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SENSAÇÃO INTROVERTIDA

COMO SEU CORRESPONDENTE EXTROVERTIDO, a Sensação


Introvertida é uma função de percepção e seu foco está nos dados
recebidos através dos sentidos. No entanto, as duas formas de
sensação diferem consideravelmente em seus efeitos. Quando usamos
a Sensação Introvertida, não nos ajustamos às nossas percepções
superficiais. Nós os embalamos e os levamos conosco — na forma de
fatos, números, sinais e memórias.

Peça a cinco pessoas que viram o mesmo filme para descrever sobre o
que era o filme, e ficará claro que cada pessoa fica impressionada com
certos aspectos da realidade e não com outros.

Não nos lembramos — ou mesmo notamos — de tudo que vemos,


ouvimos, provamos, tocamos e cheiramos durante o curso de nossas
vidas. Apenas algumas coisas nos parecem importantes, úteis,
familiares ou estimulantes o suficiente para serem convertidas em
conteúdo mental — isto é, em fatos que retemos ao longo do tempo. A
Sensação Introvertida orienta esta seleção e nos leva a reconciliar
nossas novas impressões com as que já armazenamos. Nesse aspecto,
a função é uma imagem espelhada de seu equivalente extrovertido.
● Quando usamos a Sensação Extrovertida, nossos
comportamentos acompanham nossas impressões sensoriais
imediatas. Nós “nos perdemos” em tudo o que está acontecendo,
nos tornamos parte disso.

● Quando usamos a Sensação Introvertida, estabilizamos nossas


impressões sensoriais imediatas integrando-as àquelas de que
nos lembramos e com quem nos importamos. Nós “nos
encontramos” em tudo o que está acontecendo, porque nossas
percepções estão ancoradas no que já sabemos.

As duas formas de Sensação não se opõem diretamente. Ambas nos


encorajam a compreender nossas impressões sensoriais imediatas por
meio de experiências anteriores. Mas os diferentes locais que eles
ativam no cérebro fazem com que eles produzam resultados inversos.
● A Sensação Extrovertida, como uma função do cérebro direito,
ignora a tendência do cérebro esquerdo de explicar as coisas para
si mesmo. Nossa experiência anterior nos ajuda a responder
rapidamente a uma situação imediata.
● A Sensação Introvertida depende dos poderes linguísticos do
cérebro esquerdo. O que sabemos por experiência anterior nos
ajuda a manter uma situação consistente.

A Sensação Introvertida nos dá a vontade de acumular informações —


nomes, datas, números, estatísticas, referências, diretrizes e assim
por diante — relacionadas com as coisas que são importantes para
nós. E esta é uma qualificação importante. Esses fatos são altamente
seletivos, um atributo talvez mais fácil de ver em nossos estereótipos
sobre gênero. Todo mundo conhece um homem que pode falar por
horas sobre seu conhecimento acerca das substituições feitas numa
Liga de Esportes de 1986, mas tem que pensar muito para se lembrar
do aniversário de um amigo. Ou uma mulher que pode citar cinquenta
tons diferentes de sombra, mas não consegue distinguir uma marca de
carro de outra.

A questão aqui não é fazer generalizações sexistas, mas enfatizar que


os fatos que adquirimos por meio da Sensação Introvertida são mais
do que informações. Eles fazem parte da nossa experiência pessoal.
Eles definem a natureza específica de nossas paixões e interesses. Eles
se tornam nossa base para obter novos dados.

Quando a Sensação Introvertida é nossa função dominante, a


aquisição seletiva é o nosso árbitro primário de significado. É o prisma
através do qual vemos a realidade. Do ponto de vista do Sensitivo
Introvertido, as condições imediatas não têm significado estável. Eles
são apenas um influxo de dados que afetam os sentidos. E nossa
resposta a essas impressões dependem de nosso humor, nosso estado
de espírito, nossos desejos e nossos sentimentos. São os nossos
compromissos e prioridades, os fatos que consideramos inalienáveis,
que dão às nossas realidades um significado duradouro.

Saber o que é importante, o que vale a pena manter ou construir


novamente, nos dá uma sensação de continuidade e segurança.
Dá-nos orientação em meio a crises e nos ajuda a resistir a percas de
fé que sentimentos imediatos não seriam capazes de apaziguar. Todas
as coisas fluem como água; a base de nossa experiência pessoal
permanece.

Os Tipos ISJ
Embora todos nós usemos a Sensação Introvertida para reconciliar
novas impressões com crenças e compromissos duradouros, ISTJs e
ISFJs dependem dessa função para sua abordagem primária da vida.
ESTJs e ESFJs, que usam a Sensação Introvertida de uma forma
secundária, se assemelham aos ISJs em sua confiança em fatos
concretos e padrões de razão, mas esses tipos não têm a mesma visão
da realidade. Os ISJs têm um forte e permanente investimento pessoal
nas informações que lhes parecem importantes, e seus
comportamentos refletem o que lhes interessa, tanto
profissionalmente quanto pessoalmente. Esses tipos raramente
adquirem conhecimento por si só. O que eles sabem é útil para eles e
está diretamente relacionado ao que gostam de fazer.

Os ISJs buscam seus interesses tão intensamente que às vezes


desenvolvem conhecimentos esotéricos, mas sequer sabem que isso
está acontecendo com eles. Um dia, eles simplesmente descobrem que
sabem mais do que a maioria das outras pessoas sobre uma área
obscura de conhecimento.

Um conhecido meu ISJ, por exemplo, dedicou todo o seu tempo livre à
coleção de fonógrafos cilíndricos antigos. Ele frequentou museus,
estudou catálogos e manuais, rastreou outros colecionadores e
aprendeu sozinho a consertar as máquinas quebradas que adquiriu.

Ao longo dos anos, ele acumulou tantas informações, habilidades e


contatos que seu fascínio se tornou o trabalho de sua vida.

Hoje, uma imagem em tamanho real de Thomas Edison fica na janela


da frente de sua casa/oficina restaurada do século XIX.

Essa tendência de adquirir fatos, objetos e um papel social que


coincidem com suas prioridades internas é típica do ISJ e contrária à
abordagem mais comum dos Sensores Extrovertidos.

ESPs se adaptam tão bem às expectativas dos outros que seus


comportamentos e estilo podem refletir os gostos e aspirações
populares.

Já os ISJs adaptam a situação externa tão bem aos seus próprios


interesses que até mesmo um trabalho convencional, hobby ou aliança
pode se tornar uma expressão exclusivamente personalizada de quem
eles são.

Entre todos os Introvertidos, os ISJs são os mais propensos a se


associarem a clubes e organizações dedicados ao seu campo ou
fascínio específico, e podem ter um forte investimento na forma como
a organização é administrada. Se eles têm um hobby ou ocupação em
particular, eles irão fazer tudo que podem para reunir e compartilhar
informações nesse domínio — rastreando livrarias especializadas,
escrevendo para outros entusiastas, publicando boletins informativos,
tendo aulas, indo a mercados de pulgas, participando de convenções
de colecionadores. As informações que importam para eles quase
sempre fazem parte de sua autoidentificação e identidade social.

Deve-se reconhecer, entretanto, que os ISJs buscam seus interesses de


uma forma que dificilmente demonstra a paixão e a curiosidade que
realmente os motivam. Os ISJs organizam e aplicam suas informações
com sua função secundária, Pensamento Extrovertido ou Sentimento
Extrovertido. Não importa o quão entusiasmados estejam com um
trabalho ou assunto, eles o abordam de maneira metódica e um tanto
quanto miópica. A atenção deles é chamada para o que estão fazendo e
eles se preocupam com cada detalhe. Eles podem ser incapazes de
terminar um projeto até que um determinado detalhe lhes pareça
perfeitamente realizado.

Questões de Julgamento
Como os ISJs são tão exigentes, conscientes e deliberados em seus
comportamentos externos, alguns tipólogos os descrevem como uma
espécie mais conservadora de ESJ. Essa não é uma maneira totalmente
imprecisa de entender o tipo, mas se concentra demais em
características superficiais. ISJs e ESJs são tipos de cérebro esquerdo, e
eles compartilham pontos fortes em comum, então uma certa
semelhança é inevitável:

• Ambos contam com fatos comprovados e resultados concretos.

• Ambos consideram uma questão de honra cumprir suas


responsabilidades, não se atrasar e manter sua palavra.

• Ambos se realizam por meio de suas ocupações específicas em um


grupo maior - seja em família, em comunidade ou em organizações
sociais.

Alguns tipólogos, ao se deixarem levar por essas semelhanças


externas, acham que ISJs e ESJs deveriam ser agrupados como um só
tipo “SJ”, definidos como conservadores, orientados por regras e com
a intenção de manter o status quo. Mas ISJs e ESJs realmente não usam
seu julgamento da mesma maneira, e vale a pena notar algumas das
diferenças entre eles.

• ESJs: ESJs dependem diretamente de suas habilidades de Julgamento


Extrovertido. Eles têm uma abordagem racional da vida e são bons em
gerenciar relacionamentos estruturais externos: tempo, sequência,
padrões, procedimentos, causalidade. Esses tipos usam a Sensação
Introvertida para apoiar e se identificar com as instituições sociais nas
quais suas habilidades racionais são valorizadas. Consequentemente,
os ESJs consideram seus papéis profissionais e sociais como uma parte
importante de si mesmos, e podem ignorar, ou deixar de lado seu
tempo de lazer e atividades que conflitam com suas responsabilidades
nesses papéis.

• ISJs: ISJs, por outro lado, dependem de suas habilidades advindas da


Sensação Introvertida. Eles têm uma abordagem experiencial da vida,
e seu principal senso de responsabilidade é com suas prioridades
internas — com os fatos e o conhecimento que adquiriram sobre as
coisas que são importantes para eles. Eles usam o Julgamento
Extrovertido para administrar seus relacionamentos externos de
forma racional, em termos do que consideram importante. Esses tipos
não precisam de um trabalho ou função específica para fazer isso.
Quando eles estão se relacionando com os outros, eles têm dificuldade
em não fazê-lo.

ISFJs, por exemplo, que se relacionam com outras pessoas por meio do
Sentimento Extrovertido, estão constantemente alertas para as
necessidades práticas das pessoas ao seu redor. Assim que encontram
um lugar para si, oferecem ajuda e organizam as coisas — entre
amigos, familiares, colegas e até mesmo estranhos em um avião.

ISTJs, que se relacionam por meio do Pensamento Extrovertido, estão


atentos às necessidade das pessoas por uma gestão lógica e por
conselhos baseado em princípios. Não importa o quão ocupados
estejam com o trabalho e a família, eles oferecerão seus serviços para
conselhos e organizações, administrarão os negócios financeiros de
um amigo e aconselharão alguém em apuros.

Preservar a ordem em meio às mudanças


Fica claro, a partir das descrições anteriores, que os ISJs não entendem
o "status quo" da mesma forma que os ESJs, muito menos têm as
mesmas ideias sobre sua manutenção. Tecnicamente falando, o status
quo não é mantido por ninguém. É uma maré em movimento com a
qual se nada junto, ajustando-se à medida que muda e redemoinhos.
Isso é o que os ESJs fazem. Eles nadam de acordo com os padrões
sociais prevalecentes, ajustando seu ritmo conforme necessário para
lidar com as mudanças. Eles podem fazer esses ajustes porque não
tentam manter um determinado conjunto de regras ou leis.

O que os ESJs mantêm, e mantêm às custas de qualquer coisa, são seus


pressupostos racionais sobre a realidade. No que diz respeito a esses
tipos, os padrões de julgamento refletem presunções universais sobre
razão e ordem. Se as circunstâncias mudarem, os padrões de
julgamento também podem mudar, sem violar os princípios gerais de
razão e moralidade.

ISJs não são assim. Eles não acreditam nem por um minuto que o
universo é inerentemente racional. Para esses tipos, o mundo exterior
é uma confusão de experiências perceptivas em constante mudança,
ditando respostas comportamentais em constante mudança. O que os
ISJs mantêm, e mantém às custas de qualquer coisa, são suas
prioridades, que estabilizam a realidade perceptiva e dão a ela um
significado consistente.

Os padrões de Julgamento são os meios pelos quais os ISJs vinculam


sua situação externa a prioridades significativas internas. Nessa
perspectiva, valores e regras não são uma maré com a qual se nada.
Eles são formas específicas de comportamento, e colocá-los em
prática é a única maneira de manter a fé nas prioridades que eles
manifestam.

Há uma velha história judaica sobre um homem que dava dinheiro a


um mendigo todos os dias a caminho do trabalho. Um dia ele não o
fez, e o mendigo o chamou para perguntar por quê.

“Tive uma semana ruim. Eu sinto muito." disse o homem.

E o mendigo respondeu: “E daí? Você teve uma semana ruim e eu


deveria sofrer por isso? "

É provável que os ESJs entendam o mendigo como um ingrato. Afinal,


a contribuição do homem era voluntária. Ele não era obrigado a dar
esse dinheiro todos os dias. Suas ações atuais são uma resposta
razoável às novas circunstâncias. Elas não cancelam sua moralidade
essencial.

Os ISJs entenderiam imediatamente a posição do mendigo.


Independentemente de mudanças circunstanciais, você cumpre suas
obrigações. A própria prova de nossas prioridades é mantê-las quando
ninguém espera isso de você ou quando você não quer cumpri-las.

Os ISJs fazem questão de saber como as coisas devem funcionar em


qualquer área extrovertida com a qual se importam e querem que os
outros levem esses padrões operacionais a sério também. Sua
meticulosidade a esse respeito faz com que muitos desses tipos
estejam em posições de autoridade, onde sua aplicação de
regulamentos pode ser requisitada.

Deve-se enfatizar, entretanto, que invés de seguir o status quo, os ISJs


têm ideias muito firmes sobre “como as coisas deveriam ser” e usam
regras e regulamentos para alinhar a realidade externa de acordo com
essas ideias. Esses tipos são mais inflexíveis quando não estão
suficientemente em contato com as suposições racionais
predominantes.

Pense novamente sobre os ESJs, cuja fé em princípios objetivos lhes


permite levar em conta as mudanças circunstanciais. Os ISJs que
insistem em seguir a lei “ao pé da letra” não estão sendo guiados por
suposições racionais objetivas. Eles estão usando seu julgamento para
tornar estável uma situação em constante mudança, para ancorá-la às
suas prioridades internas intransigentes.

Deve-se notar que, ISJs mais extremistas, não são necessariamente


“conservadores” no sentido político da palavra. Esses tipos podem ser
liberais obstinados, trabalhando duro por causas que não atraem mais
os interesses da sociedade. O ponto é que os comportamentos
“conservadores” de um ISJ têm pouco a ver com o apoio ao status quo
como tal. Sem Extroversão suficiente, os ISJs estão confiando em
critérios subjetivos para tomar decisões, então eles se sentem
pessoalmente responsáveis ​por manter as coisas sob controle. Eles
não confiam em ninguém além de si mesmos para fazer o trabalho da
maneira que ele precisa ser feito.

