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Teorias de desenvolvimento humano

O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento


orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas são as formas
de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando.
Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida.

A importância do estudo do desenvolvimento humano

Esse estudo é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano.


Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de
uma faixa etária. Planejar o que e como ensinar implica saber quem é o educando.
Existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias
de cada faixa etária
.

Fatores que influenciam o desenvolvimento humano

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou


não desenvolver-se. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições
do meio em que se encontra
.
Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico.

Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de


comportamento.
Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo.

Aspectos do desenvolvimento humano

Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica.


Ex.: A criança que leva a chupeta à boca.

Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de 2


anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo de um
móvel.
Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas
experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos em
algumas situações.

Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que permanece
sozinha.
Não é possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos relacionam-
se permanentemente.

A teoria do desenvolvimento humano de Jean Piaget

Este autor divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de


novas qualidades do pensamento
.
Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem.
Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento
se acelera. A interação e a comunicação entre os indivíduos são as consequências
mais evidentes da linguagem. Um dos mais relevantes é o respeito que a criança nutre
pelos indivíduos que julga superiores a ela. Neste período, a maturação
neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades,
como a coordenação motora fina – pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos,
segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os delicados movimentos exigidos pela
escrita.

Período das operações concretas


(a infância propriamente dita – 7 a 11 ou 12 anos)

Nessa idade a criança está pronta para iniciar um processo de aprendizagem


sistemática. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto,
passando a organizar seus próprios valores morais. A grupalização com o sexo oposto
diminui. A criança, que no início do período ainda considerava bastante as opiniões e
as ideias dos adultos, no final passa a enfrentá-los.

Período das operações formais


(a adolescência – 11 ou 12 anos em diante)

É capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça, etc. É capaz de tirar
conclusões de puras hipóteses. O alvo de sua reflexão é a sociedade, sempre
analisada como possível de ser reformada e transformada. No aspecto afetivo, o
adolescente vive conflitos.

Juventude: projeto de vida


A personalidade começa a se formar no final da infância, entre 8 a 12 anos. Na idade
adulta não surge nenhuma nova estrutura mental, e o indivíduo caminha então para um
aumento gradual do desenvolvimento cognitivo.

Sigmund Freud-Desenvolvimento Psicossexual


Nasceu em 1856 em Freiberg, na Áustria, numa família judia de classe média que, três
anos depois, se mudaria para Viena, onde Freud se formou em medicina. Seu
interesse pela pesquisa o levou a estudar neuropatologia em Paris. Casou-se com
Martha Bernays, com quem teve seis filhos. Experiências clínicas e pessoais, como a
morte do pai, foram elaboradas por Freud como teoria psicanalítica e apresentadas
pela primeira vez de modo sistemático no livro A Interpretação dos Sonhos (1900), ao
qual se seguiram Psicopatologia da Vida Cotidiana (1904) e Três Ensaios sobre a
Teoria da Sexualidade (1905).

Desenvolvimento psicossexual
1ª concepção tópica
Inconsciente: representante dos instintos e das pulsões, onde ficam depositados os
conteúdos mentais censurados. Pode aparecer nos sonhos, atos falhos,
esquecimentos, etc.
Pré-consciente: está ligado ao inconsciente e à realidade. Funciona como um
mediador, que autoriza a passagem do conteúdo inconsciente de forma disfarçada.
Consciente: localiza-se no limite entre os mundos externo e interno, cuja função é
recepcionar as informações deles provenientes.
 
2ª concepção tópica
Id: instância pulsional do psiquismo e seu conteúdo é totalmente inconsciente. É o
grande reservatório de impulsos e instintos, é irracional, ilógico e amoral. Está presidido
pelo princípio do prazer.
Ego: conjunto de reações que tenta conciliar os esforços e as demandas do id com as
exigências da realidade interna e externa. Apresenta conteúdos do inconsciente,
consciente e pré-consciente. Tem função adaptativa e está presidido pelo princípio da
realidade.
Superego: é a expressão da interiorização das interdições e exigências da cultura e da
moralidade, representada pelos pais. É quase totalmente inconsciente, com uma
pequena parte consciente. Tem função de cuidado e proteção, mostrando ao ego o que
é moralmente inaceitável ou perigoso à integridade da vida.

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Freud


Fase Oral
1º ano de vida
Zona erógena: boca e lábios
Dependência do mundo adulto, especialmente da mãe
Prazer em sugar o seio da mãe.
O adulto com fixação nesta fase pode regredir e buscar alívio na comida, no sono, ou
de forma mais patológica, na droga.
Estágios do desenvolvimento psicossocial - Freud
Fase Anal
Início do 2º ano até o 3º ano de vida
Zona erógena: processos de eliminação ou retenção.
Prazer em eliminar ou reter as próprias fezes e à importância que os pais dão a essas
funções.
Desenvolvimento das faculdades mentais (limpeza, ordem e outros hábitos)
O adulto com fixação nesta fase pode dar origem a rejeição ou expulsão hostil para
com outras pessoas, o que também se transfere ao dinheiro, podendo reverter em
sintomas como avareza.

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Freud


Fases Fálica e Genital
Início do 4º ano de vida até o final da puberdade
Zona erógena: zonas genitais.
Desenvolvimento do Complexo de Édipo
O adulto com fixação nesta fase pode dar origem a dificuldades de crescimento
emocional, sofrimento e prejuízos à qualidade de vida.
 

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Freud


Período de Latência
Fase contida na fase genital
Inicia-se por volta dos 6 anos e vai até 12 ou 14 anos.
Enfrentamento da sexualidade, onde ocorrem sentimentos de insegurança,
ambivalência e culpa inconsciente.
A repressão do instinto pode estar relacionado à dificuldades de aprendizagem,
comportamento de reserva e distanciamento.

ERICK ERIKSON
Nasceu em 1902 na Alemanha. Era parte do círculo íntimo de Freud em Viena até fugir
da ameaça do nazismo e ir para os EUA em 1933. Sua ampla experiência pessoal e
profissional levou-o a modificar e estender a teoria freudiana, enfatizando a influência
da sociedade sobre o desenvolvimento da personalidade. Faleceu em 1994.

Desenvolvimento Psicossocial - Erikson


Abrange oito estágios durante o ciclo vital. Cada estágio envolve uma “crise” na
personalidade, que surge de acordo com um cronograma de maturação, deve ser
satisfatoriamente resolvida para um saudável desenvolvimento do ego.
O êxito na resolução de cada uma das oito crises exige que um traço positivo seja
equilibrado por um traço negativo correspondente. Embora a qualidade positiva deva
predominar um traço negativo é igualmente necessário.

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


1. Confiança x desconfiança básica (nascimento aos 12-18 meses)
As pessoas precisam acreditar no mundo e nas pessoas, mas elas também precisam
adquirir certa desconfiança para se protegerem do perigo.
Virtude: “Esperança”

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


2. Autonomia x vergonha e dúvida (12-18 meses aos 3 anos)
A criança desenvolve um equilíbrio entre independência e auto-suficiência, e vergonha
e dúvida.
Ela percebe que há limitações, obrigações, etc., estabelecidas para ela.
Há uma dupla exigência para a criança: a necessidade de auto-controle e a
necessidade de aceitação do controle exercido por outros no seu ambiente
Virtude: “Vontade”

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


3. Iniciativa x culpa (3 aos 6 anos)
A criança desenvolve iniciativa quando experimenta novas atividades e não é
dominada pela culpa.
A iniciativa combina-se com a autonomia para dar às crianças as condições de busca,
planejamento e determinação na consecução de tarefas e de objetivos.
Virtude: “Propósito”

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


4. Produtividade x inferioridade (6 anos à puberdade)
A criança deve aprender habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de
incompetência.
Virtude: “Habilidade”
5. Identidade x confusão de identidade (puberdade ao início da idade adulta)
O adolescente deve determinar seu sentido pessoal de identidade (“Quem sou eu?”) ou
sentir confusão sobre papéis.
Virtude: “Fidelidade”

