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ANÁLISE SOBRE PIAGET E VYGOTSKY

1. A abordagem Piagetiana
Jean Piaget (1986 – 1980) foi um biólogo, psicólogo e epstemólogo
suíço que teve importante contribuição para o desenvolvimento da psicologia
e é considerado um dos mais importantes pensadores de sua época.
 Piaget desenvolveu, a partir do interesse em compreender como o
homem elabora o conhecimento, o que ele mesmo chamou de “psicologia
genética”, devido à sua psicologia buscar as origens e processos de
formação do pensamento e do conhecimento.
A fim de descrever como o ser humano elabora seus conhecimentos
sobre a realidade, Piaget interessou-se fundamentalmente pelas
particularidades do pensamento e da lógica das crianças. Assim, buscou
solucionar tal questionamento a partir do estudo do desenvolvimento do
pensamento da criança. Porém, Piaget não debruçou seus estudos acerca
do pensamento infantil motivado por interesses na infância, isso se deve ao
fato de a infância ser considerada o período de formação do pensamento
que só se conclui na fase adulta.
Devido a sua formação em Ciências Naturais, Piaget buscou
compreender o conhecimento com base na biologia, defendendo que
“conhecer é organizar, estruturar e explicar a realidade a partir daquilo que
se vivencia nas experiências com os objetos do conhecimento” (p.45).
Porém, segundo ele, experiência não é o mesmo que conhecimento, ela se
dá a partir de um sistema de relações.
1.1 Conhecimento e adaptação: os processos de assimilação e
acomodação

A introdução de um objeto de conhecimento num sistema de


relações, para Piaget, se dá por meio da ação do indivíduo sobre o objeto,
agindo sobre o meio, o indivíduo incorpora elementos pertencentes ao meio.
Tal incorporação, o estudioso chamou de assimilação. Porém, ao mesmo
tempo que se incorpora esses elementos, também modifica-se
conhecimentos, ideias anteriores (assimilações anteriores), essa
modificação foi denominada acomodação. Desse modo, a inteligência é um
processo de assimilação e acomodação por permitir ao individuo incorporar
dados da experiência, bem como por tais dados incorporados interferirem e
modificarem o funcionamento cognitivo da pessoa.

A partir dessa assimilação e acomodação, pode-se observar duas


características durante o processo de desenvolvimento da criança:

 Noção de esquema: ao nascer, a criança é dotada de reflexos


(reações automáticas a certos estímulos). A assimilação
transforma tais reflexos que vão se tornando gradativamente mais
complexos e flexíveis. O esquema de ação é o que pode ser
generalizável em uma ação, que permite classificá-la e diferenciá-
la de outras ações. A organização da realidade por meio da ação
desencadeia o início do desenvolvimento cognitivo da criança; os
esquemas de ação interiorizam-se e transformam-se em
esquemas mentais originando o pensamento.
 Noção de equilibração: a equilibração, para Piaget, é um
processo de auto-regulação que ocorre no processo de
desenvolvimento da criança juntamente com a maturação e a
experiência adquirida em seu contato com o ambiente. A criança
acomoda ou coordena seus esquemas de ação graças a essa
auto-regulação. O processo de equilibração leva a um estado
superior em relação ao inicial que possibilita uma abertura para
novas possibilidades de ação.

Na concepção Piagetiana, o desenvolvimento é “um processo de


equilibrações sucessivas que conduzem a maneiras de agir e de pensar
cada vez mais complexas e elaboradas” (p.48). A criança passa de um
estágio de desenvolvimento cognitivo a outro quando suas ações e
pensamentos tornam-se insuficientes para solucionar seus problemas em
relação ao meio. Essa insuficiência leva a criança a desenvolver ações e
pensamentos mais elaborados.

1.2 Os estágios de desenvolvimento cognitivo


Piaget destaca quatro períodos principais de desenvolvimento
cognitivo: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório
formal.

