Você está na página 1de 10

PROCESSO DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO

Por

LUCIANE CORDEIRO DOS SANTOS

RECOGNI COSULTORIA EDUCACIONAL


Brasília - DF
61 99199.9552
pondconv@gmial.com
CONCEITOS:

Para melhor compreender qualquer desenvolvimento é necessário que se pense no


conceito de processo. Os significados de processo, segundo o dicionário Aurélio, refletem esta
afirmação: “1. Ato de proceder, de ir por diante; seguimento, curso, marcha. 2. sucessão de
estados ou de mudanças. 3. maneira pela qual se realiza uma operação, segundo determinadas
normas; método, técnica” (Ferreira, 1988 : 530). O processo passa por uma sequência lógica
de meios.

Em um processo tem-se a ideia de algo que nunca termina, algo se processando, algo
em andamento, o processo se insere naquilo que é cíclico, logo se dá mediante etapas fases e
interação.

Por isso quando falamos em desenvolvimento humano, falamos também de


mudanças e estabilidade ao longo do ciclo de vida humana.

Essas transformações elas são constantes desde o nascimento até a velhice do


indivíduo. Não vamos entrar muito na historicidade desses estudos, mas vamos traçar aqui
uma rápida cronologia acerca destes, mais como uma forma introdutória do nosso bate papo
hoje.

Aprendizagem pode ser compreendida como um conjunto de competências: saberes;


valores; comportamentos e habilidades que são adquiridos através de estudos, experiencia,
observação...; logo podemos dizer que o processo de aprendizagem acontece ciclicamente
através de sequencias de acontecimentos inter-relacionais durante a trajetória do indivíduo.

De forma que todo acontecimento envolto na vivencia humana, de uma forma ou


outra, pode nos trazer algum conhecimento e nesse sentido estabelecer-se em aprendizagem,

evoluímos - nos possibilitem fazer relações cognitivas cada vez mais acentuadas e
complexas.

A partir de Jean Marc-Gaspar Itard no século XVIII e seu menino nu, onde toda a
comunidade cientifica se questionavam se o desenvolvimento é inato adquirido ou ambos,
surge as primeiras tentativas de se estudar o desenvolvimento humano de forma sistemática,
Itard acredita que tudo que o homem sabe ele aprende. Darwin com sua teoria da evolução
traz respeitabilidade para os estudos do desenvolvimento de bebes; no século XIX a
psicologia do desenvolvimento se configura como ciência; chegamos ao século XX com os
Estudos de Freud e de Jean Piaget.

Com os avanços dos estudos científicos

Várias são as teorias desenvolvimentistas estudadas. Podemos dividi-las em: 1)


Teorias psicanalíticas, discutidas por Sigmund Freud e Erik Erikson; 2) Perspectiva da
Aprendizagem que se subdivide em condicionamento clássico, condicionamento operante e
teoria da aprendizagem social; 3) A perspectiva Cognitiva de Piaget e Vygotsky.
Freud propõe três componentes básicos estruturais da psique: Id, Ego e Superego.

