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adoO desenvolvimento humano

 É o processo que pode ser: Individual ou partilhado com os outros ; Exige-se


adaptação; Traz consequências ; Refletir , aceitar e depois mudar ; Crescer
mentalmente.
 Este começa antes do nascimento e termina com o fim da vida , sendo os primeiros
anos de vida fundamentais. Envolver mudanças psicológicas, comportamentais e de
funcionamento que ocorrem no ser humano.
 Existem as mudanças desenvolvimentos: Sistemáticas ( não aleatórias) , Permanentes e
estáveis , relacionadas com a idade e com experiência, etc…
 Não acontece no vazio mas alimenta-se da experiencia permitida pelo meio e modifica-
se com essa experiencia, sendo assim aprendizagem.
 Aplica-se ao “crescimento” ( ex: Altura e peso) bem como a melhoria em competências
especificas e conhecimentos ( ex: aumento nº palavras , competências linguísticas )
mas focaliza-se principalmente nas reorganizações ( cognitivas , emocionais e socias).
 As modificações mais significativas acontecem ao longo da infância e adolescência .
 Mudanças desenvolvimentais: Qualitativas ou quantitativas ; Continuidade ou
descontinuidade.

Desenvolvimento Humano – Nature VS Nurture

 Abordagem maturacionista : o desenvolvimento humano ocorre de acordo cm uma


predeterminação genética ( inata)
 Abordagem behaviorista: fatores do meio e da aprendizagem são primordiais no
desenvolvimento humano. A importância da influência genética é subvalorizada e os
fatores contextuais adquirem um papel essencial no desenvolvimento humano.
 Abordagem interaccionista: Valoriza quer fatores hereditários e maturativos, quer
fatores contextuais e de aprendizagem.

Desenvolvimento É ATIVO OU PASSIVO?

 Modelo mecanicista: desenvolvimento como resposta passiva, previsível a estímulos


internos e externos, que realça os aspetos quantitativos do desenvolvimento. É um
desenvolvimento entendido como um contínuo permitindo a antecipação de
comportamentos posteriores a partir dos anteriores.
 Modelo organísmico: desenvolvimento como um processo iniciado internamente por
um indivíduo ou organismo ativo, que ocorre segundo uma sequência universal de
estádios de maturação. Desenvolvimento ocorre numa série de estádios distintos. Em
cada estádio os indivíduos lidam com diferentes tipos de problemas e desenvolvem
diferente capacidades.
 Abordagem aberta e eclética: As crianças mudam o seu mundo tanto quanto são
mudadas por ele; tendências naturais levam a escolhas e comportamentos que vão
acentuar ainda mais essas tendências.

Primeiros anos de vida….o que queremos que as crianças desenvolvam ?

 Seguranças e autoestima positiva: conhecimento de si própria e controlo do seu corpo;


autonomia e capacidade para fazer escolhas e tomar decisões ; Confiança em si própria
, ou seja, capacidade para lidar com mudanças ou incertezas e enfretar riscos.
 Curiosidade e ímpero exploratório: uma atitude para compreender o seu mundo ;
capacidade para fazer escolhas sobre o tipo de materiais e objetos que quer explorar ;
capacidade para mobilizar estratégias de exploração ativas ; capacidade de resolução
de pequenos problemas..
 Competências sociais e comunicacionais: desenvolvimento da linguagem verbal ,
competências de responsividade e reciprocidade ; Expressar desejos, interesses e
sentimentos ; sentido de responsabilidade e respeito por regras e limites comuns.

TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO!

Perspetiva Psicanalítica
S. Freud E.Erikson
-Desenvolvimento humano explicado a -O desenvolvimento do ego ou do “self”,
partir de impulsos e motivações internas influenciado social e culturalmente.
(inconscientes e irracionais ).
-Desenvolvimento humano explicado a
- Definição de sequência invariante de fases partir de 8 fases ao longo da vida, em que
baseadas na maturação do se verificam crises na personalidade.
desenvolvimento psicossexual.
-As crises constituem-se como
-5 estádios psicossexuais com predomínio acontecimento relevantes, que são pontos
de uma zona erógena; em cada estádio de viragem, em que o individuo é
verificam-se conflitos entre as pulsões confrontado com o desafio de alcançar um
sexuais e as exigências da sociedade. equilíbrio saudável.

