão (2020, p. 12):

A PSICOLOGIA HUMANISTA ENFATIZA A


AUTORREALIZAÇÃO POR MEIO DO
DESENVOLVIMENTO DAS POTENCIALIDADES
HUMANAS DE CRESCIMENTO E CRIATIVIDADE. O
HOMEM SE AUTODETERMINA, INTERAGE
ATIVAMENTE COM SEU AMBIENTE, É LIVRE E PODE
FAZER ESCOLHAS, SENDO RESPONSÁVEL POR ELAS
NO UNIVERSO INTERRELACIONAL NO QUAL VIVE, O
QUE CONSTITUI UM NOVO PARADIGMA.

De fato, a Gestalt-terapia é, algumas vezes, inserida dentro do contexto da Psicologia


Humanista, sendo, outras vezes, considerada como uma abordagem a parte. No entanto,
notam-se alguns importantes pontos de encontro entre as duas correntes de psicoterapia, não
só por pressupostos filosóficos, mas também por alguns objetivos, como, por exemplo, a
Gestalt-terapia focar não somente na cura, mas também no desenvolvimento e crescimento da
pessoa, permitindo-lhe desenvolver todas as suas potencialidades.
Fritz Perls, formado em Medicina em 1920, teve, ao longo de sua vida, contato com iminentes
nomes da psicologia, como Karen Horney e William Reich, e trabalhou com Kurt Goldstein, que
se baseava na Psicologia da Gestalt em suas pesquisas, sendo que Laura Perls, que também
foi aluna de Wertheimer, desenvolveu seu doutorado em Psicologia da Gestalt. Logo, pode-se
perceber como o Gestaltismo, de alguma forma, influenciou o pensamento dos Perls, embora
outros estivessem no caldeirão que cozinhou a Gestalt-terapia.
Goldstein ampliou a Psicologia da Gestalt para a compreensão do organismo como um
todo, sendo o criador da teoria organísmica, que propõe a importância da totalidade na
compreensão do organismo humano.

Para a teoria organísmica, qualquer sintoma deve ser visto desde a perspectiva de que o que
atinge uma parte atinge o todo. Além disso, a teoria organísmica propõe uma unidade entre
corpo e mente, algo importante no desenvolvimento da Gestalt-terapia, bem como a concepção
de que o ser humano tende ao equilíbrio, seguindo o princípio da homeostase.

 SAIBA MAIS

Dentre as influências da Gestalt-terapia, vale pontuar que Laura e Fritz tinham orientação,
sobretudo, psicanalítica, sendo que nas discussões sobre o nome da abordagem que vinham
desenvolvendo (junto com o Grupo dos Sete), Laura chegou a sugerir o nome de Psicanálise
Existencial.

De acordo com Frazão (2020), a Gestalt-terapia, desde seu início, teve duas fortes correntes, a
primeira conduzida por Fritz Perls, mais voltada para a prática da demonstração do
funcionamento da mesma, e a segunda, com centro mais restrito inicialmente a Nova York,
voltada para o aprofundamento da teoria e as bases filosóficas da abordagem.

A Gestalt-terapia no Brasil começou sua caminhada no início da década de 70. De acordo com
Frazão (2020), a perspectiva encontrou um momento social conturbado, sendo que sua
premissa de horizontalidade da relação chamou o interesse de alguns psicólogos. Ao longo dos
anos, o crescimento vem sendo ampliado em terras Brasileiras, contando hoje com centros de
formação e uma vasta bibliografia na área, permitindo acesso às obras clássicas da
abordagem, bem como aquelas que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos.

INFLUÊNCIAS FILOSÓFICAS NA GESTALT-


TERAPIA
É praticamente impossível não considerar as influências filosóficas nas diferentes abordagens
psicológicas. Ainda que, na nascente Psicologia no contexto alemão do século XIX, tenha
ocorrido uma cisão entre os chamados psicólogos e os filósofos, essa ocorre muito mais por
questões institucionais do que pela relação entre essas duas áreas do conhecimento
(ARAÚJO, 2013).