Vygotsky a teoria comportamental


Tanto Piaget como Vygotsky concebem a criança como um ser ativo, atento, que constantemente
cria hipóteses sobre o seu ambiente. Mas enquanto para Piaget a maturação biológica é o foco,
fatores internos preponderam sobre os externos e o desenvolvimento segue uma sequência fixa e
universal de estágios, para Vygotsky o ambiente é fator primordial, a cultura molda o
psicológico, logo se mudarmos o ambiente, o desenvolvimento também sofrerá uma mutação.
Neste sentido, não se pode aceitar uma visão única, universal, de desenvolvimento humano.
Não procuramos traçar qual é a mais certa, ou qual está errada, as teorias construídas até hoje em
um momento ou outro nos ajuda a traçar caminhos mais eficaz para o ensino aprendizagem.
Sendo todas elas válidas e de algum proveito.
Teoria Piagetiana
A Psicologia de Piaget está fundamentada na ideia de equilibração e desequilibração. Quando
uma pessoa entra em contato com um novo conhecimento, há naquele momento um desequilíbrio
e surge a necessidade, de voltar ao equilíbrio. O processo começa com a assimilação do elemento
novo, com a incorporação às estruturas já esquematizadas, através da interação. Há mudanças no
sujeito e tem início o processo de acomodação, que aos poucos chega à organização interna.
Começa a adaptação externa do sujeito e a internalização já aconteceu. Um novo desequilíbrio
volta a acontecer e pode ser provocada por carência, curiosidade, dúvida etc. O movimento é
dialético (de movimento constante) e o domínio afetivo acompanha sempre o cognitivo
(habilidades intelectuais), no processo endógeno.
Piaget trabalhou o desenvolvimento humano em etapas, períodos, estágios etc.
Erro na teoria Piagetiana
Se uma pessoa erra e continua errando, uma das três situações está ocorrendo:
 Se a pessoa não tem estrutura suficiente para compreender determinado conhecimento,
deve-se criar um ambiente melhor de trabalho, clima, diálogo, porque é impossível criar
estruturas necessárias. EX: não se deve ensinar conhecimentos abstratos, teorias
complicadas para uma criança que ainda não atingiu a faixa etária esperada, que se
encontra no período das operações concretas;
 Se a pessoa possui estruturas em formação, o professor deve trabalhar com a idéia de que
o erro é construtivo, deve fazer a mediação, ajudando o aluno a superar as dificuldades;
 Se a pessoa possui estruturas e não aprende, os procedimentos estão errados. O professor
fará intervenção para que o aluno tome consciência do erro. Em muitos casos quem deve
mudar os seus procedimentos é o professor
Vamos entrar agora nas especificidades de cada sujeito, e nas fases que se insere esse
aprendizado.
Vamos começar pela aprendizagem infantil.
Como deve se dar esse processo? O que priorizar?
Para a inserção de conhecimento à criança é primordial uma intencionalidade da ação
educativa pressupõe planejamentos e avaliações continuas, com abertura para o imprevisível.
A criança neste sentido está na centralidade das construções de ferramentas e propostas
educativas, essas propostas tem que ser voltadas para elas assegurando lhes o papel de
protagonistas dessas ações. Precisa-se desconstruir o mito de infância feliz, porque como em
todos os estágios da vida do sujeito, esse também pode ter suas fases de infelicidade, já que
nem toda infância pode ser denominada como feliz, o contexto em que se insere o sujeito
dessa ação quem vai determinar se o é ou não.
Neste aprendizado o adulto é o agente mediador e o agente de cultura. A atividade lúdica
deve ser o eixo do processo educativo nesta etapa.
A criança vai aprender sentidos como convívio social, interação com o outro ampliando o
conhecimento de si e do outro, com adultos, com pequenos e grandes grupos, o aprendizado
nessa etapa tem que proporcionar a criança o contato com diferentes linguagens, o respeito a
diversidade, às diferenças entre culturas e entre as pessoas.
A criança deve ser dada a oportunidade de se expressar, de conviver, de explorar, brincar,
participar e conhecer-se.
Quando a criança nasce, existe uma plasticidade cerebral, A primeira infância é um
período onde o cérebro cresce e se desenvolve de forma mais plástica, ou seja, tem uma
capacidade maior de modelar sua estrutura e funcionamento de acordo com as experiências
vividas significativamente. Ou seja, o sistema nervoso central pode modificar algumas das
suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações do ambiente.;
Nos 3 primeiros anos a carga emocional se instala e fica armazenada pelo resto da vida, é
um período determinante sendo a base do desenvolvimento neurológico;
Entre 5 e 7 anos, o cérebro da criança tem um salto significativo em suas funções, e a
partir daí desenvolve a responsabilidade e a independência;
Por volta de 12 ou 13 anos, o cérebro entra num processo de reconstrução, e de 13 a 19
anos ocorre uma série de alterações no córtex pré-frontal;
Desta forma o aprendizado não se dá somente por metodologias, mas precisa contar com
a parte neurobiológica do indivíduo.
Três questões importantes que dizem respeito à natureza do desenvolvimento. Uma delas
diz respeito ao desenvolvimento que ocorre através da acumulação gradual de conhecimento
ou por turnos a partir de uma fase de reflexão para o outro.
A outra questão diz respeito ao conhecimento inato ou valor as coisas através da
experiência.
Uma terceira área significativa são os contextos sociais que afetam esse
desenvolvimento.
Podemos notar que não se aplica aqui uma ou outra teoria, mas uma multi-dimensão de
fatores, tanto externos quanto internos concernente ao ator desse processo de aprendizagem.
Segundo a (Organização Pan-Americana de Saúde, 2005. p. 11)
Também, desenvolvimento infantil pode ser caracterizado como “um processo que vai
desde a concepção, envolvendo vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando
pela maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança”.
A criança aprende por meio de exemplos, de convivência com outro, com suas próprias
particularidades.
Segundo Piaget, a criança se adapta ao mundo de forma cada vez mais satisfatória. O
processo de adaptação ocorre por meio de sub processos: esquemas (ações mentais ou
físicas), assimilação (absorver algum evento ou experiência em algum esquema),
acomodação (modificar o esquema a partir das novas informações absorvidas pela
assimilação) e equilibração (criança luta por coerência tentando entender o mundo em sua
totalidade.
Propõe quatro estágios ou períodos do desenvolvimento da criança: os estágios sensório-
motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório concreto (7 a 11 anos) e operatório
formal (12 em diante). Enfatizaremos apenas os dois primeiros estágios de desenvolvimento
por abrangerem a idade considerada para o Programa de Estimulação Essencial.
Sensório-motor (0 a 2 anos): Nesse período o bebê realiza o processo adaptativo básico
de tentar compreender o mundo que o cerca. Assimila informações limitando-se em séries de
esquemas sensório-motores e se acomoda baseando em suas experiências. Para Piaget, esse é
o ponto de partida do desenvolvimento da criança. Podemos exemplificar essa etapa como o
desenvolvimento das coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos do
próprio corpo e os pensamentos das crianças está vinculado ao concreto. Vai aprimorando as
habilidades de acordo com o que lhe é oferecido e maturação do sistema nervoso central.
Pré-operatório (2 a 7 anos): Há o uso de símbolos em muitos aspectos do
comportamento da criança. Nessa etapa por exemplo, as crianças começam a representar
ações na brincadeira. O egocentrismo aparece assim como a descrição de conservação. O
pensamento da criança está centrado nela mesma, é um pensamento egocêntrico. É nesta fase
que se apresenta a linguagem, como socialização da criança, que se dá através da fala, dos
desenhos e das dramatizações.
- Vygotsky:
A perspectiva de Vygotsky sobre o desenvolvimento é uma perspectiva sócio cultural ou
contextual. Considera-se que o desenvolvimento da criança é um produto de sua cultura e
que o pensamento, a linguagem e os processos de raciocínio se desenvolvem por meio das
interações sociais com outras pessoas.
Para ele, as formas complexas de pensamento têm suas origens em interações sociais,
orientadas por um adulto ou criança mais experiente. Chama isso de mediação ou,
aprendizagem mediada, chamando a atenção para o desenvolvimento dos processos mentais
superiores (planejar ações, conceber consequências para uma decisão, imaginar objetos).
APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE
A adolescência é um período da vida caracterizado, em geral, pela simultaneidade de
descobertas, conflitos e prazeres, através do qual o sujeito constitui a sua identidade enquanto
indivíduo em uma sociedade1. Esta construção inicia desde o nascimento, mas é na fase
adolescente que a formação identitária se remodela em um ritmo mais acelerado, para então
se consolidar a fase adulta2.
O adolescente tem muitos questões controversas em sua mente, neste estágio o indivíduo
reside numa linha fronteiriça entre a infância e a idade adulta, , sem portanto ter
conhecimento ou certeza de seu lugar. As transformações do corpo e a ebulição dos
hormônios acarreta uma metamorfose humorística, alunos com estado de humor oscilante.
Surge a ansiedade e as dificuldades com matérias devido a esse estado alterado de suas
vivências, muitos carregam a marca do bullying, atravessam processos depressivos. Passam
pela incompreensão de seus familiares, que não entendem essas mudanças.
No decorrer dessa fase a autoridade da família e da escola são altamente questionada, ao
mesmo tempo que o sujeito busca se distanciar da figura adulta, por não se considerar mais
uma criança, ainda busca o refugio familiar para suas inseguranças. É possível notar nessa
fase a oscilação entre ser ou não ser uma criança, ser ou não ser um adulto.
A uma busca incessante por este sujeito da sensação de pertencimento, ele busca a
aceitação de grupos por afinidade, que lhe possibilitará a abertura para outros círculos
sociais, este movimento por esse adolescente é importante para sua caracterização e seu
desenvolvimento, fortalecendo a sua visão de pertencimento a uma realidade coletiva.
Pela teoria piagetiana é quando ocorre o estágio operatório formal a partir dos 12 anos.
O processo de aquisição de aprendizagem para o adolescente trás implicações diferentes
daquelas que são consideradas para as crianças nos primeiros anos de escolarização formal. É
na adolescência que os sujeitos estão em pleno estágio das Operações Formais, lidando com
a inteligência hipotético-dedutiva, apresentando maior capacidade de abstrações, predições,
fazendo relações entre o possível e o real, realizando operações mentais cada vez mais
complexas3,4. O amadurecimento de funções cognitivas como flexibilidade do pensamento,
planejamento, atenção e memória, além de outras funções importantes para aquisição dos
conhecimentos, também são características importantes dessa faixa etária 5.
Neste sentido, criar estratégias de ensino nesta faixa etária deve levar em consideração
aspectos contextuais que possam vir a impactar o processo de aprendizagem deste
adolescente. Fatores internos e externos devem ser considerados, como déficits e
preservações na cognição, relações familiares e sociais, vida laboral, deve se olhar mais
atentamente para o ambiente de aprendizagem do qual o adolescente faz parte, enriquecendo
esse ambiente com ferramentas que os ajudem em sua construção de identidade, as
oportunidades educativas ofertadas devem contemplar os interesses dessa faixa etária,
também devem ser observados para fins de planejamento as características específicas do
período, como mencionado anteriormente4,5
Estabelecer práticas diferenciadas e dinâmicas que envolvam a participação destes alunos
é muito importante, para que possam entender a importância de sua formação acadêmica,
correlacionar disciplinas com seu cotidiano, estabelecendo vínculos entre a matéria lecionada
e seu contexto social. Trazer movimentos que estimulem o aluno e despertem o seu
interesse, usando filmes, trabalhos de pesquisa e debates, sempre buscando associar o
conhecimento da disciplina a vida cotidiana do aluno.
Estabelecer um vinculo com o aluno através da interação é muito importante, 6a relação
professor/aluno pode ser considerada uma das questões mais complexas do processo ensino
aprendizagem, pois “o trabalho do professor depende da colaboração do ‘aluno’. […]
Ninguém ensina quem não quer aprender”.
Introduzir práticas a partir do uso da tecnologia o uso das tecnologias contribui para a
aprendizagem dos alunos, se apresentam como “aulas diferenciadas”, incentivam e
possibilitam a pesquisa e a aprendizagem do conteúdo proposto. Ir 7“adequando”
ensino/aprendizagem, com a utilização de mídias visuais, digitais e auditivas, o que contribui
para expandir o acesso à informação atualizada, permitindo ao adolescente estabelecer novas
relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais [...]”.
É possível desenvolver um bom trabalho de ensino a partir de práticas diferenciadas
aliadas as tradicionais, envolver o aluno e resgatá-los de suas angústias, é importantíssimo; é
de vital o importância, que esse sujeito tenha um lugar para estabelecer seus
questionamentos, para legitimar suas ideias e expressar seus pensamentos.
Tudo o que falamos até agora acerca do aprendizado do adolescentes também pode ser
utilizado para o ensino e aprendizagem de jovens e adultos, com um olhar diferenciado, esse
sujeito do conhecimento trás consigo uma vivência, uma identidade de quem por n fatores
teve que deixar sua formação de lado, teve que adiar esse momento de aquisição de
conhecimento, sua mente estará permeada de questões mais sérias. Algumas estratégias
talvez não caibam aqui, mas na sua grande maioria todos podem ser adequadas a essa
clientela.
O8 ensino realizado exclusivamente de modo “verbalista”, entendido como uma mera
transmissão de conteúdo, não encontra mais espaço nos dias atuais. “É preciso que o
professor medeie a relação ativa do aluno com a matéria, levando em conta as experiências e
os significados que os alunos trazem para sala de aula, o potencial cognitivo, capacidades,
interesses, modo de pensar e de trabalhar”. Daí a importância de romper com aulas voltadas
apenas para o livro didático ou o quadro de giz.
Essa forma de ensinar “já não é aceita pelos jovens nos dias de hoje, pois o perfil é de
querer mais, querer aprender de forma contextualizada com o seu cotidiano, de forma
dinâmica, prazerosa, com encaminhamento metodológico que propicie a aprendizagem” 9. As
aulas diversificadas e dinâmicas propiciam aos alunos aprender de forma participativa e
contextualizada.
Para o jovem adulto a contextualização do aprendizado é muito importante, qual a
perspectiva desse ensino? Que praticidade aprender isso pode acarretar no meu cotidiano? Os
conceitos devem ser passados de maneira técnica e baseadas sempre em exemplos funcionais
para que eventualmente não venha ocorrer uma nova evasão por parte desse indivíduo.
Neste contexto podemos dizer que o produto educacional está fundamentado na Teoria de
