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Os processos de Aprendizagem

Profa. Me. Iara Meireles


Aspectos históricos sobre a aprendizagem

Nos homens: Pelas relações que


estabelecemos, pela mediação e pela própria
experiência

Nos animais: Imprinting – Fenômeno exibido


por vários animais filhotes. Eles seguirão o
objeto que encontrar em seu ambiente. Ocorre
uma ligação social entre o filhote e este objeto.
Desenvolvimento humano e aprendizagem

No seu processo global, o desenvolvimento inclui


dois processos complementares: a maturação e a
aprendizagem. A maturação é o desenvolvimento
das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas e
abrange padrões de comportamentos resultantes
da atuação de algum mecanismo interno.

Já a aprendizagem é resultado da estimulação do


ambiente sobre o sujeito já maduro, que se
expressa, diante de uma situação-problema, sob
forma de mudança de comportamento e função de
experiência.
Desenvolvimento e Aprendizagem

Para Pantano e Assencio-Ferreira (2009):

O cérebro é a matéria prima para o processo de


aprendizagem. É o principal responsável pela
integração do organismo com seu meio ambiente.
Se considerarmos a aprendizagem resultante da
interação do indivíduo com meio ambiente,
perceberemos que é ele que propicia o arcabouçou
biológico para o desenvolvimento das habilidades
cognitivas (p. 11)
O que é Aprendizagem?

Quando pensamos em aprendizagem, tendemos a pensar em


crianças ou em situações de formação escolar/educacional.
Porém, ela ultrapassa fases de crescimento e pode acontecer
em todas as situações do cotidiano.

A aprendizagem está muito vinculada ao desenvolvimento,


uma não acontece sem a outra. A forma como esses
processos vão acontecendo recebe influência direta da fase
da vida em que o sujeito se encontra.

Erik Erikson (1902-1994), psicanalista alemão, em sua teoria


conhecida como Ciclo Vital afirma que o desenvolvimento é
algo contínuo. Como esclarece Papalia et al., (2006), o ser
humano se desenvolve de modo vitalício, multidirecional e
sob condições sócio-históricas.
Jean Piaget

Jean Piaget (1896-1980) pode ser considerado um dos mais conhecidos dos teóricos que defendem a visão interacionista
do desenvolvimento. Ele partiu de uma concepção de desenvolvimento envolvendo um processo contínuo de trocas entre
os organismos vivo e meio ambiente.

Se tomarmos a noção social nos diferentes sentidos do termo, isto é, englobando tanto as tendências hereditárias que nos
levam à vida em comum e à imitação [...] não se pode negar quem desde o nascimento o desenvolvimento intelectual é,
simultaneamente, obra da sociedade e do indivíduo (p. 242).

O ser social é aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada. E a equilibração consiste na
passagem de um estado de menor equilíbrio para estados de maior equilíbrio, qualitativamente diferentes.

A noção de equilíbrio é o alicerce da teoria de Piaget e na sua concepção, todo organismo vivo procura manter um estado
de adaptação com seu meio, agindo de forma a superar perturbações na relação que ele estabelece com o meio.
Jean Piaget

Para alcançar a um novo estado de equilíbrio são


acionados dois mecanismos: assimilação e
acomodação. A assimilação é comandada pelo sujeito
cognoscente e a acomodação é endereçada às
exigências do ambiente.

A assimilação constitui sempre uma tentativa de


integrar dados da experiência a esquemas ou
estruturas previamente construídos, enquanto que a
acomodação aparece como o termo complementar
das relações sujeito-objeto, representando o
momento da ação do objeto sobre o sujeito.
O ato de Aprender

É uma construção contínua, comparável


à edificação de um grande prédio que,


na medida em que se acrescenta algo,
ficará mais sólido, ou à montagem de
um mecanismo delicado, cujas fases
gradativas de ajustamento conduziriam
a uma flexibilidade e uma mobilidade
das peças tanto maiores quanto mais
estável se tornasse o equilíbrio
(PIAGET,1990 p.12)
Fatores Internos

Considerando os fatores de ordem interna, há de se levar em


conta a bagagem que cada sujeito traz e oferece, como
portador de histórias vindas do seu contexto, com suas
peculiaridades e os vínculos estabelecidos consigo mesmo e
com o mundo que o cerca, através de critérios de valor
historicamente marcados.