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


6. Intimidade x isolamento (início da idade adulta jovem)
A pessoa procura formar compromissos com os outros; em caso de fracasso, pode
sofrer de isolamento e auto-absorção.
Virtude: “Amor”
7. Geratividade x estagnação (idade adulta)
Adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a nova geração, ou então sente
empobrecimento pessoal.
Virtude: “Consideração”

Estágios do desenvolvimento psicossocial - Erikson


8. Integridade x desespero (idade adulta tardia)
O idoso alcança a aceitação da própria vida, o que lhe permite aceitar a morte, ou
então se desespera pela incapacidade de reviver a vida
Virtude: “Sabedoria”
O desenvolvimento da moralidade em Piaget e Kohlberg
Piaget e Kohlberg foram os primeiros psicólogos a se interessar pelo desenvolvimento
da moralidade na criança e no homem adulto.
PIAGET viu que crianças de 0 a 12 anos passam por duas grandes orientações 
da moralidade: a autonomia e a heteronomia. As crianças menores estão no estágio de
heteronomia, isto é, as regras são leis externas, sagradas, imutáveis, por que são
impostas pelos adultos. As crianças maiores passam aos poucos para um estágio de
autonomia, em que as regras são vistas como resultado de uma decisão livre e digna
de respeito, aceitas pelo grupo.
Para Piaget, toda moral é formada por um sistema de regras e a moralidade consiste
no respeito que o indivíduo nutre por estas regras. Partindo desse princípio, Piaget
propôs estudar esse problema em dois níveis: a consciência (intelecção) que se tem
das regras, e a sua colocação em prática. Piaget queria encontrar o grau de
correspondência existente entre consciência (conhecimento) e a prática das regras.
Piaget, escolheu para esse estudo um jogo bem conhecido das crianças, o jogo de
bolinhas de gude. Jogo com muitas e, relativamente complicadas regras. Piaget,
observava meninos em diversas idades jogando bolinhas e perguntava a eles: quais
eram as regras do jogo? de onde vinham? podiam-se ser modificadas? Três questões
fundamentais para a moralidade:
- conhecimento da lei
- origem ou fundamento da lei
- mutabilidade ou não da lei
Com relação as regras do jogo Piaget encontrou níveis diferentes tanto  de consciência
das regras como sobre sua prática.
1º estágio - crianças até 2 anos - nesse estágio as crianças simplesmente jogam, não
há nenhuma regra ou lei, é puramente uma atividade motora, não ha nenhuma
consciência de regras.
2º estágio - crianças de 2 a 6 anos - nesse estágio a criança observa os maiores
jogarem e começa a imitar o ritual que observa. A criança percebe que existem regras
que regulam a atividade e considera as regras sagradas e invioláveis. Ainda que nesse
estágio a criança saiba as regras do jogo, ela não joga "com os outros", ela joga como
que sozinha, é uma atividade egocêntrica, ainda que esteja jogando com outros
companheiros. É uma atividade que produz prazer psicomotor.
3º estágio - entre os 7 e 10 anos - nesse estágio a criança passa do prazer psicomotor
dos estágios anteriores ao prazer da competição segundo uma série de regras e um
consenso comum. Esse estágio está ainda  dominado pela heteronomia, as regras são
sagradas mas já são reconhecidas como necessárias para bem dirigir o jogo. Há um
forte desejo de entender as regras e de jogar respeitando o combinado.
As crianças vigiam-se mutuamente para se certificar de que todos jogam respeitando
as regras.
4º estágio - entre 11 e 12 anos - é a passagem para a autonomia. O adolescente
desenvolve a capacidade de raciocínio abstrato e as regras já são bem assimiladas. Há
um grande interesse em estudar as regras em si mesmas, discutem muitas vezes
sobre quais as regras que vão ser estabelecidas para o jogo.
Para Piaget o desenvolvimento da moralidade se dá principalmente através da
atividade de cooperação,  do contato com iguais, da relação com companheiros e  do
desenvolvimento da inteligência.
Para KOHLBERG existem seis estágios  no desenvolvimento moral, dividido em três
níveis. Lembremos que Piaget estudou somente a vida moral até a adolescência e
