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As diferentes teorias psicológicas produzidas ao longo estudo da Psicologia, por estarem fundadas em
sistemas filosóficos diversificados, definem os processos de desenvolvimento e aprendizagem, bem como a
relação entre esses processos de modo diferente (COUTINHO & MOREIRA, 2004). Os estudos de Jean
William Fritz Piaget contribuíram para a elaboração de uma perspectiva teórica, onde juntamente com
colaboradores, no centro de epistemologia genética de Genebra tiveram, e ainda têm, uma profunda
influência sobre psicólogos, pedagogos e educadores em geral.
Em suas investigações, Piaget mostra interesse pelo desenvolvimento cognitivo e pela construção do
conhecimento.
E para chegar à elaboração de uma teoria, desenvolveu suas pesquisas por mais de 50 anos e trabalhou
envolvendo as mais diversas estruturas biológicas e psíquicas do ser humano.
Essas indagações giravam em torno do seguinte questionamento: Como tem origem e como evolui o
conhecimento do homem? Mais especificadamente: Como se origina a inteligência humana e quais são os
processos envolvidos na construção da capacidade de conhecer?
Para responder esse questionamento, como aponta Goulart (2008), Piaget partiu de inúmeras pesquisas
realizadas com crianças e que mereceu dele uma abordagem própria de um ramo da teoria do
conhecimento, denominado Epistemologia.
O nome Epistemologia Genética, dado por Piaget a sua obra, denota a sua principal preocupação que foi
estudar cientificamente quais os processos que o indivíduo usa para conhecer a realidade,
formulando um ponto de vista filosófico sobre a gênese do conhecimento, Rapapport (1981).
Resumindo: Piaget buscou entender quais eram os mecanismos mentais que o sujeito usa nas
diferentes etapas da vida para poder entender o mundo. Mostrou a criança e o homem num processo
ativo de contínua interação, procurando apresentando uma visão interacionista do desenvolvimento
humano, pois para ele, a adaptação à realidade externa depende basicamente do conhecimento.
Estudou o desenvolvimento do conhecimento da lógica, espaço, tempo, causalidade, moralidade,
brinquedo, linguagem e matemática. Lidou com muitos processos psicológicos: pensamento,
percepção. imaginação, memória, imitação, ação.
Biografia:
A biografia apresentada a seguir foi retirada do Fascículo: Psicologia da Educação II- Disciplina na
modalidade a distância. Pela Universidade Unisul-Virtual. Foi escrito pelas autoras: Ligia Maria Soufen
Tumolo e Sandra Adriana Neves Nunes, tendo como design instrucional Viviani Poyer. Palhoça: 2007.
Jean William Fritz Piaget, nasceu em Neuchâtel, no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra, no dia
16 de setembro de 1980) foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais
importantes pensadores do século XX.
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Piaget (2003), buscava conhecer o desenvolvimento das estruturas cognitivas, sendo entendida como
uma organização de conhecimentos do sujeito (processo mental). São os elementos que formam a
estrutura e funcionamento do processo mental.
Desenvolvimento Cognitivo
Para Piaget (2003), o desenvolvimento cognitivo está sempre evoluindo na direção de uma forma de
equilíbrio inicial para o final.
É este processo que o conceito de equilibração se refere. Quando esse processo é concluído, nossa
estrutura cognitiva está mais desenvolvida.
Pensando na relação entre o desenvolvimento e aprendizagem, pode-se entender que ocorre na direção do
restabelecimento do equilíbrio adaptativo, na
Construção do Conhecimento
Para Andrade (2010) os postulados de Piaget refletem sua concepção de desenvolvimento e aprendizagem
interacionista à medida que considera a elaboração mental como um processo que se dá em condições em
que se instaura um conflito sociocognitivo entre o sujeito e a realidade, remetendo-o a um desequilíbrio.
Esse conflito sociocognitivo na perspectiva piagetiana, segundo Leite (1994) apud Andrade (2010), ocorre
nas situações sociais e nas interações que podem propiciar novas estruturações cognitivas.
Por exemplo, diante de uma atividade desafiadora proposta pelo professor, o sujeito (aluno) se desequilibra
intelectualmente, fica curioso, instigado e até motivado a encontrar uma solução. A essa situação temos
instalado um: Conflito Sociocognitivo.
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CONHECIMENTO
Segundo Becker (1994), na perspectiva piagetiana conhecer implica transformar o objeto e, ao mesmo
tempo, transformar a si mesmo. O ato de conhecer acarreta a ação do sujeito que conhece. Daí a
expressão: “conhecimento como construção do sujeito.”
A construção do conhecimento depende das possibilidades genéticas do sujeito, bem como da interação
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deste com o objeto do conhecimento, tal qual ele é concebido pelo meio ambiente físico e social. Ao mesmo
tempo que supõe um elemento hereditário, constitui estruturas de conhecimento, que são constituídas no
decorrer das interações.
Piaget entendeu a mente como dotada de estruturas cognitivas do mesmo modo que o corpo. O indivíduo
herda uma série de estruturas biológicas (sensoriais e neurológicas) que preparam para o surgimento
das estruturas cognitivas.
É organizada pelo conhecimento produzido pelo sujeito, conhecimento este que se organiza na forma de
esquemas cognitivos.
Para Goulart (2008), as estruturas psíquicas desenvolvem-se gradualmente neste processo de interação da
pessoa com o ambiente e são compostas de uma série de esquemas cognitivos integrados.
Esquemas Cognitivos
Wadsworth (1997), faz uma analogia com um arquivo físico, no qual cada ficha representa um esquema
cognitivo.
Conforme aponta Goulart (2008), esquema cognitivo é conjunto organizado de conhecimento que uma
pessoa usa para entender e processar informações. Esses esquemas são construídos ao longo do tempo à
medida que as pessoas adquirem experiência e conhecimento sobre um determinado assunto. Eles
desempenham um papel fundamental no processo de aprendizado e na compreensão do mundo ao nosso
redor.
Podem ser:
- Simples: reflexo de sucção, presente logo após o nascimento, por exemplo: uma resposta do bebê a um
estímulo de sugar o mamilo da mãe quando encostado nos lábios.
- Complexos: as operações lógicas, por exemplo: modo de solucionarmos problemas matemáticos. Por
exemplo: uma criança que já construiu o esquema de sugar, assimila a mamadeira, mas terá que modificar
o esquema para sugar a chupeta, comer com colher, etc. (esquemas sensório-motores).
Resumindo: pode-se dizer que todo esquema nasce da ação reflexa e que, a partir de sucessivas
repetições, se submete ao processo de adaptação, tornando-se padrão de comportamento e com isso,
possibilitará novas formas de exploração da realidade, incitando outras adaptações. Serve como chave de
ligação na expansão do desenvolvimento cognitivo, à medida que a integração de vários esquemas dá
suporte para a emergência de novas estruturas psicológicas.
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O processo de equilibração possibilita ao indivíduo responder aos desafios do ambiente físico e social, ou
seja, é um processo que se torna necessário toda vez que o ambiente físico e social coloca o sujeito diante
das questões para as quais ele não tem resposta, rompendo com seu estado de equilíbrio.
Andrade (2010), sinaliza que a compreensão do conceito de equilibração majorante passa pelo
entendimento de que a noção de equilíbrio, na teoria piagetiana, está associada ao um equilíbrio
progressivo, que jamais atinge seu estado final, dando a entender que a noção de desenvolvimento é
vista como infinita, sempre rumo à construção de novas estruturas cognitivas. Por exemplo: imagine que
você está em perfeito equilíbrio cognitivo em relação a uma determinada situação, porém surge aí um
elemento novo e as estruturas que você possui não são suficientes para resolver as novas solicitações que
o meio está exigindo. O que acontece? Você entra em desequilíbrio cognitivo e precisa construir novos
esquemas e estruturas para dar conta da uma nova situação em que vivencia.
O processo de equilibração, é responsável pela capacidade adaptativa do sujeito. Para tanto, é preciso a
ação de dois processos complementares: assimilação e acomodação.
Piaget mostra que, para conhecer é necessário que sujeito e objeto estabeleçam uma relação que envolve
dois processos complementares e, às vezes, simultâneos.
É a inclusão de um conjunto novo de informações na estrutura cognitiva do sujeito, que busca ativamente
conhecer mais sobre objeto de conhecimento.
Por exemplo: uma criança já possui a capacidade de pegar alguma coisa, em que os movimentos da mão e
foi estabelecido com base em alguma experiência anterior ou mesmo devido ao reflexo de preensão. A
criança dispõe de uma ferramenta cognitiva que a capacita a agir sobre qualquer objeto a ser pego por
intermédio da mão. Esse objeto novo, ainda desconhecido, ultrapassa a capacidade do esquema de pegar
que a criança possui. Uma pequena bola, por exemplo, imporá certas dificuldades, mas será assimilada.
O mesmo exemplo vale para a criança que passou a dominar as quatro operações aritméticas
básicas (somar, subtrair, multiplicar, dividir saberá fazê-lo sempre que solicitada.
Acomodação
Na acomodação diante de um objeto novo ou de uma ideia, a criança modifica seus esquemas adquiridos
anteriormente, tentando adaptar-se à nova situação.
Por exemplo, como nos diz Goulart (2008), o leitor ao ler um texto vai assimilando o seu conteúdo, isto é,
vai se apropriando dele e procurando entendê-lo de acordo com o que conhece sobre o assunto
(assimilação). Ao mesmo tempo, a nova leitura vai determinando alterações na organização de seu
conhecimento sobre o assunto (acomodação).
Diante desses dois processos, de assimilação e acomodação, Piaget lembra que, o equilíbrio cognitivo a
que o sujeito chega, nunca é definitivo, uma vez que o mundo está sempre em mudança.
Assim que a criança constrói um novo o conhecimento, é levada a vivenciar novos desafios, que dá início ao
desequilíbrio cognitivo, e consequentemente às operações sucessivas, de assimilação e acomodação,
gerando uma nova adaptação e equilibração (conhecimento).
Referências Bibliográficas:
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2010. p.19-41.
BECKER, F. O que é construtivismo. In: ALVES, M. L. (org.). Construtivismo em revista. Série Ideias, 20.
São Paulo: [s.n.], 1994. p.87-94.
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DELGADO, E. I. Pilares do Interacionismo: Piaget, Vygotsky, Wallon e Ferreiro. São Paulo: Érica, 2003.
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______________.Psicologia da educação: fundamentos teóricos aplicações à prática pedagógica.
Petrópolis: Vozes, 2005.
MUNARI, A. D. S. Tradução e organização. Jean Piaget. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Massangana,
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PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
RAPAPPORT, C. R. Teorias do Desenvolvimento: conceitos fundamentais. Vol.1. São Paulo: EPU,
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1997.
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SLIDES COMPLEMENTARES
Método Clinico:
Piaget optou pelo estudo do pensamento racional, através de uma abordagem experimental e clínica. Os
procedimentos de pesquisa adotados se estruturavam em três etapas bem definidas: