humano e o processo de
aprendizagem
Ana Cristina Bassler
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Introdução
Vamos dar início a mais uma unidade de aprendizagem. Teremos a oportunidade de
conhecer e ampliar o conhecimento sobre quatro estudiosos que contribuíram de
maneira relevante com a Psicologia da Educação e que trouxeram uma nova
perspectiva sobre o desenvolvimento humano, divergindo da ideia do behaviorismo.
Em sua teoria, Jean Piaget fala sobre o desenvolvimento do sujeito em função da sua
interação com o contexto de vida nas diferentes etapas do desenvolvimento.
Vigotsky traz em sua teoria postulados sobre o funcionamento intelectual. Wallon
aponta os estágios do desenvolvimento.
Carl Rogers, em sua teoria do desenvolvimento do sujeito, nos faz refletir sobre a
saúde e o bem estar como centro das nossas relações, diferente dos demais
estudiosos que focavam na doença.
Preparado para conhecer novas teorias relacionadas à evolução do aprendizado?
1. Piaget: psicogênese do
desenvolvimento humano
Jean Piaget foi um estudioso que trouxe à luz a psicologia cognitiva, que tem como
base os processos mentais superiores como a percepção, formação de conceitos,
solução de problemas e tomada de decisão.
A teoria cognitiva demonstra como processos mentais trazem entradas e saídas para
nosso desenvolvimento, de que forma a mente entende as situações que lhe são
apresentadas e quais suas consequências.
Lakomy (2012) aborda quatro fatores que Piaget considerou como responsáveis pelo
desenvolvimento cognitivo do aprendiz. O primeiro deles é o fator biológico que faz
referência à maturidade do intelecto para poder receber determinado
conhecimento. Por exemplo, uma criança só consegue desenhar uma letra se
apresentar prontidão para esta atividade.
Quando a criança começa a se relacionar com as pessoas e cenários à sua volta, ela
começa a agir efetivamente na realidade que a envolve. Este agir não significa
somente uma ação externa. O pensamento e as conexões feitas mentalmente fazem
parte deste aspecto também.
Para agir é necessário o que Lakomy (2012) chamou de esquema de ação. Isto
significa que é necessário elucidar e organizar seus comportamentos para que,
repetidamente, coloque-os em prática em diferentes situações. Vamos imaginar a
cena do bebê jogando um objeto no chão quando a mãe, o pai ou a avó está por
perto. Cada um pode ter uma reação diferente e a mesma pessoa também pode
apresentar reações diferentes dependendo do dia. Ao realizar estas conexões o bebê
começa a mobilizar seus esquemas de ação e vai modificando-a.
Esta troca com o meio gera o desenvolvimento da inteligência por meio das
adaptações que vão sendo geradas. Quando a criança se depara com uma nova
situação há um desequilíbrio, pois ela não sabe como lidar. Então ela procura dentro
dos seus aprendizados anteriores de que maneira ela pode lidar com aquela
situação, adequando seu comportamento e voltando ao estado de equilíbrio.
A cada etapa, a criança desenvolve uma série de habilidades e conexões mentais que
vão se somando até que sua estrutura cognitiva esteja completa.
Estágio Sensório-Motor: etapa que vai de 0 aos 2 anos. Aqui as ações representam
reflexos básicos já que não há estrutura para ligar a ação e as sensações a uma
representatividade mental. Importante porém ressaltar que é uma fase essencial
para o desenvolvimento das próximas.
Estágio Pré-Operatório: etapa que vai dos 2 aos 7 anos. A criança consegue
estabelecer a diferença entre o significante e seu significado. Por exemplo, ao ouvir o
latido de um cachorro ela pensa no animal e o imita.
Estágio das Operações Concretas: etapa que vai dos 7 aos 13 anos. A criança já é
capaz de realizar uma ação de maneira lógica que foi interiorizada em algum
momento. Já consegue ter um pensamento reversível como em contas matemáticas (
2 x 3 = 6 ou 6 ÷ 2 = 6) mesmo que ainda seja necessário o concreto. Já consegue
coordenar esta possibilidade com outras ações, pois admite a possibilidade de uma
inversão e coordenação com outras intrínsecas. Mas ainda precisa do concreto para
realizar essas operações, embora já esteja apta a considerar o ponto de vista do
outro, sendo que está saindo do egocentrismo.
Estágio Operatório – Formal: etapa que vai dos 13 anos em diante. Nesta fase vivida
pelo adolescente já é possível pensar de maneira lógica, mesmo quando a realidade
não é compatível com o pensamento. Funções como proporções, probabilidades,
hipóteses e deduções complexas e abstratas acontecem de maneira natural.
2. Vigotsky: o aprendizado
como um processo social
Para Vygotsky, teórico contemporâneo de Piaget, o contexto social e o
desenvolvimento cognitivo caminham juntos. Dentre os vários conceitos e estudos, o
ponto alto foi demonstrar a importância da fala no desenvolvimento do indivíduo.
Durante todo seu estudo, ele busca compreender a maneira como os processos
psicológicos acontecem e de que forma a genética influencia no desenvolvimento
humano.