No caso da Gestalt-terapia, as influências filosóficas são, principalmente, as do existencialismo,


da fenomenologia e do humanismo.

No que diz respeito ao existencialismo, embora inicialmente o mesmo não tenha sido pontuado
como influenciador na Gestalt-terapia, posteriormente, foi reconhecido por Perls como central
na abordagem.

Embora possamos afirmar que o mais correto seria falar sobre Existencialismos, em vez de
falar de somente um Existencialismo, uma definição comum às diversas perspectivas dentro
desse movimento seria a utilização da análise da existência concreta como forma de
aproximação à realidade da pessoa.

O Existencialismo se preocupa em aprofundar as experiências de angústia, sofrimento,


esperança e sentido do homem comum, debruçando-se sobre a morte e a vida, o medo e o
amor. Perls (1997) afirma que a Gestalt-terapia era uma das abordagens terapêuticas
existenciais, junto com a Logoterapia, de Viktor Frankl, e a Daseinanálise, de Biswanger.

É certo que uma série de autores do Existencialismo influenciaram a Psicologia do século XX,
sobretudo a Psicologia Existencial e Humanista. No contexto da Gestalt-terapia, um importante
nome foi o filósofo Martin Buber (1878-1965).

Buber (1977) desenvolveu uma rica filosofia da relação, demarcando o aspecto relacional
como fundante da realidade da pessoa. Nesse sentido, ele se contrapunha às características
tão proeminentes do nosso tempo, de ênfase no individualismo ou em relações superficiais, ou
líquidas, para lembrar o conceito consagrado pelo sociólogo Zygmunt Bauman.

 Martin Buber (1878-1965)

A pessoa, em sua existência, pode estabelecer relações do tipo Eu-Isso, que na perspectiva de
Buber seriam relações nas quais o outro é, na realidade, um objeto. As relações autênticas
serão aquelas baseadas no Eu-Tu, nas quais se encontra a totalidade do outro e este é mais
do que um mero objeto, mas um fim em si.

O pensamento de Buber terá grande influência na chamada Gestalt-terapia dialógica, que


demarca a relação terapêutica como um encontro existencial, no qual o processo terapêutico
encontra seu ponto fundamental de apoio. Essa relação terapêutica se baseará em uma atitude
aberta ao cliente, de acolhimento e esvaziamento de preconceitos.

A perspectiva relacional na Gestalt-terapia se dá também no respeito aos princípios básicos do


diálogo: a inclusão, a confirmação, a presença e a “entrega ao entre”.

A inclusão significa a capacidade de se colocar no lugar do cliente, mas sem perder a


perspectiva do terapeuta. Significa aceitar o cliente sem desejar modificá-lo, não querendo
torná-lo diferente, o que contribui para facilitar a expressão do mesmo.

A “entrega ao entre” aponta para a capacidade do terapeuta em estar presente e aberto ao


encontro, sendo necessárias posturas compassivas, humildade e gentileza. Nota-se que, na
Gestalt-terapia, a relação se dará sobretudo de forma horizontal. O terapeuta não é o detentor
do saber, do conhecimento e domínio, ele é um eu que se encontra com um tu.
A presença reforça a importância do aqui e agora, aspecto central na Gestalt-terapia. A relação
ocorre no momento presente, ainda que aspectos do passado e futuro possam estar em
campo, estarão como presente. A confirmação é fundamental para que o cliente se
experimente reconhecido em sua unicidade enquanto ser no mundo. A partir dela, se abre a
possibilidade do crescimento sem medo de que suas atitudes e comportamentos sejam
entraves para a relação com o outro.

Além do Existencialismo, a Fenomenologia foi outra importante influência no desenvolvimento


da Gestalt-terapia.

A Fenomenologia pode ser compreendida como um método, uma atitude, uma tentativa de
apreender determinado fenômeno de forma objetiva.