Sujeitos e Objetos
Quando digo que os ISJs dependem de critérios subjetivos, não quero
dizer que sejam guiados por impulsos egoístas. Pelo contrário. Os ISJs
geralmente estão tão ocupados gerenciando as necessidades práticas
de outras pessoas que podem facilmente ignorar sua própria saúde e
bem-estar. Ao dizer subjetivo, quero dizer que as ideias de uma pessoa
sobre o que importa são exclusivas a ela.

Pense novamente em cinco pessoas saindo de um cinema. O filme que


eles viram existe, sem dúvida. São dados objetivos. Mas essas cinco
pessoas provavelmente se preocuparão e se lembrarão de coisas muito
diferentes a respeito do que assistiram.

Como algo nos interessa, que aspecto achamos importante e o que isso
significa para nós no longo prazo, muitas vezes é consistente para nós.
Mas ser consistente não é a mesma coisa que ser racional. A menos
que tenhamos algum padrão objetivo para medir nossas prioridades,
simplesmente não sabemos o quão subjetivo elas são.

Como todos os introvertidos, os ISJs acham difícil treinar o caráter


extrovertido de sua função secundária em si mesmos, em vez de nos
outros. Eles se tornam tão hábeis em estabilizar as coisas para as
pessoas ao seu redor que podem ficar presos em sua função
dominante. Eles amarram o que fazem no mundo às suas prioridades
internas e perdem de vista as razões objetivas para fazer qualquer
outra coisa. É mais fácil ver essa tendência nos ISTJs, porque eles se
identificam claramente com determinados padrões ou princípios e
ficam ofendidos quando as pessoas questionam sua importância ou se
recusam a honrá-los. Os ISFJs geralmente se identificam com as
necessidades de uma pessoa, portanto, sua tentativa de administrar
uma situação pode não parecer como “administração”. Pode parecer a
necessidade de agradar, servir ou resgatar.

O ponto é que os ISJs tendem a usar sua extroversão apenas para


avaliar as maneiras pelas quais as situações dos outros podem ser
estabilizadas, então eles acabam se sentindo culpados por terem
necessidades objetivas próprias. Eles precisam de perspectiva sobre
suas prioridades — reconhecer que seus desejos e medos e respostas
imediatas à vida também são árbitros de significado e devem ter um
efeito sobre suas decisões.

Essa é a lógica por trás da famosa pergunta de Ann Lander às mulheres


que lutam contra o compromisso de um casamento ruim: "Será que
estou melhor com ele ou sem ele?"

A razão objetiva nos aconselhará a quebrar uma promessa se o


impacto em nossa própria saúde ou em outros relacionamentos se
tornar muito alto. Os ISJs às vezes precisam de algo objetivo e externo
para ajudá-los a aceitar a sabedoria desse conselho. Manter o próprio
curso pode ser uma marca de integridade em uma situação, mas
irracional e autodestrutivo em outra. Ou, como diz Ann Landers
(citando Joe E. Lewis em The Prairie Rambler): “Mostre-me um
homem que tem os dois pés no chão e eu lhe mostrarei um homem que
não consegue colocar as calças”.

O mundo interno dos ISJs


Como ESPs, ISJs estão à mercê de suas percepções imediatas, mas eles
geralmente não percebem isso. Nem as pessoas ao seu redor. Os
Sensores Extrovertidos respondem às suas impressões sensoriais de
uma só vez, e sua receptividade é óbvia. Quando eles “cansam”, as
pessoas não precisam perguntar por quê. Os ISJs são tão cautelosos
com seu investimento de tempo e energia que as pessoas se
surpreendem quando eles chegam a um ponto de ruptura.

Deve-se notar, portanto, que os ISJs são realmente tipos de Sensação


— tipos de Sensação do lado esquerdo do cérebro. O lado esquerdo do
cérebro não consegue lidar com múltiplas percepções, exceto quando
ativam seu Julgamento Extrovertido para colocá-las em ordem
sequencial. Assim, os ISJs estão constantemente absorvendo novas
impressões, mas estão classificando-as uma de cada vez,
colocando-as nas várias caixas de "significado" que configuraram em
seu sistema de armazenamento interno.
Quando esses tipos se deparam com uma decisão, eles literalmente
examinam cada fato em questão, garantindo a cada um sua própria
integridade, examinando-o de todos os ângulos, tentando descobrir
em qual caixa ele pertence, ou se alguma outra caixa terá que ser
configurada e rotulada. Os ISJs fazem isso com todos os fatos
envolvidos antes de estarem dispostos a tirar quaisquer conclusões. A
melhor comparação que posso pensar é a daqueles anciãos tribais que
não aprovam mudanças externas na comunidade até que localizem um
precedente nas histórias de fundação que incorporam sua tradição. Até
que possam descobrir onde armazenar as novas informações e o que
elas afetam, eles sentem que não têm base suficiente para aceitar ou
rejeitar uma proposta.

A maioria dos ISJs revisam livros, documentos e contratos palavra por


palavra (talvez até mesmo várias vezes) antes de terem certeza de que
sabem sobre o que está sendo dito. Levados a uma decisão prematura,
eles continuarão a pensar em exceções e ressalvas que não lhes
ocorreram antes.

Uma vez que eles decidiram que a mudança é garantida, no entanto, os


ISJs são impossíveis de serem convencidos do contrário. Se a decisão
deles for impopular, eles a manterão, aconteça o que acontecer. Os
fatos relevantes tornaram-se parte de quem eles são, e eles insistirão
que sua situação externa seja ajustada de acordo com sua experiência
interna. Mesmo que tenham pouco tempo, não deixarão que outras
pessoas lidem com esse processo. Eles querem controle prático sobre
ele.

Sensação Introvertida em seus próprios termos


Os comportamentos externos desses tipos contribuíram para sua
reputação geral de cuidadosos, fortes, fiéis, perseverantes e honráveis
— mas talvez um pouco “sem graças”. Até os próprios ISJs se
descreveriam dessa maneira! Mas, na verdade, o mundo interior de
um ISJ é muitas vezes deliciosamente não convencional, até mesmo
excêntrico, e os interesses particulares desse tipo podem ser
decididamente incomuns.
É aqui que os ISJs se separam definitivamente dos ESJs. Julgadores
Extrovertidos são inevitavelmente bem ajustados aos padrões e ideias
predominantes, mas geralmente não se veem dessa forma. Por
manterem um relacionamento flexível com esses padrões, eles se
descrevem como independentes, até diferentes dos outros. Os ISJs, por
outro lado, podem ter uma maneira totalmente individual de ver a
vida, mas raramente acreditam que sua maneira de ver as coisas seja
incomum. Eles podem se sentir sozinhos, incapazes de tomar uma
decisão, incompreendidos ou desvalorizados, mas quase nunca lhes
ocorre que suas opiniões são idiossincráticas e sequer chegam a
pensar que elas são “exclusivas” a eles.

O sabor de seu mundo interior não é imediatamente aparente em um


contexto extrovertido, mas quase sempre é visível em seus hobbies,
cartas pessoais e atividades de lazer. Tais atividades deixam claro o
modo como esses tipos naturalmente dão forma às suas prioridades
internas, além de administrar a vida dos outros. Os ISJs são
colecionadores por excelência e adquirem objetos da mesma forma
que adquirem fatos — um de cada vez, em um domínio de interesse
consistente. Embora esses objetos possam ser colecionáveis ​clássicos,
como selos ou primeiras edições, eles são mais frequentemente
específicos e esotéricos, como se o ISJ estivesse dando uma expressão
externa para a percepção do eu interior: os prazeres, paixões e humor
que de outra forma iriam passar despercebidos.

Os ISJs participam de convenções de soldadinhos de brinquedo,


tornam-se especialistas em antigos musicais, enchem seus porões
com jogos de fliperama dos anos 1950, acumulam mapas medievais,
colecionam armas, estatuetas da Branca de Neve e artefatos de
determinados períodos de tempo. Eles aparecem em leilões de
memorabilia, feiras de livros, mercados de pulgas e encontros de
ficção científica.

