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As várias teorias e técnicas psicoterápicas são norteadas por diferentes referenciais, que
podemos chamar de abordagens terapêuticas. Não se pode apontar uma ou outra linha de
atendimento como a mais efetiva, já que todas são guiadas pelo mesmo propósito — o
de ajudar o paciente na compreensão e resolução de seus conflitos. O que muda de um
processo para o outro é apenas o caminho percorrido.
No entanto, vale ressaltar que todos deveriam experimentar a psicoterapia como forma de
obter autoconhecimento, saber lidar com suas emoções e desenvolver o melhor de si. Isso
porque mesmo as pessoas que se consideram mais equilibradas e bem resolvidas, vez ou
outra, são afetadas por sentimentos e pensamentos incômodos.
Psicanálise
Essa escola, considerada a primeira da psicoterapia, teve Sigmund Freud como o grande
precursor. Alguns dos conceitos da teoria freudiana foram tão difundidos que caíram no
conhecimento do grande público.
Isso é feito por meio de uma técnica chamada associação livre, que conduz o indivíduo a
verbalizar livremente todos os pensamentos que invadirem sua mente, independentemente de
seu teor. Esse método pode fazer emergir fatos reveladores, que não eram de conhecimento
consciente da própria pessoa.
Outros conceitos bem conhecidos da psicanálise de Freud são a Teoria das Pulsões (pulsão de
vida e de morte) e os elementos do aparelho psíquico (id, ego e superego). Outras linhas
psicanalíticas, além da Freudiana, baseiam-se nas teorias de Carl Gustav Jung, Jacques
Lacan, Melanie Klein, Wilhelm Reich, entre outras.
Behaviorismo
Aaron Beck foi quem deu origem aos estudos dessa abordagem, quando entendeu a influência
da cognição — pensamentos, percepções de mundo — sobre as emoções, comportamentos e
o consequente desenvolvimento de transtornos nos pacientes.
Apesar de ter origem no behaviorismo, a TCC nasceu a partir de estudos que Beck realizou
com o objetivo de testar as hipóteses de Freud sobre a depressão. Conforme a avaliação dos
resultados, ele percebeu que a cognição estava relacionada com os processos de adoecimento
psicológico.
Beck compreendeu que cada pessoa possui uma forma de ver o mundo. São padrões de
pensar e agir que se constroem e se cristalizam de acordo com as experiências vivenciadas. E
são exatamente os pensamentos disfuncionais que produzem emoções negativas e
desencadeiam comportamentos inadequados ou autodestrutivos.
Trata-se de uma abordagem bastante diretiva e que pode ser aplicada em todos os tipos de
transtornos com efetividade. O terapeuta cognitivo avalia os padrões e esquemas mentais do
paciente até chegar à sua crença central, que dá origem às disfunções comportamentais.
Psicologia humanista
A corrente humanista foi criada por Carl Rogers e, segundo essa linha teórica, todo ser
humano possui uma tendência à realização, que pode levá-lo a se desenvolver e evoluir em
qualquer direção que queira.
Mas a intervenção proposta por Rogers, conhecida como terapia centrada na pessoa, não tem
o foco na admissão de culpa. Ao contrário, o objetivo é levar o paciente — nessa abordagem,
chamado de cliente — a compreender o que ele tem dentro de si e reconhecer que pode ser
muito melhor. Trata-se, portanto, de um acompanhamento eficaz para pessoas com problemas
causados pela autocrítica, baixa autoestima, entre outros.
Técnicas utilizadas
Segundo Juliana Chiavassa, psicóloga e especialista em Saúde Mental e Desenvolvimento
Humano, as principais técnicas utilizadas na terapia humanista são:
Autoconceito: como o paciente percebe suas características individuais;
Autoimagem: como o paciente se enxerga e se descreve;
Eu ideal: como o paciente gostaria de ser, o que inclui valores, comportamentos e
características.
Fenomenologia
Na visão dessa escola, cada ser humano experimenta o mundo de maneira única. Os
fenômenos ocorrem quando o indivíduo se junta, de corpo e mente, aos acontecimentos e dá
sentido às suas vivências.
A fenomenologia se refere ao homem como um “ser no mundo”, que foi lançado a condições
existenciais que ele não escolheu. No entanto, ele é consciente de suas intenções e, por isso,
tem plena responsabilidade sobre quem ele é e sobre o que faz. Em outras palavras, não
vivemos como gostaríamos, mas temos que assumir a culpa por nossas escolhas e angústias.
Nessa linha, o psicólogo não analisa o paciente a partir de teorias emolduradas. O papel do
terapeuta é ajudar o indivíduo a compreender o significado de sua existência e se tornar
responsável pelo seu destino. Trata-se de uma abordagem que envolve consciência,
autoanálise, autoconhecimento e ações intencionais.
Análise Junguiana
Carl Gustav Jung foi outro nome de grande influência na história da psicanálise. No entanto,
seu pensamento trouxe considerações um pouco diferentes das que foram apresentadas na
escola Freudiana.
Para Jung, os sonhos também são objetos de análise, mas são investigados a partir do
conceito de personificação do inconsciente. Ele acreditava que vivemos narrativas e
assumimos determinados personagens quando sonhamos.