Kohlberg até o desabrochar pleno da maturidade e da vida moral. Kohlberg não dá
muita importância ao comportamento moral externo. Por exemplo um adulto e um
adolescente que roubam uma maçã,  o comportamento externo é o mesmo, mas as
razões, a moralidade interna, o nível de maturidade moral é diferente nesses casos.
Kolhberg baseia a sua classificação no nível de consciência que se tem das regras e
normas, das suas razões e motivações, da consciência da sua utilidade e necessidade.
1º NIVEL PRÉ-CONVENCIONAL
A moralidade da criança é marcada pelas conseqüências de seus atos: punição ou
recompensa, elogio ou castigo, e baseia-se no poder físico (de punir ou recompensar)
daqueles que estipulam as normas.
Estágio 1 - O que determina a bondade ou maldade de um ato são as conseqüências
físicas do ato (punição). Respeita-se a ordem apenas por medo à punição, e não se
tem consciência nenhuma do valor e do significado humano das regras.
Estágio 2 - A ação justa é aquela que satisfaz as minhas necessidades, a que me gera
recompensa e prazer, e, ocasionalmente aos outros. As relações humanas são vistas
como trocas comerciais. Mais ou menos assim "Tu me gratificas e eu te gratifico". A
pessoa tenta obter recompensas pelas suas ações.
2º NÍVEL CONVENCIONAL
Nesse nível a manutenção das expectativas da família, do grupo, da nação, da
sociedade é vista como válida em si mesma e sem muitos questionamentos ou
porquês. É uma atitude de conformidade com a ordem social, mas também uma atitude
de lealdade e amor á família, ao grupo, ao social.
Estágio 3 - É bom aquele comportamento que agrada aos outros e por eles é aprovado.
´De certa forma, é bom o que é socialmente aceito, aquilo que segue o padrão. O
comportamento é muitas vezes julgado com base na intenção, e a intenção torna-se
pela primeira vez importante. É a busca do desejo de aprovação familiar e social.
Estágio 4 - Há o desenvolvimento da noção de dever, de comportamento correto, de
cumprir a própria obrigação. Há o desejo de manter a ordem social especificamente
pelo desejo de mantê-la, isto é, por que isso é justo.
3º NÍVEL PÓS-CONVENCIONAL
Há um esforço do indivíduo para definir os valores morais, para definir conscientemente
e livremente o que é certo e o que é errado, e porquê... Prescinde-se muitas vezes da
autoridade dos grupos e das pessoas que mantém a autoridade sobre os princípios
morais.
Estágio 5 - É a tomada da consciência da existência do outro, da maioria, do bem
comum, dos direitos humanos... A ação justa é a ação que leva em conta os direitos
gerais do indivíduo, isto é, o bem comum. Valores pessoais são claramente
considerados relativos, é a lei da maioria e da utilidade social.
Estágio 6 - O justo e correto é definido pela decisão da consciência de acordo com os
os princípios éticos escolhidos e baseados na compreensão lógica, universalidade,
coerência, solidariedade universal. Guia-se por princípios universais de justiça, de
reciprocidade, de igualdade de direitos, de respeito pela dignidade dos seres humanos,
por um profundo altruísmo, pela fraternidade. Os padrões próprios de justiça têm mais
peso do que  as regras e leis existentes na sociedade.
Uma conclusão: a moralidade humana e seu desenvolvimento são essencialmente
dialéticos. Tanto no modelo de Piaget como no de Kohlberg, a moralidade de um
indivíduo depende tanto de fatores psicológicos e biológicos (quem é a pessoa, quem
são seus pais, qual sua bagagem genética...), como de elementos sociais e culturais
(onde nasceu, em que época, quem são seus vizinhos, amigos, mestres, grau de
instrução, condição financeira...). Torna-se claro que diferentes situações sociais,
culturais, psicológicas e biológicas irão propiciar diferentes comportamentos, diferentes
moralidades.

Bibliografica
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Transi.
Psicologias, Uma Introdução ao Estudo de Psicologia, 13º edição, Ed. Saraiva, 2001.
DUSKA, R. - WHELAN, M., O Desenvolvimento Moral na Idade Evolutiva, Edições 
Loyola, São Paulo, 1994.

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