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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

Objetivos Gerais ............................................................................................................... 5

Objetivos Específicos ....................................................................................................... 5

Estudo do Comportamentalismo/ Behaviorismo .............................................................. 6

Fundamentos Do Behaviorismo ....................................................................................... 7

Behaviorismo Metodológico .......................................................................................... 12

Conceitos Básicos Do Behaviorismo Radical ................................................................ 13

Análise Experimental do Comportamento ..................................................................... 14

O Comportamento Respondente ..................................................................................... 15

O Comportamento Operante ........................................................................................... 16

Reforçamento.................................................................................................................. 18

Extinção .......................................................................................................................... 20

Punição ........................................................................................................................... 20

Controle De Estímulos ................................................................................................... 21

Discriminação ................................................................................................................. 21

Generalização ................................................................................................................. 22

Aplicação do Behaviorismo ........................................................................................... 22

Sobre O Behaviorismo: Preconceitos E Distorções A Seu Respeito.............................. 23

Conclusão ....................................................................................................................... 25

Referencias Bibliográficas .............................................................................................. 26


Introdução

O presente trabalho tem por objetivo abordar aspetos gerais das teorias
behavioristas, buscando suas influências antecedentes bem como demonstrar alguns
conceitos relevantes e contribuições para o corpo de conhecimento da Psicologia e
para constituição de uma ciência do comportamento.

Será abordado com maior ênfase o behaviorismo radical, numa perspetiva


skinneriana, embora se levantem também alguns aspetos referentes ao
behaviorismo metodológico, dada sua importância histórica para o progresso da
ciência comportamental.

Ao propor-se uma ciência do comportamento esbarra-se em uma série de


questões de natureza metodológica e mesmo éticas. Discutir o que seria o
comportamento e seus determinantes coloca em análise conceções e
preconceções do homem a respeito de si mesmo e de seu papel, levando-o a
questionar convicções pessoais, morais, sociais e até religiosas.

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Objetivos Gerais

 Compreender o Surgimento do Behaviorismo e seu estudo na Psicologia.


 Compreender as Teorias dos Behavioristas e suas diferenças.

Objetivos Específicos

 Compreender a Análise Experimental do Comportamento, na qual trata-se de


Comportamento Respondente e Comportamento Operante.
 Compreender as experiencia feitas por Skinner no estudo do Comportamento.
 Compreender o Reforçamento, Controlo de Estímulos e a aplicação do
Behaviorismo e suas distorções.

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Estudo do Comportamentalismo/ Behaviorismo

Behaviorismo é uma teoria psicológica que objetiva estudar a psicologia através da


observação do comportamento, com embasamento em metodologia objetiva e científica
fundamentada na comprovação experimental, e não através de conceitos subjetivos e
teóricos da mente como sensação, perceção, emoção e sentimentos.

O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo


publicado em 1913, que apresentava o título “Psicologia: como os behavioristas a
vêem”. O termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para denominar
essa tendência teórica, usamos Behaviorismo, também, Comportamentalismo, Teoria
Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do
Comportamento. Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia,
dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando, um
objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em
diferentes condições e sujeitos. Essas características foram importantes para que a
Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição
filosófica. Watson também defendia uma perspetiva funcionalista para a Psicologia, isto
é, o comportamento, deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio.
Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque
os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e
pela formação de hábitos. Watson buscava a construção de uma Psicologia sem alma e
sem mente, livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que tivesse a
capacidade de prever e controlar.

Apesar de colocar o “comportamento” como objeto da Psicologia, o Behaviorismo foi,


desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não se entende comportamento
como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo que o
sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o Behaviorismo dedica-
se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo
(suas respostas) e o ambiente (as estimulações). Os psicólogos desta abordagem
chegaram aos termos “resposta” e “estímulo” para se referirem àquilo que o organismo
faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito. Para explicar a adoção desses
termos, duas razões podem ser apontadas: uma metodológica e outra histórica.

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A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do
comportamento tomaram, como modo preferencial de investigação, um método
experimental e analítico. Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade de
dividir o objeto para efeito de investigação, chegando a unidades de análise.

A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram mantidos
posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso
generalizado. Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a
unidade básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O
homem começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado
como produto e produtor dessas interações.

Fundamentos Do Behaviorismo

O Behaviorismo surgiu, no começo deste século, como uma proposta para a Psicologia
tomar como seu objetivo de estudo o comportamento ele próprio, e não como indicador
de alguma outra coisa, ou seja, como indício da existência de um fenômeno que se
expressaria através do comportamento. Surgiu como reação às posições, então
dominantes, de que a Psicologia deveria estudar a mente ou a consciência dos homens.

Na Idade Média, a igreja explicava a ação, o comportar-se pelo homem pela posse de
uma alma. No início deste século, os cientistas o faziam pela existência de uma mente.
As faculdades ou capacidades da alma agiriam como pulsões sobre o homem, e assim,
impulsionando-o à ação, explicariam seu comportamento. Objetos e eventos criariam
ideias nas mentes dos homens e estas impressões mentais controlariam suas ações,
organizando-as ou gerando-as. Na verdade ambas são posições essencialmente
similares, por dualistas e causais: o homem é concebido como tendo duas naturezas,
uma divina e uma material, ou uma mental e uma física, e a divina (ou mental,
dependendo do século em que situemos nossa análise) determina o modo de ação da
material e física.

