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ANGÚSTIA

CONCEITOS
FATORES QUE INFLUÊNCIAM
PLANO TERAPÊUTICO
CLASSIFICAÇÃO
COMO LIDAR COM UM ANGUSTIADO NA
SOCIEDADE E NO SETOR DE SAÚDE
INTRODUÇÃO

 A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que


pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser, diz Heidegger.
 Somos seres pensantes e somos os únicos dotados de uma capacidade autorreflexiva:
pensamos sobre nós mesmos, sobre o sentido da vida, cogitamos possibilidades de vir
a ser na mesma medida em que nos entregamos à desesperança das impossibilidades,
somos observadores da própria existência e somos constantemente assombrados pela
ideia do nosso próprio fim!
 Além disso, não somos pré-determinados: embora tenhamos uma carga genética que
influenciar nosso temperamento, ainda assim, não somos completamente
condicionados e reféns da nossa constituição.
 E se precisamos continuamente fazer escolhas e ao mesmo tempo reconhecer que
outras tantas teremos de abandonar, damo-nos conta da nossa responsabilidade e
implicação perante a existência. E mais: escolher tendo em mente que precisamos
fazer isso num indefinido e limitado período.
CONCEITO

 A angústia é considerada uma percepção psicológica caracterizada pela mudança de


humor, perda de paz interior, dor, insegurança, culpa, mal-estar e tristeza.
 Ou seja, ela é a junção de questões emocionais e físicas que podem chegar ao limite de
nos impedir de realizar tarefas cotidianas ou provocar isolamento.
 Entre os especialistas em psicologia, a angústia pode estar associada a outros problemas
ligados ao bem-estar emocional como a depressão, e que pode dar origem a doenças
psicossomáticas (são doenças que tem origem na alma e no psicológico, mas também tem
consequências físicas no corpo).
 A angústia pode ser entendida como um série de sensações que acontecem ao mesmo
tempo: sensações físicas, como falta de ar, tontura, pressão no peito, aceleração nos
batimentos cardíacos e também psicológicas, como pensamentos negativos, culpa, choro,
medo, tristeza e ansiedade.
 “Além disso, pessoas que sofrem com esse sentimento, podem ter dificuldades,
principalmente nos momentos de crise, em enxergar saídas práticas para seus problemas.”
 A angústia também pode estar associada a dúvidas sobre o futuro, reais ou imaginárias.
ANGÚSTIA
O CONCEITO DE ANGÚSTIA DENTRO DO CAMPO PSICANALÍTICO

 O conceito de angústia dentro do campo psicanalítico, desde Freud, está inserido numa
discussão mais ampla a respeito do tema do afeto e, por consequência, dos processos
econômicos. Também para Lacan, a angústia é um afeto.
 Dentro da primeira teoria freudiana da angústia é possível destacar duas abordagens
deste conceito. Uma delas está presente no Rascunho E (1894/1996), no qual Freud
afirmou que a angústia não estaria contida no que é acumulado, mas que a situação se
definiria dizendo-se que esta surgiria por transformação a partir da tensão sexual
acumulada.
 Na segunda teoria, a angústia, ao invés de ser efeito do fracasso do recalque, seria,
pelo contrário, sua causa. Teria, assim, a função de avisar o ego sobre os perigos - do
mundo externo, mas principalmente do interno - que pudessem ameaçar o aparelho
psíquico.
 Lacan retoma os pressupostos freudianos, que não haviam rompido definitivamente
com as ciências da natureza com o intuito de reformulá-los a partir de sua releitura
embasada no axioma do inconsciente estruturado como linguagem. Faz, assim, uma
espécie de convite à releitura de Freud e este convite é estruturante do campo da
psicanálise lacaniana.
FATORES QUE INFLUENCIAM A ANGÚSTIA

