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2. Aprendizagem
Caracterização da aprendizagem
Teorias da aprendizagem
Implicações psicopedagógicas
OBJETIVOS:
1. Conhecer e apreciar criticamente as principais teorias do desenvolvimento
2. Conhecer as diferentes fases e estádios de desenvolvimento e compreender as suas implicações
nos processos psicopedagógicos
3. Conhecer e apreciar criticamente as principais teorias da aprendizagem
4. Compreender as implicações das teorias da aprendizagem nos processos psicopedagógicos
5. Saber aplicar diferentes princípios derivados das teorias da aprendizagem em sala de aula
6. Conhecer o processo de desenvolvimento da criança e compreender a sua implicação nos
processos psicopedagógicos
7. Reconhecer problemáticas associadas ao desenvolvimento e aprendizagem na infância
8. Conhecer o processo de desenvolvimento do adolescente e compreender a sua implicação nos
processos psicopedagógicos
9. Reconhecer problemáticas associadas ao desenvolvimento e aprendizagem na adolescência
10. Reconhecer o papel das novas tecnologias da informação e da comunicação no desenvolvimento
de competências e aprendizagens do futuro
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
O DESENVOLVIMENTO HUMANO
DEFENSORES DA HEREDITARIEDADE
Henry E. Goddard
Estudo de 1914, em que consideram a família Kallikak, que contém uma “semente boa” e uma “semente
má”. Martin Kallikak era um soldado da Guerra Revolucionária que teve um filho ilegítimo com uma
mulher descrita como “cognitivamente desabilitada”. Eventualmente, a sua união produziu 480
descendentes. Goddard classificou 143 deles como “defeituosos” e apenas 46 como “normais”. Estes
membros apresentavam características comuns entre crime, alcoolismo, doenças mentais e ilegitimidade.
Em contraste, quando Martin Kullikak casou com uma mulher com “semente boa”, produziram 496
descendentes, em que apenas 3 deles foram considerados “defeituosos”. Goddard veio a concluir que a
hereditariedade determina a inteligência, genialidade e eminência no lado positivo.
O estudo das árvores genealógicas foi utilizado durante muito tempo. Alguns investigadores têm
analisado árvores cujos membros têm, por exemplo, conhecidas capacidades musicais.
Os estudos de gémeos são estudos comparativos que assumem duas formas ou modalidades –
comparação entre as características psicológicas e os comportamentos de gémeos idênticos e de gémeos
dizigóticos; comparação dessas características e comportamentos em gémeos idênticos educados
separadamente.
O estudo de adopções é importante para se fazer comparações entre as características psicológicas das
crianças adoptadas e as suas famílias biológicas e as famílias adoptivas.
DEFENSORES DO MEIO
John B. Watson
O meio social – família, grupos e cultura a que se pertence – desempenha um papel determinante
na construção da personalidade. A personalidade forma-se num processo interactivo com os sistemas de
vida que a envolvem: a família, a escola, o grupo de pares, o trabalho, a comunidade…
Uma personalidade é marcada por todo o processo de socialização em que a família, sobretudo
nos primeiros anos, assume um papel muito importante, pelas características e qualidade das relações
existentes e pelos estilos educativos.
O Psicólogo americano John Watson, um forte defensor da educação ambiental, mais conhecido
pelas suas experiências controversas com um jovem órfão de nome Albert, demonstrou que a
aquisição de uma fobia pode ser explicada pelo condicionamento clássico.
“Give me a dozen healthy infants, well-formed, and my own specified world to bring them up in and I’ll
guarantee to take any one at random and train him to become any type of specialist I might select–doctor,
lawyer, artist, merchant-chief, and, yes, even beggarman and thief, regardless of his talents, penchants,
tendencies, abilities, vocations, and race of his ancestors. I am going beyond my facts and I admit it, but
so have the advocates of the contrary and they have been doing it for many thousands of years.”
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
PSICOLOGIA EDUCACIONAL
Estudos concluem que quanto mais semelhança genética há, mais semelhança de QI há.
É possível que as disposições genéticas nos guiem para ambientes que acentuam as nossas
propensões genéticas (Plomin & Petrill, 1997, p61)
Para os teóricos da aprendizagem, esta era encarada maioritariamente como resultado de um
condicionamento. O Condicionamento Clássico, também conhecido por condicionamento de Pavlov, foi
proposto por este investigador (Pavlov 1849 – 1936) entre 1903 e 1908 numa experiência com cães. A
ideia é que depois de um certo número de ensaios o cão fizesse algo que não fazia antes, ele teria
aprendido alguma coisa.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Tem como objecto de estudo as várias etapas do ciclo de vida humano, através do
desenvolvimento biopsicológico resultante da interação entre o sujeito e o meio
Parte do pressuposto que os indivíduos se modificam e desenvolvem ao longo do seu ciclo vital
e, por isso, contempla no seu estudo todos os sujeitos desde a vida intra-uterina até à morte.