aprendizagem significativa de Ausubel e busca interagir com os conhecimentos prévios do
aluno e assim relacionar conceitos com consequências diárias.
Contudo é importante enfatizarmos que a demonstração experimental em sala de aula não
é um recurso pedagógico autossuficiente, pois ela depende da ação do professor, de sua
capacidade de fazê-la funcionar adequadamente e de torná-la um elemento desencadeador
das interações sociais na sala de aula, levando ao processo de ensino-aprendizagem.
O que o aluno já sabe, aliado a estrutura cognitiva e pré-disposição em aprender, funciona
como ancoragem aos novos conceitos, bem como, modificações relevantes nesta estrutura,
resultando no subsunçor, que para Ausubel é um facilitador da Aprendizagem Significativa.
1) Os subsunçores são, em linhas gerais, os conhecimentos prévios, a visão do aluno
sobre o assunto ensinado. Este conhecimento prévio não pode ser desprezado.
2) O material potencialmente significativo, através do qual o aluno terá contato com
conteúdo a ser ensinado. Muitas vezes, o conhecimento prévio sobre o assunto está disperso
na estrutura cognitiva de alguns alunos em mais de um subsunçor, ou mesmo, pra outros não
existe ainda um subsunçor. Por isto, o material deve conter o que chamamos de
organizadores prévios, ou seja, uma etapa em que o aluno seja questionado e colocado para
pensar sobre aquele tema. Além disto, o material deve fomentar interação e envolvimento
com o ato de aprender.
3) A pré-disposição em aprender, que o aluno deve apresentar. Isto significa que não
adianta apenas haver conhecimentos prévios, o material ser potencialmente significativo.
Sem a pré-disposição do aluno a aprendizagem significativa não ocorre.
Vou citar um dos muitos exemplos, chamar um aluno que trabalhe na construção civil,
para apresentar detalhes sobre medidas de matérias para construção, e ir correlacionando isso
com estudos temáticos como por exemplo a dilatação térmica estudada em física.
Vai ser muito mais fácil para esse aluno absorver esses conceitos visto que a prática já
está intrínseca em seu contexto diário.
Existem n estratégias para levar o ensino ao aluno, mas no meu ponto de vista o trabalho
com o ensino de Jovens e adultos precisa ter algum significado relevante para essa clientela,
visto que são pessoas em idade produtiva, e que buscam ampliar seus conhecimento de
maneira que agregue valor ao seu contexto diário.
Já fazendo uma ponte aqui para o processo de aprendizagem do idoso, pois nosso
desenvolvimento não para, diante das limitações psicológicas, físicas e neurológicas pelas
quais passam a pessoa idosa, é importante uma melhor compreensão de seu ritmo,
habilidades cognitivas e fragilidades características deste estágio do desenvolvimento
humano, para que assim, possa ser feito intervenções diretivas e com objetividade tornando a
pessoa idosa integrada dentro do processo de aprendizagem, não apenas no ambiente escolar,
como também, em diferentes contextualizações socioculturais.
“O aprender é um dos principais domínios de capacidade funcional. Trata-se de uma
capacidade fundamental para as pessoas. Os idosos podem fazer as coisas que eles valorizam.
Se o processo de envelhecimento saudável tem como objetivo promover e manter a
capacidade funcional, então eles devem fazer o que são capazes de fazer, e aprender é uma
das vias a serem percorridas.”
Foi desenvolvido pelo Barômetro da Dívida Social com o Idoso, da Pontifícia
Universidade Católica Argentina, em parceria com a Fundação Navarro Viola e o Banco
Supervielle um estudo sobre a capacidade de aprender em idosos, segundo a OMS ao
continuar com o processo de aprendizagem, os idosos podem adquirir conhecimentos e
habilidades para controlar sua saúde, acompanhar o processo tecnológico da sociedade, o que
contribui para a adaptação de seu envelhecimento, manter sua identidade e manter o interesse
pela vida.
Neste contexto é muito importante a utilização de temas geradores, como Estatuto do
Idoso para trabalhar a Alfabetização e socialização de Temáticas do contexto sócio-histórico
dos idosos, Tecnologias da Informação e saúde e prevenção e qualidade de vida.
Estratégias para que o idoso continue com seu processo de aprendizagem envolve muito
mais que está de posses de teorias e conceitos, mas entender que aprender, como diz
Vygotsky, é um processo complexo que envolve estruturas complexas; o idoso tem maior
parte de suas estruturas complexas amadurecidas, contudo só isso não garante os processos
de aprendizagem. A condição cognitiva, funções mentais – pensamento, memória, percepção
e atenção -biologicamente podem ser alteradas no processo de envelhecimento humano.
Desta maneira, se esses processos estiverem danificados ou prejudicados, de modo direto
podem afetar nos processos de absorção e internalização do conhecimento. Fazendo
referência às peculiaridades e diversidades do coletivo dos idosos, Martinez (1998) destaca que a
formação que se desenvolve para a terceira Idade deve partir das necessidades sugeridas
pelos próprios idosos, sob pena de ser pouco significativa para eles.

