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UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO

Curso: Bacharelado em Psicologia

Disciplina: Processos Psicológicos Básicos

Docente: Jamili R. Salem de Souza

Discentes: Adriana Nunes e Patrícia Nuzzo.

Emoção

São Paulo

2016

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EMOÇÕES

A palavra emoção deriva do latim movere, que significa mover, por em movimento.
A emoção é um movimento de dentro para fora, uma forma de comunicar nossos estados
internos.

As emoções são fatores muito importantes na nossa qualidade de vida. Precisamos


delas para relacionarmos com as pessoas no trabalho, em nossas amizades, nas interações
familiares e em relacionamentos íntimos. Elas podem salvar nossas vidas, mas, também,
causar danos. Podem nos fazer agir de modo que achamos realista e apropriado, mas
também nos levar a agir de maneira extrema, causando arrependimento. Sabemos da
importância das emoções nas nossas vidas, mas não nos atentamos para o significado
desta palavra tão comum no nosso dia-a-dia. Afinal, o que são as emoções?

Também conhecidas como afetos, as emoções são estados interiores caracterizados


por pensamentos, sensações, reações fisiológicas e comportamento expressivos
especifico. Elas aparecem subitamente e parecem difíceis de controlar.

Charles Darwin (1872-1965) via as emoções como algo geneticamente programado


nos animais para fins de sobrevivência. Muitas reações primitivas de expressões
funcionam como mensagens e melhoram as chances de o indivíduo sobreviver.

Os bebês já transmitem emoções logo no seu primeiro dia de vida. Eles choram e
parecem aflitos quando surge necessidade e emitem reações positivas ao prazer que
surgem quando suas necessidades são satisfeitas.

Nossas primeiras emoções, conhecidas como universais são aquelas consideradas


inatas ou “reflexas”, estas são comuns a todos os seres humanos, independentemente de
fatores sociais ou socioculturais. Deste grupo fazem parte as emoções básicas ou
elementares, como a alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa.

Existem também outras categorias de emoções, como as secundárias ou sociais:


que são mais complexas que as primárias e dependem de fatores e variáveis
socioculturais. Elas são aprendidas geralmente por imitação e podem variar amplamente
e radicalmente entre culturas ou sociedades. Alguns exemplos dessas emoções são: a
culpa, a vergonha, a gratidão, a simpatia, a compaixão, o orgulho, a inveja, o desprezo, o
espanto, etc.

Há também as emoções de fundo que estão relacionadas com o bem-estar ou com o


mal-estar interno. Estas são induzidas por estímulos internos, com origem em processos
físicos ou mentais, levando o organismo a um estado de tensão ou relaxamento, fadiga ou
energia.

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A Natureza das Emoções

Existem seis emoções, que como citamos acima, são as primeiras emoções que o
indivíduo sente, elas são experimentadas no mundo inteiro e por isso são chamadas de
universais. Elas são consideradas emoções primárias ou inatas por que elas fazem farte
do nosso aparelho fisiológico. São elas: Alegria, raiva, nojo, medo, surpresa e tristeza.
Em qualquer lugar do mundo estas emoções terão as mesmas características.

Há também as emoções mistas, que são a junção de duas ou mais emoções


simultaneamente. Como por exemplo, quando amamos e odiamos uma mesma pessoa.
Elas também estão ligadas a motivos. A ligação motivo-emoção é uma via de mão dupla:
motivos evocam emoções e as emoções geram motivos.

As emoções humanas estão em constantes mudanças. Afetos ou humores brandos


parecem predominar, podemos dizer que as emoções são volúveis.

Para entendermos estas emoções, primeiro é necessário saber como as emoções


surgem e quais são seus componentes primordiais:

Componentes Subjetivos

Os aspectos mais vividos das emoções são os subjetivos: sentimentos e pensamentos.


Muitos psicólogos acreditam que as interpretações do sujeito em relação a situação vivida
determinam quais as reações emocionais ele irá desencadear.