O surgimento do behaviorismo implicou, em certa medida, numa revolução


metodológica e numa nova visão de homem, pois como apontado por Staats (1980)
Antes do aparecimento do behaviorismo, o método fundamental para a Psicologia era
o da introspeção, sendo que os psicólogos consideravam tarefa da psicologia
investigar os conteúdos, a estrutura e o funcionamento da mente, realizando o sujeito

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um autoexame e relatando a sua experiência, se interpretando o comportamento
animal através de uma extrapolação do conceito de consciência humana.

As vertentes behavioristas recusam explicações de natureza idealista para o


comportamento, não admitindo que constructos hipotéticos, no plano das ideias ou de
fenômenos internos, sejam atribuídos como causa para o comportamento, devendo
este ser visto como um fenômeno natural. Baum (1999) estabelece que quanto à
tradição filosófica que embasa as vertentes do behaviorismo, constatar-se-ia no
behaviorismo radical uma conformidade ao pragmatismo, enquanto nos pontos de
vista anteriores percebia-se como influência o realismo. Posteriormente, neste
trabalho, serão abordados mais detalhadamente o behaviorismo metodológico e o
behaviorismo radical.

Conforme exposto por Baum (1999) na perspetiva realista defende-se a


existência de um mundo real externo ao indivíduo e objetivo e de um mundo interno
subjetivo construído a partir das relações do sujeito com o mundo externo o cessado
pelos sentidos. Em decorrência desta condição percebe-se uma conceção dualista
de ser humano, já que se diferencia e separa o mundo externo do interno.

No pragmatismo, ainda segundo Baum (1999), coloca-se que a força da


investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre como o
universo objetivo funciona, mas no que ela permite fazer. A grande realização da
ciência residiria, portanto, no dar significado à experiência, tornando-a compreensível.
Segundo Magee (2001), para William James, um dos principais expoentes do
pragmatismo, é verdadeira a proposição que: adequar-se a todos os fatos conhecidos,
Harmonizar-se com outras bem atestadas proposições e leis científicas da
experiência, levantar críticas, sugerir noções úteis, gerar predições acuradas e assim
por diante.

O pragmatismo mostra-se agnóstico no que concerne ao mundo objetivo


proposto pelos realistas. A verdade pragmática está vinculada ao poder explicativo de
uma resposta, sendo mais verdadeira a ideia que permitir a melhor compreensão da
experiência humana. Ao mesmo tempo, a postura pragmática supera o dualismo
realista, não considerando realidades distintas.

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Outras influências relevantes para o behaviorismo se fazem presentes.
"Recebeu influência do hedonismo, da teoria darwiniana, de Thorndike e dos
reflexologistas russos, sobretudo Pavlov" (FREIRE, 2004). Tais influências refletem-se
tanto em pressupostos teóricos quanto na metodologia de pesquisa adotada pelos
behavioristas.

A influência darwinista sobre o behaviorismo é evidente em sua postura


funcional. "Coube a Darwin descobrir a ação seletiva do ambiente, assim como cabe
a nós completar o desenvolvimentismo da ciência do comportamento com uma análise
da ação seletiva do meio" (SKINNER, 2006).

No que diz respeito à influência hedonista isto se evidencia ao se avaliar as


sensações vinculadas aos reforços. "De acordo com a filosofia do hedonismo, as
pessoas agem para obter prazer e fugir da dor ou evitá-la" (SKINNER, 2006).
Nesta colocação constata-se a presença da lógica hedonista na interpretação do
papel dos reforçadores, sendo necessário frisar que os princípios hedonistas também
estão presentes no trabalho de Thorndike, outra influência importante para o
behaviorismo.

Conforme Bock, Furtado e Teixeira (2008) Edward Lee Thorndike foi o principal
representante do Associacionismo, movimento que defendia que a aprendizagem
ocorreria por um processo de associação de ideias das mais simples às mais
complexas, residindo sua importância no fato de ter sido o formulador de uma primeira
teoria de aprendizagem na Psicologia. Para Freire (2004), Thorndike é um precursor
do behaviorismo, tendo sua investigação sobre a conduta animal consistido em um
passo decisivo para a explicação do comportamento através de um controle rigoroso
e sistemático.

Thorndike foi o responsável pela elaboração do conceito de aprendizagem por


ensaio e erro. Tal elaboração decorreu de experimentos com animais:

“Um gato faminto era colocado numa gaiola. Fora da gaiola, à vista do gato,
Ficava o alimento. O gato procurava sair da gaiola para obter alimento, através
de vários ensaios ou tentativas. Ocasionalmente, ele tocava na tranca que
abria a gaiola e o alimento era alcançado. O experimento era repetido durante
alguns dias e o gato, ia, aos poucos, eliminando os ensaios infrutíferos para

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sair da gaiola, coisa que conseguia em cada vez menos tempo, até que
nenhum erro mais era cometido e o gato saia da gaiola com apenas um
movimento preciso: o de abrir a tranca”. (BRAGHIROLLI et al, 2004).