Diante da realidade do outro, da pessoa concreta que se põe à nossa frente, podemos nos
deparar com o questionamento de como apreender e compreender essa realidade. Aqui, não
estamos falando da realidade do ser humano de forma global, mas daquela pessoa única,
irrepetível, particular que se apresenta.

Nesse sentido, quebrar os preconceitos e deixar as ideias preconcebidas sobre o outro se


torna fundamental, e é exatamente nesse aspecto que a Fenomenologia se torna importante
para a Gestalt-terapia, bem como para as psicoterapias em geral. Sabe-se que sair de uma
posição prévia de visão, de uma rede referencial, para buscar uma nova compreensão,
pressupõe um fazer fenomenológico e gestáltico.
 SAIBA MAIS

Por fim, também avaliamos importante demarcar as contribuições do pensamento oriental,


sobretudo o zen-budismo no pensamento de Fritz Perls e, com isso, na Gestalt-terapia.

Veras (2020) afirma que o pensamento oriental se encontra no pensamento de Perls desde
suas primeiras publicações, como em seu livro Ego, fome e agressão (2002), no qual já se
percebe, por exemplo, a importância da atitude de aceitação, em que não se tenta dominar a
dor, mas vivenciar o momento em que a mesma se dá.

Outro ponto importante é a ênfase que a Gestalt-terapia dá ao aqui e agora, que se manifesta
de forma significativa nas práticas meditativas orientais. O encontro se dá na ideia de
continuum de awareness, sublinhado pela Gestalt-terapia, significando a investigação da
experiência desde um olhar sem preconceito, que deixa, temporariamente, suspenso o saber,
buscando vivenciar a essência do momento, e o olhar de principiante, estimulado nas
práticas de meditação, nas quais o abandono do conhecimento e controle sobre a realidade é
necessário para a abertura e receptividade ao novo.

Apresentadas algumas influências filosóficas na Gestalt-terapia, podemos, agora, discutir


alguns conceitos importantes.

GESTALT-TERAPIA: CONCEITOS
IMPORTANTES
Ao longo deste caminho, já tratamos de alguns conceitos importantes na Gestalt-terapia, desde
aqueles enfatizados pela Psicologia da Gestalt até os que surgem das influências filosóficas
nesta abordagem. Agora, pretendemos abordar, de forma mais concisa e objetiva, alguns
conceitos importantes para a Gestalt-terapia.

A LEI DE FIGURA E FUNDO

O primeiro deles é uma herança direta do Gestaltismo e das leis de organização: a Lei de
Figura e Fundo. Perls transpôs a Lei de Figura e Fundo para o campo organismo/ambiente,
permitindo pontuar que a necessidade mais importante para a pessoa, em determinado
momento, se torna a figura, devendo ser buscada e, quando satisfeita, passando a ser o fundo.

Vamos voltar ao nosso exemplo inicial. Enquanto você está estudando este texto, sua busca é
por conhecimento (ou talvez conseguir ser aprovado na disciplina). Existe uma necessidade e
você está atuando em prol de satisfazê-la. A figura, o que está na sua frente, é a tela de seu
computador, e ao fundo, o layout da página. Para além disso, o que está como figura é todo o
conteúdo, e ao fundo, preocupações, sons, cheiros etc.

No entanto, você percebe em algum momento que está com fome e, de repente, nota o cheiro
delicioso que vem do restaurante embaixo do seu apartamento. Neste momento, surge uma
nova necessidade (necessidade de se alimentar, fome) e a necessidade de aprender abre
espaço para o hambúrguer que está sendo feito (poderia ser também a salada fit, mas não
teria tanto cheiro). A partir desse momento, seu comportamento deixa de ser orientado para a
satisfação da necessidade de conhecimento e passa a ser o de comprar a comida deliciosa
que prendeu toda a sua atenção.

Na perspectiva de Fritz (2020), a necessidade mais importante se torna a figura, e o


comportamento da pessoa começa a se organizar para a satisfação da mesma. Quando
satisfeita, essa necessidade recua para o fundo, levando a um equilíbrio temporário e dando
espaço à necessidade mais importante no momento.

