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EMOÇÃO
UNIDADE IV
EMOÇÃO E EDUCAÇÃO
Elaboração
Luciana Raposo dos Santos Fernandes
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE IV
EMOÇÃO E EDUCAÇÃO.......................................................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1
ESPAÇO DA EMOÇÃO.................................................................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2
RAZÃO, EMOÇÕES E SENTIMENTOS.................................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
A NATUREZA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL................................................................................................................. 25
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................34
EMOÇÃO E EDUCAÇÃO UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
ESPAÇO DA EMOÇÃO
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Unidade iv | Emoção e educação
Além disso, a conceituação da emoção não é tarefa fácil. Por ser subjetiva não
podemos observá-la diretamente, apenas presumir sua existência através do
comportamento. O termo emoção é utilizado para significar os sentimentos e
os estados afetivos em geral, mas alguns autores tendem a atribuir significados
distintos para emoção e sentimento. Para Dorin, citado por Braghirolli et al.
(2003):
3. A observação do comportamento; e
4. Os indicadores fisiológicos.
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Figura 11. Existem duas dimensões na emoção, a experiência individual interna e a expressão
comportamental externa, que nem sempre são congruentes.
Fonte: https://www.elle.com/it/blog/news/a1371434/emoticon-emoji-telefonata-faccine-disegnini/.
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Para entender que o medo é aprendido e não herdado, assista o vídeo John
Watson - Teoria do Behaviorismo, que traz o experimento que citamos:
https://www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA.
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Estudos de caso
Um ótimo estudo sobre as emoções e sua expressão no corpo humano resultou
do trabalho do Professor de Medicina de Reabilitação da Escola de Medicina da
Universidade de Nova York, também médico assistente do Instituto de Reabilitação
Howard A. Rusk da mesma instituição, John Ernest Sarno Jr. (1923 – 2017).
À época, ele foi menosprezado como alguém que não fazia medicina científica,
mas, aos poucos, Sarno tornou-se um dos médicos mais respeitados do mundo.
Durante sua pesquisa, ele fotografou e radiografou as costas dos pacientes e se
surpreendeu. Um dos fotografados sentia muitas dores nas costas e o outro, além
de não sentir nenhuma dor, funcionava 100%. A partir das imagens, Sarno começou
a se perguntar o porquê de algumas pessoas com o mesmo problema nas costas
não sofriam de dor, enquanto outras sentiam muita dor. Após muita pesquisa,
ele percebeu que muitas das razões (mas não todas) para as pessoas terem dores
nas costas não eram só a fisiológica, mas psicológica ou uma combinação entre
as duas. A partir daí, ele constatou que, quando suprimimos uma emoção, tal
como ciúmes, raiva ou algo que não gostamos (como ansiedade, desapontamento
etc.), ela precisa fluir de alguma forma e frequentemente atinge a parte do
sistema mais vulnerável ou fraca. Para muitas pessoas essa parte são as costas,
principalmente, a parte lombar. Porém, quando falamos sobre as emoções e as
aceitamos, choramos e escrevemos sobre elas, ocorre uma forma diferente de
fluidez natural.
Diante disso, Sarno ainda explicou que, muitas vezes, somos criados em ambientes
em que não é permitido expressar sentimentos como raiva, medo, ansiedade e,
em decorrência, quando crescemos, inconscientemente, não nos permitimos
sentir e bem expressar as emoções, produzindo o que ele chama de compressão
e enrijecimento muscular, o que provoca dores e acaba desviando atenção do
que realmente é a causa da ansiedade, medo, ciúmes ou raiva. Essas dores
podem durar anos a fio, caso não se observe a conexão e o que realmente está
provocando-as. Portanto, um bom exercício para o indivíduo é se perguntar em
momentos de dor: o que está provocando essa raiva em mim ou o que está me
deixando ansioso? Observe esse exemplo:
Um jovem homem que acaba de se casar, estava indo muito bem na vida, até
que um bebê entra em sua vida. Após um mês, as costas dele começam a doer.
