PIAGET (1896 – 1980)

Biólogo.

Piaget era HIPER metódico. Estudioso e pesquisador, muito. Anotava absolutamente

tudo.

Passou a se interessar pelo comportamento das crianças. Mais jovens comparados

com mais velhos. Daqui que surgiu os testes de QI... a quantidade de informação e
também o jeito de lidar vai mudando.

O que significava ser adulto para Piaget é o jeito peculiar de pensar, uma lógica que
contempla o abstrato. Esse abstrato ao qual ele se refere tem a ver com possibilidade
e probabilidade.

Nós não saímos de um estágio de entender a realidade de um momento para o outro,

existe um processo, vai se construindo esse raciocínio.

Os estágios de desenvolvimento que Piaget publicou existem em qualquer lugar do

mundo. Essa sequência de estágios é encontrada em qualquer lugar, exatamente nessa
sequência.

Ele usou os 3 filhos dele como “amostra”. Foi muito criticado no início por essa
minúscula amostra. Porém foi se confirmando ao redor do mundo que se confirmava.
Podia não ser não ser na exata mesma idade.

Quem tem uma deficiência intelectual não chega no estágio completo do abstrato.

Piaget acredita que o nosso desenvolvimento não é apenas determinado pelo sistema
nervoso, mas também pelo ambiente. Ele é um autor INTERACIONISTA: acredita que
tem uma porção inata, mas que o ambiente também é um fator determinante.

(para Gesell, o meio ambiente não é determinante, ele influência, mas não determina).

Piaget pesquisou não as diferenças, mas o que temos de igual.

Ele percebeu pelo teste que ele estava aplicando em crianças de diferentes idades que
as respostas que elas davam eram iguais em cada idade.

Fez MUITA observação dos próprios filhos dele. Levantava hipóteses e confirmava com
seus filhos e depois questionava essas hipóteses. Depois passou a estudar também
outras crianças.

Observou muito as crianças. A razão do jogo, a razão dos argumentos etc.

No começo da vida misturamos fantasia e realidade, depois aprendemos a discernir.

TEORIA COGNITIVO-DESENVOLVIMENTAL

 Piaget se dedicou a desenvolver teorias do desenvolvimento cognitivo, e não

da personalidade! Figura central na teoria cognitivo-desenvolvimental.
 Enfatizam a centralidade da centralidade dos objetos por parte das crianças
o Inteligência, raciocínio, memória = cognitivo.
 É Interacionista: bagagem inata (sistema nervoso, herança) + influência do
meio = mesmo peso para o desenvolvimento do ser humano.
 Não levou em consideração ambiente cultural e tempo sócio-histórico.
Determinou que o desenvolvimento cognitivo é igual para qualquer um em
qualquer tempo e lugar do mundo.
o 4 estágios universais.
 Piaget percebeu que todas as crianças pareciam passar pelo mesmo tipo de
descobertas sequenciais acerca do seu mundo, cometendo o mesmo tipo de
erro e chegando às mesmas soluções.
o E.x. do copo de água. Crianças de 3-4 anos não entendiam que o volume
de água permanecia o mesmo em diferentes recipientes (o pensamento
era concreto apenas). Crianças de 7 anos já possuem o pensamento
abstrato e entendem que a quantidade de água permanece a mesma
independente do recipiente.

o As detalhadas observações de Piaget sobre tais mudanças no

pensamento das crianças levaram-no a várias suposições, sendo a mais
central delas a de que é parte da natureza do organismo humano
adaptar-se ao seu ambiente. Este é um processo ativo e fundamental
para Piaget. Adaptação = conhecer o ambiente. Quanto mais adaptado
eu estou, mais eu conheço (no sentido cognitivo-desenvolvimental).
  A criança (como o adulto) busca, de forma ativa, compreender o seu
ambiente. Nesse processo, ela explora, manipula e examina os objetos e as
pessoas de seu mundo. A exploração ativa que a criança faz do seu ambiente
conduz, com o passar do tempo, a uma série de “entendimentos” ou “teorias”
bastante distintas sobre como o mundo funciona.
 Piaget propôs uma sequência fixa de quatro estágios mais importantes, cada
um se originando daquele que o precede e cada um consistindo em um sistema
ou em uma organização mais ou menos completo de conceitos, estratégias e
suposições.
o A sequência de estágios é uma ESCADA. Um depende da existência do
outro. Existe a possibilidade da criança ser mais lenta ou mais rápida do
que o previsto por ele, mas não de “pular” estágios.
o Temos estruturas de conhecimento do mundo. O que temos logo que
nascemos são SENSAÇÃO e MOTRICIDADE. As outras estruturas vamos
adquirindo ao longo da vida.
 Existem habilidades cognitivas que estão presentes desde o
nascimento, como por exemplo a busca da criança pelo peito da
mãe (motora).

Foco de Piaget foi o desenvolvimento das estruturas cognitivas e não as diferenças

intelectuais que existem entre as pessoas.

Padrões de desenvolvimento comuns a todas as crianças e não as diferenças

individuais.

IDEIAS BÁSICAS

 Criança como participante ativa no desenvolvimento do conhecimento,

construindo seu próprio entendimento
 A criança:
o “pequeno cientista”
o Exploração ativa
o Busca entendimento e conhecimento
o Ao construir conhecimento – a criança tenta adaptar-se ao mundo

ESQUEMA
Esquema = AÇÃO DE CATEGORIZAR

Cada ação é oriunda de um esquema. Esquema é uma forma de categorizar

mentalmente as coisas, organizar o mundo e portanto, VIABILIZADOR DA ADAPTAÇÃO
INTELECTUAL (conhecer o mundo).

Capacidade de organizar mentalmente a experiência  torna o pensamento mais

adaptado ao meio.

Quanto mais evoluído mentalmente o indivíduo (mais desenvolvido cognitivamente),

mais refinados são os esquemas.

ESQUEMAS COGNITIVOS do adulto  resultado do ESQUEMA SENSÓRIO-MOTOR da

criança (o primeiro esquema que o bebê possui).

O que possibilita esse desenvolvimento do esquema.... assimilação e acomodação....

ASSIMILAÇÃO
Processo de ABSORÇÃO de um novo elemento em um esquema. A pessoa integra
(classifica), novas estruturas motoras, perceptuais e conceituais aos esquemas já
existentes através desse processo.

Ela tenta adaptar as novas aquisições em esquemas que já possui. É um processo ativo
e seletivo que modifica a informação assimilada para que ela fique compatível com o
esquema.

Não resulta na modificação dos esquemas, mas na sua AMPLIAÇÃO e DIFERENCIAÇÃO.

É um processo ATIVO. (cognitivamente? Em que sentido?)

“modifica as informações incorporadas, porque cada experiência assimilada assume

algumas características do esquema utilizado para integrá-lo” (Bee, 2003, 195)

ACOMODAÇÃO
A acomodação é o que nos permite reorganizar ideias, mudar estratégias e melhorar
habilidades.

Quando ocorre: quando as exigências do ambiente não se ajustam bem aos esquemas
existentes  mudança da estrutura cognitiva.

Pode acontecer de duas formas:

 1. Criação de NOVOS ESQUEMAS
2. Modificação de um esquema existente

O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.

Para Piaget, a criança está sempre buscando COERÊNCIA, equilíbrio.

Confirmar se está certo: assimilação é ampliação de uma estrutura já existente.

Acomodação é a modificação desta ou na criação de novas. Dar mais exemplos.

EQUILIBRAÇÃO
Processo autorregulador que busca o equilíbrio dos elementos cognitivos Internos e o
mundo Externo. ???

Garante o equilíbrio entre assimilação e acomodação e uma eficiente relação entre o

sujeito e o meio.

É acionado sempre que ocorre um CONFLITO COGNITIVO (uma hipótese que não se
confirma ou quando duas crianças têm explicações diferentes para o mesmo
fenômeno).

PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO
De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas
mudanças qualitativas das estruturas cognitivas derivando cada nova estrutura de
estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as
estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.

Estágios  ordem fixa, idades esperadas.

O mais importante é a ordem dos estágios (do que a idade de aparição deles).