-Três hipotéticas instâncias da - O individuo é ativo.


personalidade: Id (princípio do prazer) , Ego
( princípio da realidade) , Superego
( princípio da consciência ).

- O indivíduo é passivo .

Perspetiva da aprendizagem ( J. Watson)

 Desenvolvimento e aprendizagem ocorrem a partir de pressupostos derivados do


condicionamento clássico e operante;
 Ser humano como “tábua rasa”, sujeito às influências do meio.

Perspetiva Cognitivista ( J. Piaget )

 Construtivismo , ou seja, existe uma interação entre organismo e o meio.


 Indivíduo como agente ativo na construção do seu próprio conhecimento e realidade,
em função do seu património genético e das experiências quotidianas.
 O desenvolvimento cognitivo ocorre numa sequência invariável e regular.
 Existem 4 estádios do desenvolvimento cognitivo: Sensório-motor; intuitivo ;
operações concretas; operações formais.
 Enfatiza a atividade e resolução de problemas realizadas pela criança , na sua
aprendizagem.

Como é que a criança evolui na sua construção do conhecimento?

 O desenvolvimento cognitivo emerge da ação da criança, a criança como exploradora


ativa, envolvida na descoberta das coisas e construindo o seu próprio conhecimento.
 As ações repetidas da criança ( chupar , larga, etc) fornecem à criança uma grande
quantidade de informação sobre as propriedades dos objetos . Esta funciona como
tivesse uma motivação intrínseca para repetir e explorar continuamente as suas
capacidades.
 Os esquemas são estruturas mentais em que organizamos o nosso conhecimento sobre
o mundo.
 O apoio dos adultos na identificação e enriquecimento dos esquemas mentais das
crianças, através da interação , e pela provisão de um contexto seguro e estimulante é
crucial. Compreendo como e quando os sistemas cognitivos se desenvolvem , podemos
evitar, ensinar algo antes das crianças estarem preparadas para aprender e por outro
aproveitar grandes oportunidades para ensinarmos no momento ideal.

Processos de desenvolvimento….

Um esquema mental representa um estádio de equilíbrio da compreensão da realidade e que


está em constante evolução.

 Assimilação: incorporação de novas informações nos esquemas já existentes.


 Acomodação: ajustamento e alteração dos esquemas mentais em função das novas
informações.
 Equilibração: aplicação de ideias ou esquemas já possuídos a uma nova situação.

Cada vez que a criança realiza um processo de acomodação, enriquece o seu reportório de
interação com o mundo.

Críticas a Piaget:

 Subvalorização das idades em que as crianças entendem determinados conceitos.


 Uma vez que uma pessoa tenha consolidado as competências de um determinado
estádio, essa pessoa funcionará cognitivivamente a esse nível , independentemente do
tipo de problema ou do domínio do conhecimento.

Perspetiva contextual ( Vygotsky)

 Crença no método genético/evolutivo. Criança como cognitivamente ativa no processo


de imitação de modelos do meio
 Desenvolvimento depnde do meio e da colaboração com outros culturalmente mais
competentes.
 Processos psicológicos superiores têm a sua origem em processos sociais , mas estes só
podem ser compreendidos mediante a compreensão dos instrumentos e signos que
atuam como mediadores.
 Enfatiza a importância da interação social, linguagem e aprendizagem no
desenvolvimento do pensamento.

Conceito de desenvolvimento…

 Qualquer função no desenvolvimento cultural surge primeiro no plano social e


posteriormente no plano psicológico , ou seja, primeiro ocorre entre sujeitos e depois
inerente ao próprio sujeito.
 O desenvolvimento ocorre quando há uma rotura da condição social.
 Estabelece uma distinção entre “idades estáveis” e crises. Crises como momentos de
desenvolvimento em que podem interferir fatores contextuais ou/e fatores biológicos.

Funções psicológicas:

 Elementares, sujeitas ao controlo do meio , sendo determinadas pela estimulação


ambiental.
 Superiores, têm origem social ( memória, raciocínio ).

Mediadores:

 Linguagem- permite representar a realidade e distanciar o individuo em relação ao


aqui e ao agora ; facilita o pensamento individual e o dialogo interno.
 Sistemas de contagem/ memorização.

Zona de desenvolvimento Próximo:

 Distância entre o nível de desenvolvimento atual do indivíduo determinado pela


capacidade de resolução de problemas , individudalmente, e o nível de
desenvolvimento potencial do mesmo indivíduo, determinado pela capacidade de
resolução de problemas sob a orientação de um individuo mais capaz.
 Para estabelecer uma relação entre aprendizagem e desenvolvimento, há que
considerar 3 níveis de aprendizagem: Nível de desenvolvimento real ; ….. próximo; ….
potencial.
 Para o progresso da criança é fundamental a relação entre o nível de preparação , de
desenvolvimento da criança e de exigência efetuada pela escola.
 O ensino só é considerado bom quando vai à frente do desenvolvimento e desperta
para a vida funções que estão na ZDP.
 O educador não pode ensinar qualquer tarde a qualquer criança de forma idêntica ,
pois cada criança tem um estrutura cognitiva diferente.

Perspetiva Contextual ( Bruner)

 Refere-se ao tipo de apoio que as crianças necessita no sentido de atingirem a ZDP.


 Scaffolding, mobiliza o interesse da criança e promove o envolvimento na atividade ,
desafiando e apoiando perante dificuldades e dando-lhe mais espaço de autonomia.
 O papel do educador é construir “aindames”, ou seja, criar uma tarefa através de
“formatos”. Depois da criança dominar esse formato , este incentiva ela a utilizar essa
competência para construir algo mais complexo.
 Este principio consiste em aumentar gradualmente a exigência/apoio é o que mantém
a criança na região sensível ao ensino.

Função da linguagem:

 É um instrumento do pensamento, sendo ela que permite à criança desenvolver o seu


pensamento.
 Fornecer vocabulário relevante e promover formulação de ideias através da discussão
é um elemento vital para a criança desenvolver flexibilidade de pensamento e
construir o seu próprio pensamento.
 Assim diálogos, discussões podem ser extremamente benéficas para a aprendizagem e
desenvolvimento

Limitações:

 Existencia de um nível prévio de maturação.


 A criança deve estar motivada e confiante em si e nos outros.
 Intervenção consistente e persistente ao longo do tempo.

Críticas:

 A criança não é um ser passivo.


 As relações com objetos também são importante na promoção do desenvolvimento
psicológico.

Perspetiva contextual (Modelo ecológico de Bronfenbrenner)

 Sujeito dinâmico que se move, reestrutura e recria progressivamente o meio em que se


encontra.
 Interação sujeito-meio pautada pela reciprocidade.
 Ambiente que influencia o desenvolvimento não se limita ao contexto imediato,
englobando inter-relações entre vários contextos.
 Microssistema, cenários imediatos de participação do individuo que apresentam
características particulares (família, amigos, escola...).
 Mesossistema, sistema de relações existente entre vários cenários de participação do
individuo (relações escola-família).
 Exossistema, cenários dos quais o individuo não faz parte, mas que afetam os cenários
em que ele efetivamente participa.
 Macrossistema, padrões de organização institucional da cultura (sistema económico,
político, social) que regulam o funcionamento de todos os sistemas anteriores.
 Cronossistema, efeitos da passagem do tempo nos diferentes sistemas.

FASES DO DESENVOLVIMENTO

INFÂNCIA:

 As crianças são participantes ativas na sociedade ; é uma fase de desenvolvimento


crucial na formação do indivíduo.

Vinculação:

 As relações precoces têm um impacto decisivo e duradouro na forma como as pessoas


se desenvolvem.
 Refere-se à ligação afetiva de uma pessoa a outra, ligação esta que é durável e persiste
mesmo durante as separações. É uma ligação recíproca e duradoura, entre o bebé e a
figura parental, em que cada um contribui para essa relação.

Como se constrói ou se vive uma Como é vivida a separação?


relação de vinculação?
Troca/partilha/comunicação Dor
Relação continuada Dificuldade
Cumplicidades, confiança Saudade

Estudos sobre a vinculação:

 René Spitz ( Investigações em orfanatos e hospitais) :


o Sem cuidadores consistentes , existe um depressão e atrasos de
desenvolvimento ;
o Depressão anaclítica, ou seja, uma separação prolongada;
o Conclui-se que a relação pais-criança é necessária à sobrevivência e
desenvolvimento saudável das crianças;
o A criança que experiencia a situação de separação das figuras parentais
percorre estádios de tristeza profunda e de rutura ( angustia, depressão ,
isolamento).
 John Bowlby:
o Verifica que as crianças que experienciavam separações precoces e
prolongadas tinham mais probabilidade de se tornarem delinquentes, não
desenvolvendo empatia pelos outros.
 Harry Harlow:
o Demonstra que crianças privadas de contacto físico sofrem efeitos adversos
permanentes como incapacidade de estabelecer relações reprodutivas
adequadas na idade adulta.
o Transmite uma poderosa mensagem sobre a necessidade do estabelecimento
de ligação precoce.
 Mary Ainsworh:
o Desenvolve a teoria da base segura: uma boa vinculação previne
comportamentos de dependência pela criação de um sentimento de
segurança, através da base segura, a criança explora, corre riscos, age com
maior independência e autonomia.
o Os seres humanos conhecem um período de imaturidade muito longo , nesse
período o ser humano aprender e é influenciado pelo ambiente e cultura e
como tal desenvolve flexibilidade; Este período de imaturidade ,
consequentemente , requer um longo período de “parentalidade” assegurando
cuidados e proteção à criança; Acontece assim depois a vinculação reciproca
estabelecendo a proximidade desejada na relação.
[ Atenção: essa vinculação pode ser vista como a manifestação de forte
preferência de alguém para estar próximo ]

Para que serve a vinculação?

 Garante a satisfação de necessidades básicas da criança.


 Facilita aa exploração e comportamentos independentes.
 Focaliza a atenção da criança na pessoa significativa ficando a criança mais propensa a
aprender com a pessoa com que tem estabelecida vinculação.

Antecedentes da vinculação:

 Características maternais: empatia e sensibilidade.


 Características da criança: as diferenças individuais, temperamento dos bebés têm
seguramente um papel significativo na vinculação.
 Características contextuais: alteração no contexto familiar, stress , etc…

Fatores de risco para estabelecimento de uma vinculação segura


Uso de álcool ou drogas durante a Doença mental dos adultos
gravidez cuidadores
Prematuridade Abandono
Violência doméstica Instabilidade Familiar

Comunicação emocional: Regulação mútua

 Regulação mútua : processo através d qual o bebé e o adulto que cuida dele
comunicam estado emocionais entre si e reagem de modo apropriado.
 Bebés têm um papel ativo no processo de regulação, não são apenas recetores de
ações das figuras parentais.
 Uma interação saudável ocorre quando a figura parental “lê” com precisão as
mensagens do bebé e responde adequadamente.

Valor de uma ligação segura:


 A curto prazo: Manutenção da proximidade ( Segurança); Prazer mútuo ; Base segura
para exploração.
 A médio e longo prazo: Autoestima; Desenvolvimento cognitivo e sócio emocional.

[Atenção: Quando uma criança é emocional e cognitivamente negligenciada as funções


mediadas pelo cérebro, de cariz cognitivo ou socio emocional podem ser afetadas , resultando
em ansiedade ou depressão, incapacidade para desenvolver relações positivas com os outros
etc…]

Porque é que o brincar é importante?

As crianças têm direito a…

 experimentar situações de exploração ativa, diversificadas e ao seu próprio nível.


 Experienciar situações de descoberta e de conquista pessoal por ensaios e erros
sem medo de falhar.
 Experienciar situações suscitadores de imaginação e criatividade.

Em síntese…..Questões desenvolvimentais na infância:

 Período operatório concreto (Piaget): emergência do sentido self, ou seja, perceções


mais realistas, conscientes , equilibradas e compreensivas sobre ele mesmo. ( saber em
que disciplina é bom ou não )
 Mestria vs Inferioridade ( Erikson ): capacidade de pensar sobre o “self” ideal e o “self”
real , atendendo a expetativas e padrões sociais; desenvolvimento da autoestima.
 Autonomia vs Vergonha ( Erikson ): desenvolvimento da autonomia, ou seja, a dúvida
sobre si própria ajuda a criança a entender os seus limites.
 Internalização, desenvolvimento da consciência: processo através do qual as crianças
aceitam os padrões sociais; controlo independente do comportamento da criança para
conformar as expetativa sociais.

ADOLESCÊNCIA:

 Estádio evolutivo do desenvolvimento.