BIBLIOGRAFIA
1. Macedo MMK, org. Adolescência e Psicanálise: Intersecções Possíveis. 2 a ed. Porto
Alegre: EDIPUCRS; 2010.
2. Heidemann M. Adolescência e saúde: uma visão preventiva para profissionais de saúde
e educação. Petrópolis: Vozes; 2006.
3. Leonço VC. O aluno adolescente nas séries intermediárias: abordando o não-aprender
no contexto psicopedagógico [Dissertação de Mestrado]. Porto Alegre: Universidade Federal
do Rio Grande do Sul; 2000.
4. Oliveira VB, Bossa NA, orgs. Avaliação Psicopedagógica do Adolescente. 12 a ed.
Petrópolis: Vozes; 2010.
5. Cosenza RM, Guerra LB. Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende. Porto
Alegre: Artmed; 2011.
6. NÓVOA, A. A Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa,
2002.
7. ALMEIDA, M. E. B.; VIEIRA, A. T. ALONSO, M. (Orgs). Gestão educacional e
tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003.
8. LIBÂNEO, J.C. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências educacionais e
profissionais docentes- São Paulo: Cortez, 2008.
9. COUTINHO, J.S; CIGOLLINI, A. A. Alternativas Metodológicas para o ensino da
geografia nos anos finais do Ensino Fundamental. In: Os Desafios da escola pública
paranaense na perspectiva do professor PDE. Cadernos PDE. Paraná. V. 1. 2014.
10. [AUSUBEL 1963] D. P. Ausubel, Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma
perspectiva cognitiva, 1ª ed., Plátano Edições Técnicas, 1963.
11. MARTINEZ, Mariano Sanchez. La Semántica de la Terminología en la Educación de
los Mayores. La Gerontagogia. In: I JORNADA SOBRE PERSONAS MAYORES Y
EDUCADORES SOCIALES. Anais... Grupo Editorial Universitario: 1998.

Você também pode gostar