Esses fatores interferem no ato de aprender desde que o


sujeito nasce, estendendo-se de forma crescente,
progressiva e cumulativa, integrados ao desejo e ao prazer
de aprender. Sara Paín fala do prazer de aprender de uma
forma bem simples, bem clara quando diz que

”“a questão é devolver à criança este prazer de aprender, o


prazer de resolver um problema, o prazer do tipo olímpico (no
sentido de olimpíadas mesmo) de poder ganhar do problema.
O problema é o desafio, o assunto é a alegria ou a força com
a qual a criança toma o desafio e luta para solucionar o
problema.”PAÍN, 2000)
Condições Internas da Aprendizagem

1 O corpo como estrutura neurofiosiológica ou organismo, cuja integridade anatomo-


funcional garante a conservação dos esquemas e suas coordenações, assim como também
a dinâmica da sua disponibilidade na situação presente

2 A condição cognitiva da aprendizagem, isto é, a presença de estruturas capazes de organizar


os estímulos do conhecimento.

A dinâmica do comportamento: Entendemos que a dinâmica do comportamento constitui-


3 se na mudança de conduta do sujeito em função do que aprendeu ou a mudança de
comportamento do sujeito dirigida para a aquisição do que necessita aprender .

Sara Pain (1985)


Fatores Externos

Constatamos que as condições externas,


vinculadas às condições internas, incorporam-
se ao sujeito, podendo este usufruir, a sua vez,
das condições cognitivas e estruturais
necessárias à aquisição do conhecimento.
Assim, o ato de aprender, em sua essência,
depende, também, do nível de
desenvolvimento cognitivo do sujeito. Dessa
forma, como diz Lino de Macedo (1994,
p.134): “Exercícios, discussões, estabelecimento
de conflitos, etc., contribuem para o
desenvolvimento das estruturas, mas não têm
o poder de estabelecê-las sem levar em conta
as possibilidades prévias da criança.”
Lev Seminovitch Vygotsky

Vygotsky (1896-1934) traz uma visão de desenvolvimento


baseada na concepção de um organismo ativo, cujo
pensamento é construído paulatinamente num ambiente que é
histórico e social.

O autor definiu desenvolvimento em termos de emergência ou


transformações de formas de mediação, e sua noção de
interação social em relação aos processos mentais superiores
necessariamente envolve também mecanismos de mediação.

Os estudos sobre o autor mostram que ele introduziu o


conceito de mediação de instrumentos e signos. Esses signos,
ao interiorizarem-se transformando-se em meios de regulação
interna ou autorregulaçao, iriam modificar dialeticamente a
estrutura da conduta externa.
Sujeito Cognoscente
Falando, também, sobre a noção da aprendizagem e a sua relação com os fatores internos e externos
Marta Kohl comenta Vygotsky, evidenciando a importância da reconstrução e reelaboração dos
significados frente ao que um grupo cultural pode transmitir em face da definição de um percurso de
desenvolvimento da pessoa humana:

Vygotsky trabalha explícita e constantemente com a idéia de reconstrução, de reelaboração, por parte do
indivíduo, dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. A consciência individual e os
aspectos subjetivos que constituem cada pessoa são, para Vygotsky, elementos essenciais no
desenvolvimento da psicologia humana, dos processos psicológicos superiores. A constante recriação da
cultura por parte de cada um dos seus membros é a base do processo histórico, sempre em transformação,
das sociedades humanas. (KOHL, 1993, p. 63)

Nessa linha de pensamento, em que o sujeito cognoscente, social, psicológico, subjetivo faz a sua história,
vive-se um processo histórico, no qual não podemos perder de vista a importância da interação
pessoa/pessoa, pessoa/social, pessoa/cultural. Por essa razão não podemos, também, desfocar das
questões vinculares; o bom vínculo precisa ser estabelecido entre pessoa /pessoa, pessoa/grupo.
Lúria – cérebro e aprendizagem

Os estudos de Luria sobre o funcionamento cerebral


apresenta uma compreensão sobre como a
aprendizagem se estrutura, pois apoia-se em um
grande número de investigações neuropsicológicas;
Henri Wallon

Enfocou o desenvolvimento infantil nos aspectos


afetivos, cognitivos e motor. Para ele o ser humano é
organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica
supõe a intervenção da cultura para se atualizar.

