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FREITAS, Julia. A relação terapeuta-cliente na abordagem gestáltica.

Revista IGT na
Rede, v. 13, no 24, 2016. p. 85 – 104.

Joziane Souza Perna


Maria Emily Ribeiro Mendes

A relação terapeuta-cliente na abordagem gestáltica

Julia Rezende Chaves Bittencourt de Freitas: Psicóloga clínica, com formação em


Psicologia Perinatal e Parental pelo Maternelle, em formação em Gestalt- terapia pelo
Dialógico - Núcleo de Gestalt-terapia e cursando especialização em Terapia de Casal e Família
pela ATF-Rio, além de ter capacitação em Psicologia Hospitalar. É uma das idealizadoras do
Maternar Psi - Núcleo de Atendimento a Mães, Pais, Casais e Famílias. Atende adultos, casais
e famílias, além de gestantes, pós-parto, mães e pais em seu consultório na Barra da Tijuca
(RJ).

O artigo, A relação terapêutica- cliente na abordagem gestáltica (2016) feito pela autora
Júlia Freitas discorre sobre a abordagem Gestalt- terapia, o artigo é dividido em: contexto
histórico, pressupostos filosóficos, e bases teóricas, relação terapeuta–cliente na Gestaltterapia.
É feita uma reflexão epistemológica das bases filosóficas e teóricas da Gestaltterapia,
procurando relacionar com sua metodologia e atuação do psicólogo. Gestalt-terapia surgiu na
década de 60, nos Estados Unidos, fundada por Frederick Saloman Perls. Insatisfeito com a
abordagem psicanálise lançou um livro, tendo alguns pontos que discordava da teoria de Freud.
1951 lança o livro “ Gestalt-terapia “, 1968 a abordagem Gestáltica ganhou destaque na
Califórnia, durante o movimento contracultura. Suas bases filosóficas são baseadas no
Humanismo, na Fenomenologia e no Existencialismo. Também possui influência da Teoria
Organísmica, Teoria de Campo, Psicologia da Gestalt e Holismo. Na Gestalt-terapia o homem
é um ser complexo, que se reorganiza de acordo com a sua necessidade, que se modifica e é
modificado todo tempo, trata-se de uma prática que tenta ver o homem como um todo. Tendo
ênfase na consciência, e a consciência emocional e corporal.

Tendo como bases filosóficas: Humanismo, Existencialismo, Fenomenologia. O


Humanismo, defende a ideia de que o homem é considerado o centro do mundo e da existência.
Acredita que existe em cada ser humano um potencial que ultrapassa sua existência, um
impulso para o crescimento e para o processo de individualização, em que o homem é
responsável pela sua atualização. É uma concepção do mundo e da existência, cujo tem como

CURSO DE PSICOLOGIA CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA-UNINTA


centro o Homem, tornando-o mais verdadeiramente humano; A Gestalt-terapia tem uma visão
de homem baseada no existencialismo, que valoriza a subjetividade, a singularidade, a
responsabilidade e a vivência e tem como foco principal a existência humana. Jean Paul Sartre,
foi filósofo existencial que influenciou a Gestalt-terapia; A Fenomenologia é a base da atitude
terapêutica adotada na Gestalt-terapia, criada por Edmund Husser. A Fenomenologia é método
de estudo dos fenômenos psíquicos é denominada de psicologia descritiva, focando em
descrever o "o que" e o "como" (estrutura e função). Faz parte da Fenomenologia, descrição
dos fatos e suspender à priori. E afirma , que o fenômeno busca captar a essência mesma das
coisas. Essa essência mesma das coisas busca descrever a experiência assim como ela acontece
e se processa.

Suas bases teóricas são: Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo, Teoria Organísmica e
Holismo. Psicologia da Gestalt foi um campo de pesquisa, que trouxe uma série de novas
perspectivas para entender a maneira com a qual o homem percebe o mundo. Detendo-se na
experiência imediata e ao mundo como é visto na percepção comum, descobriram alguns
princípios gerais da percepção como: totalidades unificadas, e figura e fundo; Teoria de Campo,
entende que, tudo o que existe e que acontece no mundo pertence a um campo de inter-relações
de maneira que nenhum fenômeno deve ser identificado e entendido de maneira isolada, visto
que é apenas uma parte de um todo unificado e contínuo, que se compõe e se modifica a todo
o momento no tempo e no espaço, importando o campo como é experienciado por uma pessoa
naquele momento; Teoria Organísmica, o organismo seleciona no meio aquilo que necessita
para sua conservação. Distingue duas dimensões, os sistemas internos de compreensão
fisiológica, funcionando organismicamente como um todo interrelacionado no sentido de
restabelecer o equilíbrio através de homeostase e os sistemas de contato, sensoriais e motores,
pelos quais o organismo obtém do meio o que precisa para atender às suas necessidades vitais;
Holismo, foi utilizado pela primeira vez em 1926, pelo filósofo sul-africano Jan Christian
Smuts, a palavra holismo vem do grego “horos ”e se refere a totalidade. Na Gestalt-terapia,
não acredita de haver divisão entre mente e corpo.