A angústia é normalmente desencadeada por situações que ainda vão acontecer e que é
percebida como uma ameaça para a pessoa, o que gera preocupação excessiva e
insegurança, resultando nos sintomas. No entanto, é possível também sentir-se angustiado
quando há a lembrança de alguma situação passada ou ser consequência da perda de um
ente querido, por exemplo.
São os seguintes fatores que influenciam:
 Excesso de pensamentos negativos;
 Crises de ansiedade;
 Batimentos cardíacos rápidos e descontrolados;
 Dores no peito e sensação de aperto na garganta;
 Dificuldades para respirar e sensação de sufocamento;
 Inquietação;
 Dores de cabeça;
 Insônia.
ANGÚSTIA
PLANO TERAPÊUTICO PARA PACIENTE COM A ANGÚSTIA
 A terapia é essencial para ajudar o angustiado a descobrir a razão dessa sensação,
assim como a combatê-la de maneira saudável. Como ela está muitas vezes ligada à
depressão, a psicoterapia também se faz necessária para evitar o agravamento dessa
patologia.
 O acompanhamento psicológico não capacita apenas os pacientes angustiados para
lidarem com essa sensação. Ele também eleva a autoestima, os ensina a lidar com
situações ruins, pontua as qualidades e pontos fortes, e modifica padrões de
comportamento problemáticos que, conscientemente ou não, intensificam a angústia.
 O Plano Terapêutico é cuidadosamente elaborado, de forma colaborativa com o
paciente. As abordagens são baseadas em evidências científicas, em literatura
acadêmica consagrada e na expertise dos profissionais.
 Existe a constante preocupação de atualizar o Plano Terapêutico buscando adequação
à realidade dos Pacientes.
PLANO TERAPÊUTICO PARA PACIENTE COM ANGÚSTIA
 Yogaterapia
Unindo a sabedoria da yoga com os recursos e escuta clínica da psicologia, é possível promover o
desenvolvimento da concentração e foco na atenção ao corpo, sendo possível identificar as reações das
emoções que aparecem, aprimorando, assim, o autoconhecimento, havendo um maior reconhecimento
e mais clareza dos aspetos internos e externos. O corpo reflete as emoções vivenciadas e, da mesma
forma, o que acontece no corpo também trás consigo as reações emocionais.
 Atividade Na Academia
Atividades na academia tem como objetivo trabalhar o corpo através de exercícios físicos, como
elemento terapêutico no apoio e suporte ao tratamento medicamentoso e psíquico, pois a prática de
exercícios promove a liberação de substâncias como dopamina, serotonina e endorfinas que estão
associadas ao bem-estar e prazer, aliviando os sintomas de angústia. Além disso, a atividade física
ajuda a relaxar os músculos e a aliviar as dores e tensões do corpo.
 Dançaterapia
A dançaterapia trabalha com a expressão e a criatividade através do corpo que se movimenta, gerando
interação e socialização, desta forma desenvolve confiança o que pode favorecer o abandono de medos
e limitações criadas em relação a expressão corporal ao longo da vida. A dança é um caminho que
possibilita a expressão da linguagem corporal por meio de estímulos criativos, livres ou coordenados
que favorecem através de múltiplos movimentos a demonstração do sentir-se único que se é.
PLANO TERAPÊUTICO PARA PACIENTE COM ANGÚSTIA
 Praticar Meditação
Pois através do controle da respiração, redução das distrações e do silêncio é capaz de
ajudar a acalmar a mente. O mindfulness ( atenção completa) é um tipo de meditação que
pode auxiliar na redução dos sentimentos de angústia, pois ajuda a pessoa a lidar melhor
com seus pensamentos negativos por meio da atenção e consciência plena, ou seja, estar
mais atento às atividades diárias e cotidianas.
 Grupo Levemente
Atividades como alongamentos e exercícios respiratórios associados a treino de equilíbrio
e coordenação, respeitando a individualidade e limite físico de cada um.
 Alimentação Saudável
Já foi comprovado e, certamente, você já ouviu falar que a alimentação adequada nos
mantém saudáveis e revigorados. Da mesma maneira, se alimentar de maneira correta e
equilibrada trará benefícios importantes para sua saúde mental. Ingerir alimentos como
cereais integrais, atum, banana, peixes, espinafre, soja, aspargo, maçã, semente de
