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PIAGETIAA
Sandra R. T. Gatti
Notas de aula
O objetivo do presente trabalho é realizar uma pequena síntese das principais teses defendidas
pela teoria piagetiana sobre desenvolvimento e aprendizagem.
Para tanto, dividirei minha análise em duas partes: inicialmente procurarei estabelecer alguns
pontos fundamentais da teoria, refletindo sobre os fatores que determinam o desenvolvimento e como
eles ocorrem.
Na parte dois do estudo, veremos que apesar da obra de Piaget não ser um tratado sobre
educação, sua construção teórica resultou em valiosas contribuições para o campo educacional.
PARTE 1:
formação como Biólogo, pois assume que só conhecimento possibilita ao indivíduo um estado de
equilíbrio interno que o capacita a adaptar-se ao meio.
O que se propõe a epistemologia genética é pois pôr a descoberto as raízes das diversas variedades de
conhecimento, desde as suas formas mais elementares e seguir sua evolução até os níveis seguintes até,
inclusive, o pensamento científico (Piaget, 1972, p.8).
O trabalho de Piaget possui um caráter de cientificidade, na medida em que não apenas descreve
o processo de desenvolvimento da inteligência, mas busca apoiar suas teses em dados empíricos.
Através do método clínico, aprofundou o conhecimento sobre os processos mentais das
crianças. Tal método consistia em questionar o sujeito diante de objetos, permitindo que ele os
manipulasse concretamente. Assim, a partir de suas respostas, tentava-se inferir sobre o processo de
construção do conhecimento.∗
Antes de prosseguirmos, seria interessante discutir alguns conceitos fundamentais da teoria,
essenciais para sua compreensão.
A teoria piagetiana define dois conjuntos de elementos:
1.Variantes: estruturas mentais, formas de pensamento que mudam e se adaptam a fim
de garantir o equilíbrio entre o indivíduo e o meio.
2.1 Esquema: unidade estrutural básica de pensamento e ação, instala-se através
do contato físico e social. Pode ser conceituado como uma disposição comportamental
específica, como uma idéia que formamos a respeito de uma pessoa, objeto ou situação
ou ainda como uma forma de solucionar problemas abstratos (Rappaport, 1981).
1.2 Estrutura: sistema organizado de esquemas que se relacionam, conservam e
tendem ao equilíbrio. A estrutura cognitiva determina a amplitude e a natureza das trocas
com o meio em um determinado estágio de desenvolvimento.
∗
A descoberta de uma lógica anterior à linguagem, a lógica da ação, chama a atenção de Piaget para a importância das
manipulações para o estudo do pensamento. Dessa forma, as entrevistas realizadas anteriormente, apenas verbalmente
forneciam apenas um quadro incompleto sobre a estrutura cognitiva e sobre o desenvolvimento.
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(...) é uma equilibração progressiva a partir de um estado inferior até um estado mais elevado de equilíbrio
(Piaget, 1964, p.3).
Assim, seria correto afirmar que é a busca do equilíbrio que impulsiona a mente em direção a
níveis mais elevados de pensamento. Mas podemos questionar: quais fatores são responsáveis por
desencadear o processo de desenvolvimento?
Há quatro condições, segundo a teoria piagetiana.
1.Maturação biológica: encarada na teoria como condição de responder ao meio, um
potencial para o desenvolvimento e não como seu único determinante.
2.Experiência física: é entendida como toda experiência resultante das ações realizadas
materialmente. Através dela, pode-se construir dois tipos de conhecimento: a) o físico – a
partir da interação com os objetos e da abstração das ações que exerce, o indivíduo descobre
∗
Implícitas em nossa herança biológica.
∗
A concepção de ambiente na teoria inclui aspectos físicos e sociais que concorrerão para propiciar experiências que
poderão provocar desequilíbrios no indivíduo. A partir desta noção, pode-se concluir que a pobreza na estimulação
interfere no processo de desenvolvimento da inteligência.
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Desequilíbrio
Faremos a seguir uma breve síntese das principais características que marcam os diferentes
períodos.
• Período Sensório motor (0 a 2 anos): inicialmente o comportamento do recém-nascido é
caracterizado por reflexos hereditários (por exemplo, sugar, agarrar, etc.), que se tornam cada vez
∗
É importante dizer que os estágios de desenvolvimento não são determinados pelas idades. A psicologia genética
concebe o desenvolvimento intelectual como uma sucessão de estágios que traduzem diferentes formas de organização
mental.
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PARTE 2:
A teoria de Piaget, ao analisar de forma sistemática a gênese das noções básicas do pensamento
racional, fez surgir
(...) grandes esperanças sobre a possível utilização destes conhecimentos no campo educacional e,
concretamente, na aprendizagem escolar. (Coll, 1992, p.172).
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REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLL, C. (1992). As contribuições da psicologia para a educação: teoria genética e aprendizagem escolar. In.
LEITE, L. B. Piaget e a Escola de Genebra. Ed. Cortez.
PIAGET, J. (1964). Seis estudos de psicologia. 12a. Ed. Forense Universitária, Rio de Janeiro.
PIAGET, J. (1972). A epistemologia genética. Ed. Vozes, Rio de Janeiro, 110 p.
PIAGET, J. (1987). O nascimento da inteligência na criança. 4a. Ed. Guanabara Rio de Janeiro, 389 p.
PULASKI, M. A. S. (1986). Compreendendo Piaget – uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da
criança. Ed. Guanabara, Rio de Janeiro, 230 p.
RAPPAPORT, C. L. (1981). Modelo Piagetiano. In. ____ Teorias do desenvolvimento – Conceitos
fundamentais. v1, pp. 51 –75.