Componentes Comportamentais

Durante as respostas emocionais, o comportamento inclui expressões faciais, gestos


e ações. Pessoas do mundo todo comunicam emoções básicas com as mesmas expressões
faciais e identificam facilmente emoções básicas em expressões faciais. A universalidade
dessas expressões sugere que elas são programadas base genética do ser humano.

Como por exemplo, a expressão para a felicidade é definida como “puxar os cantos
dos lábios” ou como “ puxar os cantos dos lábios e erguer as bochechas”.

Nem todas as expressões faciais são programadas geneticamente, as formas finais de


sinais emocionais e afetada por padrões sociais, de aprendizagem e culturais.

Algumas observações sugerem que as expressões faciais fornecem informações


precisas sobre as emoções. As pessoas guiam-se pelas expressões faciais para entender
os sentimentos das outras.

Componentes Fisiológicos

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O componente fisiológico de uma emoção intensa oferece energia para lidar com as
emergências que originaram a emoções intensificam as experiências emocionais. Estas
emoções são chamadas de respostas de luta e fuga, que causam vigilância visando
aumentar a probabilidade de sobrevivência em situações de perigo. Reações físicas tais
como tremer, corar, empalidecer, suar, respirar rapidamente e sentir tontura emprestam
as emoções uma qualidade de urgência e poder.

Durantes as emoções, as reações fisiológicas são geradas pelos sistemas, nervoso


central e autônomo e pelas glândulas endócrinas.

Os circuitos dentro do sistema nervoso central despertam, regulam e integram as


respostas feitas durante uma emoção. A formação reticular alerta o córtex para
informações sensoriais, ele por sua vez leva mensagens ao sistema límbico, no qual o
hipotálamo ativa o sistema nervoso para reações de emergência.

O sistema nervoso autônomo é responsável por tornar o sujeito consciente sobre a


emoção que está sentindo. O sujeito geralmente sente o coração bater mais forte, pulso
rápido e músculos tensos e tremores. Os dois ramos do sistema nervoso autônomo
mantem um ambiente interno ótimo: O sistema parassimpático tende a estar ativo em
situações calmas, como digestão de alimentos, sono e recuperação de doenças. Já o
simpático assume quando surgem as emergências mobilizando o corpo para a ação. As
glândulas suprarrenais são responsáveis pela liberação dos hormônios adrenalina e
noradrenalina que fornecem energia para todo este processo.

Dentro dos componentes fisiológicos temos as emoções mistas, que são a junção de
duas ou mais emoções simultaneamente. Como por exemplo, quando amamos e odiamos
uma mesma pessoa. Elas também estão ligadas a motivos. A ligação motivo-emoção é
uma via de mão dupla: motivos evocam emoções e as emoções geram motivos.

As emoções humanas estão em constantes mudanças. Afetos ou humores brandos


parecem predominar assim, podemos dizer que as emoções são volúveis.

Emoção e sentimento

Emoções e Sentimentos, ainda hoje são confundidos e geralmente tratados como


sinônimos, mas existem algumas diferenças que os distinguem.

Uma emoção propriamente dita é um conjunto de respostas químicas e neurais que


formam um padrão diferente do habitual. Estas respostas são produzidas quando o cérebro
normal, recebe um estímulo que “quebra” esse “equilíbrio”, desencadeando a emoção.
Ela instantânea, porque acontece por um período de tempo e passa. É visível, porque é

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traduzida em comportamentos e expressões. Além disso ela não é presente somente no
homem, os animais também sentem emoções.

Já os sentimentos são únicos aos seres humanos, podemos considerá-los uma


evolução das emoções. Eles são uma ideia sobre o corpo, quando este é perturbado de
alguma forma pelos processos emocionais.