Percebe-se, analisando o experimento descrito, que a aprendizagem por


ensaio e erro consiste na eliminação gradativa dos comportamentos (ensaios ou
tentativas) que levam ao erro. Por outro lado os comportamentos que tiveram efeito
satisfatório se fortalecem. " Um ato seguido de satisfação será gravado, enquanto
seguido de insatisfação será eliminado. Denominou este processo de lei do efeito"
(FREIRE, 2004).

Além da lei do efeito, Thorndike elaborou ainda a lei do exercício, segundo a


qual "quanto mais frequente, mais recente e mais fortemente um vínculo é
exercido, mais efetivamente será fixado" (FREIRE, 2004). Basicamente, a lei do
exercício estabelece que a repetição fortalece as conexões entre estímulos e
respostas, ou seja, a prática ou exercício diminuem os erros e aumentam os acertos.

No que diz respeito à influência dos reflexologistas russos, abordar-se-á o


trabalho de Ivan Petrovich Pavlov. Conforme consta em Braghirolli et al (2004), este
fisiologista tinha por interesse descobrir princípios de funcionamento de glândulas
salivares, utilizando-se de cães em suas experiências. Observou que a boca do
animal enchia de saliva não só à vista e cheiro do alimento, mas também na presença de
outros estímulos associados a ele, como o som de passos fora da sala, na hora
da alimentação.

Constatado tal fenômeno, Pavlov optou por desenvolver estudos controlados


em torno de tais reflexos. "Começou, então, a relacionar o alimento a outros estímulos,
Originalmente neutros quanto à capacidade de provocar a salivação, como a luz de
uma lâmpada ou o som de uma campainha".

Verificou-se a partir de tal experimentação que o estímulo inicialmente neutro


após ser apresentado sucessivas vezes acompanhando o estímulo incondicionado
torna-se capaz de eliciar resposta, consistindo, portanto, em um estímulo
condicionado. "Essa descoberta foi utilizada pelo behaviorismo para o estudo dos
processos psíquicos e revelou-se num meio ou método (condicionamento) objetivo,
Valioso na análise do comportamento" (FREIRE, 2004). De fato as contribuições de

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Pavlov se fazem presentes tanto na elaboração do behaviorismo metodológico de
Watson, quanto no conceito de condicionamento respondente no behaviorismo radical
de Skinner. Feitos estes apontamentos, cabe diferenciar estas duas vertentes
behavioristas.

Contudo esta é uma posição difícil, conflituante, porque necessita que se demonstre
como essas naturezas contatuam, já que estão em planos diferentes. Note-se, além disso,
a circularidade do argumento: ao mesmo tempo em que essa alma, mente ou ideias
causavam e explicavam o comportamento, esse comportamento era a única evidência
desta alma ou desta mente.

Aceitando essa posição mentalista o acesso às ideias ou imagens mentais se faria


somente através da introspeção, que seria então revelada através de uma ação, gesto ou,
mais frequentemente, da palavra.

Além disso, para Watson, todo o comportamento de interesse é comportamento


aprendido e as causas do comportamento devem ser buscadas em seus antecedentes
imediatos (exigindo, portanto uma contiguidade espaço temporal entre esses
antecedentes e o comportamento).

Notem que estamos aqui diante de duas vertentes: uma filosófica (expressa nas
quatro primeiras frases) e uma metodológica (expressa nas demais), que, por sua vez
refletem a influência de varias tendências sobre o pensamento cientifico geral da época,
Influência essa que se iniciou no final do século passado estendendo-se até o começo
deste. Dentro destas tendências destacam-se:

O Positivismo Social de Auguste Comte

Considerando que a ciência é uma atividade do homem, e o homem um ser social,


Postula a natureza social do conhecimento científico, rejeita a introspeção e
estabelece como critério de verdade o observável consensual, isto é, o observável
partilhado e sancionado pelo outro.

O Positivismo Lógico do Círculo de Viena

Considerando que eu só tenho acesso à informação que meus sentidos me trazem,


Não posso ter informações sobre minha consciência, cuja natureza difere da de meu
corpo. É verdade que não posso negá-la, mas também não posso estudá-la. (É

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interessante que esta influência também levou ao
idealismo e ao subjetivismo: já que não tenho acesso a nada senão minhas
sensações, o mundo não existe, somente minhas impressões dele, só minhas ideias
são reais).

O Operacionismo

É um resultado direto da influência do Positivismo Lógico sobre a Física. Afirma


que, se somente tenho acesso às informações que meus sentidos trazem, então a
linguagem pela qual expresso e estruturo essas informações é o mais importante em
ciência. Assim, a definição dos conceitos é fundamental, e definir é descrever as
operações envolvidas no processo de medir o conceito. Essa descrição deve ser
objetiva e referir-se a termos observáveis ou deve ser redutível – através de
operações lógicas – a tais termos. [em contraste, note-se a posição de Skinner
(1945), para que definição operacional resume-se a uma análise funcional do
comportamento verbal envolvido nos termos a serem definidos (Day, 1980,1983)].

Behaviorismo Metodológico

Como descrito por Freire (2004), baseou-se no estudo da psicologia animal


para a elaboração de seus princípios, já que o estudo com animais permitia
experiências não viáveis com seres humanos, tais como lesões nos órgãos sensoriais
ou partes do cérebro visando identificar seus efeitos sobre o comportamento. Assim o
behaviorismo adotava métodos que o aproximavam das ciências físicas. Abolia-se o
estudo de eventos extranaturais como consciência ou mente e buscava-se um modelo
mecanicista, materialista, determinista e objetivo de ciência.

Watson, ainda segundo Freire (2004), negaria todas as tendências inatas,


Sendo que o homem herdaria apenas as estruturas do corpo e seu funcionamento.
Não haveria a herança de características mentais como inteligência, habilidades,
Instintos, talentos ou dons especiais. Os diversos comportamentos seriam explicados a
partir da influência do ambiente, sendo o condicionamento num sistema de estímulo
e resposta o determinante comportamental.

A posição behaviorista metodológica consistiu em uma reação intensa a


movimentos anteriores presentes na Psicologia, caracterizados por abordagens
introspetivas e dualistas. No entanto “restaram ainda problemas. A maioria dos

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behavioristas metodológicos admitia a existência dos fatos mentais, ao mesmo tempo
que os excluía de consideração” (SKINNER, 2006). Em análise mais profunda,
Conclui-se que pecou por manter-se numa posição dualista ao considerar o
comportamento observável como objeto da Psicologia abrindo mão da explicação de
qualquer fenômeno encoberto, numa posição condizente com sua referência realista,
Mas incompatível com um movimento que pretendia superar o dualismo presente em
toda a história da Psicologia.

Conceitos Básicos Do Behaviorismo Radical

Como frisado por Baum (1999) o behaviorismo Radical baseia-se no


pragmatismo. Estabelece como objetivo de uma ciência do comportamento descrevê-
lo em termos que o tornem familiar, ou seja explicado, na melhor tradição pragmática.
Skinner continua mostrando-se avesso aos mentalismos que, para ele
consistiriam em explicações que não explicam nada (BAUM, 1999). Cabe frisar, no
entanto que no behaviorismo radical o evento interno não é negado, porém é
concebido como uma manifestação comportamental, vinculada à história de
aprendizagem do indivíduo (SKINNER, 2006).
Causas de natureza neurológica, psíquicas e conceptuais podem, no senso
comum ou em abordagens mentalistas, ser atribuídas a determinadas condições de
comportamento (SKINNER, 2003). Constata-se, no entanto que tais causas são de
difícil acesso e análise e muitas vezes implicam em explanações fictícias, que pouco
acrescentam em termos de explicação efetiva do comportamento. Assim pode-se
alegar que o indivíduo mostrou-se agressivo porque estava com seu sistema nervoso
abalado, ou que inconscientemente havia um motivo que o conduziu a isso ou que
não internalizou uma estrutura ou instância de controlo do seu próprio comportamento,
Ou ainda, que ele agiu agressivamente porque possui uma natureza agressiva.

A adequada explicação do comportamento estaria vinculada aos eventos


antecedentes e consequentes ao mesmo. A esta situação denominou
condicionamento operante diferenciando-o do modelo watsoniano, denominado
condicionamento respondente ou reflexo. Enquanto o condicionamento respondente
refere-se à parte do comportamento eliciado por estímulos, com alto nível de

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previsibilidade (SKINNER, 2003), o condicionamento operante refere-se a
comportamento voluntário, abrangendo um amplo leque da atividade humana.

A importância do ambiente continua se fazendo presente na perspetiva


skinneriana. O conceito de ambiente, no entanto, é muito mais amplo do que na
perspetiva watsoniana. Considera-se, neste contexto, o mundo sob a pele que
consiste num fator extremamente relevante para determinação do comportamento dos
indivíduos. (SKINNER, 2003, 2006).

Ainda que muitas das críticas dirigidas ao behaviorismo refiram-se à


desconsideração dos eventos subjetivos, verifica-se que a maioria delas não é
pertinente às proposições behavioristas radicais. Não é o evento subjetivo que é
negado, mas o subjetivismo no processo de análise do comportamento,
Especialmente os vinculados a mentalismos e explanações fictícias.

Alguns conceitos behavioristas, embora incorporados ao jargão psicológico,


Ainda podem, eventualmente, gerar confusão. Cabe, portanto, abordá-los visando
explicitá-los.

Análise Experimental do Comportamento

O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F. Skinner (1904-1990).


O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos americanos e de vários
países onde a Psicologia americana tem grande penetração. Esta linha de estudo ficou
conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945,
para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender)
por meio da análise experimental do comportamento. A base da corrente skinneriana
está na formulação do comportamento operante. Para desenvolver este conceito,
retrocederemos um pouco na história do Behaviorismo, introduzindo as noções de
comportamento reflexo ou respondente, para então chegarmos ao comportamento
operante.

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O Comportamento Respondente

O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de “não-


voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas (“produzidas”) por estímulos
antecedentes do ambiente. Como exemplo, podemos citar a contração das pupilas
quando uma luz forte incide sobre os olhos, a salivação provocada por uma gota de
limão colocada na ponta da língua, o arrepio da pele quando um ar frio nos atinge, as
famosas “lágrimas de cebola”. Esses comportamentos reflexos ou respondentes são
interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos
eventos ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que
independem de “aprendizagem”.

Mas interações desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que,
originalmente, não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais
estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciadores podem, em certas
condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A essas novas interações chamamos
também de reflexos, que agora são condicionados devido a uma história de pareamento,
o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia. Para deixar
isso mais claro, vamos a um exemplo: suponha que, numa sala aquecida, sua mão
direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá
rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vasos sanguíneos,
caracterizando o comportamento como respondente. Esse comportamento será
acompanhado de uma modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na mão
esquerda, onde a constrição vascular também será induzida.

Suponha, agora, que a sua mão direita seja mergulhada na água gelada um certo número
de vezes, em intervalos de três ou quatro minutos, e que você ouça uma campainha
pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a
água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som, isto
é, sem necessidade de imergir uma das mãos. Neste exemplo de condicionamento
respondente, a queda da temperatura da mão, eliciada pela água fria, é uma resposta
incondicionada, enquanto a queda da temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta
condicionada (aprendida): a água é um estímulo incondicionado, e o som, um estímulo
condicionado.

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No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (Estados Unidos), Skinner começou
o estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, que se tornara
a unidade básica de análise, ou seja, o fundamento para a descrição das interações
indivíduo-ambiente. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um
outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de
análise de sua ciência: o comportamento operante. Esse tipo de comportamento
caracteriza a maioria de nossas interações com o ambiente.

O Comportamento Operante

O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana, dos


comportamentos do bebê de balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites do berço
aos mais sofisticados, apresentados pelo adulto. Como nos diz Keller, o comportamento
operante “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que,
em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor.

O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer
indiretamente”. A leitura que você está fazendo deste manual é um exemplo de
comportamento operante, assim como escrever uma carta, chamar o táxi com um gesto
de mão, tocar um instrumento. Para exemplificarmos melhor os conceitos apresentados
até aqui, vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos de laboratório.
Vale informar que animais como ratos, pombos e macacos para citar alguns foram
utilizados pelos analistas experimentais do comportamento (inclusive Skinner) para
verificar como as variações no ambiente interferiam nos comportamentos.

Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis


comportamentais. Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta
algum comportamento que lhe permita satisfazer a sua necessidade orgânica. Esse
comportamento foi aprendido por ele e se mantém pelo efeito proporcionado: saciar a
sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado de água durante 24 horas, ele certamente
apresentará o comportamento de beber água no momento em que tiver sede. Sabendo
disso, os pesquisadores da época decidiram simular esta situação em laboratório sob
condições especiais de controlo, o que os levou à formulação de uma lei
comportamental.

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Um ratinho foi colocado na “caixa de Skinner” um recipiente fechado no qual
encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, acionava um
mecanismo (camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à
caixa por meio de uma pequena haste. Que resposta esperava-se do ratinho? — Que
pressionasse a barra. Como isso ocorreu pela primeira vez? — Por acaso. Durante a
exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra acidentalmente, o que lhe trouxe,
pela primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede, fora rapidamente
consumida. Por ter obtido água ao encostar na barra quando sentia sede, constatou-se
a alta probabilidade de que, estando em situação semelhante, o ratinho a pressionasse
novamente.

Neste caso de comportamento operante, o que propicia a aprendizagem dos


comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante, a
satisfação de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem está na relação entre uma
ação e seu efeito. Este comportamento operante pode ser representado da seguinte
maneira: R —► S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do inglês stimuli) o
estímulo reforçador (a água), que tanto interessa ao organismo; a flecha significa “levar
a”. Esse estímulo reforçador é chamado de reforço. O termo “estímulo” foi mantido da
relação R-S do comportamento respondente para designar-lhe a responsabilidade pela
ação, apesar de ela ocorrer após a manifestação do comportamento.

O comportamento operante refere-se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação,


chama-se de relação fundamental à relação entre a ação do indivíduo (a emissão da
resposta) e as consequências. É considerada fundamental porque o organismo se
comporta (emitindo esta ou aquela resposta), sua ação produz uma alteração ambiental
(uma consequência) que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabilidade
futura de ocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função das
consequências criadas pela nossa ação. As consequências da resposta são as variáveis de
controlo mais relevantes. Pense no aprendizado de um instrumento: nós o tocamos para
ouvir seu som harmonioso. Há outros exemplos: podemos dançar para estar próximo
do corpo do outro, mexer com uma garota para receber seu olhar, abrir uma janela
para entrar a luz.

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Reforçamento

Chamamos de reforço a toda consequência que, seguindo uma resposta, altera a


probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço pode ser positivo ou
negativo.

O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o
produz.

O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o
remove ou atenua. Assim, poderíamos voltar à nossa “caixa de Skinner” que, no
experimento anterior, oferecia uma gota de água ao ratinho sempre que encostasse na
barra. Agora, ao ser colocado na caixa, ele recebe choques do assoalho. Após várias
tentativas de evitar os choques, o ratinho chega à barra e, ao pressioná-la
acidentalmente, os choques cessam. Com isso, as respostas de pressão à barra tenderão a
aumentar de frequência.

Chama-se de reforçamento negativo ao processo de fortalecimento dessa classe de


respostas (pressão à barra), isto é, a remoção de um estímulo aversivo controla a
emissão da resposta. É condicionamento por se tratar de aprendizagem, e também
reforçamento, porque um comportamento é apresentado e aumentado em sua frequência
ao alcançar o efeito desejado.

O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo (gotas de água com a


pressão da barra, por exemplo); o negativo permite a retirada de algo indesejável (os
choques do último exemplo). Não se pode, a prior, definir um evento como reforçador.
A função reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida por sua função
sobre o comportamento do indivíduo. Entretanto, alguns eventos tendem a ser
reforçadores para toda uma espécie, como, por exemplo, água, alimento e afeto. Esses
são denominados reforços primários. Os reforços secundários, ao contrário, são aqueles
que adquiriram a função quando pareados temporalmente com os primários. Alguns
destes reforçadores secundários, quando emparelhados com muitos outros, tornam-se
reforçadores generalizados, como o dinheiro e a aprovação social. No reforçamento
negativo, dois processos importantes merecem destaque: a esquiva e a fuga.

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A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e
incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que
o indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude
do segundo estímulo. Com certeza, sabe-se que o raio (primeiro estímulo) precede à
trovoada (segundo estímulo), que o chiado precede ao estouro dos rojões, que o som do
“motorzinho” usado pelo dentista precede à dor no dente. Estes estímulos são aversivos,
mas os primeiros nos possibilitam evitar ou reduzir a magnitude dos seguintes, ou seja,
tapamos os ouvidos para evitar o estouro dos trovões ou desviamos o rosto da broca
usada pelo dentista.

Quando os estímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-se um reforçador negativo


condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é reforçada pelo condicionamento
operante. As ocorrências passadas de reforçadores negativos condicionados são
responsáveis pela probabilidade da resposta de esquiva. No processo de esquiva, após o
estímulo condicionado, o indivíduo apresenta um comportamento que é reforçado pela
necessidade de reduzir ou evitar o segundo estímulo, que também é aversivo, ou seja,
após a visão do raio, o indivíduo manifesta um comportamento (tapar os ouvidos), que é
reforçado pela necessidade de reduzir o segundo estímulo (o barulho do trovão)
igualmente aversivo.

Outro processo semelhante é o de fuga. Neste caso, o comportamento reforçado é


aquele que termina com um estímulo aversivo já em andamento. A diferença é sutil.

Se posso colocar as mãos nos ouvidos para não escutar o estrondo do rojão, este
comportamento é de esquiva, pois estou evitando o segundo estímulo antes que ele
aconteça. Mas, se os rojões começam a pipocar e só depois apresento um
comportamento para evitar o barulho que incomoda, seja fechando a porta, seja indo
embora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambos reduzem ou
evitam os estímulos aversivos, mas em processos diferentes.

No caso da esquiva, há um estímulo condicionado que antecede o estímulo


incondicionado e me possibilita a emissão do comportamento de esquiva. Uma esquiva
bem-sucedida impede a ocorrência do estímulo incondicionado. No caso da fuga, só há
um estímulo aversivo incondicionado que, quando apresentado, será evitado pelo
comportamento de fuga. Neste segundo caso, não se evita o estímulo aversivo, mas se
foge dele depois de iniciado.

19
Extinção

Outros processos foram sendo formulados pela Análise Experimental do


Comportamento. Um deles é o da extinção. A extinção é um procedimento no qual uma
resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Como consequência, a resposta diminuirá
de frequência e até mesmo poderá deixar de ser emitida. O tempo necessário para que a
resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido.
Assim, quando uma menina, que estávamos paquerando, deixa de nos olhar e passa a
nos ignorar, nossas “investidas” tenderá a desaparecer.

Punição

A punição é outro procedimento importante que envolve a conseqüenciação de uma


resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um reforçador
positivo presente. Os dados de pesquisas mostram que a supressão do comportamento
punido só é definitiva se a punição for extremamente intensa, isto porque as razões que
levaram à ação que se pune não são alteradas cora a punição.