O período sensório-motor (do nascimento até aproximadamente 2


anos de idade): Nesse período a criança passa do período neonatal, onde
os reflexos são inatos para outro onde, a partir de assimilação e
incorporação de novos elementos, ela já é capaz de uma organização
motora e perceptiva dos fenômenos do meio. Nessa fase a consciência da
criança sobre o meio externo expande e agora ela age com um propósito,
surge a intencionalidade, desenvolve-se a função simbólica organizando o
eu e o mundo no plano representativo

O período pré-operatório (dos 2 aos 7 anos): caracteriza-se pela


capacidade da criança de tratar os objetos como símbolos de outra coisa.
Surgem as condições para aquisição da linguagem. A criança reconstruirá
no plano da representação o que já havia construído no plano da ação
prática. Ela ainda não é capaz de se colocar no lugar do outro nem de
avaliar seu pensamento. O tipo de percepção que tem dos objetos determina
o tipo de raciocínio que faz sobre eles.

O período das operações concretas (dos 7 aos 11 anos): fase onde a


criança torna-se capaz de compreender o ponto de vista alheio, nessa fase
são formadas as bases para o pensamento lógico. Através de operações, os
conhecimentos construídos pela criança nas fases anteriores, vão tornando-
se conceitos

O período das operações formais (dos 11 aos 15 anos): o indivíduo


torna-se capaz de pensar abstratamente e refletir sobre situações hipotéticas
de forma lógica. Diferentemente dos estágios anteriores, as hipóteses
podem ser formuladas em palavras, as operações mentais não são mais
aplicadas apenas a objetos. O adolescente torna-se capaz de pensar sobre
seu próprio pensamento, tomando cada vez mais consciência das operações
que realiza e pode/deve realizar em relação a diversos problemas.

1.3 Pesquisando a criança: o método clínico


A partir de trabalhos na padronização de testes de inteligência,
após obter das crianças respostas consideradas erradas, Piaget
buscou compreender “quais seriam as razões para as falhas das
crianças em compreender determinadas coisas”(p.53), a maneira
de pensar da criança em diferentes idades. Desenvolveu, assim,
um método de observação baseado ao que os psiquiatras
utilizaram como meio para elaboração do diagnóstico, onde
deixava-se a criança falar observando-se a maneira como ela
desenvolve seu pensamento. Esse método clínico e a observação
de seus próprios filhos colaboraram para a elaboração da teoria
piagetiana sobre o desenvolvimento cognitivo da criança.

1.4 Desenvolvimento, aprendizagem e educação: a influência da


abordagem piagetiana na escola

A teoria piagetiana entende que a criança aprende ou não


determinada coisa de acordo com o nível de suas estruturas
cognitivas, a criança não incorpora o que não esteja compatível com
seu estado cognitivo. Com base nessa teoria, a prática pedagógica
estrutura-se na concepção de que a escola deve dar oportunidades
à criança de agir sobre os objetos do conhecimento e o professor
assume a função de agente facilitador e desafiador dos processos
de elaboração desta e não atua como transmissor de
conhecimentos, visto que a criança, nessa perspectiva, é quem
constrói seu próprio conhecimento.

2. A abordagem Histórico Cultural


O teórico de desenvolvimento cognitivo Lev Vygotsky (1896 – 1934)
foi um estudioso que apesar de seu pouco tempo de vida trouxe grandes
contribuições para os campos da educação, psicologia entre outros.
Liderou junto a um grupo de soviéticos um estudo que tinha o interesse em
explicar como se formaram as características tipicamente humanas de seu
comportamento e como elas se desenvolvem em cada indivíduo,
constituindo assim a base da abordagem histórico cultural em psicologia.
Esta abordagem tem como princípio orientador a abordagem sócio
histórica do psiquismo. Segundo esse princípio tudo que é especificamente
humano e o torna diferente de outras espécies surge a partir do contato
social, o modele de se construir relação com mundo e consigo mesmo,
bem como todo seu funcionamento psicológico é o que constitui as
relações sociais criadas pelo homem.