gergelim, carnes magras, além de leite e seus derivados, contribui para que você libere
substâncias como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina que são responsáveis para
ativar o bom humor, percepção de bem-estar.
CLASSIFICAÇÃO DA ANGÚSTIA
Segundo Freud existem dois tipos de angústia, a realística (existencial) e a neurótica.
 Angústia Existencial – É uma inquietação permanente que brota dos níveis mais profundos
do ser, relacionada com a dolorosa ignorância a respeito do futuro (sentido dvida).
Experiência corporal
Constrangimento que emerge do núcleo do ser.
Experiência psíquica
Apreensão face ao futuro explicitada fenomenologicamente sob a forma de sentimento der
insegurança.
 Angústia Neurótica- Segundo Freud (apud Coelho & Junqueira, 2006), a angústia da
neurose é entendida como aquela excitação que permanece livre, não ligada, que procura
ligar-se a algo, mas não consegue. Esta excitação não consumada é a forma mais comum
de se compreender a neurose de angústia.
Está muito mais relacionada com a vivência da morte entendida esta como desagregação física.
CLASSIFICAÇÃO DA ANGÚSTIA
Intra-psíquica
Escorre da luta (conflito) entre os diversos níveis da personalidade (vital, anímico e espiritual) face
a vivências íntimas.
Extra-psíquica
Emerge directamente da relação do homem com o mundo, da forma como o homem responde às
situações limite (Jaspers) que ele não pode ultrapassar.
Uma das faces da angústia neurótica relaciona-se com a dinâmica relacional Homem – Mundo
(modo de resposta às “situações limite”). Uma destas situações é a morte. Cada um se relaciona
com ela de forma específica e de acordo com o seu “estar no mundo”.
Aparecimento súbito
Em levas sucessivas jorram torrentes de sintomas e de sinais, quase todos emergentes dum fundo
cenestésico palpitante e, muitos deles, polarizadas ao redor de zonas consideradas capitais para o
prosseguimento da vida.
Aparecimento lento
A angústia rasga, lentamente, caminhos de dor por todos os planos do ser, empapando todo o
pensar e todo o sentir. Porém, da crise de angústia neurótica ressalta um facto intrigante: Alinhado
ao lado da perturbante ameaça à integridade do ser está sempre presente a esperança de
salvamento da situação. À onda demolidora da angústia opõe-se a vontade da sobrevivência.
MEIOS DE LIDAR COM ALGUÉM QUE TENHA ANGÚSTIA NA SOCIEDADE E
NO SETOR DE SAÚDE
Nessa hora, não adianta apostar em frases otimistas para tentar estimular a pessoa a reagir.
Menos ainda, menosprezar a situação como se fosse algo fácil de ser superado. "Uma palavra faz
diferença desde que seja empática. E, às vezes, o que vale mesmo é escutar mais e falar menos".
Uma ajuda equivocada pode aumentar ainda mais a angustia causando mais sofrimento ao
indivíduo, por isso é importante eliminar tudo que, ao invés de ajudar, só atrapalha.
 Deixe Otimismo De Lado
A intenção pode ser boa, mas na hora da crise ninguém está pronto para ouvir frases como "vai
passar" ou "tudo vai dar certo". Este tipo de apoio é irritante, pois o ansioso pode interpretar que o
outro está desmerecendo sua dor. Em um momento de crise é muito difícil vislumbrar uma
situação positiva, pois tudo parece ser muito difícil. Portanto, evite frases feitas inspiradas em
autoajuda.
 Evite Dar Um Tranco
Definitivamente bancar o durão para fazer o outro reagir não vai funcionar. Este não é o momento.
É essencial mostrar apoio, mas sem pressionar. Falar coisas como "Você é forte e vai superar" ou
"Precisa enfrentar" só faz o outro sentir-se desvalorizado. Os especialistas classificam esse tipo de
ação como reforço negativo, pois o angustiado irá se sentir ainda mais fraco, e sua autoestima,
que já está abalada, ficará pior.
MEIOS DE LIDAR COM ALGUÉM QUE TENHA ANGÚSTIA NA
SOCIEDADE E NO SETOR DE SAÚDE
 Ouça Mais
Pode acontecer de o angustiado querer desabafar, escute! Nessa fase, não aposte em
avaliações e julgamentos para não causar desmotivação e ele desistir de se abrir. No
entanto, não force este diálogo dizendo: "me conta o que você está sentindo" ou "o que
está pensando", pois isso pode gerar mais angústia. Respeite o tempo da pessoa!
