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CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

MEDIOTEC 2022

PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE


Aula 02
Centro de Educação e Inovação em Saúde
ses.uge.ceis@joinville.sc.gov.br
O desenvolvimento humano abrange um campo de pesquisa amplo, no
qual concentra-se estudos científicos sobre os processos de mudança
que ocorrem no ser humano.
O estudo do desenvolvimento humano abrange diversas áreas tais
como: psicologia, medicina, sociologia, antropologia, psiquiatria,
biologia, ciência da família, educação e genética.
Pesquisadores buscam compreender sobre o desenvolvimento que o
sujeito apresenta no decorrer da sua vida, nas transformações que
acontecem desde a concepção até a sua maturidade e também nas
características que não mudam e que permanecem estáveis.
Todo o processo do desenvolvimento humano é aberto ao mundo,
recebendo influências do social, cultural e biológico para que, a partir do seu
avanço no desenvolvimento, possa escolher e diversificar seu crescimento
em áreas de escolha própria, apesar de receber influências da cultura e da
história.
8 FASES GERAIS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

- Pré- Natal: concepção ao nascimento;


- Primeira Infância: do nascimento até + ou – 3 anos de idade.
Desenvolve os sentidos.
- Segunda Infância: 3 anos até 6 anos.
Somente a partir de 4 anos a criança adquiri maturidade intelectual para regras.
- Terceira Infância: 6 anos até 11 anos.
Período que fisicamente ocorre o menor desenvolvimento.
- Adolescência: 11 anos até 19 anos.
Transição, maiores conflitos familiares com comportamentos.
Mudanças físicas, mentais, sociais, psicológicas.
- Adulta: 20 anos aos 39 anos.
Surgem escolhas, desejos, planejamento e construção de uma vida.

- Adulta Intermediária: 40 anos até 65 anos.


Período em que ocorre uma autoanálise de vida e algumas mudanças.

- Adulta Tardia: 65 anos até quando Deus quiser.


Surgimento de enfermidades, análise de ideias e experiências.
O ciclo da vida a partir dos princípios básicos:

- Processo vitalício, ou seja, o sujeito está sempre em constante mudança e


desenvolvimento. Nenhum período é superior ao outro e todos se
completam, pois o que aconteceu no passado, acarretará em mudanças
no futuro.

- Processo multidimensional, pois atravessa diferentes dimensões como o


físico, o psíquico, o social e o biológico, possuindo resultados em
diferentes etapas e em tempos cronológicos distintos.
- Processo multidirecional: normativamente as crianças crescem sempre na
mesma direção. Porém, ao chegar na adolescência, o desenvolvimento
começa a ser multidirecional, a partir do momento em que alguns irão
desenvolver melhor as habilidades físicas, outros irão para as habilidades
motoras, outros para habilidades de linguagem.

- O processo de desenvolvimento recebe influências externas sobre os


ciclos da vida. É influenciado tanto pela biologia quanto pela cultura,
equilibrando-se com a idade do sujeito. A partir do momento em que
habilidades sensoriais, físicas e motoras se tornam mais fracas com a
idade, ganha-se com apoios culturais como educação e relacionamentos.
O desenvolvimento humano é vitalício, isto é, não possui fim e está sempre

em constante mudança, passando por diversas dimensões como a físico, a

psíquica, a social e a biológica. Para o mesmo autor, todo o processo de

desenvolvimento é multidirecional a partir do pressuposto de que cada

sujeito é individual, portanto, irá desenvolver determinada dimensão de uma

forma mais elaborada que o outro. Em decorrência disto, o sujeito também

sofre mudanças na aplicação de seus recursos físicos e psíquicos, trocando

de foco a partir das suas vontades em determinada etapa.


TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Jean Piaget (psicólogo e biólogo suíço)
realizou uma série de estudos sobre
infância, dividindo-os em estágios. A
Teoria Piaget classifica os estágios
durante o desenvolvimento cognitivo de
uma criança em diferentes idades.
Todo esse desenvolvimento do processo
cognitivo ocorre de forma contínua e
progressiva nos estágios de Piaget,
dependendo da idade aproximada.
Segundo PIAGET, nem todas as crianças atingem os mesmos estágios
exatamente da mesma idade, mas há “períodos sensíveis” para todas as
idades , onde é mais provável que uma criança desenvolva certas
habilidades cognitivas. Ao longo do desenvolvimento, é mais fácil
aprender uma habilidade determinada em uma era específica, como
aprender o início do idioma com aproximadamente a idade um e
aperfeiçoá-lo com cerca de 7 anos.
A aprendizagem, cognição, linguagem, raciocínio e criatividade são
capacidades do desenvolvimento cognitivo.
A interação da criança com o adulto é uma das principais formas de
desenvolvimento da cognição, contribuindo para que a criança desenvolva
a percepção e controle de seus comportamentos, permitindo adquirir
novos conhecimentos devido a experiência que o adulto possui e ela ainda
não.
A família desempenha papel fundamental no desenvolvimento cognitivo,
fazendo a conexão e possibilitando a sua socialização.
Erik Erikson foi um psicólogo do

desenvolvimento e psicanalista

alemão-americano conhecido por

sua teoria sobre o

desenvolvimento psicológico dos

seres humanos. Ele cunhou a

expressão crise de identidade.


A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson prediz que o
crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao
acaso e depende da interação da pessoa com o meio que a rodeia. Cada
estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente
positiva e uma vertente negativa.
O desenvolvimento psicossocial abrange áreas mais abstratas como as
emoções, relações sociais e personalidade.
O desenvolvimento psicossocial pode afetar áreas como o físico e a
cognição.
Lev Vygotsky (1896-1934) nascido na Rússia, foi
um famoso psicólogo, apesar de seu falecimento
prematuro, atuante na psicologia cultural-histórica.
Ele resolveu estudar a infância e seu
desenvolvimento, pesquisando sobre os processos
psicológicos e suas etapas de desenvolvimento,
sempre levando em conta a individualidade de
cada sujeito e respeitando o tempo subjetivo de
cada um, considerando que o sujeito está imerso
em um contexto cultural e social e que ele o
define, necessitando sempre do outro para se
desenvolver.
Segundo Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio
da interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com
o meio. Para substancialidade, no mínimo duas pessoas devem estar
envolvidas ativamente trocando experiência e ideias.

O papel do professor é o de ser um mediador apresentando-se como


um importante parceiro no decorrer do processo de ensino e
aprendizagem, alguém que motiva o aluno para a construção de seu
próprio aprendizado e de seu ser.
Henri Wallon foi um filósofo, médico,
psicólogo e político francês. A teoria de
Wallon é identificada como Psicologia da
Pessoa Completa, pois visa justamente à
produção de um saber psicológico que leve
em conta a totalidade da pessoa (consciência,
eu, emoções, representações, etc.), em suas
condições concretas de existência.
O autor trata os três campos funcionais –
motor, o afetivo e cognitivo – de forma
indissociável.
A teoria de desenvolvimento de Henri Wallon é um instrumento que pode
ampliar a compreensão do professor sobre as possibilidades do aluno no
processo ensino-aprendizagem e fornecer elementos para uma reflexão de
como o ensino pode criar intencionalmente condições para favorecer esse
processo, proporcionando a aprendizagem de novos comportamentos,
novas ideias, novos valores. Na medida em que a teoria de
desenvolvimento descreve características de cada estágio, está também
oferecendo elementos para uma reflexão para tornar o processo ensino-
aprendizagem mais produtivo, propiciando ao professor pontos de
referência para orientar e testar atividades adequadas aos alunos concretos
que tem em sua sala de aula.
Sigmund Freud (1856-1939) foi um famoso
médico austríaco. Um dos fundadores da
psicanálise, ele é para muitos até hoje, o
maior autor no meio.

A perspectiva psicanalítica busca


compreender o desenvolvimento e o
comportamento humano através de
impulsos sexuais inconscientes.

Freud (1905) ao criar sua teoria sobre o


desenvolvimento psicossexual, descreve o
inconsciente do sujeito em três
componentes: id, ego e superego. A partir
disto, busca explicar como o sujeito se
estrutura dentro de uma sociedade.
Na obra “Três ensaios sobre a sexualidade”, Freud (1905) apresenta a ideia
de sujeito proveniente de sua satisfação da pulsão sexual, e declara que,
desde a infância, as crianças obtêm seus primeiros prazeres a partir de
estímulos realizados durante sua vida cotidiana, como: defecar, sugar e
esfregar-se, por exemplo. Cada uma dessas estimulações é descoberta pela
criança em determinada idade, de acordo com o momento em que ela e a
mãe estão vivendo.
Propõe a ideia de organizar a vida sexual da criança em momentos,
chamados de “fases de desenvolvimento”. Organizam-se em quatro fases:
oral; sádico-anal; fálica e genital, que irão nortear o desenvolvimento sexual
infantil-juvenil.
0 a 1 ano
FASE ORAL: Ao nascer, a estrutura sensorial mais desenvolvida é a boca. É pela
boca que o bebê começará a provar e a conhecer o mundo. É pela boca que fará
sua primeira e mais importante descoberta afetiva: o seio. O seio é o primeiro objeto
de ligação e do desejo infantil. É o depositário de seus primeiros amores e ódios.
Neste momento a libido está organizada em torno da zona erógena oral.

Ao incorporar o leite e o seio, a criança sente ter a mãe dentro de si. Tudo o que a
criança pega é levado à boca. É comendo que ela conhece o mundo e que as
identificações podem ser estabelecidas.

A incorporação é a etapa concreta da introjeção e a organização primitiva da


identificação.
A Fase oral é composta de duas etapas do desenvolvimento: a primeira precede à
dentição e é chamada de etapa Oral de Sucção, onde a modalidade de relação é
incorporativa (introjetiva) e visa a apreensão do mundo em si mesma. A segunda
etapa, que surge com a eclosão dos dentes, é denominada etapa Oral Sádico-
Canibal. Nesta etapa os dentes surgem para a criança como a primeira
concretização de sua capacidade destrutiva.
É necessário que a agressividade se manifeste, porque dela derivará a futura
combatividade social. Ao mesmo tempo, a criança é posta pela primeira vez em
uma posição ambivalente. De um lado ama, e amar significa a incorporação oral.
De outro, mastigar e comer atualiza fantasias destrutivas. Se o desenvolvimento
afetivo for normal, o amor será estabelecido como o sentimento básico.
2 a 3 anos
FASE ANAL: No início do segundo ano a Libido inicia nova organização. A
erotização passa a ser dirigida ao ânus. É o período em que se inicia o andar, o
falar e em que se estabelece o controle dos esfíncteres.
Dois processos básicos estão se organizando na evolução psicológica. O primeiro
diz respeito às fantasias que a criança elabora sobre os primeiros produtos
realmente seus que ela coloca no mundo. O segundo diz respeito ao modelo de
relação a ser estabelecido com o mundo através dos produtos dela.
A criança aprende que tem coisas suas, que ela produz e que pode ofertar ou
negar estas coisas ao mundo. Por exemplo, só anda quando está bem, se chega
um estranho, volta a engatinhar em busca da mãe. Fala, mas só quando se sente
aceita. Quando assustada, emudece, negando seu produto “fala” ao ambiente que
a rejeita ou a ataca.
As fezes assumem um lugar central na fantasia infantil. São objetos que
vêm de dentro do próprio corpo, que são partes da própria criança. São
objetos que geram prazer ao serem produzidos. Durante o treino de
esfíncteres, as fezes são dadas aos pais como prendas ou recompensas.
Quando o desenvolvimento é normal, a criança ama e sente que é amada
pelos pais. Cada elemento que a criança produz é sentido como bom e
valorizado.
O sentimento de que nossos produtos são bons é necessário para todas as
relações produtivas que estabelecemos com o mundo. A criança só
desenvolverá uma boa capacidade de criação se tiver um sentimento
interior de que seus produtos são bons.
A fase anal está dividida em duas etapas. A etapa inicial é caracterizada
biologicamente pelo domínio dos processos expulsivos, sobre os quais se
assentará o mecanismo psicológico da projeção. A segunda etapa é retentiva, o
que propiciará a base para os mecanismos psicológicos ligados ao controle.
Pode ocorrer que as relações de angústia predominem sobre as relações de
amor. Por exemplo, tomemos uma mãe que entra em pânico toda vez em que a
criança suja as fraldas ou que obriga a criança ao silêncio por não suportar o
barulho. Tal comportamento materno faz a criança ter fantasias de que seus
produtos são maus e destrutivos.
É uma defesa usual expelir tudo que há em nós e que sentimos que é mau.
Atiramos então nossos produtos destrutivos no mundo e, como depositário de
nossas agressões, o mundo se torna mau e destrutivo.
3 a 5 anos
FASE FÁLICA: Por volta dos 3 anos a libido inicia nova organização. A
erotização passa a ser dirigida aos genitais. Desenvolve-se o interesse infantil
por eles. A masturbação torna-se frequente e normal. As diferenças sexuais
entre meninos e meninas passam a influenciar até a percepção dos objetos.
“O ônibus tem pipi? Se não tem é mulher.”
A erotização masculina recairá normalmente sobre o pênis, enquanto a
feminina se manifestará no clitóris.
Os genitais erotizados dirigem uma busca de satisfação de desejos sexuais.
Nunca devemos nos esquecer de que estamos nos referindo à organização
da fantasia infantil. A procura do parceiro para satisfação sexual real é uma
tarefa do adulto, é um trabalho da fase genital.
A psicanálise vê a erotização dentro de um modelo homeostático, ou seja,
há um acúmulo de tensão que deve ser descarregado. A descarga promove
a sensação de prazer.
A maior parte dos vínculos de prazer da infância está ligada à mãe. Na
fantasia infantil é natural que a criança considere a mãe como seu objeto de
atração sexual. A figura da mãe preenche este papel. Esta relação servirá
de suporte para que, quando adulta, a criança possa buscar um(a)
parceiro(a) sexual externo(a) à família, com quem estabelecerá vínculos
afetivos importantes e constituirá sua própria família. É aprendendo a amar
em casa que a criança se tornará uma pessoa adulta capaz de amar fora do
ambiente familiar.
Se aprender a amar é uma relação positiva, o amor incestuoso é uma
relação proibida. O tabu do incesto é a lei essencial da organização humana.
Sem o tabu do incesto a civilização não seria possível.

As fantasias infantis de se casar com a mãe (com o pai), de tê-la(o) como


namorada(o), expressões usuais de crianças nesta fase, ficam vedadas pelo
pai(mãe). Fica então configurado o triângulo que Freud denomina Complexo
de Édipo, numa referência ao drama Édipo Rei, de Sófocles.

O Complexo de Édipo é ponto central da organização afetiva dentro do


modelo psicanalítico.
Complexo de Édipo é uma fase do
desenvolvimento psicossexual da
criança do sexo masculino, que
se caracteriza quando esta começa
a sentir uma forte atração pela
figura materna e se rivaliza com a
figura.
Complexo de Édipo - se originou a partir da mitologia grega, nomeadamente
por influência da história que envolve a tragédia grega “Édipo Rei”, escrita
originalmente por Sófocles, em 427 a.C.
Resumidamente, a lenda do “Édipo Rei” conta a história de como Édipo
assassinou o seu pai e casou com a própria mãe, tendo quatro filhos com ela.
Ambos, no entanto, não sabiam que eram mãe e filho. Quando descobriram
(através do oráculo), Jocasta, a mãe de Édipo, se suicidou. O rapaz, como
punição por não ter sido capaz de reconhecer a própria mãe, furou os dois
olhos e ficou cego.
6 A 10 ANOS
FASE DE LATÊNCIA: Com a repressão do Édipo, também chamada de
castração, a energia da libido fica temporariamente deslocada dos seus
objetos sexuais. Estando os fins eróticos vedados, eles são canalizados
para o desenvolvimento intelectual e social da criança. Chamamos este
processo de realizações socialmente produtivas de sublimação.
O período de Latência não é uma fase, pois não há nova organização de
zona erógena, não há nova organização de fantasias básicas e nem
modalidades de relações com objetos de desejo. É um período intermediário
entre a genitalidade infantil (fase fálica) e a genitalidade adulta (fase genital).
A sexualidade permanece reprimida durante este período e aguarda a
eclosão da puberdade para ressurgir.
11 ANOS – PUBERDADE A VIDA ADULTA

FASE GENITAL: a criança mais uma vez volta a sua energia sexual para
seus órgãos genitais e, portanto, em direção às relações amorosas.
Ele diz que esta é a primeira vez que uma criança quer agir de acordo com
seu instinto de procriar.
Os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem aqui uma relativa
estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite
enfrentar os desafios da idade adulta.
Neste momento, meninos e meninas estão ambos conscientes de suas
identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas
necessidades eróticas e interpessoais.

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