Vygotsky e um grupo de colaboradores como Luria, Leontiev e


Sakarov observaram nas crianças um aspecto importante para esse
estudo: notou-se que as crianças não nascem apenas de um mundo
natural, mas a partir do contato com outras gerações criando
sociabilidades, desde o nascimento elas estão em contato com adultos
criando uma relação de pertencimento a determinadas esferas sociais.

Nesse sentido é importante ressaltar que as características


biológicas como as reações naturais estão entrelaçadas com os processos
culturais de uma determinada sociedade, moldando o modo do ser humano
se relacionar. As teorias de Vygotsky questionam as teorias de seus
contemporâneos defendem a ideias de que “ Cada indivíduo aprende a ser
homem” tendo em vistas que a relação entre o homem e o meio físico não
se apresenta de forma natural, mas a partir da um processo de adaptação.

Para melhor compreender estra transformação que antes era limitada o


biológico e a partir de Vygotsky, devemos levar em consideração alguns
pontos:

 O homem cria instrumentos, que transforma o se comportamento


aos os modos de ação naturais.
 São utilizados signos, considerados como instrumentos psicológicos
para tornar presente algo que está ausente. Estão presentes tanto
nas coisas simples do dia a dia como nas mais complexas.
 Destaca-se também que interação com o outro é uma peça chave
na compreensão da abordagem histórico cultural. O estudioso
explica a partir dos exemplos com crianças, como o contato com
outras pessoas colaboram nos processos de aprendizagem. Neste
sentido o grupo social é o grande responsável para o
desenvolvimento e construção de sentidos na infância.
 Ao processo de reconstrução de saberes culturais Vygotsky dá o
nome de internacionalização.

2.1 Pesquisando a criança: o papel do signo no desenvolvimento

Vygotsky estudou o comportamento de crianças em situações variadas e


demostrou que os estudos podem partir de concepções diversas, ao contrário dos
modelos tradicionais de laboratório, as pesquisas de Vygotsky forma feitas em
situações de brincadeira, conversas informais, nas escolas e no próprio ambiente
familiar.

Estes estudos não tiveram como foco, a respostas dos pesquisados, mas a
forma como se chegava a uma conclusão e as condições em que as respostas
foram elaboradas. Nesse estudo destacam-se uma reconfiguração do papel do
pesquisador para um mediador, alguém que interage conversas com os
pesquisados.

Um segundo estudo analisa o papel dos signos mediadores para se


desenvolver a atenção, no qual o autor destaca a sua importância seja como um
estímulo voluntário ou involuntários. Ainda na perspectiva da pesquisa com
crianças o estudioso se propôs a pensar como um elemento auxiliar colabora na
atenção da criança a partir de um teste com cartões coloridos que serviam como
elementos mediadores que ampliavam a capacidade de atenção.

2.2 Desenvolvimento, aprendizagem e educação: a influência da


abordagem histórico cultural na escola

Para Vigotsky o aprendizado e desenvolvimento caminham juntos, embora


cada um tenha suas particularidades um serve como impulso para a realização do
outro. O autor utiliza a relação entre o conhecimento de mundo e educação para
explicar que a última pode representar o desenvolvimento artificial da criança ao
reestruturar as formas de comportamentos adquiridas de forma natural, alguns
indicadores do desenvolvimento foram:
 Nível de desenvolvimento real: funções que se estabeleceram em ciclos de
desenvolvimentos já completados. (Voltados para o passado da criança)
 Nível de desenvolvimento proximal: modo da criança agir e pensar com o
auxílio das outras pessoas (aquilo que a criança consegue fazer com ajuda
de um adulto ou de outra criança).

Dois ponto importante merecem destaque: Um primeiro ponto positiv, que


Vygotsky observou no tocante ao desenvolvimento infantil é que mediante estes
níveis, com o passar do tempo a criança consegue realizar atividade sozinha sem
a necessidade de adultos. O segundo está na possibilidade de aprender com um
adulto.

3.3 O papel da escolarização (isso não seria 2.3?)

O processo escolar é uma necessidade que colabora para a reelaboração


de conhecimentos, mesmo quando já se possui algum conhecimento prévio, é no
ambiente escolar que as relações com o mundo são modificadas, o aluno aquele
local corresponde a um espaço passível de aprendizados.

Vygotsky destaca a importância do professor, que ao apoiar, estimular e


acompanhar o aluno constrói um desenvolvimento que não se ampliaria
naturalmente, enfatizando assim a função mediadora da escola.

Não sei o que colocar aqui como título da comparação entre os dois e eu
posso desmaiar de sono a qualquer momento. Coloca aqui um título, um 3 º
ponto, não sei...

Após uma leitura e estudo acerca das teorias apresentadas por Piaget e
Vygotsky é possível observar semelhanças e diferenças em suas concepções.

Piaget e Vygotsky assemelham-se, basicamente, ao considerarem as


relações entre o indivíduo e o meio como determinantes para a elaboração dos
processos psíquicos, bem como a inteligência que, segundo ambos, é construída
a partir de tais relações. Os dois teóricos consideram a relevância de
compreensão da origem dos processos cognitivos. Ambos dão atenção ao nível
de desenvolvimento da criança e definem, com base nesses níveis, certas
“limitações” de aprendizado em cada fase de desenvolvimento. Assemelham-se,
ainda, por utilizarem de métodos qualitativos com a intenção de observar os
fenômenos estudados em uma característica dinâmica e não apenas resultados
isolados.

Porém, as duas teorias desenvolvidas pelos dois pesquisadores também


apresentam divergências. Dentre elas, pode-se observar e destacar que Vygotsky
considera o ambiente social e suas variações como determinantes para possíveis
variações do desenvolvimento humano, para ele não há um “único modo” de
desenvolvimento. Já Piaget considera o desenvolvimento uma característica
biológica, dessa forma os fatores externos (ambiente social) não interfere nesse
desenvolvimento, já que para ele, o desenvolvimento possui uma sequência fixa e
única.

Divergem, ainda, quando Piaget descreve que a criança faz


representações da realidade e elabora seus conhecimentos a partir do estágio de
desenvolvimento em que se encontra, de forma espontânea. Enquanto Vygotsky
afirma que desde o nascimento, a criança forma sua visão de mundo a partir do
convívio com os outros indivíduos (adultos), assim, o mundo social define a
característica individual da criança.

Os dois teóricos também opõem-se quando Vygotsky defende que os


processos de desenvolvimento de aprendizagem estão diretamente ligados, uma
vez que quanto mais um indivíduo aprende, mais ele se desenvolve. Em
contrapartida, Piaget observa que o processo de aprendizagem não está ligado
ao desenvolvimento, ela não gera influências sobre ele, já que, como dito
anteriormente, Piaget não considera a interação social como influente no
desenvolvimento.

Por fim, os dois apresentam ideias contrárias em relação ao papel da


linguagem em relação ao pensamento: para Vygotsky pensamento e linguagem
estão diretamente ligados, são dependentes um do outro, quando a criança
adquire a capacidade da linguagem ela modifica suas funções mentais, formula o
pensamento, surge assim a imaginação, a memória. A linguagem, para Vygotsky
tem função fundamental no desenvolvimento e no pensamento. Já, para Piaget,
que baseia sua teoria em aspectos biológicos do indivíduo, o pensamento já
existe antes da capacidade de linguagem, já que o pensamento está relacionado
aos esquemas desenvolvidos no período sensório-motor (primeiro nível de
desenvolvimento do indivíduo, segundo o pesquisador). A aquisição da linguagem
depende do alcance de outros níveis os quais serão adquiridos pelo indivíduo em
fases posteriores de seu desenvolvimento.

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