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O desenvolvimento cognitivo das crianças segundo Piaget

Sua teoria tem como objetivo central a necessidade de estudar a gênese dos processos
mentais, ou seja, como esses processos sã o construídos ao longo da vida do indivíduo. O
conhecimento resultaria de interaçõ es que produzem entre o sujeito e o objeto. A troca
inicial entre sujeito e objeto se daria a partir da açã o do sujeito.

Piaget preocupou-se em saber como nasce a inteligência da criança, afirmando que a


inteligência é algo que se modifica, ou seja, gradativamente a criança vai utilizando sua
inteligência, mesmo que seja sensó rio-motora, para adaptar-se ao meio e chegar entã o num
momento em que passa da inteligência prá tica para uma inteligência propriamente dita
quando já consegue elaborar hipó teses e resolver situaçõ es problemas sem a necessá ria
presença de objetos concretos.

Para Piaget, o conhecimento nã o é algo acabado e está vel, mas está em constante
transformaçã o pelo sujeito por meio da sua açã o constró i conhecimentos indispensá veis na
sua adaptaçã o ao meio.

Na teoria piagetiana, há dois termos que nã o podem deixar de ser mencionados e


explicados: assimilaçã o e acomodaçã o. Piaget denominou a assimilaçã o e a acomodaçã o de
funçõ es invariantes, visto que, sã o funçõ es que nã o mudam por causa do desenvolvimento

O equilíbrio é uma propriedade intrínseca e constitutiva da vida orgâ nica e mental, e


ressalta que, o importante nã o é a explicaçã o de equilíbrio, mas sim o processo de
equilibraçã o, sendo o equilíbrio o resultado desse processo queenvolve, a assimilaçã o e
acomodaçã o.

O sujeito por suas necessidades bioló gicas procura adaptar-se ao meio na busca de
sobrevivência e para isso procura modificar esse meio pela açã o, e ao mesmo tempo
modificar se à medida que interage com o ambiente. É nesse sentido que o sujeito busca um
equilíbrio entre as necessidades internas com as novas situaçõ es externas a fim de garantir
sua adaptaçã o.

Entende-se entã o, que todo ser humano nasce com a capacidade de adaptar-se ao meio e
de assimilar e acomodar os objetos externos em sua estrutura cognitiva na busca de um
equilíbrio o que permite seu desenvolvimento a partir da evoluçã o de sua inteligência.
Desse modo, a criança ao se deparar com uma nova situaçã o, procura inseri-la a
conhecimentos anteriores (assimilaçã o), mas muitas vezes nessa assimilaçã o, é necessá rio
certas modificaçõ es (acomodaçã o) para uma verdadeira compreensã o da situaçã o
encontrada

Nesse sentido, Piaget (2011), enfatiza que todo comportamento procura sustentar um
equilíbrio entre os fatores internos e externos, ou mais em geral, entre a assimilaçã o e
acomodaçã o. Isto significa dizer que, o sujeito em contato com meio busca constantemente
organizar e adaptar-se à s situaçõ es e objetos que fazem parte desse meio.

A inteligência da criança

Está gios do desenvolvimento

I-Sensório-motor (0-24 meses): Esse período inicia com um egocentrismo


inconsciente e integral, até que os progressos da inteligência sensó rio-motora levem à
construçã o de um universo objetivo, onde o bebê irá explorar seu pró prio corpo, conhecer
os seus vá rios componentes, sentir emoçõ es, estimular o ambiente social e ser por ele
estimulado, dessa forma irá desenvolver a base do seu auto-conceito. A criança está
trabalhando ativamente no sentido de formar uma noçã o de eu. Depois a criança inicia
alguns reflexos que pelo exercício, se transformam em esquemas sensoriais-motores.

 Precede o desenvolvimento da fala e dura desde o nascimento até o segundo ano de vida.
 A criança aprende a reagir de forma motorizada ao que percebe.
 Pouco a pouco a criança generaliza os acontecimentos em seu ambiente e cria idéias sobre
como o mundo funciona.
 Enquanto essas ideias se cruzam, a criança desenvolve a ideia de sustentabilidade dos
objetos e entende que os objetos existem como entidades estranhas a ele.
 Até que essa ideia seja desenvolvida, as coisas só existem para a criança quando ela pode
vê-la, ouvi-la ou tocá -la.

II-Pré-operacional (2-7 anos): Nesse período, a partir da linguagem a criança inicia a


capacidade de representar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas simbó licos. No
momento da apariçã o da linguagem, a criança se acha à s voltas, nã o apenas com o universo
físico como antes, mas com dois mundos novos: o mundo social e o das representaçõ es
interiores. Durante esse período a criança continua bastante egocêntrica, devido a ausência
de esquemas conceituais e de ló gica, a criança mistura a realidade com fantasia, tornando
um pensamento lú dico. O egocentrismo é caracterizado como uma visã o da realidade que
parte do pró prio eu, isto é, a criança se confunde com objetos e pessoas. Nessa fase a
criança desenvolve noçõ es a respeito de objetos que serã o utilizados na pró xima fase, para
formar, a criança está sujeita a vá rios erros.
 A criança nã o pode distinguir o físico do psíquico, nem o objetivo do subjetivo.
 Para ela, sua experiência subjetiva é a realidade objetiva que existe para todos os
indivíduos da mesma maneira.
 A criança deve ser capaz de entender que o universo está mudando. Ela pode entender
estados, mas nã o a transformaçã o da matéria. Seu pensamento é, portanto, focado em uma
dimensã o. Um exemplo disso é quando uma criança pode ver um copo de á gua cujo
conteú do é entã o despejado em um copo menor, porém mais alto. A criança pensará que há
mais á gua do que antes.

