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Inteligência Emocional:

Quando investigam por que a evolução da espécie humana deu à


emoção um papel tão essencial em nosso psiquismo, os sociobiólogos
verificam que, em momentos decisivos, ocorreu uma ascendência do coração
sobre a razão. São as nossas emoções, dizem esses pesquisadores, que nos
orientam quando diante de um impasse e quando temos de tomar providências
importantes demais para que sejam deixadas a cargo unicamente do intelecto.
Cada tipo de emoção que vivenciamos nos predispõe para uma ação
imediata; cada uma sinaliza para uma direção que, nos recorrentes desafios
enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, provou ser a mais acertada. À
medida que, ao longo da evolução humana, situações desse tipo foram se
repetindo, a importância do repertório emocional utilizado para garantir a
sobrevivência da nossa espécie foi atestada pelo fato de esse repertório ter
ficado gravado no sistema nervoso humano como inclinações inatas e
automáticas do coração.

O que é Inteligência Emocional (I.E)?

Ainda que desde os anos 20 do século passado diversos estudiosos


tenham começado a falar de uma inteligência diferente da estritamente
cognitiva, o conceito de inteligência emocional deve-se a Wayne Payne, que o
citou na sua tese de doutorado em 1985. Não obstante, não foi muito
considerada até à publicação do livro ‘Emotional Intelligence’ em 1995, quando
o autor, David Goleman, popularizou esta ideia e a associou ao mundo
empresarial.
Peter Salovey, Marc Brackett e John Mayer, na sua obra ‘Emotional
Intelligence: Key Readings on the Mayer and Salovey Model’, definem a
inteligência emocional como “a capacidade de perceber, integrar, compreender
e gerir reflexivamente os sentimentos próprios e dos outros”.

Duas mentes
Diferente do que prega o senso comum, nosso cérebro não é puramente
racional, na verdade, essa parte mais lógica corresponde somente a metade da
estrutura que forma o pensamento. Segundo Daniel Goleman, em nosso corpo
habitam duas mentes, normalmente elas funcionam de forma harmoniosa,
porém, em algumas situações há uma clara e expressa divergência entre as
duas. Por exemplo, quando somos tomados por paixões e agimos por impulso.
Essa separação entre nossas duas mentes pode ser entendida como a
distinção que fazemos entre cabeça e coração, sendo o primeiro guiado pelas
emoções e o segundo por um processo estritamente racional.

Conceito e Competências:

Para Goleman, a inteligência emocional é “a habilidade de gerir as


emoções de modo que sejam exprimidas de forma adequada e efetiva,
permitindo às pessoas trabalhar de maneira coordenada em torno de objetivos
comuns”, destacando cinco competências principais das pessoas
emocionalmente inteligentes que são o autoconhecimento, autogestão,
automotivação, empatia e habilidades sociais.
 Autoconhecimento: tem consciência das suas próprias emoções e
podem reconhecer um sentimento quando ele surge.
 Autogestão: controlam os impulsos e as paixões pessoais para que não
serem dominados por eles.
 Automotivação: desenvolvem estímulos positivos (como o entusiasmo),
que propiciam a consecução dos objetivos.
 Empatia: apresentam a capacidade de se colocarem no lugar da outra
pessoa e de compreenderem os seus sentimentos.
 Competências sociais: estabelecem boas relações com os indivíduos
com quem interagem.
Uma das grandes vantagens das pessoas com inteligência emocional é
a capacidade de se automotivar e seguir em frente, mesmo diante de
frustrações e desilusões.
Entre as características da inteligência emocional está a capacidade de
controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, praticar a
gratidão e motivar as pessoas, além de outras qualidades que possam ajudar a
encorajar outros indivíduos.
O "controle" das emoções e sentimentos, com o intuito de conseguir
atingir algum objetivo, atualmente, pode ser considerado com um dos principais
trunfos para o sucesso pessoal e profissional. Por exemplo, uma pessoa que
consegue se concentrar no trabalho e finalizar todas as suas tarefas e
obrigações, mesmo se sentido triste, ansiosa ou aborrecida.
Quando alguém distingue uma emoção à medida que ela se manifesta,
diz-se que ela tem capacidade de Autoconhecimento Emocional. Já a pessoa
que detém o Controle Emocional tem o dom de se ocupar dos seus
sentimentos, adaptando-os a cada cenário específico.
No quesito Automotivação o indivíduo direciona seus afetos a um
propósito fundamental, e assim ele pode seguir na luta para alcançar este
objetivo. Há também quem seja perito em identificar sentimentos alheios e os
que são hábeis nas relações entre pessoas.
Os três primeiros fatores estão vinculados à Inteligência Intrapessoal, a
capacidade de compreender a si próprio, de produzir uma representação
autêntica e exata de seu eu e de utilizá-la permanente e criativamente. Os dois
restantes se ligam à Inteligência Interpessoal, o dom de compreender os
outros, que elementos os estimulam, de que forma atuam, e como se deve agir
com eles associativamente.

Porquê e como desenvolver a inteligência emocional?

O cinema aproximou-nos de muitos exemplos – alguns estereotipados – de


sujeitos com intelectos cognitivos extraordinários, mas emocionalmente
disfuncionais, o que os leva ao fracasso nas suas relações pessoais e laborais.
Se conseguirmos aprender a gerir adequadamente os nossos sentimentos,
partiremos de uma posição mais vantajosa para enfrentar os desafios.
De fato, o quociente de inteligência emocional chamado de EQ é tão
relevante no nosso desenvolvimento profissional que representa 58% do
rendimento em qualquer tipo de trabalho e converte-se no maior promotor da
liderança e excelência pessoal dos indivíduos, segundo um estudo realizado
por TalentSmart. Como consequência, o gestor pode contar com uma equipe
de profissionais com competências emocionais que irão gerar um incremento
do rendimento e dos resultados da organização, bem como o aumento dos
níveis de satisfação e motivação dos colaboradores e a melhoria do clima
organizacional.
Cabe salientar que a inteligência emocional se manifesta nas relações
familiares, a partir de nossas necessidades primárias, experimentamos sensações
como medo, insegurança, amor, conforto, etc. À medida que crescemos,
vivenciamos situações e novas emoções. O embasamento emocional da
família irá nortear grande parte dos nossos sucessos ou fracassos na vida.
Em paralelo à vivência familiar, o indivíduo experimenta relacionamentos
com outras pessoas, como os colegas da escola, do bairro onde vive, são as
chamadas relações sociais. Esses relacionamentos também são muito
importantes, pois proporcionam estímulos positivos ou negativos, ao vivenciar
mais experiências.
No decorrer da vida profissional estabelece-se a rede de relacionamento
(network), fundamental para ascensão de profissionais preocupados em se
atualizar e realizar-se. Como por exemplo, quando você recebe instruções do
seu supervisor, responde a perguntas de alguém, e participa de reuniões da
área e atividades que o levam a se relacionar com outras pessoas. Um
funcionário pode ser muito inteligente e esforçado, além de bem informado em
sua área, mas provavelmente não durará muito num emprego se não souber
lidar com outras pessoas.

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