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Introdução
O homem é um ser dotado de emoções e sentimentos, sensações parecidas, que impactam
diretamente o seu dia a dia, tanto nas relações interpessoais (pessoais e profissionais) quanto no
ambiente de trabalho.
Nesta aula, entenderemos porque a emoção e os sentimentos passaram a ser cada vez mais
estudados por psicólogos, psicopedagogos e estudiosos do comportamento e do ambiente orga-
nizacional, uma vez que afetam de forma imediata na produtividade, aprendizagem e no compor-
tamento organizacional.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
Bons estudos!
1 Emoções e sentimentos
Talvez, neste momento, você esteja se questionando: como entender a diferença entre emo-
ções e sentimentos, se os dois são tão parecidos? Tenha em mente que estas sensações estão
interligadas, uma vez que as emoções são desencadeadoras dos sentimentos, e que, a partir dos
sentimentos desencadeados, pode-se gerar mais emoções.
A principal diferença, porém, está no fato de as emoções serem perceptíveis pelo meio ao
qual o sujeito está inserido, ao contrário do sentimento que não faz uma troca com o meio, ou
seja, apenas o sujeito vivencia a sensação. A emoção, então, tem uma relação com o corpo e o
sentimento com a mente.
EXEMPLO
Perceba a diferença. Em um acidente de trânsito, dois carros colidem em uma pre-
ferencial. O motorista do carro “A” age pela emoção, sai do carro esbravejando, com
raiva, ofendendo e agredindo o motorista “B”, que, por sua vez, desce do carro apa-
rentemente chateado, pergunta se há alguém ferido, olha os estragos, não ofende e
dialoga a fim de resolver a situação, ou seja, utiliza a mente.
A emoção ocorre a partir de uma experiência afetiva que vem à tona como um vulcão e pode
ser desencadeada por um objeto ou a um estímulo proveniente do meio, provocando reações
motoras e glandulares, interferindo de maneira direta no estado afetivo do indivíduo.
FIQUE ATENTO!
Os sentimentos podem desencadear reações orgânicas positivas, como motivação,
sensação de produtividade e alegria, ou negativas, como cansaço, desmotivação,
tristeza, negatividade, entre outros. Conforme a intensidade das reações desenca-
deadas, elas podem prejudicar algumas áreas específicas do desenvolvimento hu-
mano, como fisiológica, cognitiva, afetiva e sentimental.
2 Componentes da emoção
Como vimos, as emoções ocorrem por meio de algum evento ou estímulo a que o sujeito
está reagindo. De acordo com Glasmann (2008, p. 222), “as emoções provavelmente se originaram
através da evolução como um mecanismo adaptativo, permitindo rápidas avaliações das situa-
ções”. Estas avaliações podem ser determinadas pelos componentes emocionais, elementos que
auxiliam o ser humano a perceber, interpretar e controlar as suas emoções.
Fonte: file404/Shutterstock.com
Os componentes emocionais não apresentam uma ordem e nem quantidade para emergi-
rem. Segundo o neurocientista Damásio (2012), estes elementos se classificam conforme abaixo.
•• Cognitiva: quando o sujeito tem conhecimento concreto do fato que levou a desenca-
dear a emoção. Por exemplo, quando um motorista ultrapassa o sinal vermelho e, ao
colidir seu veículo com outro, se assusta, ele sabe que passou por aquela situação por
furar o sinal vermelho.
•• Fisiológica: são as reações orgânicas que ocorrem diante de uma emoção. Por exem-
plo, taquicardia, tensão muscular, mãos suadas etc.
•• Subjetiva: está associada ao que o indivíduo sente interiormente, ou seja, somente ele
consegue ter acesso a esta emoção.
De acordo com a intensidade e a frequência com que as emoções ocorrem, o ser humano
terá uma reação específica, e fará o uso dos componentes para enfrentar as situações de forma
positiva ou não. Perceba que a emoção não está relacionada a um único componente, e que um
componente pode desencadear uma ou mais reações ao mesmo tempo. Assim, no entendimento
final de uma emoção manifestada, pode ocorrer uma comunicação aprofundada entre diferentes
componentes (GLOSMANN, 2008).
SAIBA MAIS!
O filme “Divertida Mente”, dirigido por Pete Docter e Ronaldo Del Carmen, traz uma refle-
xão acerca do papel das emoções em nossas vidas, mostrando como essas sensações
são importantes para nosso desenvolvimento pessoal e emocional. Confira!
Fonte: snake3d/Shutterstock.com
Dentre os métodos utilizados, está o ensino por meio de uma relação mais próxima e afetiva
entre instrutor e aprendiz, visto que, quando ocorre esta relação mais proximal, o sujeito/aprendiz se
sente mais instigado e motivado para o buscar novos conhecimentos. Segundo Oliveira (2009, p.116),
a “afetividade se constitui como um fator de grande importância na determinação da natureza das
relações que se estabelecem entre sujeitos (educandos) e os diversos objetos do conhecimento”.
FIQUE ATENTO!
As emoções e os sentimentos afetam diretamente a autoestima do aprendente,
manifestando reações positivas ou negativas para a aquisição de novos conheci-
mentos. Sabe-se que ambientes de aprendizagem saudáveis, bem estruturados
fisicamente e humanamente, geram satisfação e motivação para o processo ensi-
no-aprendizagem. Isto é, tanto o instrutor como o aprendente se sentem pessoas va-
lorizadas, alegres e emocionalmente preparadas para novas tomadas de decisões.
Vygotsky (2003, p. 121) diz que as “reações emocionais exercem influência essencial e abso-
luta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo edu-
cativo”. Assim, se nos encontramos em um estado depressivo, no isolamento, com certeza o inte-
resse, a motivação, em aprender será totalmente prejudicado. Neste caso, percebemos a emoção
e o sentimento interferido diretamente no processo de aprendizagem.
EXEMPLO
Um professor que tem paixão em ensinar matemática, com certeza demostrará
este fato para os alunos, pois o seu corpo expressa esta emoção, ele sorri para os
alunos e busca novos métodos de ensino. Neste caso, podemos perceber que a
emoção tem influência direta na aprendizagem.
Por meio do controle emocional (ou autocontrole), ou seja, das habilidades de lidar com as
emoções e sentimentos, consegue-se manter as relações interpessoais de maneira sadia. A regu-
lação das emoções e sentimentos depende de cada sujeito. Com o processo de autoconheci-
mento (conhecimento de si mesmo), o sujeito consegue identificar um sentimento no momento
exato que ele se manifesta, e, por meio do autocontrole, expressa sua habilidade de gerenciá-lo.
FIQUE ATENTO!
A função da regulação emocional pode ser comparada a um termostato, como se o
ser humano tivesse um dispositivo interno que controlasse as variações das emo-
ções, buscando mantê-las sempre em equilíbrio, evitando explosões repentinas e
conflitos nos ambientes organizacionais.
Segundo GNOATO, SPINA e PELACANI (2009), alguns sentimentos e emoções podem causar
alterações no ambiente de trabalho, uma vez que, se não forem bem administrados, podem cau-
sar interferências, como raiva, ódio, medo e falta de concentração, em diferentes funcionários, por
vários motivos.
Portanto, regular as emoções no ambiente organizacional significa fortalecer os colaborado-
res com recursos e estratégias de conduta que permitam um autocontrole, com o objetivo de evitar
ou minimizar situações desagradáveis, pressões externas, doenças físicas e psíquicas, que preju-
dicam o desempenho, relacionamento e a satisfação, tanto do colaborador quanto da organização.
SAIBA MAIS!
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a regulação emocional no contexto de
trabalho, leia o artigo “Expressão e regulação emocional no contexto de trabalho: um
estudo com servidores públicos”. Nele, as autoras detalham algumas estratégias
para trabalhar com o tema. Acesse: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1678-69712014000200003>.
Fechamento
Nesta aula, você pôde reconhecer as questões associadas à emoção e aos sentimentos.
Com o conteúdo estudado, você será capaz de refletir e analisar suas ações relacionadas à emo-
ção e aos sentimentos.
Referências
DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. 3. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012. DIVERTIDA Mente. Direção Pete Docter e Ronaldo Del Carmen. EUA.
Disney, 2015.
GLASSMAN, William E; HADAD Marilyn. Psicologia: abordagens atuais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2008.
GNOATO, Gilberto. SPINA, Afonso Carlos. PELACANI, Inez Antonia. Psicologia das organizações.
Curitiba: IESDE Brasil AS, 2009.
OLIVEIRA, Mari Angela Calderari. Intervenção psicopedagógica na escola. 2. ed. Curitiba: IESDE
Brasil, 2009.
ROBBINS, Stephen. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson/Prentice-Hall, 2005.
TRUCON, Conceição. Mente e Cérebro Poderosos: um guia prático para a sua saúde Psíquica e
emocional, com testes e exercícios cerebrais. São Paulo: editora Cultrix, 2014.