 Estádio no qual o individuo passa por todos os estádios anteriores de desenvolvimento
pela segunda vez, mas a um nível mais complexo – “segundo nascimento”

O conceito de adolescência pode ser definido em função de dimensões:

 Biológicas: Puberdade
o Adolescência e puberdade não são coincidentes.
o A puberdade refere-se ao conjunto de mudanças físicas que transformam o
corpo infantil no corpo adulto. Tem fortes implicações ao nível da aparência
física e da imagem corporal e do funcionamento psicológico em geral.
o Adolescência estabelece a transição entre a infância e a idade adulta.
o Influenciada pela hereditariedade e pelo meio ambiente ( nutrição , zona onde
vive, estado de saúde )
o Implicações psicológicas, como ajustamento às mudanças corporais,
sentimentos desencadeados por essas mudanças, significado atribuído as
mesmas.
 Psicológica:
o Aceitação do próprio corpo;
o Estabelecimento de relações mais maduras e diferenciadas.
o Independência emocional dos pais
o Construção da identidade psicológica e aquisição do sentimento de controlo
sobre a própria vida.
o Desenvolvimento de um sistema de valores éticos e morais a seguir ao longo
da vida.
o Ser capaz de participar na vida sociopolítica da sociedade.

Tensão e conflito?

 A adolescência é um período da vida particularmente difícil – mais difícil do que outros


períodos – para o adolescente e para as pessoas que com ele se relacionam.
 Será que a tensão e o conflito são fenómenos universais e inevitáveis na adolescência?
Não! Nem todos os adolescentes vivenciam este período de forma dramática.
 A adolescência é condicionada por fatores biológicos, sociais e culturais.
o Conflito com os pais (início da adolescência)
 Promove o desenvolvimento da individualização e autonomia dentro
de um contexto relacional afetivo.
 Não implica rutura da relação entre adolescentes e pais.
o Alterações do humor (fase intermédia da adolescência)
 Sentimentos de embaraço, solidão, nervosismo e rejeição mais
frequentes.
 As oscilações de humor associam-se frequentemente a fatores sociais.
o Comportamentos de risco (fase final da adolescência)
 Abuso de substâncias.
 Comportamento sexual de risco.
 A tensão e o conflito podem trazer vantagens e desvantagens no modo como a
sociedade lida com o adolescente…
o Por um lado, uma excessiva preocupação em torno destes comportamentos
pode conduzir a posturas parentais demasiado autoritárias, tendo
consequências negativas para o desenvolvimento.
o No entanto, “ normalizar” alguns comportamentos pode fazer com que o
adolescente sinta que não tem atenção devida.
o Quando existe um conhecimento da probalidade de ocorrência de
determinados comportamentos pode permitir que pais e professores
concebam as melhores formas de lidar com adolescente.

Desenvolvimento Cognitivo ( Elkind )

 Pseudo-estupidez : Capacidade para pensar acerca de múltiplas possibilidades, para


procurar motivos complexos para o comportamento, resultando numa aparente
estupidez ; Tendência para “ complicar” situações que na realidade são simples.
 Audiência Imaginária: O adolescente pensa que as outras pessoas estão interessadas
nas suas preocupações e comportamentos como ele próprio ; Capacidade para pensar
sobre o pensamento dos outros mas dificuldade de distinguir o que é interesse alheio e
próprio ; Pensar que é o centro das atenções ; Interesse em criar uma audiência a
partir de comportamentos desajustados ( palhaço da turma ) sabendo a reação que irá
despertar.
 Fábula Pessoal: Pensa que as suas experiências são únicas e não se regem pelas
mesmas regras que governam a vida de outras pessoas, de modo que ninguém
experimentou as mesmas sensações ( ex: o adolescente não gosta que mexam nas
coisas dele mas mexe nas coisas da mãe ; Dizer aos outros que eles não sabem o que é
estar apaixonado ) ; Confusão entre sentimentos e necessidades ; Redução da fábula
pessoal através do desenvolvimento de relações de amizade e intimidade com pares,
ou seja, eles começam a perceber que não são os únicos a sentir aquilo.
 Hipocrisia Aparente: O adolescente considera que não tem que respeitar as mesmas
regras que considera absolutamente essenciais para os outros ; Pensa que basta
acreditar em princípios morais para que estes tenham efeito ; O idealismo da
adolescência colide com o pragmatismo da idade adulta

Pensamento infantil Pensamento adolescente


Pensamento limitado ao aqui e Pensamento alargado a
agora possibilidades
Resolução de problemas ditada Resolução de problemas orientada
pelos detalhes dos mesmo pela verificação de hipóteses
previas
Pensamento limitado a objetos e Pensamento alargado a ideias assim
situações concretas como à realidade concreta

Pensamento concentrado em si Pensamento alargado ao outro

DESENVOLVIMENTO MORAL

 A moralidade diz respeito às nossas ideias sobre o certo e o errado , tendo em


consideração os ideias ou sentimentos correntes da sociedade em que se vive.
 No estudo deste desenvolvimento não se julga os valores particulares de uma pessoa
ou sociedade mas procura-se perceber como é que as pessoas desenvolvem esses
valores e o que contribui para esse processo.
 A compreensão deste desenvolvimento pode ajudar à educação de uma
criança/adolescente, permitindo perceber os limites da responsabilidade moral,
sabendo até que ponto a criança é capaz de distinguir o certo e o errado.
 Existe uma distinção entre regras morais e convenções morais….as primeiras
privilegiam a proteção das pessoas ( não roubar , não matar etcc) ; as segundas
incidem sobre comportamentos implementados pela sociedade, religião , família etc…
 Piaget e Kohlberg tentaram perceber como é que as pessoas pensam acerca de
questões morais e como é que decidem acerca do que é moralmente correto ou não ,
havendo uma relação direta entre o raciocínio moral e o comportamento.
Perspetiva Piagetiana:

 A essência da moralidade consiste no respeito do individuo pelas regras sociais , no


desenvolvimento do sentido de justiça e de igualdade.
 O desenvolvimento faz-se de uma moralidade heterónoma a uma moralidade
autónoma.
o Moralidade heterónoma ou realismo moral: A criança submete-se a regras
que considera como sagradas e intangíveis ; Um comportamento é
considerado “bom” se está conforme as regras estabelecidas e não
acarreta punição. ; a criança considera como único padrão de justiça a
autoridade parental
o Moralidade autónoma ou subjetivismo moral: A moralidade de um ato é
avaliada em função dos motivos, das intenções e das circunstancias e não
das consequências materiais ; As regras morais a que se reporta são
aquelas que compreende e que interiorizou , considerando que elas são
modificáveis em função das necessidades humanas e do contexto da
situação; a criança considera um estatuto autónomo relativamente à
autoridade adulta, tomando em consideração as circunstâncias.
 A partir dos 12 anos de idade a criança pode raciocinar de uma forma adulta
( utilizando conceitos abstratos).

Perspetiva de Kohberg:

 Investigou essencialmente o desenvolvimento moral de adolescentes, desenvolvendo


uma teoria de progressão contínua até à idade adulta.
 As pessoas não podem ser rotuladas com categorias morais ( honesto , batoteiro ,etc..)
mas o caracter moral é algo que se desenvolve.
 O desenvolvimento moral ocorre segundo uma sequencia de estádios universais,
independentemente da cultura, continente ou país.
 Cada estádio de desenvolvimento moral:
o É qualitativamente diferente do precendete;
o Representa um novo e mais compreesivo sitema de organização mental;
o Esta relacionada com a idade mas sobretudo com o desenvolvimento
cognitivo.
 Estádios de desenvolvimento moral:
o Moral pré-convencional (Crianças até aos 9 anos) : a criança sabe que existem
normais sociais, coisas que pode ou não fazer ; a criança age para evitar o
castigo , a obediência é para sua própria salvaguarda.
 Estádio 1 (moral do castigo): trata-se de obedecer à autoridade e evitar
o castigo; as normas o sociais são entendidas à letra e de modo
absoluto ; a moralidade é confundida como castigo , é incorreta tudo o
que leva a punição e toda ação punida é incorreta.
 Estádio 2 (moral do interesse): as ações são justas e corretas quando
são um instrumento que permite satisfazer desejos, interesses e
necessidades do próprio.
o Moral convencional (Típica da maioria dos adolescentes e adultos): As normas
e expectativas sociais foram interiorizadas. O justo e o injusto definem-se como
normais sociais e não se confundem com o que leva à recompensa ou castigo;
implica cumprir os deveres e respeitar a lei e a ordem estabelecidas.
 Estádio 3 (moral do coração): o sujeito está preocupado com as
normas e convenções sociais; o sujeito está preocupado em manter a
confiança interpessoal e a aprovação social.
 Estádio 4 (moral da lei): predomínio da lei, das normas e dos códigos
socialmente aceites; os comportamentos são tidos como bons se
conformam a um conjunto rígido de regras e o sujeito cumpre o seu
dever e respeita a autoridade.
o Moral pós-convencional (apenas uma minoria de adultos): o valor moral
depende menos da conformidade às normas sociais e mais da sua orientação
em função de princípios éticos universais ( direito à vida , à liberdade etc…) ; A
vida da pessoa rege-se pelos seus princípios éticos, estes de acordo com a lei
mas em situação de conflito a consciência da pessoa domina.
 Estádio 5 ( moral do relativismo da lei ): as leis são obedecidas porque
representam uma estrutura necessária de acordo social ; as normas
podem entrar em conflito com a moral ; As leis são relativas a uma
sociedade. Existem valores e direitos de cariz universal independentes
da sociedade.
 Estádio 6 ( a moral da razão universal ): trata cada pessoa como um fim
e não como um meio ; A vida é o valor mais importante.
 Críticas:
o Os dilemas morais apresentados são artificiais e pouco familiares às crianças.
o A metodologia concentra-se naquilo que os sujeitos dizem e não naquilo que
fazem.

Desenvolvimento do raciocínio moral pró-social:

 Entre os 4 e 6 anos, as crianças decidem atuar de forma pró-social apelando às


necessidades físicas ou psicológicas da pessoa em dificuldades. Mas quando surge um
conflito de interesses recuam para soluções orientadas para benefício próprio.
Demonstrado pouca solidez dos raciocínios morais nestas idades, sem referência a
princípios abstratos que guiam a tomada de decisão.
 Ã partir dos 6 anos, as decisões são tendencialmente pró-sociais, mesmo perante
conflitos de interesses.
 A partir dos 10-12 anos, os argumentos utilizados refletem a adoção da perspetiva da
vítima e traduzem princípios e valores morais próprios.

Raciocínio moral e conduta moral

 Quanto mais próximo o conteúdo do raciocínios e a situação da vida real , maior a


associação entre raciocínio e conduta moral.
 A relação entre raciocínio moral e conduta moral parece ser modelada por:
o Variáveis do contexto como a presença de testemunhas, características da
vítima.
o Variáveis pessoas como sensibilidade, autoestima, competência social
 O raciocínio moral funciona como força motivadora para promover condutas
moralmente corretas sobretudo em situações difíceis.

Fatores de desenvolvimento moral e social

 Desenvolvimento cognitivo
 Práticas educativa parentais
o Relação amorosa entre pais e filhos.
o Princípios e regras consistentes
 Interações com pares e irmãos
 Características dos contextos culturais e sociais

Teorias explicativas
 Psicanálise, emergência do super-ego, como consciência moral interiorizada, impondo
a primazia do principio da realidade sobre o princípio do prazer.
 Aprendizagem social, o desenvolvimento da consciência e o comportamento moral
como resultado de aprendizagem por condicionamento e observação de modelos
sobretudo aqueles a que a criança reconhece autoridade.
 Vygotskiana, o raciocínio moral como processo psicológico superior é mediado pela
linguagem e formas de discurso ; o desenvolvimento moral é uma construção
sociocultural ( relativa ao contexto de origem ) e não um processo de construção
individual.
 Construtivistas, o desenvolvimento do raciocínio moral deriva ( e depende) do
desenvolvimento congnitivo ; os princípios morais são sobretudo construções racionais
do sujeito em interação social ; desenvolvimento moral consiste na construção de
princípios morais e de justiça que vão muito além das normas sociais e morais
vigentes.

Construção da Identidade

 A construção de uma identidade é uma tarefa fundamental da adolescência.


 Segundo a teoria Psicossocial ( Erikson),
o A identidade é definida devido ao biológico, as experiencias pessoais e a
cultura que rodeia o individuo.
o Crise da adolescência – identidade vs difusão de identidade.
o O esforço dos adolescentes para dar sentido ao self não é um mal estar , mas
sim um processo vital , saudável, que se constrói com base nas primeiras fases
e favorece o crescimento para enfrentar as crises da vida adulta.