Sua aquisição também assume a forma de coleta de experiências —


ou, mais precisamente, variações de uma experiência particular. Isso
também pode ocorrer no sentido clássico de jogar golfe todos os dias
ou passear de barco todos os fins de semana. Mas, com mais
frequência, envolve atividades de natureza distinta, até fantasiosa,
que, em virtude da repetição ritualística, tornam-se quase
arquetípicas.

Por exemplo, um ISFJ engenheiro de operações do exército, sempre


passa suas férias pelo mundo todo em montanhas-russas. Um colega
meu ISFJ sempre encontra uma maneira de assistir a todos os shows
em uma área de 800 quilômetros do artista folk Richard Thompson.
Outro conhecido ISFJ, lê cada novo romance de Stephen King dez vezes
seguidas. Essas atividades parecem fazer uma ponte estável entre
impressões pessoais consistentes e o mundo exterior em constante
mudança. Mas, a menos que se conheça um ISJ bem o suficiente para
estar ciente das atividades particulares do tipo, o apego profundo, às
vezes romântico, que o tipo tem por certos tipos de objetos,
informações e experiências, tal apego pode ser completamente
invisível. Na verdade, pessoas que não conhecem um ISJ além de um
contexto de trabalho podem considerar o tipo como sério, previsível e
um tanto distante.

Na verdade, os ISJs estão quase sempre engajados. Dada a natureza


subjetiva de sua realidade perceptiva, eles estão sempre cientes de
uma certa descontinuidade entre suas expectativas e o
comportamento dos outros. A maioria dos ISJs acha esse aspecto da
vida divertido, embora frustrante, e eles podem manter um
comentário semelhante aos de Seinfeld em suas cabeças sobre os
absurdos que encontram todos os dias.

Não muito tempo atrás, um engenheiro ISFJ estava reclamando sobre


como é difícil encontrar uma seção clássica decente em lojas de
música popular - ele continua encontrando Greatest Hits de Frankie
Valli arquivado sob as Quatro Estações de Vivaldi. Os ISJs tendem a
acreditar que os outros não "entendem" seu senso de humor, mas isso
não é necessariamente verdade. Quando os ISJs se sentem
confortáveis, eles fazem todos os tipos de observações sobre
descontinuidades percebidas, algumas das quais são muito sérias. Mas
não são o tipo de observação que todos fariam. Portanto, nem sempre
está claro que tipo de reação o tipo está procurando.

Por exemplo, os ISJs podem reagir com desconforto quando o


comportamento de alguém é inconsistente com uma obrigação
aparente. Seus sentimentos, no entanto, podem se concentrar em algo
que outras pessoas consideram um mero detalhe. Eles podem ficar
profundamente envergonhados por falsas representações sociais ou
econômicas, como usar roupas erradas ou exibir bens que vão além de
suas possibilidades de aquisição.

A mídia pop é impiedosa em sua descrição de tais reações. Pensa-se


em Niles Frasier, do programa de TV Frasier, que fica chocado com a
ideia de alguém calçar sapatos brancos depois do Dia do Trabalho. Os
ISJs na vida real geralmente tentam se comportar de uma maneira que
reflita precisamente o papel, posição, obrigações e direitos que eles
percebem como seus. Eles podem até se apresentar de forma neutra,
preferindo subestimar sua própria posição.

O impulso em direção ao crescimento


Por estarem tão preocupados em ancorar a realidade externa à sua
experiência própria, os ISJs podem ter dificuldade em entender que os
outros não veem a realidade do mesmo jeito que eles.

Para eles, qualquer pessoa decente veria a realidade nesses termos.


Portanto, a única resposta possível para muitos desses tipos é
estabelecer uma área específica de especialização, para que possam ter
controle prático sobre o que acontece nessa arena ou determinar como
os padrões dela são cumpridos.

É assim que os ISJs involuntariamente se aprisionam em sua função


dominante. Eles se transformam em pessoas solitárias, sendo
convocados por amigos, colegas, empregadores, parceiros e filhos
para resgatá-los e cumprir as tarefas que eles consideram tediosas ou
difíceis.

Os ISJs quase sempre são obedientes, mesmo quando se sentem


sobrecarregados ou usados, e outros podem vir a subestimá-los por
isso.

Alguns ISJs percebem que seus recursos internos e senso de


responsabilidade os condenaram a uma vida de parcerias desiguais,
mas eles precisam olhar com mais cuidado as decisões que tomaram a
respeito disso.

Para os ISJs, ser útil pode parecer ser o mesmo que ter uma conexão
íntima com os outros, então eles podem, sem saber, manter os outros
dependentes deles para que assim sejam necessários.

Os ISJs que se restringem a circunstâncias nas quais se sentem


necessários, acabam se iludindo quanto à experiência extrovertida
necessária. Seus ambientes extrovertidos são muito bem adaptados à
sua vida interior. Eles não têm incentivos para tomar decisões fora de
suas próprias prioridades. Essas decisões têm uma qualidade altruísta,
porque são feitas em nome de outros, mas não são objetivas e podem
criar problemas que os ISJs não estão preparados para lidar.

Esses tipos podem descobrir, por exemplo, que as pessoas que


dependem deles reagem a seus cuidados com uma mistura irritante de
ressentimento e apreço — ou com direitos e exigências crescentes. Os
colegas podem acusá-los de serem controladores ou irracionais. Os
ISJs não se reconhecem nessas críticas. Apegar-se as suas obrigações
é, para eles, uma questão de honra e integridade, não uma questão de
razão ou relacionamento.

No final das contas, eles são pressionados por sua psique a


desenvolver uma perspectiva mais extrovertida. Eles são puxados na
direção de sua função inferior, Intuição Extrovertida, e os impulsos
resultantes minam sua abordagem habitual da vida. Como todos os
tipos, os ISJs não veem esse drama inconsciente como parte de si
mesmos. A Intuição Extrovertida se opõe diretamente aos objetivos e
metas dominantes do ISJ, por isso não é bem desenvolvida nesses
tipos. A Sensação Introvertida diz a eles que as impressões sensoriais
imediatas são parte de um padrão consistente de significado interno. A
Intuição Extrovertida sugere, em vez disso, que as impressões
imediatas são parte de um padrão externo emergente, que acabará
mudando seu significado interno.

Sob a influência da intuição extrovertida inconsciente, os ISJs


tornam-se muito cautelosos. Eles acham que os outros estão
pedindo-lhes que aceitem mudanças que exigem um
comprometimento de sua integridade e suspeitam que essas pessoas
não têm disciplina ou senso de valores. A Intuição inferior os faz
acreditar que o quadro mais amplo está em jogo e que aceitar
mudanças destruirá toda a estrutura interna.

O que os ISJs precisam neste ponto é o cultivo de sua função


secundária, Pensamento Extrovertido ou Sentimento Extrovertido.
Isso não os protegerá de uma sensação de conflito, mas os impedirá de
confundir objetivos psicológicos concorrentes com batalhas externas
nas quais sua honra fica em jogo.

Conforme afirmado anteriormente, os ISJs geralmente precisam de


um ponto de vista externo para entender como fazer isso. E é
importante notar que muitas das cartas impressas em colunas de
conselhos pedem ao colunista para mostrar precisamente o tipo de
batalha externa que os ISJs costumam enfrentar - a batalha entre
fazer "a coisa certa" e comprometer sua integridade pelo bem do
relacionamento.

Uma carta bastante típica desse tipo é de uma mãe que se opõe ao
casamento na igreja de uma filha que já mora com o noivo. A questão é
se a mãe deve defender sua moral e ficar em casa ou comparecer e,
assim, aprovar o que ela considera uma escolha de vida desonrosa.