DESENVOLVIMENTO HUMANO
O processo do desenvolvimento humano tem início no momento da conceção e evolui ao longo
de todo o ciclo de vida, sendo o resultado de múltiplos factores – psicológicos, biológicos, sociais e
culturais
Como “desenvolvimento” entendem-se as mudanças que vão ocorrendo ao longo da vida do
indivíduo na sua estrutura, no seu pensamento ou no seu comportamento como resultado da interacção
entre fatores biológicos e contextuais
Estas mudanças são progressivas, contínuas, cumulativas e resultam de uma crescente
reorganização interna
“o desenvolvimento humano pressupõe uma estrutura humana, a estrutura da personalidade,
que se desenvolve no tempo de um modo progressivo, diferencial e globalizante […], através de
diferentes estádios de diferenciação” (Tavares & Alarcão, 2002)
•Behaviorismo
•Cognitivismo
–Piaget
–Kolberg
•Humanismo
TEORIAS PSICANALÍTICAS
METAPSICOLOGIA F REUDIANA
O desenvolvimento humano é explicado através da evolução psicossexual do sujeito
A sexualidade, integrada no desenvolvimento desde o nascimento até à puberdade, evolui através de
estádios psicossexuais, com predomínio de uma zona erógena – região do corpo que quando estimulada
dá prazer e vai diferindo ao longo dos estádios psicossexuais
Em cada estádio, o sujeito vivencia um conflito entre as pulsões sexuais – libido e respetivas forças
opostas. Processo dinâmico que orienta o sujeito para determinados comportamentos e afetos, com
o objetivo de reduzir um estado de tensão originado por uma excitação corporal
O id é a parte básica e primordial da personalidade que está presente desde o nascimento. Em seguida, o
ego começa a se desenvolver durante os três primeiros anos de vida de uma criança. Finalmente, o
superego começa a surgir em torno da idade de cinco anos.
Os ideais que contribuem para a formação do superego incluem não apenas os costumes e valores que
aprendemos de nossos pais, mas também as ideias sobre o certo e o errado que adquirimos da sociedade
e da cultura em que vivemos.
1 Estágio Oral
Faixa etária: Nascimento – 1 Ano
Zona erógena: Boca
A fonte primária de interação do lactente ocorre através da boca, de modo que o enraizamento e reflexo
de sucção é especialmente importante. A boca é vital para comer e a criança obtém prazer da estimulação
oral por meio de atividades gratificantes, como degustar e chupar. A criança é totalmente dependente de
cuidadores (que são responsáveis pela alimentação dela), e também desenvolve um sentimento de
confiança e conforto através desta estimulação oral.
O conflito principal nesta fase é o processo de desmame – a criança deve tornar-se menos dependente
de cuidadores. Se ocorrer a fixação nesta fase, Freud acreditava que o indivíduo teria problemas com
dependência ou agressão. Fixação oral pode resultar em problemas com a bebida, comer, fumar ou roer
as unhas.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
2 Estágio Anal
Faixa Etária: 1 a 3 anos
Zona erógena: Intestinos e controle da bexiga
O foco principal da libido está no controle da bexiga e evacuações. O grande conflito nesta fase é ter de
aprender a controlar suas necessidades corporais. Desenvolver esse controle leva a um sentimento de
realização e independência.
De acordo com Freud, o sucesso nesta fase é dependente da maneira com que os pais se aproximam neste
treinamento. Os pais que utilizam elogios e recompensas para usar a sanita no momento oportuno
incentivam resultados positivos e ajudam as crianças a se sentir capazes e produtivas. Freud acreditava
que experiências positivas durante este estágio servem de base para que as pessoas se tornem adultos
competentes, produtivos e criativos.
Se os pais levam uma abordagem que é muito branda, Freud sugeriu que poderia se desenvolver uma
personalidade anal-expulsiva, em que o indivíduo tem uma personalidade confusa ou destrutiva. Se os
pais são muito rigorosos ou começam o treinamento muito cedo, Freud acreditava que uma
personalidade anal-retentiva se desenvolveria, na qual o indivíduo é rigoroso, ordenado, rígido e
obsessivo.
3 Fase fálica
Faixa etária: 3 a 6 anos
Zona erógena: Genitais
O foco principal da libido é sobre os órgãos genitais. Nessa idade, as crianças também começam a
descobrir as diferenças entre machos e fêmeas.
Na teoria psicanalítica, o complexo de Édipo se refere ao desejo da criança pelo envolvimento sexual com
o pai do sexo oposto, especial atenção erótica de um menino para a mãe.
O complexo de Édipo desempenha um papel importante na fase fálica do desenvolvimento psicossexual.
A conclusão desta etapa envolve a identificação com o progenitor do mesmo sexo, o que acabaria por
levar ao desenvolvimento de uma identidade sexual madura.