[Atenção: As crises constituem-se como acontecimentos relevantes que são pontos de viragem,
em que o indivíduo é confrontado com o desafio de alcançar um equilíbrio saudável]

Desenvolvimento da Identidade (Erikson)

 Cria-se uma crise de identidade devido a fatores endógenos e socio-culturais , ou seja,


mudanças físicas e cognitivas, no contexto familiar e nas relações com os pares.
 A identidade remete para a necessidade de saber quem somos e como nos
enquadramos na sociedade, ou seja, construímos uma imagem de nós próprios .
Refere-se aos aspetos que me permitem reconhecer que eu sou o mesmo ao longo do
tempo e em diferentes contextos sociais , ou seja, existe uma continuidade no tempo e
nos espaços sociais.
 Na criação de um identidade existem dois tipos de dimensão,
o Dimensão pessoal: História pessoal , habilidades , competências , ideologia
( crenças religiosas , politicas etc) e valores.
o Dimensão social: papéis sociais, relações sociais , perceção de
semelhanças/diferenças em relação aos outros.
 A identidade forma-se quando os jovens resolvem três questões centrais ,
o Escolha de profissão
o Adoção de valores próprios
o Desenvolvimento de uma identidade sexual
 Moratória psicossocial
o Período de “tempo de espera” que adolescência proporciona em que se
procuram compromissos, tanto ideológicos como pessoais, que irão moldar o
percurso de vida do sujeito. ( Ex: Exploração pessoal ; Experimentação papéis )
o Papel facilitador dos Pais/Família, equilibrando estrutura e
liberdade/autonomia.
o A definição de si próprio emerge quando os jovens escolhem valores e pessoas
a quem são leis, mais do que aceitarem simplesmente a escolha dos pais.
 Fidelidade
o Resolução positiva da crise: Construção da identidade
o Resolução negativa da crise: Difusão da identidade
 Confusão e falta de perspetiva quanto a papéis futuros; incerteza
quanto ao lugar que ocupa no mundo
o Resolução mista da crise: Orientação em certas áreas de existência mas não
em todas

Estatutos da Identidade (James Marcia)

 A identidade é uma organização interna, auto-construída, dinâmica , de impulsos,


capacidades, crenças e historia individual.
 Existem 4 estatutos Identidade(Ver exemplos nos slides ):
o Identidade realizada (Exploram, vivência da crise ; Investem, definição de
compromissos)
 Sujeito já ultrapassou a fase de exploração e está apto a fazer
investimentos
 Trata-se de sujeitos bem adaptados, otimistas mas realistas,
conscientes de dificuldades.
o Identidade outorgada (Não exploram, ausência da crise ; Investem, definição
de compromissos)
 Sujeito que não passou nem está a passar por período de exploração
 Faz investimentos que são o reflexo de escolhas feitas por outros
 Evita fazer escolhas de forma autónoma; é mais orientado pelos outros
do que por ele próprio
 Aceita o papel que as figuras de autoridade ou os amigos mais
influentes lhe impõem
o Moratória (Não exploram, ausência da crise ; Não investem, ausência de
compromissos )
 Sujeito que se mantém num período de exploração de alternativas
 O individuo faz uma pausa com objetivo de melhor explorar tanto o
seu Eu.
 Existe uma verdadeira procura ativa de alternativas e não uma simples
espera.
o Difusão da Identidade (Exploram, vivência da crise ; Não investem, ausência de
compromissos )
 Sujeito que não investe nem passou por qualquer período de
exploração.
 Descomprometimento com a vida.
 Parece não existir uma estrutura de personalidade consistente – um Eu
 Diferentes padrões emocionais : desde a apatia à agressividade.
 Crise: Período de tomada de decisão consciente relacionada com a formação da
identidade.

 Capacidade de exploração: Questionar ativo , tendo em vista a tomada de decisão e o


atingir de objetivos ; inclui a recolha de informação, a análise de várias alternativas e a
tomada de decisão face à direção a seguir
 Compromisso: Investimento pessoal numa profissão ou sistema de crenças

 Capacidade de investimento: realização de escolhas firmes e realização das ações para


as implementar; implica um mecanismo de integração do passado com o presente e
com futuro.
 Fatores de desenvolvimento da identidade
o Fatores individuais: maturidade corporal ; idade ; estruturas cognitivas.
o Fatores interpessoais: Práticas educativas familiares ; características do
contexto (na escola)
o Fatores sociais: normas sociais ; hierarquia social
 Aspectos críticos:
o Cada adolescente constrói a sua identidade adulta “ à sua maneira” .
o Há um história por trás de cada estatuto e a historia/narrativa é bem mais
importante e informativa que o próprio estatuto.

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