Colunistas de conselhos geralmente se recusam a responder a esse


tipo de pergunta, que é colocada em termos introvertidos. Em vez
disso, eles pedem ao escritor que reconheça o lado extrovertido da
questão. Eles perguntam se, ao priorizar a subjetividade da mãe neste
contexto, vale colocar em risco a perda provável da filha e do neto.
Este conselho não implica uma priorização de integridade pessoal. Ele
força a mãe a reconhecer que há uma questão moral objetiva envolvida
— o relacionamento com a filha e o neto, que ela valoriza e precisa.

Se a Sensação introvertida insiste que o Julgamento seja usado para


garantir a integridade das decisões dos outros, o Julgamento
Extrovertido sugere que os papéis de mãe e avó também são
prioridade e que eles serão perdidos ao menos que a filha tenha
permissão para aprender com suas próprias decisões. É aí que reside o
verdadeiro conflito — não entre fazer uma certa coisa e aprovar uma
coisa ruim, mas entre duas maneiras honrosas de entender a mesma
situação.

É preciso muito trabalho para que os ISJs reconheçam que suas


verdadeiras virtudes podem ser modificadas por considerações
externas sem que traiam sua realidade interna. Requer conciliar suas
prioridades internas com as externas, ao invés do contrário.

Ao lidar com esse conflito, a mãe em questão pode perceber que os


valores familiares significam mais do que obedecer às suas regras;
significam amar seus entes queridos, mesmo quando eles parecem
estar errados.

Os ISJs que aprendem a usar seu julgamento de um jeito que acomode


suas necessidades externas e internas aumentam gradualmente a sua
gama de opções e sua capacidade de formar relacionamentos
empáticos.

Esses tipos são altamente respeitados e admirados pelos outros. Eles


irradiam um senso de autoridade tranquilo e atencioso, mas vigoroso.
Eles sabem exatamente quem são e têm certeza de sua direção, mas
são capazes de ouvir o que os outros dizem e fazer adaptações quando
precisam.

Alguns de nossos melhores servidores públicos parecem ser ISJs desse


tipo — principalmente o presidente George Bush e o general Colin
Powell. Sua liderança deriva, em parte, de sua capacidade de
permanecer fiéis ao que acreditam, de ouvir os outros e de saber lidar
com pessoas de forma produtiva em uma crise.

A função terciária
Por outro lado, os ISJs que resistem ao seu lado extrovertido acham
muito difícil levar em consideração as opiniões dos outros. Eles têm
certeza de que estão certos e podem ficar indignados com sugestões
contrárias às deles. Quanto mais eles resistem a um padrão externo de
Julgamento, mais a Intuição Extrovertida sai de seu controle e sentem
a necessidade de buscar o conforto de sua função terciária. A função
terciária do ISJ é Pensamento Introvertido ou Sentimento
Introvertido, como falado anteriormente.

Esse tipo de Julgamento opera de maneira baseada no lado direito do


cérebro. Bem desenvolvida, ela nos encoraja a manter em linha nossos
valores humanos incondicionais, mesmo quando fazer isso não é
gratificante de imediato.

Esse tipo de moralidade é crucial para Perceptores Extrovertidos, que


precisam de contato com um senso interno de certo e errado. No
entanto, pode ser desastroso para os ISJs já que carecem de uma
perspectiva extrovertida adequada.

Provavelmente, os ISJs já consideram suas prioridades subjetivas


como valores internalizados. O Julgamento Introvertido acaba por
convencer o tipo de que ele ou ela é a única pessoa decente, moral e
razoável que existe, cuja missão é manter a ordem em meio a um
universo em desintegração. Esses tipos podem parecer quase
extrovertidos, porque seus comportamentos são cada vez mais
influenciados por sua função inferior. Eles assumem todos os tipos de
posições sociais que lhes dão o poder de fazer o que acham que é certo,
ou então se colocam à frente de várias coisas, certos de que elas vão
desmoronar se eles não cuidarem delas pessoalmente.

Seus esforços incansáveis ​geralmente são recompensados ​pelos


outros, e as pessoas desse tipo podem parecer santos — até que
alguém questione seus motivos ou pareçam, aos olhos deles, pessoas
“ingratas”.

Este aspecto particular dos ISJ é frequentemente estereotipado no


ciclo de mitos orientado para a sensação em nossa cultura — em
programas de TV, em romances e em filmes. A “Grande
Enfermeireira”, chefe da ala psiquiátrica do filme Um Estranho no
Ninho, é um bom exemplo de uma ISFJ que deforma a realidade
externa para que ela se encaixa em suas impressões internas, ao
mesmo tempo em que acredita ser uma pessoa sã, calma, útil ajudante
para as pessoas. Também se pode considerar todos aqueles policiais
inflexíveis em programas policiais de TV que tornam a vida difícil para
o típico detetive ESP “animadinho”.
Essas caricaturas implicam que os ISJs são ameaçados pela
individualidade alheia e preocupados em eliminá-la onde quer que ela
apareça. O entretenimento é um meio de Percepção Extrovertido, e os
Perceptivos sempre temem que as regras e regulamentos sejam
elaborados para restringir suas liberdades pessoais. Como tentei
apontar, os próprios ISJs têm uma visão da realidade que é altamente
individual. Aqueles que carecem de Extroversão simplesmente não
sabem o quão individuais eles realmente são.

Pode-se ver isso na maneira como esses tipos aplicam diretrizes e


regras. Eles não estão tentando fazer os outros se conformarem com
padrões objetivos. Eles estão tentando forçar a vida externa a aderir às
suas impressões subjetivas. Algumas infrações parecerão sem sentido
para eles, outras uma ameaça à existência civilizada como a
conhecemos.

Na verdade, os tipos ISJs extremos podem se tornar nitidamente


amorais, ao mesmo tempo que acreditam ser “defensores dos valores
morais” da sociedade. Ultimamente, programas médicos têm
retratado diretores de hospitais dessa forma — o ISTJ “mão de vaca¹”
que pensa que está salvando o mundo, mas cuja mentalidade
hipervoltada para resultados financeiros é desprovida de princípios
morais.

N.E¹: No trecho original, o termo usado foi “cost-conscious” que,


literalmente, significa: “ter consciência dos custos; cuidado com os
gastos.”

Como todas as funções introvertidas, a Si tem um núcleo humano


arcaico — os padrões psíquicos imutáveis, evoluídos ao longo de
milhões de anos, ajudam a formar e estabilizar nosso estado de
espírito individual. ISJs que perdem seriamente o contato com seu
lado extrovertido gradualmente tornam-se orientados para este
mundo psíquico coletivo, e seus comportamentos e emoções parecem
estranhamente estereotipados, como se estivessem desempenhando
um papel de TV em suas próprias vidas — como o Herói, o Líder Forte,
o Salvador, o Mártir, o Sábio, a Vítima, o Nutridor, o Protetor e assim
por diante.
Enquanto a Sensação Extrovertida sugere que colaboramos, em
partes, a constante mudança momentânea, a Sensação Introvertida
diz que estamos envolvidos em padrões arquetípicos que se
encontram abaixo do limiar da consciência.

Assim, as formas extrovertidas e introvertidas de sensação reúnem os


dois aspectos da existência sensorial que os físicos chamam de ordem
explícita e implícita. Reconhecemos a natureza transcendente dessa
combinação em muitas de nossas tradições religiosas, como a emissão
dos votos e a celebração dos sacramentos. Quando submetemos
fenômenos sensoriais imediatos a limites ritualísticos estáticos, isso
nos concede significado. E esse significado ajuda a traçar nosso
caminho individual.