Existe um motivo, é claro! De repente, ele tem que pegar seu bebê no colo e se
pega de um lado, força o outro. Parece, então, que é por isso que costas dele
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doem. Ao mesmo tempo, começam boatos. Alguns falam que parece o homem
perdeu sua independência depois que o bebê nasceu. Não dorme mais a noite
toda e sua vida social, amorosa e de trabalho mudou. Ele se sente triste, com
raiva, com ciúmes, mas não pode sentir nada disso, porque é seu filho. No seu
inconsciente, ele se mau, pois deveria amá-lo e não ter raiva ou ciúmes do próprio
filho. Então, ele reprime emoção que deveria fluir e flui pelo canal mais fraco
do seu corpo: costas que começam a doer como nunca doeram antes. É claro,
que ele vai relacionar tais dores com um desalinhamento nas costas, o que é
aceitável, pois ele nunca diria aos amigos nem ao médico que, na verdade, está
triste, com raiva e ciúmes do filho, pois isso não é aceitável em nossa cultura.
Assim, ao longo dos anos, Sarno que defendia a ideia de que se reprimimos um
sentimento, ele vai fluir de qualquer jeito, porque corpo e mente formam uma
entidade única, curou milhares de pessoas com dores nas costas. Entre essas
pessoas, algumas leram seu livro e outras participaram de um de seus workshops.
No entanto, é conveniente lembrar que, nem todas as dores são resultados da
mente nem das emoções. Se uma pessoa quebra uma vértebra, ela terá muita
dor, independentemente de quais sejam suas emoções.
O trabalho de Sarno nos mostra que corpo e mente não são duas entidades,
mas uma só! Ambos se afetam em uma troca constante, se o corpo não
está bem, a mente também não ficará e vice-versa. Portanto, deveríamos
expressar as emoções, afinal como humanos também sentimos raiva, ciúmes,
ódio, ansiedade. Ao permitir que essas emoções fluam de forma natural,
nos sentimos melhor tanto psicológica quanto fisiologicamente, pois corpo
emente são dois lados da mesma moeda!
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Portanto, podemos inferir que a neurociência é uma forte aliada do educador, uma
vez que o auxilia na identificação do indivíduo como uma pessoa única e especial,
um ser que pensa e que compreende a importância da sua individualidade no
mundo. Além disso, no momento em que avaliamos o processo de aprendizagem,
devemos notar um múltiplo enfoque, observando as questões psicológicas,
neurológicas e sociais de cada ser humano. No entanto, a aplicação da Neurociência
não é direta, como também não há mágica em ensinar e aprender, porém os
conhecimentos advindos dela podem orientar objetivos e estratégias educacionais,
de forma a tornar o trabalho do educador mais eficiente pelo fato dele conhecer
o funcionamento cerebral. Saber como se dá o processo de aprendizagem,
a organização e o funcionamento cerebral, com todos os seus processos, os
mecanismos da linguagem, da atenção e da memória, são conhecimentos de
grande contribuição para a atuação docente. Guerra (2011) complementa:
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Para reverter esse quadro, é preciso romper com a dicotomia mente versus
corpo e ampliar a abordagem da unicidade. Portanto, se ao falar de saúde,
devemos abarcar a saúde integral, na aprendizagem não é diferente, pois é
preciso considerar a saúde de uma forma ampla. Por mais que a aprendizagem
dependa de funções mentais e seus correspondentes funcionamentos cerebrais,
as pessoas funcionam como um todo. Isso significa que, tanto algumas questões
apresentadas pela disfunção de algum órgão, quanto algo que acontece no
ambiente, podem provocar prejuízo do funcionamento do sistema nervoso e,
em consequência, influenciar a atenção e a memória.