 Demonstre Preocupação Sincera
Independentemente do tamanho da crise, o diálogo deve ser afetuoso. Vale apostar em um
"eu entendo você, vamos dar um tempo até que passe, estou aqui com você". Evite,
porém, preocupação excessiva porque isso aumenta a angústia. Aja de maneira natural,
sem transformar o episódio em uma catástrofe.
 Procure Distraí-lo Com Lembranças Boas
É possível tentar desviar a atenção da pessoa, falando sobre algo aleatório ou
relembrando coisas boas que já aconteceram ou que estão programadas, como uma
viagem, por exemplo. Faça isso com muita atenção para não dar a impressão que está
desqualificando aquele momento de angústia, tentando apenas desviar o foco. Com
sensibilidade dá para notar se deve continuar com essa estratégia.
MEIOS DE LIDAR COM ALGUÉM QUE TENHA ANGÚSTIA NA
SOCIEDADE E NO SETOR DE SAÚDE
 Convide-o Para Dar Uma Volta
Nem sempre o angustiado terá disposição para algum tipo de atividade mais prazerosa,
mas vale como tentativa convidá-lo para dar uma volta, fazer uma caminhada leve, respirar
um ar diferente. Só não insista! Deixe-o livre para aceitar ou não. E se durante a crise ele
não aceitar, diga: "quando você melhorar podemos fazer algo juntos". Isso mostra
acolhimento, pois o angustiado tende a se sentir sozinho. E oferecer qualquer solução
pronta de maneira automática pode causar rejeição.
 Não Ofereça Uma Bebida
O álcool pode até parecer relaxante, mas não é uma boa saída. Pois, sempre que surgir a
crise ele poderá associar a bebida como forma de alívio. Tenha cuidado para não criar
maus hábitos que não ajudam efetivamente, apenas mascaram o sintoma.
 Elimine Expectativas Ou Suspenses
Quem convive com alguém muito angustiado precisa ser mais objetivo e assertivo,
portanto, evite qualquer tipo de tensão. Não fale "vamos, estamos atrasados" ou "estou
com um pressentimento ruim", pois isso irá poupá-lo de ter uma crise.
CONCLUSÃO
 O sentimento de angústia tem muito a ver com a forma como nos conhecemos,
trabalhamos a nossa inteligência emocional e lidamos com as questões no dia a dia.
 Por isso é tão importante desenvolvermos habilidades, como o autoconhecimento, junto
com um profissional, para evitar que os sintomas cheguem ao limite da situação.
 Para superar momentos de angústia, é importante procurarmos pessoas e atividades
que nos façam bem e nos tragam paz. Amigos e familiares, nossos lugares preferidos,
comidas favoritas, contato com ambientes positivos.
 O nosso encontro com o bem-estar emocional passa, entre outras questões, com os
fatores de risco da angústia durante toda a vida.
 Por isso, é importante buscar esse equilíbrio para que momentos de maior dificuldade
sejam trabalhados sem tantos abalos emocionais e físicos.
 É importante cuidar de cada caso em sua singularidade. O acompanhamento com um
profissional é recomendado sempre que a pessoa encontra dificuldades em lidar com
seus sentimentos”.
 Se deixarmos a angústia tomar conta, nosso autocuidado diminui. Isso quer dizer que
deixarmos de fazer coisas importantes pra nós mesmos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 American Psychiatric Association [APA] (2002). Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais DSM-IV-TR. Porto Alegre: Artes Médicas.
 Ravanello, T. (2009). Linguagem como alternativa ao aspecto quantitativo em
psicanálise. Psicologia & Sociedade, 21(spe), 82-88.
 Campos, É. B. V. (2004). A primeira concepção freudiana de angústia: Uma revisão
crítica. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 7(1), 87-107
 Carvalho, M. C. D. (2005). A função da angústia na análise. Stylus, 10, 42-48.
 Castilho, P. T. (2007). Uma discussão sobre a angústia em Jacques Lacan: Um
contraponto com Freud. Revista do Departamento de Psicologia, 19(2), 325-337.
Ceccarelli, P. R. (2009). Laço social: Uma ilusão frente ao desamparo. Revista Reverso,
31(58), 33 - 42.
 Freud, S. (2003). A Interpretação das Afasias. Lisboa: Edições 70. (Originalmente
publicado em 1891)
 Lacan, J. (1992). O Seminário livro 17, O avesso da psicanálise (1969-70). Rio de
Janeiro
FIM

GRATA PELA ATENÇÃO DISPENSADA

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