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SOCIEDADE REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA - SOREC

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINASSAU | UNIFACIMED


CURSO DE PSICOLOGIA

CIBELLY ELEANDRA LOZONO TEIXEIRA

PSICOTERAPIA EM GESTALT-TERAPIA: PRINCIPAIS CONCEITOS, TÉCNICAS


E FUNCIONAMENTO

Cacoal - RO
2022

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SOCIEDADE REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA - SOREC
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINASSAU | UNIFACIMED
CURSO DE PSICOLOGIA

CIBELLY ELEANDRA LOZONO TEIXEIRA

PSICOTERAPIA EM GESTALT-TERAPIA: PRINCIPAIS CONCEITOS, TÉCNICAS


E FUNCIONAMENTO.

Trabalho bibliográfico apresentado ao Centro


Universitário UNINASSAU | UNIFACIMED, sob
orientação da Profº. Ercedilio Guedes Junior para
obtenção de nota parcial na disciplina de Projeto
Extencionista VI.

Cacoal - RO
2022

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...….4
2. DESENVOLVIMENTO……….……………………………………………………..4
3. CONCLUSÃO………………………………………………………………………..7
4. REFERÊNCIAS…………………………..………………………………………..8

1. Introdução

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O presente trabalho pretende apresentar através de uma revisão
bibliográfica, de forma clara e objetiva, a perspectiva psicoterapia em Gestalt-
Terapia. Para tal, serão apresentados os principais conceitos e técnicas e a sua
aplicabilidade.
A priori, é válido conceituar alguns aspectos históricos acerca da
fundamentação da Gestalt-terapia. A Gestalt-Terapia é uma teoria da personalidade
que representa a terceira força na corrente humanista. Nasceu como um movimento
reacionário das teorias psicanalíticas e comportamentalista da psicologia ao adotar
uma visão do homem como entidade biopsicossocioespiritual. Em outras palavras, a
Gestalt-terapia é uma teoria dinâmica, voltada aos processos, no qual “o que
importa é o relacionamento entre eventos” (PINTO, 2018).
Ademais, a visão de ser humano presente nessa teoria desprende-se de uma
síntese criativa de várias correntes filosóficas e psicoterápicas: o humanismo, o
existencialismo, a psicologia fenomenológica, a psicanálise freudiana, os trabalhos
de Reich, a psicologia da Gestalt, a teoria organísmica de Goldstein, a teoria de
Lewin, alguns aspectos do taoísmo e do budismo (PINTO, 2018).
O principal criador da Gestalt-terapia foi Frederick Salomon Perls, mais
conhecido como Fritz Perls. Fritz nasceu em Berlim, em 1893, filho de pais judeus,
graduou-se em Medicina e trabalhou como neuropsiquiatra. Em Frankfurt, em 1926,
trabalhou com o neuropsiquiatra Kurt Goldstein e com outros co-fundadores da
Gestalt-terapia, como Laura Posner, Paul Goodman e Ralph Hefferline.
Em suma, os principais conceitos básicos da Gestalt-Terapia a serem
tratados a seguir é: o ser humano como um ser de relação, de totalidade e de
integração; o ser humano em constante integração e unidade temporal (passado-
presente-futuro); e o ser humano como um todo unificado que se auto-regula. Como
também, elencar brevemente como funciona o processo psicoterápico e as suas
técnicas.

2. Desenvolvimento
A Gestalt-terapia apresenta uma visão do organismo em constante interação
com o seu meio. Segundo Perls, Hefferline e Goodman citado por Frazão e
Fukumitsu (2014), o self na abordagem gestáltica é um sistema que integra o “eu” e
o “não eu”. O self em gestalt, diferente das demais abordagens psicológicas,
representa a fronteira de contato entre sujeito-ambiente. Em outras palavras, o ser

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humano na Gestalt é um ser dinâmico que está em constante relação consigo, com
os outros e com o mundo. Sendo um sujeito em totalidade e em constante
integração: sujeito biopsicossocioespiritual.
Posto isso, a visão de totalidade entre indivíduo-meio, ou o ser humano em
contato com os meios sociais e ambientais, leva ao conceito de ajustamento
criativo, isto é, “todo contato é ajustamento criativo do organismo e ambiente”
(FRAZÃO; FUKUMITSU, 2014). Isso ocorre pois segundo os conceitos gestálticos o
novo não é apreendido, mas assimilado e envolve um processo de perdas e
ganhos, o que revela o conceito de temporalidade em Gestalt-Terapia: o passado, o
presente e o futuro coexistem no aqui e no agora. Ou seja, na Gestalt-Terapia o
“self” é compreendido como um fenômeno temporal, no qual o aqui e o agora é o
tempo e lugar onde as modificações podem ocorrer.
Além disso, outro fator importante no ajustamento criativo é o conceito de
“autossuporte” e “heterossuporte”. De acordo com Frazão e Fukumitsu (2014), o
“autossuporte” diz respeito ao conjunto de recursos e experiências de cada
indivíduo que o auxilia a lidar com novas situações. Já o “heterossuporte” diz
respeito aos recursos externos ao indivíduo que também podem auxiliar na auto-
regulação.
Ademais, a “noção de awareness” em Gestalt-Terapia possui um significado
próprio que é “o saber da experiência”, no qual propõe “voltar às coisas mesmas”.
Isso é, a “noção de awareness” está situada entre a consciência versus saber da
experiência: o fluxo da experiência aqui e agora ocorre a partir de uma consciência
re-flexiva (voltar ao que já passou) implicando assim um horizonte temporal
(FRAZÃO; FUKUMITSU, 2014).
Ainda de acordo com Frazão e Fukumitsu (2014), em Gestalt terapia “não há
conceção de um sujeito, ego ou consciência constituindo o sentido da experiência: a
noção de awareness indica a existência de uma consciência não egóica (ego)”. Ou
seja, o sentido é espontaneamente dado pela experiência e a dimensão do sentir
requer aceitar ser afetado e para que seja afetado é necessário abertura para o
novo ou diferente, entregar e aceitar.
Para isso, retorna-se ao conceito de fronteira em Gestalt-Terapia, no qual
consiste na ideia do “eu mesmo” e o “outrem”: o que me é próprio, visível, o que me
é desconhecido, mundo (FRAZÃO; FUKUMITSU, 2014). O momento de encontro
com a novidade inaugura o processo de contato, estar diante da diferença.