Sobre a relação Terapeuta- cliente na Gestalt-Terapia, o terapeuta tem como dever,


ajudar o seu cliente a se descobrir, acompanhado o cliente nessa caminhada e também ajudando
a ampliar seu crescimento e amadurecimento. A Gestalt- Terapia é uma prática psicoterapêutica
vê o homem como um todo, não apenas sua patologia. Acredita que cada indivíduo apresenta
sua específica organização interna, que cada ser é único e inigualável e o seu funcionamento é
sua melhor tentativa de se adaptar ao meio. O trabalho clínico é voltado para uma ampliação
da consciência do indivíduo sobre seu próprio funcionamento, sobre como ele age ou como se
bloqueia em sua tentativa para alcançar seu próprio equilíbrio. Dessa maneira, o foco
terapêutico é deslocado das mãos do terapeuta e vai para a relação terapêutica. A relação que
se estabelece entre cliente e terapeuta é um dos aspectos mais importantes do processo
psicoterapêutico e a psicoterapia utiliza a postura dialógica, priorizando o humano que há no
outro. Dessa maneira, a Gestalt-terapia é uma prática que requer entrega do terapeuta para
investir, no caminhar o cliente e para se envolver num processo humano. Portanto, o terapeuta
precisa ter algumas características, como empatia, capacidade de ouvir e prestar atenção no
outro, não julgar, estar disponível e aberto ao encontro genuíno, ser curioso, criativo e
observador, estar pronto para o inesperado. A relação terapeuta-cliente embasa a filosofia de
Martim Buber, conhecida como relação dialógica. A relação Eu-Isso tem um propósito e é
dirigida para um objetivo. O Eu é como mim identifico e o Tu é o outro. Na relação Eu e Tu,
ocorre um encontro existencial, nesta relação consiste em estar plenamente presente, esse modo
de relação compreende funções de discernimento, vontade, orientação, reflexão,
autoconsciência. Eu-Isso é um aspecto necessário da vida humana. Para que a relação aconteça
os dois lados precisam estar “disponíveis” para sustentar o contato. A esposa de Perls, Laura
Perls (1994) afirma que a relação dialógica é o eixo central da Gestalt terapia.

A relação terapêutica é muito importante para o desenvolvimento emocional do cliente,


não se pode falar em neutralidade por parte do terapeuta, já que no processo terapêutico do
cliente, o terapeuta compartilha com ele experiências, sensações e emoções que emergem nessa
relação, o terapeuta também precisa colocar sua vida em parênteses quando cuida da vida do
cliente. A Gestalt-Terapia, trabalha paro o desenvolvimento de um bem-estar harmonioso,
incluindo o que a pessoa sente, pensa e a forma como se comporta, respeitando suas
necessidades. Essa abordagem não trabalha para o ajustamento do sujeito à sociedade, mas sim
para promover sujeitos autênticos.

O artigo possui uma linguagem facilmente a ser compreendida, trazendo a ideia da


Gestalt-terapia, seus conceitos e de como se é colocada em prática, evidenciando suas
referências á disciplina de Teorias Humanistas Existenciais, abordando que o humanismo
defende o homem como o centro de sua existência, valorizando toda sua subjetividade e
responsabilidades. O que mais chamou atenção foi a questão da Gestalt-terapia acreditar não
haver desarmonia entre mente e corpo, pois o corpo revela a alma, ás vezes, a alma revela o
corpo e ambos revelam a pessoa humana. Com isso, o terapeuta trabalha com o objetivo de
ajudar o cliente a se descobrir, ampliando seu conhecimento e amadurecimento, vendo o
homem como um todo e não apenas sua patologia. Sendo assim, o texto foi de suma
importância para melhor compreensão desse modelo psicoterápico, mostrando que não trabalha
o sujeito para os padrões da sociedade, mas sim ao caminho de ser um alguém autêntico.

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