Punir ações leva à supressão temporária da resposta sem, contudo, alterar a motivação.
Por causa de resultados como estes, os behavioristas têm debatido a validade do
procedimento da punição como forma de reduzir a frequência de certas respostas. As
práticas punitivas correntes na Educação foram questionadas pelo Behaviorismo
obrigava-se o aluno a ajoelhar-se no milho, a fazer inúmeras cópias de um mesmo texto,
a receber “reguadas”, a ficar isolado. Os behavioristas, respaldados por crítica feita por
Skinner e outros autores, propuseram a substituição definitiva das práticas punitivas por
procedimentos de instalação de comportamentos desejáveis. Esse princípio pode ser
aplicado no cotidiano e em todos os espaços em que se trabalhe para instalar
comportamentos desejados. O trânsito é um excelente exemplo. Apesar das punições
aplicadas a motoristas e pedestres na maior parte das infrações cometidas no trânsito,
tais punições não os têm motivado a adotar um comportamento considerado adequado
para o trânsito. Em vez de adotarem novos comportamentos, tornaram-se especialistas
na esquiva e na fuga.

20
Controle De Estímulos

Tem sido polêmica a discussão sobre a natureza ou a extensão do controle que o


ambiente exerce sobre nós, mas não há como negar que há algum controle. Assumir a
existência desse controle e estudá-la permite maior entendimento dos meios pelos quais
os estímulos agem. Assim, quando a frequência ou a forma da resposta é diferente sob
estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de estímulos. Se o
motorista para ou acelera o ônibus no cruzamento de ruas onde há semáforo que ora está
verde, ora vermelho, sabemos que o comportamento de dirigir está sob o controle de
estímulos. Dois importantes processos devem ser apresentados: Discriminação e
Generalização.

Discriminação

Diz-se que se desenvolveu uma discriminação de estímulos quando uma resposta se


mantém na presença de um estímulo, mas sofre certo grau de extinção na presença de
outro. Isto é, um estímulo adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo
da situação reforçadora. Sempre que ele for apresentado e a resposta emitida, haverá
reforço. Assim, nosso motorista de ônibus vai parar o veículo quando o semáforo estiver
vermelho, ou melhor, esperamos que, para ele, o semáforo vermelho tenha-se tornado
um estímulo discriminativo para a emissão do comportamento de parar. Poderíamos
refletir, também, sobre o aprendizado social. Por exemplo: existem normas e regras de
conduta para festas, cumprimentar os presentes, ser gentil, procurar manter diálogo com
as pessoas, agradecer e elogiar a dona da casa.

No entanto, as festas podem ser diferentes: informais ou pomposas, dependendo de


onde, de como e de quem as organiza. Somos, então, capazes de discriminar esses
diferentes estímulos e de nos comportarmos de maneira diferente em cada situação.

21
Generalização

Na generalização de estímulos, um estímulo adquire controlo sobre uma resposta


devido ao reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente. Frequentemente, a
generalização depende de elementos comuns a dois ou mais estímulos. Poderíamos aqui
brincar com as cores do semáforo: se fossem rosa e vermelho, correríamos o risco dos
motoristas acelerarem seus veículos no semáforo vermelho, pois poderiam generalizar
os estímulos.

Mas isso não acontece com o verde e com o vermelho, que são cores muito distintas e,
além disso, estão situadas em extremidades opostas do semáforo, o vermelho, na
superior, e o verde, na inferior, permitindo a discriminação dos estímulos. Na
generalização, portanto, respondemos de forma semelhante a um conjunto de estímulos
percebidos como semelhantes. Esse princípio da generalização é fundamental quando
pensamos na aprendizagem escolar. Nós aprendemos na escola alguns conceitos
básicos, como fazer contas e escrever.

Graças à generalização, podemos transferir esses aprendizados para diferentes situações,


como dar ou receber troco, escrever uma carta para a namorada distante, aplicar
conceitos da Física para consertar aparelhos eletrodomésticos. Na vida cotidiana,
também aprendemos a nos comportar em diferentes situações sociais, dada a nossa
capacidade de generalização no aprendizado de regras e normas sociais.

Aplicação do Behaviorismo

Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a Educação. São conhecidos
os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de
aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino. Entretanto, outras
áreas também têm recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo
Behaviorismo, como a de treinamento de empresas, a clínica psicológica, o trabalho
educativo de crianças excecionais, a publicidade e outras mais. Na verdade, a Análise
Experimental do Comportamento pode nos auxiliar a descrever nossos comportamentos
em qualquer situação, ajudando-nos a modificá-los.

22
Sobre O Behaviorismo: Preconceitos E Distorções A Seu
Respeito

O behaviorismo no plano filosófico e científico acabou por abordar temáticas


delicadas. Pautado por uma referência objetiva e com o intuito de desenvolvimento de
uma tecnologia do comportamento gerou distorções na interpretação de seus
propósitos, o que se reflete na posição preconceituosa de muitas pessoas frente a
suas proposições.