ISTJ: Sensação Introvertida/Pensamento Extrovertido


Os ISTJs são tão orientados para as tarefas e tão conscientes ao tratar
de detalhes e procedimentos padrão que são frequentemente
estereotipados como tipos de “estabelecimento”, oprimidos pelo peso
das prioridades institucionais.

Embora os ISTJs sejam realmente cuidadosos e preocupados em


preservar o que se provou ser útil, essas características são apenas
uma parte da abordagem desse tipo - a parte que a maioria das
pessoas vê.

ISTJs são fundamentalmente Sensores Introvertidos, com uma


mentalidade original e altamente subjetiva. Como Sensores
Introvertidos, os ISTJs são incomparavelmente realistas. No entanto,
eles não se preocupam com a realidade externa como a conhecemos.
Eles se relacionam com fatos sobre a realidade externa, e em grande
parte fazem isso por meio de construções mentais determinadas pelo
Pensamento Extrovertido: palavras, números, esquemas, diagramas,
hierarquias, métodos e códigos de conduta. Além disso, a
previsibilidade externa é importante para eles apenas na medida em
que os eventos e as experiências envolvem seus interesses primários e
investimentos emocionais. Por exemplo, um ISTJ pode ser exigente
sobre almoçar no mesmo horário todos os dias, mas super alheio à
bagunça de livros e papéis na mesa ou no chão da sala de estar.

Essa seletividade das sensações dá aos ISTJs uma capacidade


extraordinária orientada aos detalhes das áreas que lhes parecem
importantes. No que diz respeito aos dados e números, os ISTJs são
muito meticulosos. Esses tipos tornam-se persistentes e bem
informados financeiros, promotores, engenheiros, administradores,
pesquisadores, contadores, psiquiatras, professores, curadores e
semelhantes.

Seus poderes de concentração são inigualáveis — e nada escapa sua


atenção, mesmo que estejam preparando um contrato, reunindo
materiais para um seminário, calculando uma hipoteca, consertando
um sistema elétrico, pesquisando um precedente legal ou mexendo
com estatísticas médicas. Eles preferem trabalhar de maneira
ininterrupta e são pacientes com tarefas rotineiras que outros tipos
podem achar tediosas.

Sua capacidade e segurança a esse respeito frequentemente resultam


na obtenção de uma posição de poder administrativo. Os ISTJs
supervisionam departamentos em muito mais organizações e
instituições do que sua representação de 6% na população pode
sugerir. Eles levam sua autoridade a sério e estão sempre prontos para
resolver um problema e são cuidadosos quanto às suas
responsabilidades. No entanto, eles podem ser vistos como
“emocionalmente distantes e exigentes”.

Eles nem sempre entendem o que as pessoas querem deles e podem se


sentir desconfortáveis ​e constrangidos ao transmitir carinho sem ser
em uma situação de intimidade pessoal. Embora gostem de socializar,
especialmente os tipos de rituais e feriados que reúnem a família e os
amigos, como outros introvertidos, eles precisam de um bom tempo
para si próprios.

Em particular, os ISTJs costumam observar o mundo com uma espécie


de ironia “desapegada”. Suas expectativas internas são
frequentemente contrariadas pela realidade externa, e tal
incongruência seria desesperadora se eles a levassem muito a sério.
Feitas em voz alta, suas observações são pontuais e engraçadas, mas
também inesperadas e, às vezes, soam “estranhas”.

A maioria dos ISTJs não compartilham suas questões mais privadas


com outras pessoas, a menos que se sintam em casa e entre amigos. A
experiência geralmente os ensina que suas reações a uma situação não
são necessariamente as mesmas que os outros estão tendo. Na
verdade, os ISTJs não são muito bem compreendidos. Porque eles
tendem a ser discretos, responsáveis ​e relutantes em fazer uma
mudança em uma situação externa até que tenham considerado todas
as suas ramificações, eles podem parecer aos outros como “viciados
em trabalho” excessivamente cautelosos e inflexíveis, sem muita
vivacidade. Os próprios ISTJs tendem a dar valor às suas próprias
habilidades, como se não estivessem fazendo mais do que cumprir
seus compromissos. “Ah, um diamante é apenas um pedaço de carvão
que manteve sua função.” — eles dizem.

Deve-se reconhecer, portanto, que os ISTJs não são apenas


conservadores. Eles são mestres da modificação gradual, aquelas que
são quase imperceptíveis. Eles mexem aqui, mexem ali, resolvem
problemas e corrigem ambiguidades, ao mesmo tempo preservando o
melhor do que já existe, mal reconhecendo que, no processo, eles
adaptaram as coisas de uma maneira brilhante para que funcionem.
Eles podem acomodar os requisitos de um trabalho tão perfeitamente
aos seus próprios pontos fortes que os sistemas que criam são únicos e
difíceis de transmitir aos seus sucessores.

Deve-se notar que os ISTJs são mais decisivos quando estão


organizando coisas para outras pessoas. Esses tipos podem achar
difícil limitar e organizar os dados de seu próprio mundo mental sem
um ponto de referência externo para orientá-los. Por exemplo, eles
podem superestimar o interesse de outras pessoas em um projeto.
Sem limites especificados, eles podem facilmente perder a noção do
tempo. Por essa razão, esses tipos podem sentir que estão “sem
direção”, o que os fazem se sentir indecisos.

Essa experiência pessoal deriva, em parte, do imediatismo da função


dominante do tipo. A Sensação Introvertida motiva os ISTJs a adquirir
fatos e retê-los, mas não os oferece nenhuma maneira de
distinguí-los racionalmente. Esses tipos podem precisar suprimir seu
desejo por mais informações para que assim desenvolvam habilidades
de Pensamento Extrovertido mais fortes.

Sem contribuição suficiente de sua função secundária, os ISTJs sentem


que nunca têm informações suficientes para tomar uma boa decisão.
Eles podem ser particularmente cautelosos com as decisões que
exigem a sustentação de emoções por um certo período de tempo.
Assim, eles podem se contentar com situações que lhes parecem
práticas ou apropriadas, em vez de excitantes ou desejáveis, ou irão
ceder a alguém cujo conhecimento ou investimento em um projeto
seja maior do que o seu.

Por baixo de seu aparente distanciamento, os ISTJs podem ser


gravemente feridos por críticas e rejeições. Eles têm uma forte
necessidade de se sentirem úteis, apreciados e valorizados. Eles
podem se sentir muito insultados quando alguém parece questionar
sua palavra, sua especialidade, sua experiência ou sua honra. Sua
vulnerabilidade a esse respeito pode ser surpreendente e geralmente
fica evidente apenas quando a situação já está fora de controle. Um
ISTJ cujo orgulho foi ferido se tornará distante em vez de discutir, e
pode não estar totalmente claro o que foi a “última gota” para eles.

Os ISTJs não têm prazer em perder o controle e não gostam de ser


pegos desprevenidos pelo que sentem. Eles querem ser capazes de
dominar uma situação por meio de conhecimento e experiência
prática. Na verdade, a maioria dos ISTJs tende a guardar suas emoções
— exceto, talvez, a raiva justificada - acreditando que os sentimentos
são privados e podem ser opressores para os sentidos.
Consequentemente, eles às vezes se envolvem em um comportamento
excessivamente correto, recorrendo às formas tradicionais de etiqueta
para se manterem estáveis em uma situação potencialmente volátil.

ISTJs do gênero masculino, que constituem cerca de três quartos desse


tipo, costumam se relacionar com as mulheres, por exemplo, com um
tipo de bravura que pode parecer um pouco condescente/ter um ar de
superioridade. A propriedade desse tipo a este respeito às vezes pode
resultar em uma impressão de virtude singular, mas também pode
sugerir algo rude e instintivo logo abaixo da superfície, mantido
implacavelmente à distância.

Na verdade, os homens ISTJ tendem a ser bem diferentes na


companhia de homens do que na companhia de mulheres, e eles
gostam da oportunidade de serem “eles mesmos” em um ambiente
exclusivamente masculino.

Outros tipos podem ser surpreendidos por este aspecto dos ISTJ,
porque eles confundem o interesse do tipo em fatos concretos com um
“cerebralismo” frio, ao invés do investimento sensorial que constitui
tal orientação.

ISTJs, tanto homens quanto mulheres, quase sempre mantêm


interesse em atividades ao ar livre realizadas sozinhos ou com outras
pessoas — handebol, caminhadas, caça, pesca, acampamento, e assim
por diante.

Deve-se notar que, apesar de seu comportamento, as impressões de


um ISTJ sobre uma conversa podem ser inesperadamente e
intensamente pessoais. Uma discussão que ocorre em torno de um
assunto de interesse mútuo pode ser, para eles, uma forma de
revelação íntima — a ponto de ele ou ela se sentir constrangido
depois, como se o relacionamento tivesse se tornado prematuramente
íntimo. Quando esse tipo de troca ocorre entre dois ISTJs, eles tendem
a alternar entre entusiasmo e cautela, catalogando conhecimento e
experiências mútuas, mas também reconhecendo que os fatos
adquiridos podem estar relacionados a necessidades e sentimentos
profundamente privados. Na verdade, essas conversas não devem ser
confundidas com uma tentativa de “ficar acima” dos outros. A
maneira como uma pessoa fala sobre um interesse comum dirá à
maioria dos Sensores Introvertidos exatamente quem é esse indivíduo
e se uma amizade deve ser feita ali. Claro, todo esse estilo de conversa
é tipicamente introvertido.

Os ISTJs também precisam desenvolver sua extroversão, a fim de


reconhecer e se ajustar aos limites e interesses que não têm nada a ver
com seu eu interior. Alguns ISTJs desenvolvem seu julgamento apenas
o suficiente para racionalizar suas muitas impressões perceptivas,
sem aprender como conciliá-las com as necessidades e expectativas
dos outros.

Esses tipos podem ser irritantemente inflexíveis, porque recorrem ao


sentimento introvertido, sua função terciária, quando estão tentando
se manter firmes. Eles ficam bastante seguros de que suas ideias sobre
o que é importante são incondicionais e usam regras externas para
confirmar e dar credibilidade às suas impressões.

Quando estão no controle, um ISTJ não-saudável pode ser visto como


um “mandão autoritário”. Como subordinado, o tipo pode ser restrito
e temer agir sem permissão alheia. Os ISTJs localizam sua própria
autoridade quando reconhecem que sua maneira de ver o mundo é
única para eles e requer relacionamento constante com as
expectativas lógicas dos outros. Quando esses tipos aceitam sua
individualidade genuína, eles trabalham duro para adaptar seus
pontos fortes e ideias à realidade social existente, e às vezes podem
mover montanhas. Esses ISTJs não precisam provar seu valor e não
insistem que os outros vivam a vida como eles. As pessoas os veem
como modelos de comportamento responsável, atencioso e civilizado
e vão até eles em busca de conselheiros, professores e líderes.

ISFJ: Sensação Introvertida/Sentimento Extrovertido


Como os ISTJs, os ISFJs se sentem mais confortáveis ​com fatos e
informações sobre a realidade concreta. No entanto, onde os ISTJs
organizam e aplicam o que sabem impessoalmente, preferindo
números, esquemas ou premissas lógicas, os ISFJs se relacionam com
o mundo exterior de uma forma decididamente pessoal, por meio do
Sentimento Extrovertido. Os ISFJs são altamente alertas aos
comportamentos e gestos que indicam a atitude emocional, as
necessidades ou expectativas de outra pessoa, e geralmente adquirem
conhecimento que lhes permite ser útil — de preferência útil para uma
pessoa por vez. Por esse motivo, muitos ISFJs são atraídos para o
serviço social, aconselhamento pastoral, enfermagem ou medicina
familiar — campos nos quais se destacam porque podem se
concentrar nas necessidades e nos problemas de clientes individuais.
No entanto, como todos os Sensores Introvertidos, os ISFJs são bons
em seguir procedimentos e podem ter talento para pesquisa e
estatística. Assim, às vezes são atraídos por ocupações mais técnicas
baseadas em fatos — por exemplo, biblioteconomia, biometria,
programação de computadores, engenharia ou administração de
seguros. Mesmo nesses casos, os ISFJs tendem a personalizar o que
fazem, usando suas habilidades em nome de um empregador,
administrador ou cliente: alguém que precisa de sua assistência e
experiência.

Na verdade, os ISFJs estão tão focados nos objetivos e expectativas dos


outros que podem parecer literalmente altruístas, sem uma
personalidade própria completa. A maioria das equipes de suporte em
empresas e indústrias são compostas por esses tipos que funcionam
quase invisivelmente, no plano de fundo de uma organização,
implementando decisões tomadas por outros. Por esta razão, pode ser
difícil avaliar a natureza do Sentimento Extrovertido nas
peculiaridades de um ISFJ.

Como os FJs extrovertidos, os ISFJs precisam se sentir necessários.


Eles têm dificuldade em dizer não, mesmo quando assumem mais
obrigações do que podem facilmente lidar. Além disso, como EFJs,
ISFJs precisam de feedback pessoal. Eles querem que seus esforços
sejam importantes para alguém. Com isso, os ISFJs costumam ficar
desapontados, devido, em parte, à sua modéstia natural. A tendência
deles de ter o que eles estão fazendo como algo que “qualquer pessoa
decente faria sob as circunstâncias que se encontram” faz com que
eles sejam geralmente desvalorizados. Sua introversão também
contribui para esse problema.

FJs extrovertidos são atraídos por papéis e compromissos que


refletem os valores sociais predominantes, o que lhes garante
feedback em termos previsíveis. Os ISFJs são mais subjetivos em suas
motivações. Seu comportamento é ditado não por seu papel social —
como um bom pai, cidadão, funcionário e assim por diante — mas por
sua experiência pessoal como ajudante, salvador ou nutridor. A
maioria dos ISFJs acha que eles são atraídos e atraem indivíduos que
precisam deles onde quer que vão. Além disso, a resposta de um ISFJ à
necessidade de outro é imediata, ditada inteiramente pela situação da
outra pessoa em questão.

Os ISFJs farão o possível para ajudar um membro da família em


apuros, um colega de trabalho que está sendo incompreendido ou um
estranho sentado ao lado deles em um ônibus. Eles raramente
consideram a quantidade de tempo ou esforço que seu envolvimento
exigirá — ou mesmo as consequências potenciais de suas ações. Eles
podem achar difícil justificar, ou mesmo verbalizar, seus motivos
fundamentais, mas estão bastante certos de que estão fazendo a coisa
certa e que não serão “desviados” de suas tarefas. Por esse motivo, os
ISFJs podem parecer teimosos (mesmo quando seus comportamentos
são visivelmente altruístas) e incapazes de valorizar as pessoas que
não dependem deles de alguma forma. Eles podem reagir aos sinais de
independência de uma pessoa como uma espécie de traição, o que os
leva a sentir ciúmes e possessividade em relação às pessoas de quem
gostam. Os ISFJs ficam perplexos e magoados quando outros chamam
a atenção para esse aspecto de seu comportamento. Eles não se
sentem fortes ou controladores. No mínimo, os ISFJs se veem como
muito "fáceis", muito influenciados pelas opiniões dos outros, muito
ansiosos para agradar, muito dispersos, incapazes de decidir quando
tomar uma posição e quando ceder.