III-Operacional-concreto (7-12 anos): Esse período se destaca como o declínio do


egocentrismo intelectual e o crescimento do pensamento ló gico, pois é nessa idade que a
criança inicia na escola. É nesse período que a realidade passa a ser estruturada pela razã o.
A criança terá um conhecimento real, correto e adequado de objetos e situaçõ es da
realidade. A criança agora pensa antes de agir, ou seja, ela consegue solucionar
mentalmente um problema. A operaçã o que antes levava alguns minutos, agora é resolvida
rapidamente.

 O desenvolvimento de conceitos, incluindo a capacidade de entender que mudar a forma de


algo nã o altera a quantidade.
 A criança começa a construir uma ló gica de classes e relacionamentos que nã o está
relacionada aos dados perceptivos. A criança entende as mudanças e entende que elas
também podem ocorrer na direçã o oposta.
 Ela nã o pode teorizar o que nã o sabe ou o que está fora do seu conhecimento perceptivo. A
criança desenvolve essa habilidade na pró xima fase.

IV-Operacional-formal(12 anos em diante): A presença do objeto vai sendo


gradativamente substituído por hipó teses e deduçõ es, o objeto é reconstruído
internamente em todas as suas propriedades físicas e ló gicas. A criança passa a operar com
a imaginaçã o e o pensamento formal, e seu pensamento assume um cará ter hipotético-
dedutivo. Essa fase envolve crianças, pré-adolescentes e adolescentes. Uma das
características mais importantes desse período é o pensamento é a
mobilidade/flexibilidade

 Aquisiçã o do pensamento científico. Enquanto a criança pode raciocinar sobre coisas reais,
ela agora também pode raciocinar sobre o possível.
 Capacidade de fazer hipó teses e investigar as possíveis consequências dessas
possibilidades hipotéticas. A criança aperfeiçoou seus procedimentos de teste e nã o aceita
opiniõ es sem examiná -las.
 A criança começa a adquirir novos conhecimentos e ferramentas intelectuais

Processo de desenvolvimento

Para Piaget quando uma pessoa entra em contato com o novo conhecimento, há naquele
momento um desequilíbrio e surge a necessidade de voltar ao equilíbrio. O processo
começa com a assimilaçã o do elemento novo, com a incorporaçã o as estruturas já
esquematizadas através da interaçã o. Há mudanças no sujeito e tem inicio o processo de
acomodaçã o, que aos poucos chega à organizaçã o interna, começa a adaptaçã o externa do
sujeito e a internalizaçã o já acontece; um novo desequilíbrio volta a acontecer e pode ser
provocada por carência, curiosidade, dú vida, dentre outros. O movimento é dialético (do
movimento constante) e o domínio afetivo acompanha sempre o cognitivo (habilidades
intelectuais), um processo endó geno.

Esquemas: sã o as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos


intelectualmente organizam o meio, onde se modificam com o desenvolvimento mental e
que tornam-se cada vez mais refinadas à medida em que a criança torna-se mais apta a
generalizar os estímulos. Assim sendo, os esquemas sã o tratados, nã o como objetos reais,
mas como conjuntos de processos dentro do sistema nervoso. Os esquemas nã o sã o
observá veis, sã o inferidos e, portanto, sã o constructos hipotéticos.

Assimilação: é a incorporaçã o de elementos do meio externo (objeto, acontecimento...)


a um esquema ou estrutura do sujeito. Em outras palavras, é o processo pelo qual o
indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliaçã o
de seus esquemas. Na assimilaçã o o indivíduo usa as estruturas que já possui. Consiste na
tentativa do indivíduo em solucionar uma determinada situaçã o a partir da estrutura
cognitiva que ele possui naquele momento específico da sua existência. Representa um
processo contínuo na medida em que o indivíduo está em constante atividade de
interpretaçã o da realidade que o rodeia e, consequentemente, tendo que se adaptar a ela.
Como o processo de assimilaçã o representa sempre uma tentativa de integraçã o de
aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao entrar em contato com
o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar dele as informaçõ es que lhe interessam
deixando outras que nã o lhe sã o tã o importantes, visando sempre a restabelecer a
equilibraçã o do organismo.
Acomodação: é a modificaçã o de um esquema ou de uma estrutura em funçã o das
particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodaçã o pode ser de duas formas, visto
que se pode ter duas alternativas: Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo
estímulo, ou modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele.
Consiste na capacidade de modificaçã o da estrutura mental antiga para dar conta de
dominar um novo objeto do conhecimento. Quer dizer, a acomodaçã o representa o
momento da açã o do objeto sobre o sujeito emergindo, portanto, como o elemento
complementar das interaçõ es sujeito-objeto. Em síntese, toda experiência é assimilada a
uma estrutura de idéias já existentes (esquemas) podendo provocar uma transformaçã o
nesses esquemas, ou seja, gerando um processo de acomodaçã o.

Equilibração: É o processo da passagem de uma situaçã o de menor equilíbrio para uma


de maior equilíbrio. Uma fonte de desequilíbrio ocorre quando se espera que uma situaçã o
ocorra de determinada maneira, e esta nã o acontece. O conceito de equilibraçã o torna-se
especialmente marcante na teoria de Piaget, pois ele representa o fundamento que explica
todo o processo do desenvolvimento humano. Trata-se de um fenô meno que tem, em sua
essência, um cará ter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da
espécie humana mas que pode sofrer variaçõ es em funçã o de conteú dos culturais do meio
em que o indivíduo está inserido. Nessa linha de raciocínio, o trabalho de Piaget leva em
conta a atuaçã o de dois elementos bá sicos ao desenvolvimento humano: os fatores
invariantes e os fatores variantes

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