Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Se pensarmos na ira, por exemplo, sabemos que a sua expressão autêntica em determinados
contextos sociais, públicos ou privados, nos pode ser, a maior parte das vezes, prejudicial. Por
isso, a maioria de nós aprendeu não só a controlar a sua intensidade como também a selecionar
os contextos mais adequados ou, melhor dizendo, menos inadequados para a sua expressão.
Nem sempre este autocontrolo é fácil ou conseguido, mas a verdade é que somos socialmente
moldados, através dos processos de socialização, no sentido de o construir.
Importa, pois, acrescentar que existem outros comportamentos que podem igualmente ser
definidos como emoções, por exemplo, o ciúme e a culpa, os quais se enquadram nas
chamadas emoções secundárias e sociais.
Não há dúvida que o papel desempenhado pela sociedade na formação das emoções
secundárias é maior do que nas primárias. Mas isto não quer dizer que as emoções secundárias
não sejam, também elas, biologicamente programadas, pelo menos em parte, ou que as
emoções primárias não possam ser influenciadas pela cultura. Por outro. lado, os investigadores
salientam que as regras de expressão são, em muitos casos, personalizadas.
As emoções têm por base dispositivos inatos e estes mecanismos fazem parte da
história evolutiva da nossa espécie.
Porém, a expressão da emoção traduz, em cada indivíduo e em cada cultura, a
interação entre fatores biologicamente programados e fatores socioculturais aprendidos.
Podemos então concluir que a experiência pessoal e a cultura não anulam a universalidade da
expressão emocional, mas sobrepõem influências que explicam muitas diferenças.
Dão forma particular a alguns aspetos da expressão da emoção (exemplo: a morte de
alguém próximo esta, em muitas culturas, associada a expressões emocionais de
tristeza ou de dor, mas a forma como essas emoções se manifestam e são avaliadas
pelos outros é, claramente, cultural e pessoal).
Dão forma particular àquilo que poderá constituir o indutor de determinada emoção
(exemplo: um lugar específico pode ser indutor de medo, tristeza ou alegria para alguém
- em função das suas vivências e história pessoal - e passar despercebido à maioria das
pessoas).
Dão forma particular à cognição e aos comportamentos que se seguem à emoção
(exemplo: se tivermos má nota num teste ou num trabalho, ficaremos, provavelmente,
tristes; mas se avaliarmos o resultado como decorrente da nossa falta de empenho ou
excesso de confiança poderemos sentir alguma culpa e decidir, em função disso, que no
próximo teste nos empenharemos o bastante para que não se volte a repetir o mau
resultado).
As emoções não são apenas biológicas e, menos ainda, exclusivamente sociocultural são
processos adaptativos e autorreguladores complexos de natureza biocultural.