Essa experiência pessoal deriva, em parte, da base orientada para os


outros do ISFJ para a tomada de decisão. Os ISFJs são firmes e
decisivos quando estão em uma situação individual — como cuidar de
um paciente ou realizar os desejos de um empregador — porque seus
comportamentos são guiados pelas necessidades imediatas do outro.
Em uma situação de grupo, entretanto, ou em uma posição de
autoridade geral, os ISFJs muitas vezes se sentem inseguros sobre sua
posição até que saibam como os outros no grupo serão afetados. Eles
resistem a fazer planos que parecem dar prioridade às suas próprias
necessidades. Por exemplo, os administradores ISFJs podem achar
difícil delegar — como se fosse uma admissão de que precisam de
ajuda — e podem acabar fazendo todo o trabalho sozinhos.

A preferência do ISFJ em basear suas decisões nas necessidades ou


desejos dos outros é ampliada pelo tempo que esse tipo leva para
processar informações sensoriais. Os ISJs em geral têm dificuldade
com a Intuição Extrovertida — “ler o quadro geral”. Eles querem uma
compreensão concreta de todos os detalhes antes de sentirem que
entendem o que está em jogo em uma situação. Se eles estão ouvindo
uma história, por exemplo, e um ponto menor não faz sentido para
eles, eles podem gastar todo o seu tempo tentando esclarecer esse fato
antes de poderem reagir às outras implicações da história.

Consequentemente, a maioria dos ISJs sofre certo grau de pressão de


outros tipos para tomar decisões antes de estarem preparados para
isso. Embora isso represente um problema para os ISTJs, seus
fundamentos para avaliar as demandas externas são impessoais e
lógicos, e eles podem insistir em levar o tempo que precisam. Os ISFJs,
no entanto, levam a sério as reações e expectativas dos outros e podem
acabar oferecendo informações aproximadas invés de pararem para
pensar no que eles mesmos sabem.

A experiência constante de pessoas que os pressionam a tomar uma


decisão e que corrigem seus fatos pode fazer com que o tipo
desenvolva uma autoimagem errônea e inadequada de que não são
inteligentes o suficiente, e eles podem submeter-se a uma autoridade
externa ou concordar com outras pessoas invés de processar fatos e
informações para sua própria satisfação. Eles estão constantemente
discutindo com eles mesmos sobre sua necessidade de serem
verdadeiros consigo mesmos e seu desejo de manter a harmonia
interpessoal, e às vezes se perguntam se estão simplesmente
racionalizando sua incapacidade de defender seus próprios direitos e
crenças.

Como os ISTJs, os ISFJs têm uma visão idiossincrática da realidade,


mas não reconhecem o quão individual sua perspectiva realmente é.

Seus comentários e observações frequentemente resultam em reações


de outras pessoas que acabam os surpreendendo.

ISTJs, da maneira típica da maioria dos TJs, são feridos pela rejeição,
mas geralmente concluem que o problema está na inteligência de
outras pessoas. Os ISFJs são mais propensos a serem feridos por uma
resposta antipática e estão inclinados a concluir que suas opiniões não
são boas o suficiente ou não valem a pena serem expressas. Na
verdade, muitos ISFJs desenvolvem um senso de humor
autodepreciativo — com a intenção, presumivelmente, de “ganhar”
os outros. Onde os ISTJs vão comentar sobre os pequenos absurdos da
vida, tanto para sua própria diversão quanto para a dos outros, os
ISFJs vão chamar a atenção para suas próprias fraquezas — por assim
dizer, falando sobre si mesmos. Por exemplo, uma administradora de
enfermagem ISFJ, ao falar sobre uma viagem que se aproxima, afirma
que ela tem que fazer três malas para um mesmo fim de semana,
porque ela nunca sabe exatamente como estará o tempo e quer estar
preparada para todas as contingências possíveis.

Esta é uma boa ilustração da necessidade constante dos ISJs de


controlar a descontinuidade percebida entre a expectativa interna e a
realidade externa, mas também ilustra a maneira como os ISFJs
voltarão o humor da situação para si mesmos.

Os ISFJs podem se tornar excessivamente dependentes das ideais dos


outros sobre o que é apropriado em uma situação, especialmente se
essas ideias coincidirem com suas próprias visões sobre integridade e
compromisso. Por exemplo, eles podem achar difícil aprovar aqueles
que não se comportam ou não se vestem adequadamente para a
posição social que ocupam. Os tipos mais extremos podem dar grande
importância aos signos sociais e aos sinais de todos os tipos, no geral.
Como os ISTJs, eles podem acreditar que homens e mulheres devem se
comportar de maneira bem diferente uns dos outros.

Na melhor das hipóteses, os ISFJs preferem ter uma compreensão


clara e concreta do que se espera deles. Uma vez que têm todos os
detalhes em ordem, eles cumprirão suas obrigações com consciência e
exatidão.

Deve-se notar, no entanto, que a maioria dos ISFJs superestima as


expectativas que as pessoas realmente têm deles. Eles parecem
acreditar que qualquer coisa vale a pena "dar um passo a mais". Como
todos os ISJs, os ISFJs podem permanecer muito tempo em uma
mesma situação, por lealdade ou compromisso, mesmo quando seu
potencial está sendo limitado ou desperdiçado. Esse tipo de dedicação
pode ser uma virtude genuína, mas também pode indicar que o
Sentimento Extrovertido não está fazendo seu trabalho adequado na
stack do ISFJ. Os ISFJs tendem a usar essa função apenas para vincular
as necessidades objetivas dos outros à sua experiência pessoal como
ajudantes. Eles precisam aprender a treinar ela em si mesmos e a
avaliar suas próprias necessidades e objetivos na realidade externa.

Quando os ISFJs se tornam muito dependentes da Sensação


Introvertida, eles não têm como avaliar o valor real de seu
investimento em uma situação. Invés de usarem o Sentimento
Extrovertido para equilibrar seu ponto de vista, eles podem recorrer à
função terciária, o Pensamento Introvertido, em busca de apoio em
seus comportamentos habituais. O Pensamento Introvertido pode, sob
tais circunstâncias, convencer o ISFJ de que suas ações são parte de
um esquema muito maior, cuja integridade deve ser mantida com
auto-sacrifício — o futuro dos filhos, a sobrevivência de um
empregador muito admirado, o jeito cristão da vida.

Os ISFJs costumam ser elogiados por sua lealdade às causas perdidas,


mas podem realmente usar essa tendência para evitar a intimidade
real. Por exemplo, esses tipos podem se acostumar a relacionamentos
nos quais todos os riscos emocionais são assumidos pelo outro, e as
próprias fraquezas e problemas do ISFJ permanecem privados. Na
verdade, alguns ISFJs involuntariamente desvalorizam os esforços de
outros para se tornarem independentes por medo de perder o
relacionamento, e podem cometer graves erros românticos —
escolhendo parceiros que provavelmente os manterão em um papel
voltado para o serviço. Eles podem ter dificuldade com histórias ou
filmes que não terminam bem e que não vão de acordo com um
compromisso emocional.

Como os ISTJs, os ISFJs gostam de trocar fatos adquiridos e serão


afetuosos com o assunto na presença de um ouvinte receptivo. E,
como os ISTJs, os ISFJs costumam se interessar por atividades ao ar
livre — caminhadas, acampamentos, natação, caça, pesca e assim por
diante. Como acontece com todas as atividades que importam para
eles, os ISFJs adquirem os fatos, equipamentos e conhecimentos que
sua busca requer e levam a sério as regras e comportamentos que
garantem seu desempenho.

Original: Personality Type: An Owner's


Manual: A Practical Guide to Understanding
Yourself and Others Through Typology,
Lenore Thomson
Tradução: @mbtilogia

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