O fato do behaviorismo enfatizar o papel das contingências no controle do


comportamento, tendo desenvolvido uma importante tecnologia para aplicação nesta
área, gera reações de pessoas que sentem tal situação como uma ameaça à
liberdade. Cabe frisar, no entanto, que como o próprio Skinner (2003) lembra, os
controles de fato já existem e na maioria das vezes não tem se mostrado eficazes
para os fins que se pretende. A utilização do controle efetivo não seria mais danosa
para a sociedade, assim como refletiria positivamente na eliminação de subprodutos
inadequados das estratégias de controle governamentais, religiosos, policiais e
educacionais.

A interpretação da palavra controle neste contexto talvez seja um dos principais


motivadores das reações. No âmbito social controle é interpretado como o oposto de
liberdade e ao se propor um controle mais efetivo, muitos subentendem como privação
da liberdade. Nesta análise acaba se tendo uma visão parcial da situação, pois "o
problema é libertar os homens, não do controle, mas de certos tipos de controle, e só
poderá ser solucionado se nossa análise puder considerar todas as consequências
em jogo" (SKINNER, 1971). Analisando-se a situação objetivamente constata-se que
o controle é inerente à vida humana e a liberdade é relativa à situação contingencial,
O que implica que conhecer e administrar melhor tal situação não implica em redução
da liberdade, mas apenas no reconhecimento dos limites desta.

Como apontado por Holland (1983), os temores em relação a uma sociedade


comportamentalmente controlada decorrem das miniaturas de sociedades planejadas
(presídios, escolas, hospitais psiquiátricos) atualmente disponíveis, nas quais
eventualmente os principais envolvidos utilizam-se de estratégias aversivas com
públicos para os quais há aval social, como o criminoso, o alcoólatra ou o doente
mental. Extrapolar modelos mal planejados e mal conduzidos como os comuns nas

23
instituições acima, muitas vezes sob responsabilidade de indivíduos que não detêm
conhecimento adequado sobre a análise do comportamento, realmente recomendaria
cuidado. Também recomendaria cuidado extrapolar ações conduzidas por indivíduos
que detivessem o conhecimento, mas não tivessem compromisso ético. No entanto,
Em qualquer uma das situações, o problema não estaria na tecnologia, mas nas
pessoas que a utilizariam, normalmente frutos de controles pouco eficazes.

Mesmo no contexto acadêmico se verificam resistências frente ao


behaviorismo. "O processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos que abordam a
Análise do Comportamento e o Behaviorismo percorre, geralmente, um caminho
árduo e este parece ser um fato comum em diferentes cursos de Psicologia"
(WEBER, 2002). A autora aponta que boa parte dos preconceitos manifestos, tanto
por alunos quanto por profissionais estão vinculados ao efetivo desconhecimento da
área. Constatam-se apontamentos estereotipados, e que na maioria das vezes já
foram superados conceitual e metodologicamente dentro do próprio escopo do
behaviorismo.

As distorções podem ocorrer até ao nível das proposições teóricas


behavioristas. Muitos associam o behaviorismo à ideia da punição e outras formas de
controle aversivo. Imaginar que deter uma tecnologia leva automaticamente ao abuso
de poder é um posicionamento que pode até se admitir do cidadão médio num primeiro
momento, embora mesmo neste caso mereça correção, porém no meio das ciências
é fundamental que as pessoas aprendam a controlar os próprios preconceitos e
mesmo ao discordar, que assumam um posicionamento mais adequado, pautado por
argumentos e não por distorções ou visões preconceituosas.

24
Conclusão

Realizado o trabalho, constata-se que o behaviorismo surge como uma


resposta a demandas da Psicologia que se pretendia, e ainda se pretende, científica.
Abordar a temática do behaviorismo exige algumas considerações prévias e
distinções relevantes sobre conceções em torno das proposições de uma ciência do
comportamento que vieram se consolidando desde a segunda década do século XX
e que deram origem a variadas abordagens sobre o assunto. Ainda que se encontre
entre os behavioristas a concordância quanto à possibilidade de uma ciência do
comportamento, constata-se que há entre os diversos estudiosos divergências quanto ao
que seria tal ciência.

O Behaviorismo Mostrou-se bastante estruturado em termos de método e pressupostos e


deixou inegáveis contribuições à Psicologia.

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Referencias Bibliográficas

BAUM, W. M. Compreender o Behaviorismo: ciência, comportamento e cultura.


Porto Alegre: Artmed, 1999.

BOCK, A. M. B. FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao


estudo de Psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

HOLLAND, J. G. Comportamentalismo - parte do problema ou da solução? In:


Psicologia 9 (1): 59-75, 1983.

STAATS, A.W. Behaviorismo social: uma ciência do homem com liberdade e


dignidade. In: Arquivos brasileiros de psicologia 32 (4): 97-116, 1980

Ciência e comportamento humano. 11 ed. São Paulo: Martins


Fontes, 2003.

BRAGHIROLLI, E. M.; BISI, G. P.; RIZZON, L. A.; NICOLETTO, U. Psicologia


Geral. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

FREIRE, I. R. Raízes da Psicologia. 8ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

MAGEE, B. História da filosofia. 3 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

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