SENSÓRIO-MOTOR (0 A 2 ANOS)
INTELIGÊNCIA PRÁTICA baseada em experiências sensoriais e ações motoras.

Baseado em REFLEXOS NEUROLÓGICOS básicos (olhar, chupar, escutar, agarrar).

As noções de espaço-tempo são construídas pela AÇÃO.

O contato com o meio é imediato, sem representação ou pensamento.

É o ponto de partida de todo desenvolvimento cognitivo.

PRINCIPAIS AQUISIÇÕES DO ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR:

• PERMANÊNCIA DO OBJETO: compreensão de que um objeto continua a existir,
mesmo quando está temporariamente fora do campo da visão.

• REPRESENTAÇÃO: capacidade mental de representar internamente um objeto

ausente ou experiência passada; capacidade de basear as próprias ações em
símbolos mentais, internos, isto é, representações de experiências anteriores e
objetos ausentes.

• IMITAÇÃO NA AUSÊNCIA DO MODELO: capacidade para imitar eventos bem

depois de eles terem ocorrido.

PRÉ-OPERACIONAL (2 A 7 ANOS)
Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica.

Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos

no estágio anterior (sensório-motor).

Aparecimento da função simbólica e início da representação por meio de signos

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA NO ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL

 É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar,
abstratamente, no lugar do outro. Enxergar o mundo a partir do que ela está
vendo, do seu viés.
 Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por
quês").
 Já pode agir por simulação, "como se” (brincar de faz de conta) – a criança
reproduz normalmente o que ela vive. E.x. “brincar de escola” – deixar a
criança brincar de ser professora e vc ser o aluno.. como ela reage?
 Possui percepção global sem discriminar detalhes.
 Tem enorme dificuldade de se colocar no lugar do outro, de gerar empatia.
(mas aqui já começa a existir uma discordância. Esse egocentrismo é
principalmente ligado a questões genéricas – como a abstração com relação ao
termo “banana”, sendo igual para a nanica e para a banana-maçã – mas menos
para questões emocionais, ligadas a empatia).
 Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.
 Exemplos:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma
delas a forma de salsicha ou panqueca. A criança nega que a quantidade
de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as
situações. Não tem reversibilidade de pensamento
Ela não esquece o que ela viu, porém ela raciocina baseado no que ela
VÊ!

Exemplos de Egocentrismo: conceitos de Vida: 1- Lápis tem vida, porque escreve; 2-

Bicicleta tem vida quando a gente anda nela. Parada ela não tem vida; 3- Nuvens têm
vida porque elas andam o tempo todo; 4- Botão quebrado: morto, porque não serve,
está quebrado; 5- Relógio: vivo quando mostra as horas, mas está morto quando não
mostra (Pulaski, 1986 p 56 - 57).

“tudo que entendemos, entendemos primeiro a partir de um referencial nosso, a partir

do que conhecemos e experimentamos.”

OPERACIONAL CONCRETO (7 A 11 ANOS)

Operação = ação mental reversível

 Pensamento não é mais egocêntrico e existe a reversibilidade : retornar ao

ponto de partida. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no
sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada
(reversibilidade).
 A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e
casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados
da realidade.
 Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo
concreto para chegar à abstração (referências concretas).
 Só vai e volta em pensamento com relação a coisas CONCRETAS, não com
relação a coisas abstratas.

(para aprender matemática, precisa ter a reversibilidade já instaurada e operando.

Reversibilidade não se ensina, se desenvolve internamente, vendo aquilo acontecer,
no concreto. Reversibilidade é uma capacidade de abstração).

Exemplo de Reversibilidade: despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos

diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é
 afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação
em pensamento.

Desenvolve-se a capacidade para operações mentais reversíveis sobre coisas

presentes, concretas, não possibilidades, probabilidades.

OPERACIONAL FORMAL (12 ANOS EM DIANTE)

A representação agora permite a abstração total (hipóteses, metáforas,
probabilidades, raciocínio do geral ao particular – “lógico dedutivo” ou “hipotético
dedutivo”).

A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações

previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis
logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas a partir da
observação da realidade.

