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A PSICOLOGIA

GENÉTICA DE
JEAN PIAGET

Daisy Seabra de Queiroz


Objeto de Estudo
Piaget elabora uma nova teoria psicológica – a Psicologia
Genética – para responder à questão epistemológica
relativa às
condições do conhecimento.
A teoria pretende esclarecer “como muda e evolui o
conhecimento – o conhecer - já que o mesmo é
compreendido como um processo”
(Coll e Marti, 1995, p.106).
Narrativas...
“Barriga de Leite”
Minha caçulinha perguntou:
“Por que a barriga da mulher murcha depois que
ela tem nenê?”
Eu abri a boca para explicar, mas meu filho
maior se adiantou:
“É porque o bebê vai bebendo o leite ...”
Construtivismo Piagetiano

A perspectiva de Piaget em relação às condições do


conhecimento afasta-se tanto das abordagens inatistas
quanto empiristas.

. As estruturas cognitivas não são inatas.

.O conhecimento não se origina da experiência


sensível.
Psicogênese
As estruturas cognitivas, assim como as afetivas e sócio-
morais são construídas através da interação do sujeito
com o mundo físico e social.
Os conteúdos do conhecimento, assim como a própria
inteligência desenvolvem-se em função das exigências
de adaptação ao mundo.
O sujeito constitui-se através da complexa dinâmica da
psicogênese.
Inteligência e Adaptação

Piaget “considera que só o conhecimento


possibilita ao homem um estado de equilíbrio
interno que o capacita a adaptar-se ao meio
ambiente”
(Rappaport, 1981, p.52).
Narrativas...
Ana presenciando uma operação de depósito
na máquina, corre para dentro do banco. Explica
que foi ver “o moço que fica atrás da máquina
para pegar o envelope”.
Teo não aceita trocar as duas moedas de
cinquenta centavos por outra de um real, pensa
que estão tentando enganá-lo.
Invariantes Funcionais
“Segundo Piaget, o que herdamos de positivo e
construtivo é um modo de funcionamento intelectual.
Não herdamos estruturas cognitivas como tais;
estas passam a existir apenas no decorrer do
desenvolvimento. O que herdamos é um modus
operandi, uma maneira específica de transação
com o ambiente”
(Flavell, 1988, p.43).
Invariantes Funcionais
 Organização: Estrutura ou coerência dos processos intelectuais.
“Acordo do pensamento consigo mesmo”.

 Adaptação: Ajuste em relação ao meio ambiente. “Acordo do


pensamento com as coisas”. Realiza-se através dos processos de:
Assimilação - Interpretação da realidade externa de acordo com a
organização cognitiva do indivíduo.
Acomodação - Ajuste das estruturas intelectuais às propriedades
especiais da realidade apreendida.
Adaptação e Desenvolvimento
“A atividade intelectual é sempre um processo ativo e
organizado de assimilação do novo ao velho e de
acomodação do velho ao novo”
(Flavell, 1988, p.17).
Tal dinâmica, governada pelo princípio de equilibração
majorante, possibilita o desenvolvimento de estruturas
cognitivas cada vez mais complexas e eficientes no que
tange à adaptação.
Invariantes Funcionais e Desenvolvimento
Desafios Mundo Físico e Social

Desequilíbrio

Atividade Adaptativa
Assimilação Acomodação
Desenvolvimento

Estruturas Estruturas
Cognitivas Sócio-morais

Autonomia Autonomia
Intelectual Moral

Equilibração

Sujeito Epistêmico
Adaptação e Desenvolvimento
“Todo comportamento tende a assegurar um
equilíbrio dos intercâmbios entre sujeito e
ambiente (...) com o fim de conservar sua
organização interna dentro de alguns limites que
marcam a fronteira entre a vida e a morte”
(Coll; Marti, 1995, p. 108).
O desenvolvimento ou construção do sujeito
corresponde ao aperfeiçoamento dessas
atividades adaptativas.
Desenvolvimento
“Piaget concebe o desenvolvimento cognitivo
como uma sucessão de estágios e
subestágios caracterizados pela forma
especial em que os esquemas – de ação ou
conceituais – se organizam e se combinam
entre si formando estruturas”
(Coll; Marti, 1995, p. 106).
Condições do Desenvolvimento

 Maturação.
 Experiência com os objetos.
 Experiência com as pessoas.
 Princípio de “equilibração majorante”, que
atua a título de coordenação.
Tendências
do
Desenvolvimento
Do Particular para o Geral

 De início as estratégias cognitivas são mais


específicas, aplicam-se a situações
determinadas. Aos poucos tornam-se mais
complexas, mais abrangentes, ou seja,
podem ser empregadas para lidar com uma
diversidade de problemas.
Dos Recortes Espaço-Temporais ao
Fluxo Espaço-Temporal
 Inicialmente, as estratégias cognitivas e a
própria experiência de mundo restringem-
se ao momento presente e ao espaço
imediato. Mais tarde, ambos estarão
associados ao tempo e espaço quase
ilimitados.
Do Estático para o Dinâmico
 Ao longo do desenvolvimento, as
estruturas intelectuais associam-se de
modo crescente à transformação. A
reversibilidade, que caracteriza as
operações intelectuais (o pensamento
propriamente dito), evidencia tal
dinamismo.
Do Concreto para o Abstrato
 A inteligência identifica-se inicialmente
com ação concreta e direta sobre os
objetos. Aos poucos, ocorre uma interiorização
através das funções simbólicas. Por fim os
instrumentos do conhecimento alcançam o
máximo de abstração ao se constituírem como
operações formais.
Do Egocentrismo à Objetividade

 No início do desenvolvimento, o eu se
impõe como centro ou referência absoluta.
Gradualmente tem lugar uma diferenciação
crescente vinculada à abordagem cada vez
mais objetiva e fiel da realidade.
Dos Recursos mais Primários
para os mais Eficazes
 Considerando-se o homem como um ser
orientado para a adaptação ao meio, observam-
se constantes processos de reorganização
cognitiva visando ao maior equilíbrio. Isto quer
dizer que as estruturas intelectuais aperfeiçoam-
se ao longo do desenvolvimento e assim lidam
cada vez mais eficientemente com as situações
da vida.
Exacerbação da Consciência
 Associado às tendências de objetividade e eficácia
crescentes, observa-se um processo pelo qual o
indivíduo supera a inconsciência inicial de sua
identidade e dos limites do mundo. No estágio das
operações formais, conquista a consciência dos
próprios processos cognitivos e das estruturas psíquicas
em geral. O ser humano constitui-se então como sujeito
ativo capaz de conhecer o mundo e a sua própria
natureza de sujeito cognoscente.
Psicogênese e Educação
“A aprendizagem, entendida como construção de conhecimento,
pressupõe entender tanto sua dimensão como produto quanto
sua dimensão como processo, isto é, o caminho pelo qual os
alunos elaboram pessoalmente os conhecimentos. Ao aprender,
o que muda não é apenas a quantidade de informação que o
aluno possui sobre um determinado tema, mas também a sua
competência (aquilo que é capaz de fazer, de pensar,
compreender), a qualidade do conhecimento que possui e as
possibilidades pessoais de continuar aprendendo. (...) O ensino é
entendido como um conjunto de ajudas ao aluno e à aluna no
processo de construção do conhecimento e na elaboração do
próprio desenvolvimento”
(Coll et al., 1997)

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