Os sentimentos são mais conscientes e mais duradouros que as emoções. As emoções


muitas vezes chegam ao ser humano e aos animais de forma inconsciente, o sentimento é
uma espécie de juízo, interpretação sobre essas emoções e é sustentado pela nossa
cognição. Podemos pegar o exemplo da alegria que é instantânea e a felicidade precisa
ser cultivada no dia-a-dia.

A Ansiedade
Iniciaremos a discussão sobre ansiedade com o relato do paciente R.R:

“Quando me sinto ansioso, tudo é muito tenso. Não posso relaxar. Não durmo bem e,
por conseguinte, sinto-me constantemente cansado e esgotado. Vou muito ao banheiro
por alguma razão, e vivo comendo coisas quase sem parar. Fico procurando coisas
divertidas para fazer. Mas parece não ser possível encontrar qualquer coisa que relaxe
ou seja interessante. Não gosto de nada. Geralmente termino vendo, sem prestar atenção,
uma porção de programas de tv e lendo revistas nas quais não estou realmente
interessado. Depois, sinto-me aborrecido por perder tanto tempo. Meus pensamentos
continuam voltado ao tópico que me perturba. Eu gostaria de não estar na situação em
que me envolvi, qualquer que seja ela. Mesmo quando sei que não há realmente problema
algum, continuo preocupado. A coisa fica pairando sobre mim. ”

Como todas as emoções, a ansiedade também apresenta padrões na forma como se


desenvolve fisiologicamente, mas sabemos que a intensidade com que sentimos cada
emoção varia de acordo com a subjetividade de cada pessoa e assim a acontece também
com a ansiedade.

Entendendo a Ansiedade

A ansiedade é uma emoção caracterizada por sentimentos de previsão de perigo,


tensão, aflição e pela vigilância do sistema nervoso simpático.

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Ao contrário do medo, que é especifico a um objeto e cresce a medida da ideia de
perigo, a intensidade da ansiedade é geralmente maior que o medo e não tem um objeto
claramente definido.

Segundo Freud os perigos do mundo real e a previsão de punição por expressar


impulsos sexuais, agressivos ou outras formas proibidas e imoral podem ser detonadores
da ansiedade, sendo que no primeiro caso há sofrimento físico, e no segundo, cognitivo.

A ansiedade geralmente atua sobre a aprendizagem. Estudos apontam que pessoas


altamente ansiosas podem sentir problemas de codificação que interferem no
armazenamento da informação na memória. Apresentam dificuldade de concentração e
não conseguem organizar as informações de maneira mais eficiente.

Como as outras emoções, ela desencadeia variáveis reações fisiológicas no organismo,


como por exemplo as doenças de origem imunológicas. Mas vale a pena lembrar que
intensidade destas reações depende da situação em se encontra e do próprio organismo
envolvido.

A ansiedade em nível normal é essencial para o ser humano, servindo como um


sistema de alerta ao perigo. Mas existem casos em que o sujeito desenvolve um gral
exagerado de ansiedade categorizando-a como transtorno.

Os transtornos da ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que a ansiedade


em níveis normais. Eles aparecem como:

Preocupações, tensões ou medos exagerados, dificuldade de relaxar;

Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;

Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;

Medo extremo de algum objeto ou situação em particular;

Medo exagerado de ser humilhado publicamente;

Falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem


independentemente da vontade e pavor depois de uma situação muito difícil.

Doenças Emocionais

Algumas emoções fazem o corpo adoecer? Sentimentos podem influenciar no


surgimento de uma gripe ou causar lesões na pele de alguém? Pesquisas indicam que os
estresses e as tensões do dia-a-dia podem ser tão prejudiciais à saúde quanto são as

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grandes mudanças da vida. Essas emoções liberam hormônios que influenciam no sistema
imunológico e cardíaco, que pode passar a funcionar de maneira menos eficiente,
facilitando o surgimento de doenças. Vamos ver agora algumas dessas doenças:

Ulceras Pépticas:

Estudos em psicossomática indicam que existe uma forte ligação entre a ansiedade,
estresse e ulceras pépticas. Estes o estresse e a ansiedade parecem desempenhar um papel
importante na produção de secreções excessivas de ácido hidroclórico, um dos
responsáveis por danificar a parede do estômago.