A importância da figura e fundo não se dá somente pela explicação de aspectos do


comportamento humano, mas também pela sua tentativa de dar conta do adoecimento mental.
Isso porque a vida saudável pode ser a expressão da fluidez no processo de formação
figura/fundo, no qual as necessidades imperantes do organismo são satisfeitas de acordo com
sua emergência.

Para a Gestalt-terapia, na neurose e, também, na psicose, há um prejuízo na formação da


figura/fundo, tanto quanto a uma rigidez (fixação) na formação quanto a uma repressão.
Quando isso ocorre, a Gestalt (figura/necessidade não satisfeita) não é completa, levando a
uma situação inacabada, geradora de preocupações, temores e atitudes que geram prejuízo
para a pessoa. Esse contexto dificulta o equilíbrio do organismo, o alcance da homeostase,
outro conceito importante na Gestalt-terapia. Para a Gestalt-terapia, o princípio da homeostase
afirma que toda vida tende a buscar um equilíbrio.

O conceito de homeostase em Gestalt-terapia recebe influência da teoria organísmica de


Goldstein, já apresentada brevemente na parte histórica. Dentro dessa teoria, um conceito
importante é o de autorregulação organísmica, significando a busca dos seres vivos por
alcançarem a satisfação de suas necessidades na interação com o meio em que se encontram.
Perls (2020, p. 20) define a homeostase como:

O PROCESSO PELO QUAL O ORGANISMO MANTÉM


SEU EQUILÍBRIO E, CONSEQUENTEMENTE, SUA
SAÚDE SOB CONDIÇÕES DIVERSAS. A HOMEOSTASE
É, PORTANTO, O PROCESSO ATRAVÉS DO QUAL O
ORGANISMO SATISFAZ SUAS NECESSIDADES.

Ainda de acordo com Perls, uma vez que as necessidades são muitas e sempre haverá a
emergência de necessidades para perturbar o equilíbrio do organismo, o processo de
homeostase perdura o tempo todo, em uma contínua autorregulação do organismo.

O processo homeostático está atrelado a duas necessidades básicas do organismo:

SOBREVIVÊNCIA
CRESCIMENTO

O primeiro processo de autorregulação do organismo será manter-se vivo e, alcançado esse


equilíbrio, a busca pelo crescimento e desenvolvimento.

Toda perturbação do equilíbrio do organismo resulta em uma Gestalt incompleta (a situação


inacabada), gerando a necessidade de reequilíbrio, ou seja, alcance da homeostase. Nesse
aspecto, a Gestalt-terapia entende a neurose como a incapacidade do indivíduo em conseguir
encontrar e manter o equilíbrio entre si e o ambiente.

 ATENÇÃO

O ponto interessante é que a ênfase na forma, mais do que no conteúdo, começa a ser dada.
O importante não é o conteúdo da neurose em si, mas a relação da pessoa com seu meio e a
percepção dessa relação.

Essa relação sempre se dará no presente, no aqui e agora, conceito básico da abordagem da
Gestalt-terapia. Não é a negação do passado e do futuro, mas a afirmação de que a existência
e a vivência dos mesmos se dá no presente. Daí nasce a importância da presentificação
(awareness), ou seja, a capacidade de vivenciar o momento concreto, tomar consciência do
corpo, do organismo como um todo que busca se desenvolver no processo terapêutico.
 SAIBA MAIS

Processo terapêutico que visa contribuir para que a pessoa consiga fechar as Gestalt abertas,
ou seja, aquelas necessidades não satisfeitas que geraram situações inacabadas.

Aqui temos o elo de ligação entre o Gestaltismo e a Gestalt-terapia: a compreensão da


existência de uma totalidade, de uma Gestalt que Perls (2020) entende como uma
configuração, um modo particular de organização que serve como teoria para a estruturação do
funcionamento humano.

É nesse caminhar que a Gestalt-terapia se desenvolveu como uma abordagem que, mais do
que buscar a cura de doenças mentais, se preocupa em contribuir para o crescimento e
desenvolvimento da pessoa.
GESTALT-TERAPIA: UMA TERAPIA DO
ENCONTRO
Neste vídeo, vamos apresentar a história da Gestalt-terapia, a partir de seu principal fundador,
Fritz Perls, bem como as influências que recebeu da Fenomenologia e do Existencialismo de
Martin Buber.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Influências Filosóficas na Gestalt-terapia

Gestalt-terapia: conceitos importantes


VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim de nossa caminhada na busca por compreender o Gestaltismo, também
chamado de Psicologia da Gestalt, e a Gestalt-terapia, abordagem psicoterapêutica que, junto
com a Psicologia Humanista, gerou uma modificação na compreensão do comportamento e
funcionamento da mente humana.

O Gestaltismo provocou uma grande mudança na Psicologia, não somente por questionar seus
métodos de pesquisa, mas, sobretudo, por motivar uma ciência mais próxima da experiência
humana, não fechada entre as paredes dos laboratórios.

As contribuições da Psicologia da Gestalt para os estudos sobre a percepção, o


desenvolvimento humano e a aprendizagem foram significativas, sendo que muitas das leis de
organização se fazem perceptíveis em nossa vida cotidiana.

A Gestalt-terapia, com os esforços de Fritz Perls e o Grupo dos Sete, tornou-se uma
abordagem difundida por todo o mundo, permeada pela influência de grandes nomes da
Psicologia do século XX e, até hoje, sendo utilizada em intervenções no âmbito clínico.
Esperamos que você tenha mantido este conteúdo como figura ao longo de seu processo de
aprendizagem, fechando essa Gestalt e crescendo ainda mais no seu conhecimento sobre a
Ciência Psicológica.

 PODCAST
Neste podcast, o especialista apresentará como o Gestaltismo e suas leis foram importantes
para a Psicologia e se fazem presentes na nossa realidade cotidiana, explicando como nós
percebemos o mundo.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

ARAÚJO, S. F. Ecos do Passado: Estudos de História e Filosofia da Psicologia. Juiz de Fora:


UFJF, 2013.

BUBER, M. Eu e tu. São Paulo: Cortez & Moraes, 1977.

D'ACRI, G.; LIMA, P.; ORGLER, S. Dicionário de Gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo:
Summus, 2007.

FIGUEIREDO, L. C. M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis: Vozes, 1998.

FRAZÃO, L. . Um pouco da história... um pouco dos bastidores. Gestalt-terapia-


Fundamentos Epistemológicos e Influências Filosóficas, v. 1, p. 11-23, 2020.

KOFFKA, K.; CABRAL, Á. Princípios de psicologia da Gestalt. São Paulo: Cultrix, 1975.

LEWIN, K. Teoria de campo em psicologia social. São Paulo: Pioneira, v. 1951, 1965.

MARX, M. H.; HILLIX, W. A. Sistemas e teorias em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1973.
MORAES, M. et al. O gestaltismo e o retorno à experiência psicológica. História da
Psicologia: rumos e percursos, v. 2, p. 301-318, 2007.

PERLS, F. A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. São Paulo: LTC, 1978.

PERLS, F.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 1997.

RODRIGUES, H. E. Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt-terapia.


Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, p. 114-144, 2020.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage


Learning, 2020.

VERAS, R. P. A influência do pensamento oriental na Gestalt-terapia. Gestalt-terapia:


fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, p. 157-177, 2020.

WERTHEIMER, M. Zeitschrift für Psychologie. Verlag von Johann Ambrosius Barth. Leipzig:
Dörrienstraße 16, 1912.

EXPLORE+

Uma dica muito interessante para melhor compreender o poder dos grupos é o filme A
Onda. Você consegue fazer uma análise do mesmo aplicando as teorias aqui
aprendidas?

CONTEUDISTA
José Augusto Rento Cardoso

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