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CAPÍTULO 2
RAZÃO, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Já abordamos bastante a emoção, mas ainda é preciso fazer uma distinção entre
ela e o sentimento, pois, embora sejam usados como sinônimos, ambos são bem
diferentes, tanto para o psiquismo como para a psicologia. Para começar, é
preciso ficar claro que a emoção é uma relação imediata a um estimulo, que traz
sensação física e emocional ao indivíduo, mas que não envolve o pensamento,
por se tratar de um conjunto de respostas químicas e neurais baseadas nas
memórias emocionais, que surgem no sistema límbico de forma inconsciente.
Figura 12. A emoção é uma construção pessoal que precisa ser exteriorizada, o que acontece
de forma natural e distinta, por meio de reações físicas, caso do choro.
Fonte: https://theconversation.com/no-crying-doesnt-release-toxins-though-it-might-make-you-feel-better-if-thats-what-you-
believe-106860.
Logo, a emoção é uma construção pessoal, o que já explica o fato dela ser sentida
de forma diferente por cada pessoa. Além disso, como a própria etimologia da
palavra emoção, originária do latim, significa movere é preciso exteriorizá-la,
o que acontece de forma distinta, mas natural, por meio de reações físicas, que
incluem alteração da respiração, choro, vermelhidão, tremores etc. Quando as
retemos, as emoções geram doenças ou dores psicossomáticas em nós.
Sobre definições
É conveniente notar que, se por um lado, não existe uma definição exata do
conceito de emoção nem quantas emoções existem, por outro, muitos estudos
são realizados com base nas teses tanto do psicólogo Robert Plutchik, que diz
que o ser humano tem oito emoções básicas (confiança, alegria, tristeza, medo,
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De qualquer forma, não podemos afirmar que existem somente essas emoções, até
porque, às vezes, elas se misturam, enquanto também dão origem aos sentimentos
que, por sua vez, são uma espécie de juízo consciente das emoções e, assim,
mostram-se relacionados com a avaliação pessoal. Portanto, eles são sentidos por
cada pessoa de acordo com a sua experiência, personalidade, cultura e criação.
Em decorrência, podemos até dizer que os sentimentos podem ser definidos
como a observação das emoções e das reações provocadas por elas.
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Tipos de emoções
Normalmente, elas são dividas em três tipos:
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Emoção Sentimento
Sobre a razão
Diferentemente das emoções e dos sentimentos, a razão é a capacidade humana
de aplicar conscientemente a logica para buscar a verdade e tirar conclusões
de informações novas ou já existentes. Por isso, a razão que está associada ao
pensamento e a cognição e, ao mesmo tempo, envolve o intelecto que, por sua
vez, ajuda o indivíduo a produzir argumentos logicamente validos, também é
chamada de racionalidade. Portanto, o raciocínio também faz parte da razão e,
devido às características que presenta, pode ser dividido em raciocínio logico
(que engloba os raciocínios dedutivo, indituvo e abdutivo) e raciocínio intuitivo
(processo de raciocínio se dá por meio da intuição), que embora válido, tende
a ser pessoal e subjetivo.
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Embora esse exemplo seja específico, no dia a dia, se agirmos apenas com a
emoção ou com a emoção a tendência é errar. Portanto, é preciso equilibrar
razão e emoção e ainda fazê-las andar juntas, no momento de fazer escolhas e
tomar decisões.
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Por meio de experimentos conduzidos por Damásio, evidências que mostram que
há uma sobreposição dos substratos neurais subjacentes à memória e emoção
foram levantadas e já demonstraram que pacientes com lesões do córtex frontal
apresentam correlatos neurovegetativos quando experimentam uma emoção
primária. Entretanto, eles não conseguem responder a imagens aterrorizantes,
mesmo quando sabem que elas vão perturbá-los. Ao mesmo, tais experimentos
também demonstraram que esses mesmos pacientes eram incapazes de se
comportar racionalmente em uma situação de jogo, devido às falhas no julgamento
de ações com relação ao futuro.
Dessa forma, ficou constatado que pessoas com déficits na integração das
funções subjacentes ao córtex frontal e ao sistema límbico são incapazes de
emoções secundárias, ou de aprendizagem emocional. O que falta a Damásio
e seus colaboradores revelarem quais são os substratos neurais envolvidos na
aprendizagem emocional.
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CAPÍTULO 3
A NATUREZA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Tal conceito foi apresentado inicialmente pelos cientistas Peter Salovey e John D.
Mayer, em 1990, em um artigo que publicaram na revista científica Imagination,
Cognition and Personality, no qual também debateram sobre o significado e a
função das emoções e apontaram formas de investigar as habilidades sociais e
emocionais. Apesar disso, o termo só se tornou popularizado em 1995, ano em
que Daniel Goleman, psicólogo, publicou o livro Inteligência Emocional, no qual
categorizou a IE em cinco habilidades ou pilares:
Figura 13. Em relação à IE o que ainda precisa ser determinado é se ela é uma inteligência real ou
não.
Fonte: http://www.anthonybontrager.com/2017/09/26/eq-critical-leaders/.
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Demais medidas de IE
Existem muitas medidas de autorrelato de EI, mas nenhuma delas avalia
inteligência, habilidades ou aptidões, como seus autores costumam afirmar.
Elas apenas se limitam aos traços de inteligência emocional. Além disso,
quando baseados nas habilidades, eles podem fazer interpretações subjetivas
do comportamento. Hoje, a medida de inteligência emocional mais usada e
amplamente pesquisada de autorrelato ou autodesquema, como é chamada
atualmente, é o EQ-i 2.0, originalmente conhecido como BarOn EQ-i, método
anterior a de Goleman.
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A IE superior
Uma revisão publicada na Annual Review of Psychology em 2008 indicou que
a inteligência emocional está positivamente correlacionada com:
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PARA (NÃO) FINALIZAR
A Razão e a Emoção
superasse a Razão,
pedir baixinho,
dentro do coração,
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Para (não) finalizar
em suas emoções,
da Razão.
por impulsos,
agitação.
Prometia a si mesma,
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REFERÊNCIAS
BRAGHIROLLI, Elaine Maria et al. Psicologia Geral. 23. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
DAMÁSIO, Antonio. O erro de Descartes. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 2012.
FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, Mc Graw Hill
Education, 2016.
GRANT, Adam (January 2, 2014). The Dark Side of Emotional Intelligence. The Atlantic.
Archived from the original on January 24, 2014: https://www.theatlantic.com/health/
archive/2014/01/the-dark-side-of-emotional-intelligence/282720/.
MORRIS, Charles G.; MAISTO, Albert A. Introdução à Psicologia. 6. ed. São Paulo: Prentice
Hall, 2004.
PLISZKA, S. R. Neurociência para o clínico de saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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Referências
VAN DER VEER, René; VALSINER, Jaan. Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola, 1996.
Imagens
Figura 1. https://wonderfulmind.net/category/neurosciences/.
Figura 2. https://www.renewallodge.com/5-ways-quitting-drinking-affects-your-brain/.
Figura. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/sistema-nervoso-periferico.
Figura 4. https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Divisao-fisiologica-do-cerebro-humano-o-
cortex-cerebral-e-de-particular_fig2_274248499.
Figura 5. https://luisdegarrido.com/research/cognitive-neuroscience-and-neurobiology-luis-de-garrido/.
Figura 6. https://hhd.psu.edu/graduate/dual-title-degree-programs/social-and-behavioral-neuroscience.
Figura 7. https://www.apa.org/action/science/brain-science/education-training.
Figura 8. https://travelmag.vn/o-buc-tranh-nay-ban-thay-dieu-gi-dau-tien-loi-giai-se-khien-ban-co-
them-nguon-nang-luong-tich-cuc-trong-ngay-d1610.html.
Figura 9. https://drspar.com/neuroplasticity/.
Tabelas
Tabela 1. Bear, Connors e Paradiso, 2008.
Quadros
Quadro 1. https://www.slideserve.com/leo-love/linguagem (slide 10/56).
Quadro 2. https://www.diferenca.com/emocao-e-sentimento/.
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