Doenças Cardíacas

O estresse e a alta ansiedade podem descarregar uma bomba de adrenalina no corpo


causando a contração dos vasos sanguíneos do coração, elevando a pressão e a frequência
cardíaca, induzindo a formação de trombos, infartos ou morte súbita.

Muitos fatores contribuem para as doenças cardíacas, inclusive a hereditariedade. Mas,


segundo algumas pesquisas, há um grupo especifico de pessoas que é mais propenso a
desenvolver este tipo de doença: As de personalidade tipo A.

Pessoas Tipo A, geralmente sofrem com alto nível de ansiedade e passam por estresse de
forma frequente. Lutam constantemente para fazer tudo em pouco tempo. Parecem agressivas
ou hostis e são sempre competitivas e ambiciosas por destaque. Exercem forte pressão sobre
si e mesmo quando não tem nada para fazer, ainda sentem que estão perdendo tempo. Falam
rápido e de forma explosiva e quase nunca se permitem relaxar. Em situações estressoras estas
pessoas apresentam maior reatividade na pressão sanguínea e batimento cardíaco mais
acelerado, quando comparadas as pessoas do tipo B.

Câncer

Esta doença é caracterizada pelo crescimento acelerado de células anormais do organismo.


Dentre muitos outros fatores que contribuem para o desenvolvimento do Câncer, o estresse de
forma aguda, age acionando hormônios e transmissores capazes de modificar a combustão, o
crescimento e a disseminação de certas células anormais no corpo.

Toxidade emocional

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Algumas pessoas e ambientes são consideradas toxicas por, de alguma forma,
influenciar as atitudes e emoções de um indivíduo.

A toxicidade reside no fato de não nos darmos conta de que estamos sendo
inconscientemente influenciados por pessoas ou pelos ambientes de forma negativa.

Exemplos de ambientes tóxico são os organizacionais, onde há grande cobrança em


resultados e excelência de funções. Nesses ambientes fica notável o alto nível de estresse
e competição, e muitas vezes os profissionais não conseguem separar a vida profissional
da vida pessoal, acarretando em situações negativas no ambiente familiar, ou vice e versa.

Muitas empresas estão mandando a forma de gerir, baseando-se nos estudos sobre as
emoções que indicam que ambientes saudáveis e mais “leves”, tendem a dar ao
profissional, uma carga emocional positiva, aumentando sua produtividade nas suas
funções.

Inteligência emocional

Inteligência emocional é a capacidade de que um indivíduo tem de reconhecer suas


emoções e as emoções dos outros e saber usa-las de maneira saudável.

Para finalizarmos nosso trabalho indicaremos a obra Inteligência Emocional, escrita


por Daniel Goleman, psicólogo e professor visitante da Harvard University.

Ele escreveu esta obra na qual discute como funcionam as emoções e a forma como
elas afetam o dia-a-dia e as decisões. A obra discute também sobre a empatia e ensina
como lidar com a raiva, as paixões e a impulsividade, entre outros sentimentos que podem
ser destrutivos, se não utilizados em uma dose saudável. A obra mostra a emoção com
base em experimentos científicos e mostra que não existe apenas uma forma de
inteligência a ser medida em nós, seres humanos.

É escrito de uma forma relativamente didática, mesmo sendo altamente técnica,


com referências de pesquisas e experimentos realizados por diversos pesquisadores de
várias Universidades dos EUA durante anos.

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Referências Bibliográficas

DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. Tradução: Auriphebo Berrance Simôes,


et.al. São Paulo,1983.

Goleman, Daniel: Inteligência Emocional. Editorial Kairós,2001 .

http://www.scielo.br/pdf/pusf/v20n1/1413-8271-pusf-20-01-00153.pdf, acesso em
01/04/2016

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