A mais elevada estrutura de desenvolvimento cognitivo que permite o raciocínio lógico

amplo e abstrato.

Exemplos:
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o
papo", a criança trabalha com a lógica da ideia (metáfora) e não com a imagem de uma
galinha comendo grãos.

Fase do desenvolvimento segundo Piaget

Idade Período Características

0 – 2 Sensório- Desenvolvimento da consciência do próprio corpo, diferenciado

anos motor do restante do mundo físico. Desenvolvimento da inteligência
em três estágios: reflexos de fundo hereditário, organização das
percepções e hábitos e inteligência prática.

2 – 7 Pré-operatório Desenvolvimento da linguagem, com três consequências para a

anos vida mental: a) socialização da ação, com trocas entres os
indivíduos; b) desenvolvimento do pensamento; c) finalismo
(porquês) e d) desenvolvimento da intuição.

7 – 12 Das operações Desenvolvimento do pensamento lógico sobre coisas concretas;

anos concretas compreensão das relações entre coisas e capacidade para
 classificar objetos; superação do egocentrismo da linguagem;
aparecimento das noções de conservação de substância, peso e
volume.

12 anos Das operações Desenvolvimento da capacidade para construir sistemas e

em formais teorias abstratos, para formar e entender conceitos de amor,
diante justiça democracia, etc., do pensamento concreto, sobre coisas,
para o pensamento abstrato, hipotético-dedutivo, isto é, o
indivíduo se torna capaz de chegar a conclusões a partir de
hipóteses.

 Antes de Piaget, se concebia ela como um “adulto em miniatura”. Mostrou que

a criança possui influências de adultos, mas também de outras crianças.
 Primeiro pesquisador que tentou explicar e não só descrever estágios de
desenvolvimento.
 Crianças são exploradores curiosos, o que é fundamental para seu próprio
desenvolvimento.
 Descreve sequências amplas do desenvolvimento intelectual que prevê uma
visão razoavelmente acurada de como pensam diferentes crianças em
diferentes idades. (quem conhece a teoria piagetiana consegue prever como a
criança pensará cognitivamente e o que será capaz de realizar em cada idade.)
 Focou no desenvolvimento cognitivo
 Teve influências no desenvolvimento social, emocional e para a educação
 Inspirou milhares de pesquisas sobre desenvolvimento cognitivo – “será que o
que Piaget propões é de fato Universal?”

CRÍTICAS:

1- Subestimou as capacidades individuais das crianças, principalmente as pré-escolares.

Estava preocupado mais com as competências (estruturas mentais que a criança possuía) do
que com o desempenho (ignorando familiaridade e motivação, p. ex)

2- Pouca atenção às influências sociais e culturais. Piaget dizia que influências sociais e
culturais afetam o ritmo de desenvolvimento. HOJE: influências em como as crianças pensam.

3- Piaget: caráter auto direcionado de desenvolvimento cognitivo (crianças = cientistas

isolados). Atualmente: competências básicas são adquiridas através da interação social →
base da perspectiva sócio- histórica de Vygotsky
TODAS AS NOVAS FORMAS DE ESTUDO MOSTRAM A IMPORTÂNCIA DA AJUDA DO
OUTRO, DE INSTRUÇÕES E MANEIRAS DE FAZER, OU SEJA, DA INTERAÇÃO SOCIAL
EM CASA, NA ESCOLA,

4- Críticas mais específicas, levando-se em consideração pesquisa e métodos de pesquisa

mais recentes, em relação à imitação, egocentrismo e outras áreas;

 Imitação: para Piaget; só + ou - entre 8 e 12 meses; como explicar a imitação de

colocar a língua para fora – Meltzoff – com 12h de vida? (pesquisador que fez com
bebê no hospital – passava e colocava a língua para fora. Uma hora passou e não
mostrou a língua e a bebê colocou a língua para fora).

 Egocentrismo: fala egocêntrica: menina criança bem pequena usa entonação

diferenciada para lidar com bebês, se coloca no lugar do outro. Criança de sua idade e
adultos – modulação varia (muda a fala). Pode ser uma imitação ou de fato conseguir
se colocar no lugar do outro.