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3.

Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica


Avaliações Segundo Jean Piaget
Unidade III - Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica - Avaliações Segundo Jean Piaget
Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget

Antes de iniciar a unidade, gostaria de questionar ao cursista sobre sua lembrança ou


conhecimento, sobre quais os estágios de desenvolvimento descritos por Piaget? Você deve ter visto alguma
coisa no curso de graduação. Seria interessante que você retomasse esse assunto antes de prosseguir a
leitura caso não sinta ter propriedade sobre o assunto.

Tratando dos estágios de desenvolvimento, Piaget (apud MONTANGERO e NAVILLE, 1998) assevera
que: “No terreno da inteligência, falaremos (...) de estágios quando as condições seguintes são preenchidas:
1. Que a sucessão das condutas seja constante, independentemente das acelerações ou dos retardos que
possam modificar as idades cronológicas médias em função da experiência adquirida pelo meio social (como
as aptidões individuais); 2. Que cada estágio seja definido não por uma propriedade simplesmente
dominante, mas por uma estrutura de conjunto que caracteriza todas as condutas novas, próprias a esse
estágio; 3. Que essas estruturas apresentem um processo de integração tal que cada uma seja preparada
pelo precedente e se integre na seguinte “
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget

O construtivismo de Piaget estabelece que o aprendizado das crianças não ocorre a partir da absorção
de valores externos, tampouco já está construído dentro delas. Com efeito, esse aprendizado é construído a
partir da interação delas com o ambiente. Desse modo, a fim de compreender o desenvolvimento da criança, é
preciso compreender três aspectos constantes: os padrões universais, as diferenças individuais e as influências
contextuais, através dos esquemas, que constituem estruturas mentais pelas quais nos adaptamos e nos
organizamos diante dos estímulos ambientais, onde podemos originalmente perceber o mundo e após, no
decorrer do tempo, passamos a criar outras estruturas mais complexas para cada ação realizada. Piaget
esclarece que um esquema constitui uma estrutura cognitiva referenciada a uma classe de sequências de uma
ação similar, sequências que perfazem totalidades potentes e bem delineadas nas quais os elementos
comportamentais que os integram estão intimamente inter-relacionadas. A partir dessa premissa, estabeleceu
os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração, sendo a equilibração um estado geral de eficácia
existente entre o meio e o intelecto na exploração do mundo pela criança.
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget

As provas operatórias elaboradas por Piaget podem incluir toda sorte de conhecimento para alcançar
um parâmetro amplo de avaliação da criança. Por meio da aplicação dessas provas é possível investigar se
existe uma defasagem no seu conhecimento e se seus aspectos cognitivos estão de acordo com a sua idade
cronológica. A partir da aplicação de provas que incluem as operações lógicas e infra lógicas, Piaget podia
analisar a criança. Neste processo o erro constitui parte importante e reveladora.
Os métodos de testes avaliativos, normalmente são limitadores da expressão e da opinião externadas
pela criança e terminam por nivelar as crianças, em detrimento de buscar compreender os seus processos,
dependendo da forma como são elaborados e sistematizados. O diálogo, a exigibilidade e a profundidade da
análise a ser realizada, expandem as chances de a criança se colocar, mostrar quem é na realidade, qual é a sua
essência.
A respeito das provas projetivas Weiss (2003) afirma que:

“O princípio básico é de que a maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou situação
reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo.”
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget

A compreensão dos resultados será muito melhor se registrarmos a totalidade das respostas do cliente,
até mesmo as suas reações, postura, verbalizações, desconfortos, respostas ante o desconhecido, argumentações,
organização, o modo como manipula e organiza o material.
No processo avaliativo, as respostas devem ser subdivididas em três níveis:
Nível 1: Inexiste conservação, o indivíduo não alcança o nível operatório nesse domínio.

Nível 2 ou intermediário: Observam-se oscilações, instabilidade ou incompletude nas respostas apresentadas. Em


dado momento, mantêm, em outro, não.

Nível 3: As respostas denotam a conscientização da noção, sem hesitação.

Certas crianças não têm sucesso em uma prova e demonstram precisão operatória nas demais, o que não
quer dizer que elas tenham qualquer defasagem. Faz-se necessário a avaliação do resultado das provas de uma
forma global.

É possível observar se existe uma significação específica para uma dada ação dessa prova que seja
consequência de uma interferência de cunho emocional.
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget
Apresentação das Provas Operatórias

Mediante pesquisas e observações Piaget classificou e agrupou as provas operatórias por idades.
Devido a esse trabalho detalhado, pode-se obter um referencial adequado no momento da escolha da prova que
será aplicada. A categoria das provas expõe o nível de estrutura cognitiva que o sujeito tem condições de operar
na situação que lhe é apresentada.
As provas operatórias são fundamentais na estrutura avaliativa psicopedagógica clínica, uma vez que
elas permitem a investigação do estágio de desenvolvimento cognitivo já alcançado pelo indivíduo.

A principal preocupação de Jean Piaget, com formação em biologia, consistia na investigação da


constituição do conhecimento, ou seja, investigar o modo como um indivíduo ultrapassava um estado de baixo
conhecimento e alcançava um outro estado de conhecimento progressivamente mais rico, mais lapidado e mais
complexo. De acordo com a teoria piagetiana, a construção do conhecimento parte da interação do indivíduo
com o seu meio físico-social. Por essa razão, trata-se de uma construção gradativa e continuada do
conhecimento, que leva o indivíduo a níveis de desenvolvimento progressivamente melhores.
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget
Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos:
Até́ a idade aproximada de 6 anos, a criança possui uma conceituação intuitiva de número e crê que a
quantidade se modifica apenas pela mudança da disposição dos elementos no espaço. Portanto, a criança
acredita que, para aumentar a quantidade, é suficiente aumentar o espaçamento entre os elementos de um
conjunto.

Conservação de superfície:
Até os 7 anos a criança crê que a superfície de pastos não é igual, bastando movimentar uma das
casas para modificá-la. O engano aparece, normalmente, depois de posicionar a 2ª ou a 3ª casa.
Dos 8 anos em diante a criança se apresenta com mais segurança em relação à sua resposta, observando que,
juntas ou distantes as casas ocupam a mesma superfície.

Conservação de quantidade de líquido:


Crianças no estágio pré-operatório de desenvolvimento aparentam raciocinar somente a respeito de
estados ou configurações, não atentando para as transformações.
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Capítulo 1 - Provas Operatórias de Jean Piaget
Conservação de matéria (massa):
A conservação de massa é uma noção operatória que permite à criança compreender que
alterações da forma não causam alteração da quantidade, do peso ou do volume. Crianças em nível pré-
operatório de desenvolvimento aparentam pensar somente nos estados ou configurações, desconsiderando
as modificações ocorridas.

Conservação de peso:
A conservação de peso é uma noção graças à qual a criança compreende que alterações de forma
e/ou posição não são acompanhadas de consequentes alterações de peso. Desenvolve-se a partir de 8 anos.

Conservação de volume:
A conservação do volume é uma noção alcançada quando a criança compreende que alterações de
forma, posição, diferenças de peso não estão, necessariamente, associadas às variações de volume.

Conservação de comprimento:
Até́ os 7 ou 8 anos ocorrem respostas intermediárias, isto é, ora uma é considerada mais extensa,
ora ambas são percebidas como iguais. Depois dessa idade, a criança nota, com clareza, a distinção entre
duas tiras.
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Capítulo 2 - A Curva Evolutiva da Brincadeira: Uma Leitura Piagetiana
É muito difícil detectar o momento do nascimento da brincadeira. Toda ação vem a ser uma busca
de um objeto significativo a partir da consciência de sua falta. A primeira forma de consciência é a chamada
consciência elementar, ou seja, a corporal. O bebê vivencia fisicamente a falta de algo, vai atrás, e, de certa
forma, se transforma, se acomoda para poder assimilar este objeto significativo. Há, portanto, um
movimento que parte do sujeito em busca do objeto, que vai de dentro para fora, eferente, e que exige
esforço de transformação, de acomodação ativa. Uma vez acomodado ao objeto, o sujeito o traz para si, num
movimento inverso e recíproco ao primeiro, de fora para dentro, centrípeto, e o assimila, com relaxamento
do esforço anterior, com prazer, assimilando-o. Para Piaget existe o brincar justamente quando há um
predomínio da assimilação sobre o esforço e a tensão da acomodação.
No início da vida, o bebê está aprendendo a lidar com o próprio corpo e a brincadeira tem um
papel importantíssimo nesta aprendizagem, através da troca com o meio. A brincadeira de exercício é como
é chamada a primeira forma de brincadeira que aparece. Como seu nome diz, a criança brincando exercita
seus esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor. É um buscar através dos movimentos e
sensações, que visa um retorno prático, funcional, imediato, que quer sentir fisicamente o contato com o
objeto. Tem características rítmicas e repetitivas. O bebê, principalmente nos primeiros oito meses, é
conservador. Ele encontra muito prazer na repetição, na reprodução. Está por assim dizer esquentando o
motor para grandes arrancadas futuras
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Capítulo 2 - A Curva Evolutiva da Brincadeira: Uma Leitura Piagetiana

Para Piaget a criança é o principal agente de seu desenvolvimento, adaptando-se ao ambiente ao


construir e modificar continuamente seus esquemas de ação. Nessa construção, o brincar constitui-se em
expressão e condição de estruturação mental, cada vez mais equilibrada. Ao agir, a criança busca conciliar todo
momento o esforço de se acomodar à realidade vivida à assimilação da mesma. Não apenas conteúdos são
assimilados, porém principalmente, novos meios de pensar são construídos, numa crescente abstração reflexiva
e flexibilização mental.

O brincar caracteriza-se justamente por ser o prisma da assimilação sobre a acomodação, ou seja,
quando a criança brinca assimila melhor a realidade, com menor esforço e menor tensão. Daí sua grande
importância, inclusive no ambiente escolar.
Piaget classificou o brincar de acordo com o tipo de assimilação predominante em:
brincadeiras de exercício (assimilação funcional), brincadeiras simbólicas (assimilação deformante) e jogos de
regra (assimilação recíproca).
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Capítulo 2 - A Curva Evolutiva da Brincadeira: Uma Leitura Piagetiana
A brincadeira da criança dessa idade ainda é mágica e anímica, mas seu comportamento é mais
complexo e fiel à realidade. Manifesta ainda comportamentos de centralização (egocentrismo) e busca por
vezes satisfação imediata de seus desejos, sendo que, diante da impossibilidade de realizá-los, desenvolve
situações lúdicas imaginárias, nas quais pode satisfazê-los. Piaget (1968), a partir de suas observações,
comenta que no processo de descentralização progressiva e ingresso na vida social
(egocentrismo versus cooperativismo), há predomínio das emoções e afetos presentes na brincadeira,
considerando-as como a energia necessária à sua manifestação.

Para a Epistemologia Genética, o simbolismo principia com as condutas individuais que possibilitam
a interiorização da imitação, tanto de coisas, como de pessoas. Ele implica em representar um objeto ausente,
comparando um dado elemento com um objeto imaginário, e uma representação fictícia (assimilação
deformante). Por isso, a brincadeira simbólica manifesta a forma como a criança vê o mundo

É brincando que a criança faz sua inserção na adolescência e, mais tarde no mundo adulto,
aprendendo a se adaptar à realidade de modo saudável. Brincando, progride da necessidade de experimentar
algo, para a de refletir sobre o que faz.
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Capítulo 3 - Provas de Classificação

A faixa etária das crianças que respondem corretamente a essas questões situa-se em torno de 5 a
10 anos e, possivelmente, essa variação resulta da sofisticação da linguagem (ex.: as margaridas são flores?).
Como regra, somente quando a criança adquire consciência da natureza de uma classe lógica ela adquire a
capacidade de observar se todo membro possui determinada característica e adquire a capacidade de
responder adequadamente às perguntas sobre todos e alguns, o que ocorre somente após os 9 ou 10 anos.

Intersecção de classes:

Nível 1 - Até os 5 anos, as perguntas feitas sobre classes separadas são respondidas com acerto. As de
inclusão e intercessão não são entendidas nessa faixa etária. As perguntas suplementares também
apresentam equívocos.
Nível 2 - Dos 6 anos em diante a criança consegue mais acertos nas perguntas suplementares, mas vacila nas
respostas de inclusão e intercessão, apresenta repetições e pode fornecer algumas respostas de forma
acertada.
Nível 3 - A partir dos 7 ou 8 anos as crianças já respondem acertadamente desde o início.
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Capítulo 3 - Provas de Classificação
Provas de Seriação
A seriação ou ordenação consiste numa operação lógica de ordenação e disposição dos elementos
conforme a sua grandeza ascendente ou descendente. Aparece, normalmente, em torno dos 7 anos. No
momento em que a ordenação requer a comparação das varinhas duas a duas, devido às diferenças serem
pouco aparentes, observam-se as seguintes fases: Até os 6 anos - A criança faz pares ou pequenos conjuntos
(uma pequena, outra grande etc.), porém de forma não coordenada entre si.

Experiências de Pensamento Formal


Combinação de fichas:
Ausência de Capacidade Combinatória – Nível 1: Dificuldade de perceber a possibilidade das várias
combinações. Não segue quaisquer critérios, realiza tentativas desordenadas, sem conseguir encontrar um
mínimo de pares correspondentes.
Condutas Intermediárias – Nível 2: Realiza combinações incompletas, forma muitos pares sem ordem definida,
não prevê o número total de combinações possíveis.
Condutas operatórias revelando capacidade combinatória – Nível 3: O indivíduo prevê a possibilidade de
combinações por meio de um sistema completo e metódico, formando todos os pares possíveis. A demais
evidencia qual o critério utilizado para definir o total de combinações existentes.
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Capítulo 3 - Provas de Classificação
Permutação de fichas

Ausência de Capacidade de Permuta:


Nível 1: O indivíduo não observa as possíveis permutas. Não define critérios objetivos, realiza tentativas
aleatórias sem que isso resulte num mínimo de combinações.
Condutas intermediárias:
Nível 2: O indivíduo faz as permutas de forma incompleta, realiza aproximações sem possibilidade de
generalizações.
Condutas operatórias de todas as permutações possíveis:
Nível 3: O indivíduo realiza permutações, prevendo as possibilidades de um processo sistemático, ordenado.
Faz as permutações de um modo ordenado.

Fonte:https://http2.mlstatic.com/kit-provas-piagetianas-com-13-provas-cognitivas-
D_NQ_NP_806811-MLB20633592251_032016-F.jpg
4. Avaliando outras Questões
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental

No caso de o paciente não evocar as três palavras na 2ª tentativa, é preciso repetir uma vez mais as
três palavras, a fim de que tenha mais uma oportunidade de repeti-las. É preciso repetir isso por 5
vezes, registrando-se a quantidade de repetições realizadas (é necessário assegurar-se de que o
paciente apreendeu as três palavras para a evocação posterior).

ORIENTAÇÃO - Qual é o (ano) (estação) (dia da semana) (dia do mês) e (mês). * Onde estamos (país)
(estado) (cidade) (rua ou local) (andar).
Instrução: Solicitar ao paciente que informe o ano, a estação do ano, o dia da semana, o dia do mês e o
mês no qual nos encontramos. Não oferecer sugestões ou pistas. Sobre as estações do ano, é possível
utilizá-las mais facilmente nos estados do Sul do Brasil, já que suas evidências são mais marcantes e
existe uma forte influência cultural ligada às datas que delimitam todas as estações do ano. Nas outras
regiões do Brasil, no entanto, recomenda-se a utilização de uma versão publicada por pesquisadores de
São Paulo como substituto.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental

REGISTRO–Pronunciar três palavras: PENTE RUA AZUL. Pedir atenção, pois será necessário repeti-las
posteriormente. Indague sobre as três palavras depois detê-las ditado. Repita-as até obter a resposta correta e
registre o número de tentativas: ____
Instrução: Pronunciar as três palavras de forma pausada e com boa dicção. As palavras não podem ser alteradas.
O estudo de validação diagnóstica (sensibilidade) desta versão para demência, realizado com outras provas
cognitivas, verificou diversos aspectos linguísticos das palavras até alcançar essas três, permanecendo fiel aos
critérios de seleção das achadas na versão original do Mini Mental em língua inglesa.

O teste pode ser aplicado em crianças entre os 3 e os 14 anos, abrangendo cinco áreas cognitivas:
Orientação, Atenção, Aprendizagem e percepção sensorial, memória e Linguagem (nomeação, compreensão,
escrita, leitura e praxia visuo-construtivas). Contém onze questões, e o tempo de aplicação é de 5 a 10 minutos.
Fornece a pontuação esperada para as diversas áreas cognitivas e as tabula ao final, segundo a faixa etária.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental
Ordenação metodológica do teste do estado mental
Relativamente à ordenação metodológica do teste do estado mental, o entendimento consensual é de
que as alterações mais relevantes abrangem sinais e/ou sintomas nos seguintes aspectos da conduta humana:
atenção, senso perceptivo, memória, orientação, consciência, pensamento, linguagem, inteligência, afetividade e
conduta.
Atenção consiste num processo psíquico que leva à concentração da
atividade mental acerca deum fato específico, mostrando-se relevante
considerar a capacidade de se concentrar; o tempo de duração da atenção
(persistência/fatigabilidade

Senso-percepção – consiste na capacidade de perceberas sensações, por


meio dos receptores sensoriais, e convertê-las em imagens ou sensações no
Sistema Nervoso Central.

Memória – consiste na função garantidora do elo temporal da vida psíquica.


Normalmente é analisada sob três dimensões: a fixação, a evocação e o
reconhecimento.
Fonte :https://pantip.com/topic/35980538
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental

Orientação – consiste nas manifestações da lucidez psíquica a partir da qual se observa a capacidade
espaço-temporal da consciência

Consciência – aptidão de o indivíduo perceber o que está acontecendo interna e externamente. O estado de
consciência está sujeito a alterações relacionadas com a sua continuidade, amplitude e claridade e em
diversas formas de transtorno.

Pensamento – representa a aptidão do sujeito para formular conceitos (capacidade de correlacionar a palavra
com o seu significado e inter-relacionar os seus significados), associar tais conceitos em juízos (aptidão para
correlacionar conceitos entre si) e, a partir daí, desenvolver raciocínios( aptidão de concluir por indução, da
particularidade para a generalidade, por dedução, da generalidade para a particularidade, e por analogia, do
conhecimento particular para o particular).

Quanto à produção, é costume diferenciar o pensamento mágico (prevalência das ideias primitivas, selvagens
ou infantis) e o pensamento lógico.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental

Os delírios são passíveis de serem classificados de acordo coma sua temática (de
desconfiança, de perseguição, de influência, de prejuízo, de referência, de auto
preferência, de ciúme, de grandeza, de descendência, de invenção, de
transformação, de prestígio, de missão divina, de reforma social, de possessão
diabólica ou divina, de culpa etc.; quanto ao grau de elaboração (sistematizados e
não sistematizados) e de acordo como curso evolutivo (agudos e crônicos).

As ideias supervalorizadas resultam da perturbação da aptidão de ajuizar e


representam uma tendência definida mais por valores afetivos, passando a
estabelecer o comportamento do sujeito.

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/teen-raiva-gritar-grita-mal%c3%adcia-
6618290/
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental
Linguagem – o principal quadro patológico da linguagem falada, de causa orgânica são:

disartria - dificuldade de articular palavras; em grau extremo é anartria).

disfasia - dificuldade ou perda da aptidão de entender o significado das palavras e/ou falta de aptidão
para utilizar os símbolos verbais; em grau acentuado corresponde à afasia. Há três tipos básicos de afasia:
1) afasia de Wernicke (nominal), predominantemente de compreensão, derivação da falta de capacidade
de compreensão dos símbolos verbais, falados ou escritos, culminando em fala não compreensível; 2)
afasia de Broca (mista), caso em que todas as modalidades de linguagem ficam prejudicadas; e 3) afasia
motora pura, quando o paciente até entende o que lhe é falado, consegue ler e escrever, mas não
consegue falar.

disfonia – deficiência que tem por consequência distorções da sonoridade das palavras, de causa
periférica (traqueia, aparelho respiratório).
dislalia – observada quando a linguagem se mostra deficiente, sem que se verifique a existência de lesão
central.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 1 - Exame do Estado Mental
Os quadros patológicos predominantes da linguagem falada de causa substancialmente psíquica
são:
• Mutismo; dificuldade de um indivíduo se comunicar verbalmente em determinadas situações sociais
logorreia – fluxo contínuo, com prejuízo da coesão lógica (a situação mais grave consiste na fuga de ideias,
na medida em que a velocidade do fluxo do pensamento supera as possibilidades de expressão);
• Jargonofasia – a pronúncia das palavras é correta, mas não apresenta correspondência lógica (salada de
palavras);
• Parafasia – observa-se a inserção de uma ou mais palavras corretas, porém sem correspondência com as
demais.
• Pararrespostas – a pergunta feita não resulta em uma resposta a ela correspondente.

Afetividade – denota a sensibilidade interna da pessoa diante da satisfação ou da frustração das suas
demandas (tendências que conduzem o sujeito a realizar uma ação ou a procurar uma categoria específica
de objetos). Os episódios afetivos mais básicos consistem nas emoções (respostas afetivas derivadas da
satisfação ou da frustração das demandas primárias, é dizer, biológicas ou orgânicas) e os sentimentos
(experiências vinculadas com a satisfação ou frustração das demandas superiores (estéticas, éticas e
morais).
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Capítulo 2 - Entrevistas, Observações e Registros

Geralmente, temos um ponto de par�da, que é o encaminhamento. Qualquer indivíduo que


encaminha um indivíduo o faz pressupondo que ele tenha problemas que tenham uma explicação de ordem
psicológica. Há uma preocupação, capaz de ser expressa mediante uma pergunta lacônica, como:

“Será́ que A não consegue aprender devido a um problema psicológico?” Seguramente o terapeuta
necessita de maiores informações a respeito do caso para transformara pergunta vaga de um leigo em um
conjunto de questões elaboradas em linguagem psicológica, tal como: “Será́ que A sofre de alguma deficiência
de ordem intelectual?” Será́ que A não consegue aprender porque sofre a interferência de problemas de ordem
emocional?” Essas perguntas ainda não são suficientemente precisas, mas o histórico do indivíduo permitirá
que sejam alcançadas alternativas de explicação, tais como:

“A tem um nível de inteligência fronteiriço”;


“A tem um nível de inteligência normal, mas sua performance intelectual atual está limitada, pois sofreu um
trauma emocional recente”.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 2 - Entrevistas, Observações e Registros
O psicodiagnóstico feito conforme os modelos previamente citados, ainda que continue
correspondendo a uma relevante estratégia de avaliação psicológica, essencial na formação e na atuação
profissional dos psicólogos, vem se mostrando, ultimamente, alvo de diversas críticas, sobretudo em razão do
uso, geralmente desnecessário, de uma vasta gama de avaliações psicológicas, por um tempo exageradamente
longo de aplicação, também, pela utilização não adequada de laudos, corriqueiramente mal formulados(ROSA,
1995). Essas críticas não invalidam a relevância apara indicação do psicodiagnóstico, sobretudo em circunstâncias
específicas que demandam uma avaliação mais aprofundada para um diagnóstico diferencial. Todavia, caso o
profissional tenha experiência clínica e um domínio teórico e técnico suficientes, podem ser utilizados
procedimentos avaliativos mais simples, que buscam explorar com mais criatividade e profundidade os recursos
da entrevista clínica diagnóstica, que, mesmo não sendo o único instrumento, mostra-se de grande valor.

Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/mental-aconselhamento-c%c3%a9rebro-7018783/
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 2 - Entrevistas, Observações e Registros
As condições de observação são circunstâncias através das quais esta se realiza, ou seja, é o contexto
natural ou artificial no qual o fenômeno social se manifesta ou se reproduz. Por sua vez, o sistema de
conhecimento é o corpo de conceitos, categorias e fundamentos teóricos que embasa a pesquisa.

Durante a observação são registrados dados visíveis e de interesse da pesquisa. As anotações podem
ser feitas por meio de registro cursivo (contínuo), uso de palavras-chaves, check list e códigos, que são
transcritos posteriormente

Uma observação controlada e sistemática se torna um instrumento fidedigno de investigação


científica. Ela se concretiza com um planejamento correto do trabalho e preparação prévia do
pesquisador/observador
Portanto, podemos finalizar este capitulo afirmando que, a Psicopedagogia é um campo emergente e
multifacetado, apresenta seu quadro teórico marcado pelos seguintes aspectos: a definição de seu objeto, de
suas relações com os campos psicológico e pedagógico, da ênfase dada ao indivíduo e, também, da ênfase aos
fatores externos ao sujeito na determinação do problema (contexto social mais amplo).
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Capítulo 3 - Entrevistas Diagnósticas e outros Processos Clínicos de Avaliação
Psicológica

Atualmente, no meio psicológico tanto no acadêmico quanto na prática de consultórios, certos


profissionais com formação em psicanálise têm radical rejeição ao uso de quaisquer testes ou técnicas
investigativas da personalidade. Utilizam, no trabalho diagnóstico, somente a entrevista psicanalítica na forma
realizada por Freud, Lacan e outros mestres da psicanálise.

Tradicionalmente usadas dentro do processo do psicodiagnóstico, essas técnicas são, hoje,


frequentemente empregadas de forma mais flexível e o uso de outras técnicas auxiliares, na entrevista clínica, e
instituem uma nova forma de realizar o diagnóstico psicológico como um processo essencialmente clínico.
O propósito das provas e dos testes complementares consiste em obter respostas às questões referentes ao
diagnóstico clínico que ainda geram dúvidas para o psicopedagogo ou profissional afim e, por essa razão,
demandam um aprofundamento essencial para a conclusão do seu trabalho.
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Psicológica

O propósito das provas e dos testes complementares

O propósito das provas e dos testes complementares consiste


em obter respostas às questões referentes ao diagnóstico clínico que
ainda geram dúvidas para o psicopedagogo ou profissional afim e, por
essa razão, demandam um aprofundamento essencial para a conclusão
do seu trabalho.

Nesse sentido, não existe um roteiro pronto sobre quais


seriam os testes e provas complementares essenciais para a conclusão
do diagnóstico. Salientamos que esse trabalho dependerá da queixa
inicial, levantada pela escola e pela família, além dos dados já reunidos
pelo terapeuta.
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/engrenagens-trabalhar-equipe-junto-5193383/
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Capítulo 3 - Entrevistas Diagnósticas e outros Processos Clínicos de Avaliação
Psicológica

Assim, dependendo do resultado dos instrumentos aplicados anteriormente, o profissional ainda poderá
investigar dados referentes a:

• Provas de leitura, escrita, matemática e de outras áreas de conhecimento;


• Exames clínicos: neurológico, oftalmológico, fonoaudiológico etc.;
• Análise dos materiais escolares do avaliando;
• Exame motor;
• Teste de audiometria e processamento auditivo central;
• Entrevistas complementares com a família e a equipe escolar;
• Testes Psicológicos (uso exclusivo do psicólogo).
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Psicológica
Bateria de testes

Testes e avaliações não se apresentam como sinônimos. Os testes consistem em uma


ferramenta utilizada no processo avaliativo, destacando que o “avaliar” corresponde a muito mais do
que meramente a aplicação dos testes. O processo avaliativo é dinâmico.