Wallon (2007) ao estruturar as síndromes


psicomotoras, defendia a ideia de plasticidade
cerebral, deixando evidente a relação entre o
psiquismo e a motricidade. As funções psíquicas são
funções de relação integram as condições internas
orgânicas e externas, relacionadas ao ambiente físico
e humano.
O vínculo, o ato de aprender e o sujeito que aprende
Entre fatores internos e externos nascem os vínculos entre sujeito/ sujeito, sujeito/grupo, grupo/grupo.
Através desses vínculos, o sujeito se descobre, descobre o outro, o mundo que o cerca e aprende a
conviver dentro de uma realidade construída ao longo da sua existência. Isso porque “não existem
relações impessoais, uma vez que o vinculo de dois se estabelece em função de outros vínculos
condicionados historicamente no sujeito”. (PICHON-RIVIÈRE 1995, p.51)

Para melhor compreendermos o ato de aprender nessa perspectiva do sujeito/grupo, sujeito/mundo


consideramos de grande valia trazer como referência a técnica do Grupo Operativo criada por Pichon-
Rivière, estabelecida como um instrumento a ser utilizado no campo da clínica e de situações educativas,
as quais podem estar articuladas, com um denominador comum que é a aprendizagem, considerando,
dessa forma, a proposta de aprender a aprender, aprender a pensar integrando estruturas afetivas,
conceituais e de ação, ou seja, o pensar e o fazer no processo cognitivo. (PICHON-RIVIÈRE,1990)
O vínculo, o ato de aprender e o sujeito que aprende

Nos grupos operativos, está expressa a importância do trabalho de grupo como um sistema de
relações que busca em seu pleno desenvolvimento satisfazer as necessidades de seus
integrantes e o crescimento dos mesmos, enquanto protagonistas de uma ação conjunta que os
leva à análise, reflexão e descobertas de si e do outro, na perspectiva de mudanças, de
aprendizagem.
.
Tipos de Aprendizagem
Profa. Me. Iara Meireles
Tipos de Inteligência

A escola no início de século passado valorizava a lógica e a linguística como sendo as habilidades fundamentais para uma
pessoa ser considerada inteligente e a avaliação dessas habilidades constituiu o cerne do instrumento criado por Binet,
que testava as crianças nas áreas verbal e lógica, no início do século XX, o Stand Ford Intelligence Scale.

Ao invés de analisar a inteligência a partir de estudos normativos, buscando superar a noção de inteligência como uma
capacidade geral e, em contraposição à visão de "inteligência única", Gardner desenvolve pesquisas que se baseiam na
origem biológica relacionando habilidade, talento e criatividade como componentes da inteligência. Ao redefinir o
conceito de inteligência, apresenta-a com uma visão pluralista, isto é, com grande variedade de estilos, de habilidades e
diferentes aspectos da cognição, Gardner desenvolve a Teoria das Inteligências Múltiplas, defendendo a ideia de que a
cognição humana, para ser estudada em sua totalidade, precisa considerar outras e diferentes competências, uma vez que
segundo esse teórico não há uma capacidade geral para a resolução de problemas.
Tipos de Inteligência

Com o propósito de compreender como as pessoas buscavam a realização e a solução para os problemas, Gardner
avaliou as atuações de diferentes profissionais em diversas culturas, o repertório de habilidades, e identificou
inicialmente sete inteligências: linguística, lógica-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e
intrapessoal.

Fatores ambientais, genéticos e neurobiológicos são determinantes para o desenvolvimento dessas inteligências,
sendo que cada uma delas apresenta um grupo de componentes que formam a base dos mecanismos de
processamento de informação do ser humano, uma vez que "todos os indivíduos têm como parte de sua bagagem
genética, habilidades básicas nas sete inteligências, com potenciais diversos em cada uma delas e, variações em
seus desempenhos", que são independentes entre si, embora seja na combinação delas que se verifica a
sofisticação de uma realização humana.
Tipos de Aprendizagem

A aplicação da Teoria dos Estilos de Aprendizagem tem uma utilidade pedagógica, pois permite planificar e aplicar estratégias de ensino centrados no
aluno com também proporciona orientações para a individualização do ensino e a identificação dos estilos cognitivos predominantes viabiliza práticas
educacionais que priorizam a autonomia do aluno no processo de aprendizagem e ambas respondem ao paradigma do aluno como sujeito ativo e
construtor de sua aprendizagem.

O aluno visto como um ser "total" e, como tal, possuidor de inteligências outras que não somente a linguística e a lógica-matemática, como
argumenta Gardner8, também atende aos atuais paradigmas da educação, que preconizam serem eles, os alunos, os construtores do seu
conhecimento. Então entendemos que, se o educador em sua prática considera a Teoria das Inteligências Múltiplas, pode desenvolver avaliações de
acordo com as diferentes habilidades humanas, bem como uma educação com currículo específico, centrada na necessidade de cada um.