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Entretanto, essa ideia de fronteira não se remete a um espaço físico, mas sim, a um
campo de presença corporal e temporal que é constantemente afetado. Por isso, a
experiência em Gestalt-Terapia é tida como aquilo que nos passa, nos acontece,
nos chega e toca (FRAZÃO; FUKUMITSU, 2014).
Desse modo, o sentir está incluso no movimento e a noção de awareness.
Para Merleau-Ponty citado por Frazão e Fukumitsu (2014), “a experiência é
exercício do que não submetido à separação do sujeito-objeto”. Sendo assim, a
experiência é uma espécie de travessia entre o “eu mesmo” e a alteridade
desconhecida do “outrem” ou mundo: o que abre espaço para a noção de sentir em
awareness.
A partir dos principais conceitos, vale ressaltar brevemente as técnicas e o
seu funcionamento da Gestalt-Terapia no processo psicoterápico. A Gestalt-Terapia
trabalha com o objetivo de identificar as leis e os mecanismos que regem o universo
do psiquismo: o eu propriamente dito. Segundo Cataldo (2013), a Gestalt-terapia
trabalha “à luz dos processos do self”, em outras palavras, o sujeito expresso a
partir de um conjunto de leis que são frutos de um passado determinante. Esse é
um conceito demasiadamente presente na abordagem fenomenológica: o homem
como um ser integrado que não pode ser dissociado ou fragmentado.
Posto isso, o principal objetivo da psicoterapia em Gestal-Terapia é ajudar o
cliente a restabelecer a awareness de seu próprio funcionamento. De acordo com
Perls, Hefferline e Goodman (1951) citado por Cataldo (2013):
“é apenas propor um problema que o paciente não esteja resolvendo
de maneira adequada, e se estiver insatisfeito com seu fracasso;
nesse caso, com ajuda, a necessidade do paciente destruirá e
assimilará os obstáculos, e criará hábitos mais viáveis (p.248).”

Desse jeito, possibilita ao cliente transformar a forma de ajustamento em que


está aprisionado. Além disso, para restabelecer a awareness o psicoterapeuta
precisa identificar qual função do sistema self do paciente está interrompida.
Entretanto, é válido considerar que “as queixas do cliente, seus sintomas, não
pertencem a uma classificação de manifestações psíquicas bioquímicas, mas a
modos de se posicionar e encarar a sua existência” (CATALDO, 2013). Em outras
palavras, a ideia principal é ceder o fluxo para a consciência intencional, aquela que
opera no aqui-e-agora em co-originalidade e com o mundo.

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3. Conclusão
Conclui-se, portanto, que o processo psicoterápico em Gestal-Terapia possui
a finalidade de compreender o self como um sistema temporal, embasado pela
fenomenologia, como conceito base. Além disso, elege não o indivíduo, mas os
acontecimentos na fronteira de contato, as relações como foco. Entendendo o
homem como a interação, como processo organismo/ambiente, não como um
animal isolado
Sendo assim, entende-se que a clínica Gestáltica é baseada no exercício do
contato, sendo o self entendido como um sistema temporal, como fluxo, como um
acontecimento de fronteira que funciona no princípio do imperativo fenomenológico
da descrição da experiência pura. Ademais, pode-se dizer que a fenomenologia não
é apenas uma orientação para o entendimento do self, nem apenas uma influência
para a metodologia clínica da Gestalt-terapia, mas a base epistemológica sem a
qual a compreensão do processo clínico e da própria Gestalt-terapia, na forma de
um campo singular de saber, torna-se inviável (CATALDO, 2013).

4. Referências

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CATALDO, U. H. P. Gestalt-terapia: fenomenologia na prática clínica. Revista
IGT na Rede, v. 10, nº 18, 2013.
FRAZÃO, L. M; FUKUMITSU K. O. Coleção Gestalt-Terapia: Fundamentos e
Prática. 1. ed. São Paulo: Summus, 2014.
PINTO, E. B. Alguns Aspectos da História e da Fundamentação da Gestalt-
terapia. Terapiando. Disponível em: https://terapiando.com.br/principais-conceitos-
da-gestalt-terapia/. Acesso em: 11 de novembro de 2022.

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