4 Período de latência
Faixa etária: 6 anos – puberdade
Zona erógena: sentimentos sexuais são inativos
Os interesses da libido são suprimidos. O desenvolvimento do ego e superego contribuem para este
período de calma. O estágio começa na época em que as crianças entram na escola e tornam-se mais
preocupadas com as relações entre colegas, hobbies e outros interesses.
É um tempo de exploração em que a energia sexual ainda está presente, mas é direcionada para outras
áreas, como atividades intelectuais e interações sociais. Esta etapa é importante para o desenvolvimento
de habilidades sociais e de comunicação e autoconfiança.
5 Estágio Genital
Faixa etária: Puberdade à Morte
Zona erógena: Amadurecendo de Interesses Sexuais
Durante a fase final de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo desenvolve um forte interesse sexual
no sexo oposto. Esta fase começa durante a puberdade, mas passa por todo o resto da vida de uma
pessoa.
Em fases anteriores, o foco foi exclusivamente nas necessidades individuais, porém o interesse pelo bem-
estar dos outros cresce durante esta fase. Se as outras etapas foram concluídas com êxito, o indivíduo
deve agora ser bem equilibrado, tenro e carinhoso. O objetivo desta etapa é estabelecer um equilíbrio
entre as diversas áreas da vida.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
E STÁDIOS DE D ESENVOLVIMENTO
1 Confiança vs. Desconfiança
A primeira etapa da teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson ocorre entre o nascimento e um
ano de idade e é a fase mais fundamental na vida.
Uma criança é totalmente dependente. O desenvolvimento da confiança é baseado na
confiabilidade e qualidade dos cuidadores da criança. Neste ponto do desenvolvimento, a criança
é totalmente dependente de cuidadores adultos para tudo o que ela precisa para sobreviver,
incluindo comida, amor, carinho, segurança. Se um cuidador não fornece cuidado e amor
adequado, a criança virá a sentir que não pode confiar ou depender dos adultos em sua vida.
Se uma criança desenvolve a confiança com sucesso, vai se sentir segura no mundo. Os
cuidadores que são inconsistentes, emocionalmente indisponíveis, ou rejeitam, contribuem para
sentimentos de desconfiança nas crianças que cuidam. A incapacidade de desenvolver a
confiança irá resultar em medo e uma crença de que o mundo é inconsistente e imprevisível.
Nenhuma criança vai desenvolver um senso de 100% de confiança ou 100% dúvida. Erikson
acredita que o desenvolvimento bem-sucedido se baseia sobre um equilíbrio entre os dois lados
opostos. Quando isso acontece, as crianças adquirem a esperança, que Erikson descreveu como
uma abertura à experiência temperada por algum receio de que o perigo pode estar presente.
BEHAVIORISMO
Surge nos princípios do século XX. Abrange diversas teorias da psicologia que tem como principal
objeto de estudo o comportamento.
Estudo do conjunto das reacções adaptativas, observáveis, que um organismo põe em prática
em resposta aos estímulos provenientes do seu meio (não considerando pensamentos, sonhos, ou
sentimentos inerentes ao comportamento).
A aprendizagem e o desenvolvimento humano derivam dos pressupostos inerentes ao
condicionamento clássico, resultado do trabalho de Pavlov e posteriormente de Watson, e ao
condicionamento operante de Skinner.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Assente no conceito de Locke (1632-1704) de “tábua rasa” – o ser humano nasce sem ideias e
conceções inatas, sendo o ambiente o responsável pelo “registo” dos seus comportamentos,
pensamentos ou sentimentos.
COGNITIVISMO
P IAGET
T EORIA C OGNITIVISTA
Estruturalismo – o objetivo principal é compreender a natureza e evolução do conhecimento, isto é, a sua
estrutura.
O indivíduo, aquando do seu nascimento, possui um património genético que possibilita a interacção com
as situações quotidianas que vai experienciando – perspetiva psicobiológica interacionista.