Essas perspectivas teóricas coincidem com os desafios da educação contemporânea, na medida em que contempla os envolvidos no processo de
aprender e de ensinar, quando: se reconhece os estilos cognitivos predominantes que podem influenciar o modo de aprender, de ensinar e a interação
de quem aprende com quem ensina; se consideradas a habilidade/inteligência prevalente e a abordagem do ensino está em consonância com as
potencialidades individuais, os alunos podem aprender melhor; se identifica os estilos de aprendizagem que permitem planificar e aplicar estratégias
de ensino centradas no aluno e proporciona orientações para a individualização do ensino.
Tipos de Aprendizagem

Um estudo feito em 1990, pelo psicólogo norte-americano


Howard Gardner, da Universidade de Harvard, já mostrou isso.
Segundo ele, existem pelo menos 7 tipos de aprendizagem
diferentes!

1. Corporal-cinestésica: Essa é a inteligência que move os


atletas, dançarinos e todos capazes de fazer coisas incríveis com
o próprio corpo. Até os cirurgiões estão inclusos, porque são
capazes de movimentos muito precisos com suas mãos. Esse
pode ser o tipo de aprendizagem de quem tem uma ótima
coordenação corporal, reflexos apurados e movimentos
precisos. Nesse caso, a aprendizagem funciona melhor com
tarefas práticas, construções e atividades físicas.
Tipos de Aprendizagem

2. Espacial

Esse tipo de aprendizagem está ligado à percepção visual.


Cineastas, arquitetos e até pilotos de avião costumam ter essa
inteligência. As pessoas com esse tipo de aprendizagem têm
facilidade no reconhecimento de formas e objetos.

Para identificar essa inteligência, observe se a pessoa tem um


olhar atento, capaz de perceber detalhes. Verifique se é capaz
de registrar e projetar imagens mentais. Pessoas assim
aprendem melhor com a visualização de gráficos,
organogramas e esquemas.
Tipos de Aprendizagem

3. Interpessoal

A inteligência interpessoal está ligada à capacidade


de interagir e lidar com pessoas. Quem possui essas
habilidades tem capacidade de ensinar e liderar. Por
isso, ocupam posições como gestores e professores.
Para pessoas com esse tipo de inteligência, a melhor
forma de aprender é com os estudos e trabalhos em
grupo
Tipos de Aprendizagem

4. Intrapessoal

A inteligência intrapessoal é a habilidade de conhecer e


compreender a si mesmo. Pessoas assim costumam ser
mais reservadas. Apesar disso, tendem a compreender
os sentimentos e emoções de outras pessoas, como os
psicólogos.

Quem se identifica com esse tipo de aprendizagem,


terá melhor desempenho em atividades individuais.
Seus estudos e pesquisas devem ser totalmente
focados em seu próprio aprendizado.
Tipos de Aprendizagem

5. Linguística

Essa é a inteligência encontrada em escritores, jornalistas,


publicitários, comunicadores e professores. Trata-se da
capacidade de usar a linguagem na transmissão de ideias,
de forma escrita ou oral.

Quem possui esse tipo de aprendizagem tem facilidade com


línguas estrangeiras. Além disso, é capaz de se expressar muito
bem pela fala ou escrita.

Seu aprendizado funciona melhor com a leitura e produção de


textos, como resenhas e resumos. Explicar a matéria para si
mesmo ou para a turma também é uma ótima forma aprender.
Tipos de Aprendizagem

6. Lógico-matemática

Esta habilidade está presente em matemáticos, físicos


e programadores de softwares. Trata-se da capacidade
de identificar padrões lógicos em linhas de raciocínio.
Portanto, este tipo de aprendizagem está ligado,
principalmente, aos números.

Essa é a inteligência de quem é capaz de desenvolver


raciocínios lógicos e encontrar facilmente a solução
para problemas. Assim, a melhor forma de aprender é
por meio da resolução de problemas, classificações,
tabelas e gráficos.
Tipos de Aprendizagem

7. Musical

Como o próprio nome sugere, este é o tipo de


aprendizagem encontrada nos músicos e poetas. Está
ligada à capacidade de produzir sons e ritmos
com instrumentos e palavras.

Esta é a inteligência de quem decora facilmente letras de


músicas e tem facilidade com instrumentos musicais.
Pessoas assim absorverão melhor o conteúdo estudado
por meio de melodias e ritmos.
As contribuições de A. Bandura

Albert Bandura, psicólogo canadense, entre os


anos de 1960 e 1970, começou a estudar o papel
da modelação social no desenvolvimento
cognitivo e linguístico de crianças.

Azzi e Gianfaldoni (2011) postulam que, dentre o


conjunto de contribuições de Bandura, dois
temas deram grande visibilidade às suas ideias:

Modelação;

Autoeficácia.
As contribuições de A. Bandura
A modelação depende das consequências do comportamento das características de modelo observado e do
observador. Bandura (1986) aponta quatro subprocessos que governam a aprendizagem observacional:

1
Processos de Atenção;

2 Processos de Retenção;

3 Processos de Produção;

4 Processos Motivacionais;
As contribuições de A. Bandura

A autoeficácia é a crença na capacidade de realizar ações que produzirão um efeito desejado e


que interferem na escolha dos comportamentos, no desempenho e, por isso, no controle da vida.
A autoeficácia depende de experiências de domínio (experiências passadas), da modelagem
social (experiências vicárias), da persuasão social e dos estados emocionais e físicos (RUSSO,
2015).
Os estudos de Ausubel sobre a aprendizagem significativa

A Teoria da Aprendizagem Significativa foi proposta por David Ausubel (1918-2008) em 1963, na obra The Psychology of
Meaningful Verbal Learning.

De acordo com Marco Antônio Moreira, a aprendizagem significativa ocorre quando ideias expressas simbolicamente interagem de
maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendente já sabe. O autor esclarece que substantiva significa não literal e
que não arbitrária indica um conhecimento relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende, denominado por
Ausubel, como subsunçor ou ideia-âncora.

E por que essa aprendizagem é significativa? Porque é esse conhecimento específico, existente na estrutura de conhecimentos do
sujeito, que permite dar significado a um novo conhecimento, seja de forma mediada, seja pela própria inferência do sujeito. De
acordo com Moreira:
Os estudos de Ausubel sobre a aprendizagem significativa

“É importante reiterar que a aprendizagem significativa se caracteriza pela interação entre conhecimentos prévios e
conhecimentos novos, e que essa interação é não literal e não arbitrária. Nesse processo, os novos conhecimentos
adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior estabilidade
cognitiva.” (MOREIRA, 2012, p. 2)

Todavia, é importante ressaltar que aprendizagem significativa não quer dizer aprendizagem condizente com o
conhecimento formal, validado. Para Ausubel, quando alguém atribui significados a um conhecimento a partir da interação
com seus conhecimentos prévios, estabelece a aprendizagem significativa, independentemente de esses significados
serem aceitos no contexto do sujeito.
Os estudos de Ausubel sobre a aprendizagem significativa

Logo, o fato de o conhecimento prévio ser a variável fundamental para a aprendizagem significativa, tal qual
concebida por Ausubel, não garante que seja uma variável facilitadora para a aquisição do conhecimento escolar.
Pelo contrário, pode até ser uma variável bloqueadora, caso os significados dos conhecimentos prévios sejam
ancorados em conhecimentos e concepções derivadas, por exemplo, do senso comum. A partir da análise da
estrutura cognitiva, Ausubel estabeleceu as seguintes condições para a ocorrência da aprendizagem significativa:

A O material de aprendizagem deve ser potencialmente significativo;

2 O aprendiz deve ter predisposição para aprender.


Referências

Erikson, E. H. (1998). O ciclo de vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

MOREIRA, M. A. O que é afinal aprendizagem significativa? Revista cultural La Laguna Espanha, 2012.
Disponível em: http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf.

Papalia, D. E. (2006). Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed.

PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1989,
p.23-24.
________. O significado de aprender o número. In: Encontros com Sara Paín. PARENTE,S. São Paulo: Casa do
Psicólogo Livraria e Editora Ltda., 2000, p.25. .
Referências

PEREIRA, D. C. Formação continuada de professores do primeiro segmento do Ensino Fundamental: Limites e


possibilidades. Tese (Doutorado em Educação) – Universidad Autónoma de Barcelona, Barcelona, Espanha,
2007.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda, 1990, p.12.

PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do vínculo. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1995, p.51.

RUSSO, R. Neuropsicopedagogia clínica. Teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015.

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