Os testes psicológicos, no decorrer da história da


Psicologia, protagonizaram uma gama de problemáticas
que resultaram no seu descrédito e pouco uso. De modo
geral, a problemática precípua está relacionada com a
utilização inapropriada das técnicas, destacando-se que,
desafortunadamente, um grande número de terapeutas as
utiliza de modo pouco criterioso, sem o conhecimento
prévio necessário e sem realizar a análise exigida quanto à
atualização dessas técnicas, fazendo uso de procedimentos
que não têm o devido embasamento científico.
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Psicológica
Há dois tipos principais de baterias de testes:

as baterias padronizadas para avaliações específicas

e as não padronizadas, que são organizadas a partir de um plano avaliativo.

No primeiro caso, a bateria de testes não é resultante de uma seleção de instrumentos


segundo as questões suscitadas em um caso individual, pelo terapeuta responsável pelo
psicodiagnóstico, exceto quando é o caso de bateria padronizada especializada.
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Psicológica

Conhecer os princípios que regem a elaboração dos testes é fundamental. Entretanto, os profissionais,
quando em sua prática, ficam em dúvida quanto à qual instrumento deverá utilizar para avaliar determinada
característica. É importante ressaltar que não existem instrumentos melhores ou piores – visto que todos
passaram por um processo científico de elaboração – e sim instrumentos mais indicados ou menos indicados
para determinada situação.
Os pontos abaixo podem ajudar o profissional a pensar melhor e a escolher o teste mais adequado
para a ocasião:

• Que atributos ou características se quer avaliar: personalidade, atenção, inteligência etc.;


• Quais as técnicas disponíveis e aprovadas. Técnicas que constam na lista do CFP como aprovadas;
• Idade, escolaridade, nível socioeconômico etc. do testando: perfil da pessoa a ser avaliada;
• Familiaridade com o instrumento: ter conhecimento prévio do material antes de sua aplicação;
• Qualidade do instrumento: confiabilidade do material mediante indicação ou não do CFP;
• Materiais originais: utilização de materiais da editora e nunca fotocópias.
Unidade IV - Avaliando outras Questões
Capítulo 3 - Entrevistas Diagnósticas e outros Processos Clínicos de Avaliação
Psicológica
O periódico do CFP, traz de modo bem-humorado, doze pecados mortais em relação aos testes
psicológicos que acho interessante citar aqui:

• Utilizar testes não aprovados pelo CFP;


• Usar cópias de testes;
• Não encarar a avaliação psicológica como um processo;
• Dispensar a entrevista;
• Adaptar os testes de acordo com a sua vontade: alterar tempos, instrumentos, não observando a
padronização;
• Não pedir ao candidato assinar o teste;
• Não registrar todas as informações pertinentes ao caso;
• Aceitar remuneração incompatível com a sua prática;
• Não esclarecer a respeito da avaliação psicológica ao cliente e ao usuário do serviço;
• Não fazer entrevistas de devolução;
• Não se aperfeiçoar em reciclagens, cursos, supervisões e congressos;
• Não guardar os materiais por cinco anos.
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Capítulo 3 - Entrevistas Diagnósticas e outros Processos Clínicos de Avaliação
Psicológica
A rigidez em seguir essas premissas demonstra a seriedade do profissional e o comprometimento com
o paciente, afinal, há que se ressaltar que um diagnóstico, seja ele bem ou mal feito terá consequências muito
produtivas ou extremamente desastrosas na vida do sujeito.

A saúde mental infantil é de suma importância e não pode ser esquecida ou posta em segundo plano
uma vez que afeta todas as áreas do desenvolvimento da criança e impacta na saúde física e mental da família e
no rendimento escolar, com suas óbvias consequências na vida adulta. Os impactos causados pela angústia
familiar, situações de conflito e desempenho social inadequado na infância são difíceis de mensurar, se não
tratados corretamente e com o devido acompanhamento multidisciplinar (psicólogo, psicopedagogo, médico,
família, escola etc.) continuarão se manifestando no adulto

Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/crian%c3%a7as-jardim-da-inf%c3%a2ncia-
jogar-6733759/
Obrigada!
Professora Luciana Fernandes

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