Por meio de experimentos, ele concluiu que “os homens precisam de signos para
aprender” (Lakomy, 2012, pg 40). Símbolos ou sinais contribuem para um
aprendizado mais efetivo e são utilizados para lembrar o que é dito. Ao realizar
estudos com crianças a partir de figuras, a associação da linguagem com o objeto
acontecia de forma mais efetiva.
Outro conceito que veio por meio dos estudos de Vygotsky é a zona de
desenvolvimento proximal – espaço que existe entre o que a criança sabe e o que ela
precisa saber para se chegar naquele ponto do seu desenvolvimento. Neste
contexto, existe um espaço entre o real e o potencial, que deve ser trabalhado e
estimulado pelo professor.
Vamos voltar ao exemplo do amarrar os sapatos. Ensinar para uma criança que já
sabe como fazer não traz efeitos, assim como também não é efetivo ensinar esta
ação para uma criança de 6 meses, pois esta habilidade está muito distante do
desenvolvimento de suas funções psicológicas. Porém uma criança de 5 ou 6 anos
será beneficiada com este aprendizado, pois o processo de desenvolvimento deste
processo já se iniciou.
3. A afetividade de Henry
Wallon: desenvolvimento
intelectual pelo corpo e pelas
emoções
Wallon desenvolveu a teoria da afetividade, trazendo esta dimensão ao lugar central
do processo de aprendizagem. Sua cooperação foi no sentido de entender como a
afeição contribui para o desenvolvimento pessoal e cognitivo do indivíduo,
fornecendo o primeiro e mais importante vínculo entre as pessoas. É por meio da
afetividade que a pouca habilidade cognitiva no início da vida provê a sobrevivência
dos bebês. Nesta teoria, afetividade e inteligência se desenvolvem juntas desde o
primeiro ano de vida.
O bebê, quando vem ao mundo, só consegue se comunicar pelo choro. O choro pode
ser interpretado de diferentes maneiras. Para Freud, o choro representa a angústia
da separação da mãe; já o fisiologista entende o choro como uma ação física que
acompanha os reflexos respiratórios. Mais tarde pode representar dor ou fome.
A influência que o choro provoca no ambiente em que o bebê vive acaba por definir
as ligações afetivas que são estabelecidas. Existe uma diversidade de emoções que
vão sendo demonstradas a partir da maturação funcional do ser. Justamente pela
etapa da maturação física, algumas manifestações como a agressão, a ameaça ou o
medo aparecem, mesmo em crianças que nunca foram agredidas ou ameaçadas.
Outro ponto de atenção é lembrar que a criança se espelha em quem faz parte da
sua convivência, por meio da imitação e de referenciais. Portanto, é relevante que o
adulto observe se o comportamento da criança não é um reflexo do seu próprio
comportamento. A oposição às regras e situações impostas ao grupo podem surgir
como uma maneira de buscar a diferenciação baseada em suas próprias opiniões.
Assim, o adulto que conduz o processo de aprendizagem deverá estar atento e
consciente desta forma de agir do aprendiz.
Como mediador da educação, cabe ao professor conhecer e saber como agir junto
aos alunos e principalmente respeitar as características e peculiaridades das
mesmas, tendo-se também como referência seus estágios de desenvolvimento.
4. O humanismo de Carl
Rogers: uma psicologia voltada
para o desenvolvimento da
pessoa.
Uma nova teoria nascia em meados do século XX em contraposição às teorias da
aprendizagem que pregavam o determinismo ambiental ou os instintos mais
primitivos.
Carl Rogers trouxe à luz a teoria humanista que estava alicerçada na filosofia
existencialista, que tem como direcionador a busca individual para encontrar as
razões e motivos da existência pessoal, além de exercer liberdade com
responsabilidade. Os humanistas entendem que cada indivíduo tem capacidade e
discernimento para fazer as melhores escolhas para seu desenvolvimento pessoal.
Considerando que todo indivíduo é bom, tem potencial para crescer e está em busca
do seu melhor sempre, Carl Rogers gerou um novo olhar sobre as teorias do
desenvolvimento, entregando a cada um a tarefa de buscar a evolução constante.
A valorização acontece pelo indivíduo, considerando o que ele faz, como ele constrói
os pensamentos e não apenas pela sua inteligência.
Síntese
Chegamos ao fim de mais uma unidade de ensino. Diferentes pontos de vista foram
apresentados e pudemos entender um pouco mais sobre os conceitos e
contribuições das teorias construtivista, da afetividade e humanista para o
desenvolvimento e aprendizado.
Quanto aprendizado não é mesmo? Mas você consegue diferenciar cada uma das
teorias? Qual a importância de cada uma para o contexto escolar? Diante das teorias
apresentadas, qual delas é mais significativa para você?
O papel desempenhado pelo professor nos dias de hoje pode e deve se utilizar de
todos os estudos apresentados, trazendo para a sala de aula uma combinação das
teorias. Pesquisas mostram que o aprendiz do futuro deve ter 3 competências
desenvolvidas: