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TEORIA GENÉTICO-COGNITIVA

de Piaget e Bruner
PIAGET – BIÓLOGO E
PSICÓLOGO
BRUNER – PSICÓLOGO E
EDUCADOR
CONSTRUTIVISTA
S

Jerome Bruner
1915-2016

Jean Piaget
1896-1980
CONSTRUTIVISMO

TENTA EXPLICAR COMO AS PESSOAS


CONSTROEM SIGNIFICADOS, OU SEJA,
COMO INTERPRETAM O MUNDO QUE AS
CERCAM.

Todo conhecimento adquirido está vinculado a experiência.


Então o conhecimento é construído.

Para os construtivistas, os professores devem entender como os


estudantes pensam – como eles raciocinam – só para depois aplicar os
conteúdos escolares.
Piaget – contrário ao inatismo e a ideia ambientalista (da condição), ele constrói a
teoria da epistemologia genética que fala de um desenvolvimento interacionista da
aprendizagem.

Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética explica que o indivíduo,


desde o seu nascimento, constrói o próprio conhecimento. Esta teoria é a
mais conhecida concepção construtivista da formação da inteligência.

Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o
comportamento é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo =
conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como uma visão interacionista do desenvolvimento. A
inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade
desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais
“inteligente” será o indivíduo.
“Todo conhecimento é produto de interações entre um sujeito e seu meio, o conhecimento provém
da atividade do sujeito, e, particularmente, de sua capacidade para extrair as propriedades dos
elementos do meio ou objeto”

(DOLLE, J. M. Para compreender Jean Piaget. RJ: Agir, 2000; Pg. 54)

• Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um


conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo. Portanto a
construção da inteligência dá-se, em etapas ou estágios sucessivos, com
complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget
chamou de construtivismo sequencial.

Estágios: patamares de desenvolvimento que se dá


por sucessão (organizações de ações e pensamento
• Construtivismo sequencial: o desenvolvimento da inteligência faz- características de cada fase do desenvolvimento
se por complexidade crescente, onde um estágio (nível) é resultante do indivíduo).
de outro anterior.
Desenvolvimento cognitivo (da Inteligência) segundo
Piaget

1. Maturação (do SNC):


Base biológica do comportamento, é o amadurecimento de estruturas biológicas na
interação com o meio, através de um processo interno representando a viabilidade humana
de adaptação inteligente.

2. Experiência (interação física):


O contato do organismo com a realidade ou a interação do sujeito com o objeto, que se dão ora
no sentido de se extrair suas características (experiência física), ora no sentido de se extrair
propriedades não dos objetos, mas da ação sobre estes objetos (experiência lógico-matemática).
Desenvolvimento cognitivo (da Inteligência) segundo
Piaget
3. Transmissão Social (interação social):
Apropriação das experiências histórico-culturais (aquisição de valores, linguagem,
costumes e padrões culturais e sociais) que se processará em conformidade com a
estrutura cognitiva presente (esquema de assimilação).

4. Processo de Equilibração:
É a essência do processo adaptativo que coordena e regula os outros três fatores e faz surgir estados
progressivos de equilíbrio. Processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na
busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido; tudo isto mediante a mecanismos
internos de assimilação e acomodação (desiquilíbrio / equilíbrio – que formam esquemas /
adaptação).
Adaptação, resultante do processo de assimilação e acomodação, se refere à
construção de esquemas que são estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os
indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio.

“O desenvolvimento, portanto, é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de


menor equilíbrio para um estágio de equilíbrio superior.”

(PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. 22ª ed. RJ: Forense Universitária, 1997)
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO-
COGNITIVO
1. Estágio sensório-motor (0 – 2 anos)
• Do nascimento aos 2 anos, aproximadamente, etapa básica manipulativa – esquema de ação

• A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos
deslocamentos do próprio corpo. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-
frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as
ações.

• Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de
ação para assimilar mentalmente o meio.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO-
COGNITIVO
2. Pré-operatório (2 – 7 anos)
• Esquemas representativos (ação interiorizada)
• Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da
imitação, da dramatização, etc. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação: é
o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens
mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforos em
carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos
("o carro do papai foi 'dormir' na garagem").
• Egocentrismo: tudo é “meu”. Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É
a “idade dos porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real,
podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu
próprio ponto de vista.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO-
COGNITIVO
3. Operatório concreto (7 – 12 anos – esquemas conceituas concretos)
• Ação interiorizada reversível, pois a operação nunca é unidirecional. Organiza o
mundo de forma lógica, mas, ainda, é dependente da manipulação e relações
concretas entre objetos.
• A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que, no
Teoria da Reversibilidade
entanto, possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma
conclusão comum.
Assimilação / Acomodação
• Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou seja, a Desiquilíbrio / Equilíbrio
capacidade da representação de uma ação no sentido inverso de uma anterior,
anulando a transformação observada.

Exemplo:
Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as
quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos
e é capaz de "refazer" a ação.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO-
COGNITIVO
3. Operatório formal (12 anos a diante– esquemas conceituas abstratos)
• É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético e lógico-
matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto.
• “Abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que
permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua organização
grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
• A representação agora permite à criança uma abstração total, não se limitando mais à representação
imediata e nem às relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente,
formular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da realidade. Em outras
palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e
tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.
Caminhos psicogênicos do desenvolvimento moral do sujeito

• ANOMIA – ausência de lei ou regra. As regras não são importantes para o


sujeito (a criança).

• HETERONOMIA – sujeição a uma lei exterior ou à vontade de outrem;


ausência de autonomia. Ou seja, a criança recebe a regra, mas vindo pelo outro
como autoridade. Obedece-se por afeto ou medo da punição.

• AUTONOMIA – capacidade de governar-se pelos próprios meios. Neste caso o


sujeito busca regrar-se pelo próprio entendimento em busca do equilíbrio ou
pelo pacto social.
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

• A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no


fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de
sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste
processo é fundamental para que os professores possam também compreender com
quem estão trabalhando.

• Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta


características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O
conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos
adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

• A pedagogia apoia-se na ciências biológicas, psicológicas e socioantropolólgicas. Daí o professor não


ensina: interage, é um mediador de acordo com o desenvolvimento do aprendiz.

• Mediador: é o papel do professor

• Considerar a criança um ser integral (biológico, afetivo-emocional, cognitivo e social)

• Criar um meio e atmosfera em que a criança seja ativa: iniciando e completando suas atividades.

• Obs. Para Piaget, as crianças são construtoras do seu conhecimento.


JEROME SEYMOUR BRUNER – LÍDER DA REVOLUÇÃO COGNITIVA
“É possível ensinar qualquer assunto, de uma maneira intelectualmente honesta, a
qualquer criança em qualquer estágio do desenvolvimento”.

• Para Bruner, suas teorias tratam-se de uma teoria de ensino prescritiva, pois
preocupa-se em como o professor pode ensinar melhor;
• O tema central das teorias de Bruner, giram em torno da aprendizagem através da
descoberta;

• O professor precisa não só conhecer a visão de mundo do aluno, mas ir além. O


educador deve, dentro da sua planificação, ter em conta aspetos sociais, familiares,
culturais e outros, de forma que a aprendizagem realmente seja assimilada pelo
sujeito;

• A motivação, assim como as adequadas estratégias de ensino, são elementos


fundamentais para a aprendizagem;

• Sofreu influências de Piaget e Vygotsky;


• Nos processos de ensino e aprendizagem, a forma e o ritmo que estudantes aprendem
devem ser tomados em conta na hora de realizar a planificação da instrução;

• Como em todas as teorias construtivistas, na sua teoria de aprendizagem, Bruner


compreende que a instrução deve ser realizada através da interação de todos os
participantes no processo;

• Dentro do âmbito da psicopedagogia, é fundamental analisar a forma como os processos


de instrução ocorrem, de forma a possibilitar novas estratégias que venham a atender as
necessidades da população atendida.
AS TEORIAS DE BRUNER

TEORIA DO ENSINO DE APRENDIZAGEM EM ESPIRAL


Esta teoria propõe que o aluno revisite um mesmo tema, em toda sua vida escolar.
A ideia é que este contato repetitivo, propicie o aprofundamento no conhecimento de
tal temática, de acordo com o progresso cognitivo do educando.

