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Cinco grandes perspectivas sustentam boa parte das teorias influentes e da
pesquisa sobre desenvolvimento humano:
a. Psicanalítica: que se concentra nas emoções e nos impulsos
inconscientes;
b. Aprendizagem: que estuda o comportamento observável;
c. Cognitiva: que analisa os processos do pensamento;
d. Contextual: que enfatiza o impacto do contexto histórico, social e
cultural;
e. Evolucionista/sociobiológica: que considera as bases evolucionistas e
biológicas do comportamento.
Apresentamos uma visão geral das posições básicas, métodos e ênfase causal
de cada uma dessas perspectivas e alguns dos seus principais teóricos.
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qual se desenvolve por volta dos 5 ou 6 anos. O superego inclui a consciência
e incorpora ao sistema de valores da criança “deveres” e “proibições”
socialmente aprovados. O superego é altamente exigente; se os seus padrões
não forem satisfeitos, a criança pode sentir-se culpada e ansiosa. O ego
intermédia os impulsos do id e as demandas do superego.
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Ø Tema 3 - Erik Erikson: desenvolvimento psicossocial
Erik Erikson (1902 – 1994), psicanalista alemão que originalmente fez parte do
círculo de Freud em Viena, modificou e ampliou a teoria freudiana, enfatizando
a influência da sociedade no desenvolvimento da personalidade. Erikson foi
também um pioneiro ao assumir a perspectiva do ciclo de vida. Enquanto Freud
sustentava que as primeiras experiências na infância moldavam
permanentemente a personalidade, Erikson afirmava que o desenvolvimento
do ego se estende por toda a vida.
Cada estádio requer o equilíbrio entre uma tendência positiva e uma tendência
negativa correspondente. A qualidade positiva deve ser dominante, mas
também é necessário um pouco da qualidade negativa para um
desenvolvimento ideal. O tema crítico da primeira infância, por exemplo, é
confiança básica versos desconfiança. É preciso confiar no mundo e nas
pessoas. No entanto, também é preciso um pouco de desconfiança para se
proteger do perigo. O êxito em cada estádio é o desenvolvimento de uma
determinada virtude, ou força – nesse caso, a virtude da esperança. Uma
solução bem-sucedida para uma crise deixa o indivíduo em boa posição para
lidar com a próxima.
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Ø Tema 4 - Perspectiva 2: Aprendizagem
A perspectiva da aprendizagem sustenta que o desenvolvimento resulta da
aprendizagem, uma mudança duradoura no comportamento baseada na
experiência ou adaptação ao ambiente. Os teóricos da aprendizagem procuram
descobrir leis objectivas que governam as mudanças no comportamento
observável e vêem o desenvolvimento como algo contínuo.
Behaviorismo
O behaviorismo é uma teoria mecanicista que descreve o comportamento
observado como uma resposta previsível à experiência. Embora a biologia
estabeleça limites para o que as pessoas podem fazer, os behavioristas
consideram a influência do ambiente muito maior. Eles sustentam que os seres
humanos, em todas as idades, aprendem sobre o mundo do mesmo modo que
os outros organismos: reagindo a condições ou aspectos do ambiente que
consideram agradáveis, dolorosos ou ameaçadores. A pesquisa behaviorista
concentra-se na aprendizagem associativa, quando um vínculo mental é
formado entre dois eventos. Os dois tipos de aprendizagem associativa são o
condicionamento clássico e o condicionamento operante.
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O behaviorista norte-americano John Watson (1878 – 1958) aplicou
essas teorias de estímulo – resposta a crianças, alegando que poderia
moldar qualquer bebé do jeito que quisesse. Seus escritos influenciaram
toda uma geração de pais a aplicar os princípios da teoria da
aprendizagem à criação dos filhos. Em uma das primeiras e mais
conhecidas demonstrações de condicionamento clássico em seres
humanos (Watson e Rayner, 1920), Watson ensinou um bebé de 11
meses, conhecido como “Pequeno Albert”, a ter medo de objectos
brancos peludos.
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Este tipo de aprendizagem chama-se condicionamento operante
porque o indivíduo aprende com as consequências da sua “operação”
sobre o ambiente. Diferentemente do condicionamento clássico, o
condicionamento operante envolve o comportamento voluntário, como o
balbucio de Angel, e envolve as consequências e não os preditores do
comportamento.
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agressão, desenvolver um senso moral e aprender os comportamentos
apropriados de género. A aprendizagem por observação pode ocorrer mesmo
se uma pessoa não imitar o comportamento observado.
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numerosas quando dispostas em filas do que quando empilhadas. A partir de
suas observações acerca de seus próprios filhos e de outras crianças, ele criou
uma abrangente teoria de desenvolvimento cognitivo.
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• Equilibração: um esforço constante para atingir um equilíbrio estável –
estabelece a passagem da assimilação para a acomodação. Quando a
criança não consegue lidar com novas experiências dentro das
estruturas cognitivas existentes, ela experimenta um estado motivacional
desconfortável conhecido como desiquilíbrio. Assim, assimilação e
acomodação operam juntas para produzir equilíbrio. Durante toda a vida,
a busca pelo equilíbrio é a força motivadora por trás do conhecimento
cognitivo.
As observações de Piaget produziram muita informação e alguns insights
surpreendentes. Piaget mostrou-nos que a mente da criança não é uma
miniatura da mente adulta. Saber como a criança pensa facilita aos pais e
professores entendê-la e ensiná-la. A teoria de Piaget forneceu referências
aproximados sobre o que esperar da criança em várias idades e ajudou os
educadores a elaborar currículos apropriados aos diversos níveis de
desenvolvimento.
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Nasceu no mesmo ano que Piaget (coincidência?!), mas viveu muitíssimo
menos que este último, pois morreu de tuberculose em 1934, antes de
completar 38 anos.
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O teórico pretendia uma abordagem que buscasse a síntese do homem como
ser biológico, histórico e social. Ele sempre considerou o homem inserido na
sociedade e, sendo assim, sua abordagem sempre foi orientada para os
processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sócio
histórica e na interacção do homem com o outro no espaço social. Sua
abordagem sócio-interacionista buscava caracterizar os aspectos tipicamente
humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como as características
humanas se formam ao longo da história do indivíduo (Vygotsky, 1996).
Vygotsky et. al. (1988) acredita que as características individuais e até mesmo
suas atitudes individuais estão impregnadas de trocas com o colectivo, ou seja,
mesmo o que tomamos por mais individual de um ser humano foi construído a
partir de sua relação com o indivíduo.
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Os conceitos sócio-interacionistas sobre desenvolvimento e aprendizagem se
fazem sempre presentes, impelindo-nos à reflexão sobre tais processos. Como
lidar com o desenvolvimento natural da criança e estimulá-lo através da
aprendizagem? Como esta pode ser efectuada de modo a contribuir para o
desenvolvimento global da criança?
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desenvolvimento, por isso dizemos que, para Vygotsky, tais processos são
indissociáveis.
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aprendeu. Vygotksy firma está hipótese no seu conceito de zona de
desenvolvimento próximo (ZDP) (Creche Fiocruz, 2004).
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ambiente. Esta qualidade é assegurada pela interposição intencional de um ser
humano que medeia os estímulos capazes de afectar o organismo. Este modo
de interacção é paralelo e qualitativamente diferente das modalidades de
interacção generalizadas e difusas entre o mundo e o organismo, conhecido
como contacto directo com o estímulo (Feuerstein, 1994, p. 7).
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saúde até ao desemprego e à indigência. As dimensões culturais do
desenvolvimento humano exigem cuidadosa atenção por três razões.
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Estes cincos princípios, quando interiorizados e contextualizados no processo
da Experiência de Aprendizagem Mediada, provocam um envolvimento denso
e profundo no mediador e no seu trabalho com sujeitos histórico-culturais
modificáveis. Assim, descortinam-se aspectos de modificabilidade no
movimento histórico dos sujeitos – mediador e mediado. Ambos passam a
acreditar na proposta, inserindo-se no contexto sociocultural de seu tempo
mas, entendendo que, para isso, necessitam modificar-se constantemente.
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pesquisadores do processamento de informação utiliza dados observáveis para
inferir o que acontece entre um estímulo e uma resposta. Por exemplo, eles
poderão pedir a uma pessoa que recorde uma lista de palavras e depois
observar diferenças no desempenho se a pessoa repetir a lista várias vezes
antes de lhe pedirem para recordar as palavras ou se for impedida de fazê-lo.
Por meio desses estudos, alguns pesquisadores desenvolveram modelos de
computador ou mapas de fluxo que analisam cada etapa em que a pessoa
colecta, armazena, recupera e utiliza a informação.
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neopiagetianos concentram-se em conceitos, estratégias e habilidades
específicos, tais como quantidade de conceitos e comparações de “mais” e
“menos”. Eles sugerem que a criança desenvolve a cognição tornando-se mais
eficiente no processamento de informação. Em virtude dessa ênfase na
eficiência do processamento, a abordagem neopiagetiana ajuda a explicar as
diferenças individuais na capacidade cognitiva e o desenvolvimento desigual
em vários domínios.
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2. Mesossistema: é o entrelaçamento de vários microssistemas. Poderá
incluir vínculos entre o lar e a escola (como as reuniões de pais e
professores) ou entre a família e o grupo de colegas (como as relações
que se desenvolvem entre famílias de crianças que brincam juntas numa
vizinhança). Por exemplo, um mau dia de um dos pais no trabalho
poderá afectar as interacções com o filho de um modo negativo no final
do dia. Apesar de nunca ter ido ao local de trabalho, mesmo assim a
criança é afectada.
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o desenvolvimento. A perspectiva contextual também nos adverte que as
descobertas sobre o desenvolvimento de pessoas numa determinada cultura
ou num grupo dentro de uma cultura (como norte-americanos brancos e de
classe média) talvez não se aplique igualmente a pessoas de outras
sociedades ou grupos culturais.
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3) Etologia é o estudo dos comportamentos adaptativos distintivos das
espécies animais. Os etólogos sugerem que, para cada espécie, certos
comportamentos inatos, como aquele do esquilo que enterra as nozes
no Outono e das aranhas tecendo suas teias, evoluíram para aumentar
as chances de sobrevivência. Outro exemplo é o instinto dos patinhos
recém-nascidos de Lorenz em seguir a mãe. Ao observarem os animais,
geralmente em seu ambiente natural, os etólogos procuram identificar
quais são os comportamentos universais e quais são específicos de uma
determinada espécie ou modificados pela cultura. O psicólogo britânico
John Bowlby (1969) aplicou os princípios etológicos a aspectos do
desenvolvimento humano. John Bowlby nasceu em 1907 e, por
influência de seu pai cirurgião, estudou Medicina e Psicologia na
Universidade de Cambridge. No terceiro ano da sua licenciatura,
interessou-se pelo que mais tarde viria a chamar-se Psicologia do
Desenvolvimento. Terminou a sua licenciatura médica em 1928 e ao
mesmo tempo especializou-se em Psiquiatria Infantil e em Psicanálise.
Prestou trabalho voluntário numa escola para crianças delinquentes, o
que influenciou o rumo da sua carreira, frequentou o British
Psychoanalytic Institute onde teve contacto com as ideias psicanalíticas
de Klein, entre outros. Fez a sua pós-graduação na London Child
Guidance Clinic, com um interesse teórico e clínico na transmissão
intergeracional das relações de “apego”. O contacto com uma obra de
Konrad Lorenz desperta em Bowlby o interesse pela etologia onde vai
procurar novas pistas e explicações para a relação de vinculação entre
mãe e filho.
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ligação maternal, ocorridas no decurso da primeira infância, provocam
no desenvolvimento somático e psicológico das crianças. Este autor é
pioneiro, em 1958, em utilizar a expressão “vinculação”
(attachment), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto
e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas
próximas, como um fenómeno biologicamente determinado, de
procura de suporte e protecção. Considerando a necessidade de
vinculação como algo intrínseco ou primário, Bowlby afasta-se das
concepções psicanalíticas clássicas que admitem a origem e natureza
do vínculo afectivo a partir da satisfação da necessidade de alimento,
isto é, com natureza secundária.
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inteiro como clínico, professor e investigador na psiquiatria infantil e
familiar, entre 1946 e 1972. Esta sua associação Tavistock tem-se
prolongado.
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uma prole que herdará suas características e sobreviverá para se
reproduzir. No entanto, uma perspectiva evolucionista não reduz
necessariamente o comportamento humano totalmente aos efeitos de
genes procurando se reproduzir, nem implica que o desejo de perpetuar
os genes seja consciente ou deliberado. Também coloca um grande
peso no ambiente ao qual a pessoa deve se adaptar.
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O Significado social da adopção
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O mesmo autor aponta que não existem diferenças entre filhos biológicos e
adoptivos, nem este segundo está mais predisposto a desenvolver alguma
patologia relacionada com a adopção ao longo da vida sendo este mito um
factor negativo para que os casais optem pelo filho adoptivo. O relacionamento
entre pais e filhos está sujeito a constantes entraves e é em suma desafiador.
O que parece ocorrer, é que os casos em que há dificuldade de relacionamento
entre pais e filhos adoptivos ou quando a criança apresenta alguma dificuldade
são tomados como modelos, desta forma tendencial de forma leviana este
processo tão delicado, mas que não difere de uma parentalidade onde há laços
de sangue. Parece haver uma pressão por parte da cultura que induz a
sociedade e consequentemente os pais adoptantes a uma ambivalência em
relação aos seus filhos adoptivos. Se por um lado estão felizes e satisfeitos
com seus filhos por outro parece haver uma dificuldade em assumir um status
de família feliz e normal. Tal ambiguidade se dá pelas generalizações
quotidianas sobre os fatos, falta de preparo para receber um filho etc.
Tendências que assumem um papel de fortalecer o mito dos laços de sangue
como naturais e verdadeiros, transmitindo esta mistificação ao filho adoptado
selando assim, um acordo de preconceito entre pais e filhos (Weber, 2009).
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uma criança chegar à vida de uma mãe ou de um casal seja ela da barriga da
mãe ou do coração.
Autores Conceito
Feldman et al. citados É um padrão de comportamento constante e um
por Azevedo e Guerra estado inadequado da paternidade/maternidade
(1989) quando comparada às normas da comunidade.
Éthier et al. citados por Grave omissão que coloque em risco o
Azevedo e Guerra (1989) desenvolvimento da criança.
Baily et al. citados por Consiste em falha ao cuidar das necessidades de
Azevedo e Guerra (1989) uma criança, falha raramente propositada,
tratando-se de uma inabilidade de comportamento
dos pais.
Chaffin et al. citados por Quando os pais deixam crianças muito novas sem
Azevedo e Guerra (1989) supervisão por extensos períodos de tempo,
fornecem cuidados e alimentação inadequados
para a criança.
Mouzakitis et al. citados É uma situação na qual o responsável pela
por Azevedo e Guerra criança, seja deliberadamente, seja por total falta
(1989) de atenção, permite que ela experimente
sofrimento e/ ou ainda não preencher para ela os
requisitos geralmente considerados essenciais
para o desenvolvimento das capacidades físicas e
emocionais de um ser humano.
Egami et al. citados por A negligência é a única modalidade de violência
Azevedo e Guerra (1989) contra a criança que se define não pela acção,
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mas pelo contrário pela sua omissão.
National Information Fracasso em prover as necessidades básicas da
Clearinghouse citado por criança, podendo ela ser física, educacional ou
Gonçalves (2003) emocional.
Azevedo e Guerra (1989) A negligência se configura quando os pais (ou
responsáveis) falham em termos de alimentar, de
vestir adequadamente seus filhos, etc., e quando
tal falha não é o resultado das condições de vida
além do seu controle.
Day (2003) A negligência é a omissão de responsabilidade de
um ou mais membros da família em relação a
outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda
por questões de idade ou alguma condição física,
permanente ou temporária.
BIBLIOGRAFIA
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8. VASCONCELLOS e VALSINER. Perspectivas co-construtivistas na
educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
11. http://psychematters.com/bibliographies/bowlby.htm
12. http://attachment.edu.ar/bio.html
13. http://www.brazilpednews.org.br/dec2000/bnp0026.htm
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