TEORIA DA APRENDIZAGEM POR DESCOBERTA


Bruner enfocou este processo em como escolher, conservar e transformar
conhecimento, podendo transcender informação concreta e obter uma
compreensão abstrata.
Estrutura cognitiva: Bruner defende que o conhecimento tem estrutura, o processo
de ensino é ajudar o estudante a ter estrutura de conhecimento.
Conceito e classificação: conceito é o elemento principal de compor conhecimento e
a classificação é um dos métodos para compor o conhecimento.
Pensamento indutivo: Bruner considera que, em aula, o processo de aprendizagem
deve usar forma indutiva, oferecer exemplos específicos, e os estudantes devem
estudar os exemplos.
TEORIA DA APRENDIZAGEM POR DESCOBERTA

Nesta teoria, Bruner afirma que o processo cognitivo consiste em:

•Obter nova informação


•Transformar nova informação
•Confirmar a racionalidade da informação.

Objetivos :

•Desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas;


•O processo de aprendizagem é cíclico e impulsiona ele mesmo a aprender;
•A educação propicia o empoderamento do estudante em relação à
aprendizagem eficaz.
•A educação deve educar o estudante para ter uma virtude honesta.
TEORIA DOS SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO MENTAL

Consiste em um conjunto de regras as quais possibilitam manter e experimentar o


conhecimento adquirido em diversas situações.

1ª Fase: Enativa (representação atenuante) – Aprendizado através da ação. Antes


dos dois anos, a compreensão das coisas pelas ações com a experiência externa.

2ª Fase: Icônica (representação icônica) – Aprendizado através de um desenho ou


imagem. Dos dois aos seis anos, explicar os assuntos, por diversos sentimentos, por
imagem ou esquema especial.

3ª Fase: Simbólica (representação simbólica) – Conhecimento através de símbolos.


Depois dos seis anos, compreende o ambiente pelo idioma, símbolo abstrato. Em
suma, Bruner considera o desenvolvimento cognitivo através das ações, imagens,
idiomas e símbolo abstrato.
TEORIA DA INSTRUÇÃO DE BRUNER

Para Bruner, a educação é o resultado das diversas influências que recebemos (familiar,
acadêmica, comunitária e cultural).

É uma teoria prescritiva, ou seja, define regras e procedimentos na aquisição do


conhecimento. Consiste em conduzir o educando através de uma sequência de
definições e redefinições sobre um problema ou corpo de conhecimentos aumentando
assim sua habilidade de captar, transformar e transferir o que foi aprendido.

TEORIA DO ANDAIME

Consiste basicamente em um método de descoberta guiado. Onde o professor oferece


conhecimentos de forma natural, sem forçar. Consequentemente a aprendizagem ativa
é fomentada.
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

As teorias de Bruner propiciaram um novo método psicopedagógico. Este método


consiste em propiciar um ambiente especial em aula, favorável ao melhor
desenvolvimento do educando, considerando as seguintes práticas:

Reflexo nas ações dos estudantes: Capacidade de desenvolver discussões ativas e


considerações de problemas de interesse, ilustração de situações analisadas,
destacar pontos essenciais de uma leitura feita e estabelecer relação entre fatos
teóricos com assuntos práticos;

Compatibilidade: Deve haver um link entre o novo saber com o conhecimento


que o aluno já possui, para que a compreensão e assimilação adequadas seja
possível.

Motivação: Que o estudante seja capaz de sentir emoção com as descobertas.


IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Aplicabilidade no cotidiano – Capacidade prática de empreender as habilidades


adquiridas e usar o conhecimento na resolução dos problemas.
A aprendizagem por descoberta exige uma integração total da teoria com a
prática. Por esse motivo, o educador deve criar situações concretas em que os
alunos podem fazer uma aplicação adequada dos conceitos teóricos adquiridos.

Aplicação de fórmulas: Capacidade de integração entre a teoria e a prática e não


uma simples repetição de uma fórmula que apenas será útil em algumas
ocasiões.

Clareza na explicação dos conceitos: Seleção precisa de conteúdos, para evitar o


enfoque em ideias que podem provocar confusão.
BIBLIOGRAFIA

Disponível em: Canal Rodrigo Pedagogo (Professor Digão): https://www.youtube.com/watch?v=PEB_r5gKAN0&t=79s. Acesso em: 27 abr 2022.

Disponível em: http://primeirainfancia.org.br. Acesso em: 23 mar 2022.

Disponível em: Secretaria da Educação- http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=70&evento=9. Acesso em: 27


abr 2022.

Disponível em: Universidade Federal do Espírito Santo: http://www.inf.ufes.br/~tavares/trab2.html. Acesso em: 27 abr 2022.

Disponível em: Site Psicologia-Online: https://br.psicologia-online.com/teoria-de-ensino-de-bruner-184.html. Acesso em: 27 abr 2022.

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