O indivíduo aparece como um agente ativo na construção do seu próprio conhecimento e realidade -
construtivismo
O desenvolvimento intelectual ocorre através de mudanças nas estruturas do conhecimento, como
resultado da presença de mecanismos específicos de adaptação: assimilação, acomodação e a
equilibração
Esquema mental: estrutura mental responsável pelo processamento de informação e de novas
experiências; estes esquemas modificam-se à medida que o sujeito se desenvolve
Assimilação – incorporação dos dados de uma nova situação nos esquemas mentais existentes /
colocação da coisa percebida em continuidade dos esquemas centrais
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Acomodação – reajustamento dos esquemas mentais em função das experiências do meio, pelo que o
organismo irá submeter-se às exigências exteriores, adequando-se ao meio / modificação dos esquemas
em função da realidade percebida
Adaptação – interacção entre estes dois processos mentais / reflete quer a modificação das estruturas
mentais do sujeito quer a perceção que o próprio tem do meio, embora existam atividades onde
predomina a assimilação e noutras a acomodação
Equilibração – processo cognitivo auto-regulador que tenta encontrar o equilíbrio entre a assimilação e a
acomodação / este processo permite que se alcancem estados de equilíbrio de adaptação cada vez mais
estáveis (pensamento mais complexo) e que a discrepância entre a realidade e a perceção do sujeito sobre
essa realidade seja cada vez menor
O desenvolvimento humano progride de um estádio simples para um estádio mais complexo; do geral
para o específico e dos estádios sensório-motor para o operatório
K OLBERG
A criança sabe que existem normas sociais, coisas que se podem ou não fazer, mas estas normas
permanecem externas. As normas são obedecidas por duas razões: evitar o castigo e satisfazer desejos e
interesses concretos e individualistas, imediatos, pela recompensa que pode advir.
N ÍVEL CONVENCIONAL
I DADE ESCOLAR
As normas e expectativas sociais foram interiorizadas. O justo e o injusto não se confundem com o que
leva à recompensa ou ao castigo, mas definem-se com as normas estabelecidas na sociedade.
A moralidade implica cumprir os deveres e respeitar a lei e a ordem estabelecidas. As necessidades
individuais subordinam-se às normas sociais.
O valor moral depende menos da conformidade às normas morais e sociais vigentes e mais da sua
orientação em função de princípios éticos universais, como o direito à vida, à liberdade, à justiça.
As normas sociais devem ter subjacentes princípios éticos universais e, por vezes, pode haver contradição,
impondo-se a necessidade de hierarquizar os princípios e as normas (moral versus legal).
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Críticas à teoria de desenvolvimento moral
1.dúvidas sobre a universalidade dos estádios
2.acusação de elitismo, defende que há juízos morais mais adequados
3.ignorância da especificidade do desenvolvimento moral das mulheres
4.desvalorização do papel da emoção e do hábito no processo de desenvolvimento moral
DILEMA DE HEINZ I
Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um medicamento descoberto
recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida.
A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico e este, agora, pedia dez
vezes mais por uma pequena porção desse remédio.
Heinz, o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas suas conhecidas para lhe
emprestarem o dinheiro pedido pelo farmacêutico. Foi ter, então, com ele e contou-lhe que a sua mulher
estava a morrer e pedindo-lhe para levar o medicamento por um preço mais acessível.
O farmacêutico não cedeu. Em alternativa, pediu-lhe para o deixar levar o medicamento, pagando mais
tarde a metade do dinheiro que ainda lhe faltava. O farmacêutico, mesmo assim, respondeu que não.
Tinha investido muito dinheiro na descoberta do medicamento e queria lucrar com a sua descoberta.
Heinz, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e estava a
pensar assaltar a farmácia e furtar o medicamento para a sua mulher.
HUMANISMO
Pedagogo A. S. Neil (1883-1973) funda uma escola, em Summerhill, na qual 50 crianças de ambos o sexos
estabelecem as suas próprias regras e vivem autonomamente – “escola-do-faça-o-que-quiser”
http://www.summerhillschool.co.uk/
Allport (1876-1976)
“a psicologia só é verdadeiramente ela própria quando trata da individualidade” / ênfase na noção de si
mesmo ou do self
Rogers (1902-1987)
A atualização de competências é um dos principais objetivos
Para que a pessoa se desenvolva e realize de forma satisfatória, deve apoiar-se em três pontos: a empatia
(tomar o indivíduo pelo que ele pensa), a consideração positiva e a congruência (a autenticidade)
Maslow (1908-1970)
Cada pessoa possui uma necessidade inata de auto-atualização –desenvolvimento total das suas
potencialidades
As necessidades de auto-atualização encontram-se organizadas segundo uma hierarquia representada
através de uma pirâmide na qual estão referenciadas as necessidades humanas. Na base as fisiológicas e
de segurança e no cume as mais elevadas e complexas, de auto-realização
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
FASES DE DESENVOLVIMENTO
OS DOIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO (PIAGET, 1962)
Estádio sensório-motor
O bebé aprende acerca de si próprio e do mundo através do desenvolvimento da atividade sensorial e
motora
Inteligência prática aplicada à resolução de problemas – anterior à linguagem e ao pensamento
Exs. Procurar um brinquedo, agarrar uma bola
Conceitos centrais
• Reflexos – resposta automática e incondicionada perante um estímulo, posteriormente integrados em
desempenhos motores mais complexos e subordinados ao controlo voluntário
• Atividade reflexa – capacidade de responder automaticamente a um estímulo, independentemente da
aprendizagem
• Conceito de reações circulares – quando o bebé aprende a reproduzir acontecimentos agradáveis ou
interessantes que inicialmente são produzidos não intencionalmente
•Permanência do objeto – por volta dos 18 meses de vida, os objetos continuam a existir para o bebé,
mesmo estando fora do seu campo visual
•Erro A-não-B – quando o objeto é escondido no ponto A, o bebé consegue retirar o pano e descobri-lo.
Se, posteriormente, o objeto for escondido (em frente ao bebé) no ponto B, o bebé vai insistir no ponto
A para encontrar o objeto
•Representação simbólica – estratégia baseada no uso das palavras, números, imagens, gestos e outros
sinais para representar acontecimentos passados e presentes, experiências e conceitos, para resolver
problemas práticos
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
•As experiências vivenciadas nos primeiros anos de vida têm um papel fundamental na construção da
personalidade do adulto
•A mãe é o único objeto de amor da criança e o protótipo de relacionamentos futuros (Freud, 1964) –
conceito de vinculação / experiência relacional precoce
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
Estádio oral
(desde o nascimento aos 12-18 meses de idade)
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Crise psicossocial – confianças versus desconfiança
nascimento/18 meses
A obtenção ou não de confiança pelo bebé nas pessoas e objetos que o rodeiam está intimamente ligada
à interação estabelecida com a mãe
Resolução negativa – perceção do mundo como hostil e imprevisível, eventuais dificuldades no
estabelecimento futuro de relações interpessoais
Resolução positiva - esperança e impulso como elementos-chave no estabelecimento de relacionamentos
futuros
DESENVOLVIMENTO FÍSICO
•Mudanças no tamanho, proporção e forma corporais
•Cresce aproximadamente 7 cm e aumenta 2 quilos por ano
•Evolução significativa da motricidade grossa – maior flexibilidade; e evolução gradual da motricidade
fina (exs. pegar no lápis, fazer o laço no sapato, aperfeiçoamento do traço)
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Estádio pré-operatório
-Pensamento mágico, imaginativo e metafórico, brincadeiras faz de conta, o amigo invisível, príncipes e
princesas e outras fantasias
por ex. uma roda pode ser um carro, improvisa um palácio no seu quarto
CONCEITOS CENTRAIS
•Egocentrismo intelectual – entendimento pessoal de que o mundo foi criado para si, acompanhado pela
incapacidade de compreender as relações entre as coisas
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Crise psicossocial iniciativa versus culpa
3/6 anos
Iniciativa – sentimento de independência, propósito e direção na vivência de desafios e resolução de
problemas
Culpa – objetivos traçados mas não cumpridos resultam em sentimentos de culpa internalizados
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
Estádio fálico
3/5 anos
Zona erógena: zona genital
Consciência da diferença anatómica entre os sexos e elaboração de teorias sexuais infantis (por exemplo,
acerca do nascimento)
Complexo de Édipo
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Estádio das operações concretas
6/7-11/12 anos
•Inferência lógica – obtenção de conclusões através de evidências nem sempre visíveis (premissas
conclusões)
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
por ex. se cantar muito bem, ganho o concurso / não canto bem / não ganho o concurso / deduzir
CONCEITOS CENTRAIS
-Pensamento menos intuitivo e egocêntrico e mais lógico, com capacidade de realizar operações mentais
-“jogo de pensamento”: encarar o pensamento e a aprendizagem como um desafio intelectual, começam
a compreender que o pensamento envolve a planificação, a procura de uma lógica de ação, a construção
de alternativas e a consistência na sua resolução
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
Estádio de latência (5/6 anos – puberdade)
Processo de amnésia infantil: esquecimento dos acontecimentos e sensações vividas nos anos anteriores
Diminuição da atividade sexual, dando lugar ao desenvolvimento de capacidades e aprendizagens
escolares, sociais e culturais
Inicia-se a aprendizagem da compreensão dos papéis sexuais
Manifestação de sentimentos como vergonha e pudor
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Crise psicossocial indústria versus inferioridade
Indústria: produtividade, desenvolvimento, aprendizagem e competência
fase de investimento de capacidades em vários contextos
Inferioridade: insegurança acerca das capacidades e sentimento de não reconhecimento quanto ao seu
papel social
Resolução positiva da crise – capacidade e método, o que se reflete na auto-imagem positiva e na
motivação cada vez maior para a resolução de problemas e de novas aprendizagens
Estabelecimento de amizades / grupos de pares
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
ADOLESCÊNCIA
JOVEM ADULTEZ
•A resolução (positiva) dos três primeiros vetores vai condicionar o desenvolvimento dos restantes e a
consequente construção da identidade
•O desenvolvimento deste conjunto de vetores é independente da entrada no ES, mas este contexto
potencia e acelera o seu desenvolvimento e a sua clarificação.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
CONCEITO DE ADULTEZ EMERGENTE
Período desenvolvimental que decorre entre os 18 e os 25 anos de idade, distinto da adolescência e da
adultez, marcado predominantemente pelas características:
•Exploração da identidade
•Instabilidade
•Auto-focus
•Sentimento “in-between”
•Possibilidades
Teorias precursoras
•Erikson (1950, 1968)
Conceitos de adolescência prolongada e moratória psicossocial “during which the young adult through
free role experimentation may find a niche in some section of his society” (Erikson, 1968, p. 156)
•Levinson (1978)
Conceito de juventude
ALTERAÇÕES DEMOGRÁFICAS
Idade média do primeiro casamento
2017: 33,2 homens / 31,6 mulheres
1960: 26,9 homens / 24,8 mulheres
Estarem a casar menos e mais tarde ajuda a que Portugal seja o 5.º país da OCDE em que mais jovens até
aos 29 anos vivam ainda com os pais (75%).
Instabilidade
Questões como o alargamento da escolaridade obrigatória, dificuldade de acesso ao mercado de trabalho,
ingresso em carreiras profissionais mais exigentes e dificuldade no acesso a habitação própria, tornam
este período muito instável
Auto-focus
Os adultos emergentes têm poucas obrigações e deveres sociais, e poucos compromissos com os outros,
o que lhes permite uma grande autonomia na gestão das suas vidas
Liberdade na tomada de decisão
Sentimento “in-between”
Dificuldade dos indivíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, responderem à questão:
“Sente que já atingiu a vida adulta?”
60% “de uma certa forma sim, de uma certa forma não”
À medida que os indivíduos se aproximam dos 30 anos e nos anos seguintes, a percentagem diminui para
30%
Possibilidades
A adultez emergente é a idade das possibilidades, de duas formas:
-Optimismo e esperança no futuro
-Estabelecimento de identidade independente e tomada de decisão acerca do tipo de pessoa que querem
ser e do tipo de vida que querem ter no futuro
Estudo com jovens americanos com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos (Hornblower, 1997):
96% concorda com a afirmação “I am very sure that someday I will get to where I want to be in life”
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
ADULTEZ
VELHICE
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Caracterização da aprendizagem
Teorias da Aprendizagem:
Teorias behavioristas
Teorias cognitivistas
Teorias humanistas
CARACTERIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM
O QUE É A APRENDIZAGEM?
Mudança num indivíduo causada pela experiência
(Mazur, 1990)
A aprendizagem avalia-se através dos seus efeitos, isto é, das modificações que ela opera no
comportamento exterior, observável do sujeito
(Tavares & Alarcão, 2002)
TEORIAS BEHAVIORISTAS
O behaviorismo é uma tentativa de compreender o comportamento em termos das relações
entre os estímulos observáveis (acontecimentos no meio ambiente) e respostas observáveis (acções
comportamentais) e respectivas consequências e acontecimentos contingentes/consequentes “A
psicologia, da maneira como é vista pelo behaviorista, constitui-se como um ramo objectivo da Ciência
Natural. O seu objectivo teórico é a predição e o controlo do comportamento. A introspecção não é parte
essencial dos seus métodos…” (Watson, 1913)
Extinção: diminuição e/ou extinção da resposta condicionada devido à ausência do estímulo não
condicionado (quando a campainha toca repetidas vezes, sem apresentar carne, o cão saliva cada
vez menos, até deixar de salivar)
Recuperação espontânea: depois da resposta condicionada se extinguir, se se tocar a
campainha, após um tempo de descanso, o cão volta a salivar, ainda que de forma mais atenuada
Generalização: tendência para responder a estímulos semelhantes ao estímulo condicionado
Discriminação: capacidade de um indivíduo, que emite uma resposta condicionada a um
determinado estímulo, não responder a estímulos semelhantes
SKINNER
O comportamento muda de acordo com as suas consequências imediatas
TEORIAS COGNITIVISTAS
TEORIAS GESTALTISTAS
Gestaltismo – o indivíduo interpreta e organiza o que se passa à sua volta em termos de
conjuntos e não de elementos isolados. Estudar e conhecer um elemento isolado não teria assim qualquer
significado, já que os elementos fazem sempre parte de um contexto, isto é, de um todo.
O todo não é equivalente à soma das partes – o todo é tão diferente da soma das partes que
pensar em
termos sumativos significa alcançar uma visão pobre e distorcida da realidade.
1. A solução para o problema surge de repente e como uma espécie de intuição. A aprendizagem intuitiva
seria muito comum na aprendizagem humana, por expressar a capacidade, perante novas situações, de
descobrir por si próprio soluções de modo repentino para resolver novos problemas – experiência do
“Ah!” ou do “Oh, já sei!”
2. A solução parece estável e susceptível de ser aplicada em situações mais ou menos semelhantes
3. A solução surge porque o sujeito compreendeu a relação entre os diferentes elementos da situação no
seu conjunto, isto é, houve uma alteração súbita na forma como o campo perceptivo passou a ser
encarado pelo sujeito
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
PIAGET E A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Estuda os processos cognitivos do conhecimento e tenta encontrar um modelo capaz de explicar
a sua génese, a sua estrutura e as suas transformações.
A mente não é nem uma tábua rasa em que o conhecimento pode ser gravado, nem um espelho
que reflecte o que percebe.
TEORIAS HUMANISTAS
O movimento humanista, no que se refere à aprendizagem, surge mais como uma reacção contra
algumas das teorias da aprendizagem existentes e da forma como a aprendizagem se realiza do que como
uma teoria bem formulada e consistente (Tavares & Alarcão, 2002)
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
CARL ROGERS
A pessoa é valorizada, considerada naturalmente boa, detentora de um potencial de crescimento
pessoal, com capacidade para se desenvolver numa busca contínua de auto-realização
Requisitos:
Congruência (ser autêntico)
Empatia (compreender os seus sentimentos)
Respeito (consideração positiva incondicional)
Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação
de factos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo,
na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante,
que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas
da sua existência (Rogers, 1970)
ABRAHAM MASLOW
Teoria da auto-realização: toda a espécie humana tem as mesmas necessidades psicológicas. O
homem expande as suas necessidades no decorrer da sua vida e à medida que as necessidades mais
básicas vão sendo satisfeitas, outras mais elevadas assumem o predomínio do seu comportamento
Técnicas de ensino
Exercícios de repetição
Ensino individualizado de tipo programado
Demonstrações de actividades a imitar sem serem acompanhadas de grandes explicações
Todo o aluno tem uma tendência natural para a aprendizagem e para o estabelecimento de relações
interpessoais construtivas?
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO
a) com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas
tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades;
b) com frequência tem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou atividades;
c) com frequência parece não ouvir quando se lhe fala diretamente;
d) com frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos ou deveres
no local de trabalho (sem ser por comportamentos de oposição ou por incompreensão das instruções);
e) com frequência tem dificuldades em organizar tarefas e atividades;
f) com frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que
requeiram um esforço mental mantido (tais como trabalhos escolares ou de índole administrativa);
g) com frequência perde objetos necessários a tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos,
exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas);
h) com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes;
i) esquece-se com frequência das atividades quotidianas.
2. Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de HIPERACTIVIDADE - IMPULSIVIDADE persistiram pelo
menos durante 6 meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente em relação com o nível
de desenvolvimento e que tem um impacto negativo direto nas atividades sociais e
académicas/ocupacionais:
Hiperatividade:
a) com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado;
b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja
sentado;
c) com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em
adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentimentos subjetivos de impaciência);
d) com frequência tem dificuldades em jogar ou dedicar-se tranquilamente a atividades de lazer;
e) com frequência «anda» ou atua como se estivesse «ligado a um motor»;
f) com frequência fala em excesso;
Impulsividade:
g) com frequência precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
h) com frequência tem dificuldade em esperar pela sua vez;
i) com frequência interrompe ou interfere nas atividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas
conversas ou jogos).
Subtipos
Existem 3 subtipos de PHDA, consoante a frequência e intensidade dos comportamentos de
desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que a criança manifesta.
▪ O Tipo Predominantemente Desatento ocorre quando são observados 6 ou mais
comportamentos de falta de atenção e menos de 6 comportamentos de
hiperatividade/impulsividade.
▪ O Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo é observado perante uma situação inversa à
anterior (6 ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade e menos de 6 sintomas de falta de atenção).
▪ O Tipo Misto ocorre quando são observados 6 ou mais sintomas de ambas as categorias.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
ETIOLOGIA MULTIFATORIAL
Fatores genéticos
- Coocorrência do diagnóstico em familiares biológicos de primeiro grau (Biederman, Faraone,
Keenan, Knee, & Tsuang, 1990)
- Alterações em genes específicos suscetíveis de estarem relacionados com a PH/DA
(Banaschewski, Becker, Scherag, Franke, & Coghill, 2010)
Fatores neurobiológicos
Estudos de neuroimagem e de neuropsicologia apontam para a existência de fatores neurobiológicos
(Faraone & Biederman, 1998)
Fatores ambientais e familiares
(Banerjee, Middleton, & Faraone, 2007; Biederman et al., 1990)
INTERVENÇÃO MULTIFATORIAL
(Andrade & Scheuer, 2004;Grillo & da Silva, 2004; Silva, 2003)
Tratamento medicamentoso
Intervenções psicossociais
5. Realizar monitorização e acompanhamento constantes, incluindo dados obtidos dos pais, professores
e da própria criança
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
ORIENTAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO NA ESCOLA (BARKLEY, 1998)
1. Adaptar a quantidade de tarefas em sala à capacidade de atenção da criança
2. Modificar o estilo de ensino e currículo (ex. incluir atividades que envolvem participação)
3. Utilizar regras externas (ex. posteres, auto-verbalizações)
4. Fornecer reforço frequente e utilizar a estratégia de custo resposta
5. Utilizar consequências imediatas para o comportamento
6. Utilizar reforços de maior magnitude (ex. sistema de fichas)
7. Estabelecer limite de tempo para conclusão de tarefas
8. Eventual reunião com pais e encaminhamento da criança
9. Coordenar as estratégias utilizadas na escola com os pais
10. Controlar o próprio stress e frustração ao lidar com a criança
A sexualidade é uma dimensão fundamental da vida humana, que se expressa nas práticas e desejos que
estão ligados à afetividade, ao prazer, aos sentimentos e ao exercício da liberdade individual e da saúde,
não se limitando ao que os indivíduos fazem, mas centrando-se no que são (Ramiro, 2013)
DEFINIÇÃO
1. Aumentar os conhecimentos
2. Compreender sentimentos, valores e atitudes
3. Desenvolver as competências
4. Promover a adoção e manutenção de comportamentos preventivos
(UNESCO, 2009)
PORTUGAL (OBJETIVOS)
Objetivo principal
Desenvolvimento de competências nos jovens, de modo a possibilitar-lhes escolhas informadas
nos seus comportamentos na área da sexualidade, permitindo que se sintam informados e
seguros nas suas opções (ME-GTES, 2005; 2007)
Em Portugal, as orientações da tutela definem a ES como uma “abordagem formal, estruturada,
intencional e adequada de um conjunto de questões relacionadas com a sexualidade humana” (Ministério
da Educação (ME) & Ministério da Saúde (MS), 2000; Matos & Simões, 2010, Vilar & Ferreira, 2009)
A ES não deve ser reservada à família e à escola, mas também aos serviços de saúde, organizações de
jovens, instituições, autarquias e outros agentes de socialização dos jovens. Trata-se de um processo
contínuo, participado e intersectorial.
São vários os agentes intervenientes na aprendizagem dos temas relacionados com a sexualidade (Reis,
2012).
A escola pode ser um agente privilegiado na educação para a sexualidade e para os afetos –
ensinado e educando de forma a promover o desenvolvimento global dos alunos, fomentando atitudes e
valores e incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e respeitadores (ME-
GTES, 2007)
LEGISLAÇÃO
Entre 2002 e 2004 a Comissão de Coordenação do Programa de Educação para a Saúde (CCPES)
foi extinta e a Rede Nacional de Escolas Promotoras Para a Saúde (RNEPS) interrompeu as suas
atividades.
No ano de 2005, foi criado o GTES – Grupo de Trabalho de Educação Sexual – através do Despacho n.º 19
737/2005 de 15 de junho, que teve como uma das principais funções a organização de um programa de
PES.
Proposta de programa de PES incluindo quatro áreas prioritárias (alimentação/atividade física,
consumo de substâncias psicoativas, sexualidade/saúde sexual e reprodutiva, e saúde mental/violência),
a organização de gabinetes de saúde, a designação obrigatória de um professor coordenador para a
saúde/educação sexual por unidade orgânica, e a concretização da celebração de um protocolo entre os
Ministérios da Saúde e da Educação.
(ME-GTES, 2005, 2007).
A ES é crucial para reduzir os comportamentos sexuais de risco – deve manter o seu caráter prioritário
em meio escolar, garantindo-se a formação de professores e pais.
Manutenção da Lei n.º 60/2009 e da Portaria n. º196-A/2010
Formação de técnicos: professores e os restantes técnicos (psicólogos, médicos, enfermeiros,
assistentes sociais, assistentes operacionais, etc.)
Implementação e valorização de estudos de investigação que avaliem a ES, em especial em meio
escolar
Recomenda-se a extensão da proposta dos Gabinetes de Informação e de Apoio aos Alunos aos
Campus Universitário e Politécnico, e formação entre pares, apoiando na implementação de
campanhas de prevenção universal, no esclarecimento e no treino de competências relacionadas com
a sexualidade
Manutenção do protocolo de colaboração entre o Ministério da Educação e Ciência e o Ministério da
Saúde
Manutenção da valorização da área criando condições para soluções de continuidade e
sustentadas: a) o edital anual, b) a redução da componente letiva para um professor por
agrupamento, mantendo a figura do atual professor coordenador c) a redução da componente não
letiva para os restantes professores envolvidos, d) o restabelecimento de áreas curriculares não
disciplinares, e) a inclusão de um processo de avaliação do processo e dos alunos, a nível das UO,
f) a formação de professores, g) o acesso a materiais e uma organização global para partilha de
materiais a nível regional ou mesmo nacional.
A legislação como a Lei n.º139/2012 e o despacho-Normativo n.º7/2013 sejam amplamente
divulgados e debatidos a nível das UO, sensibilizando as direções e otimizando o potencial de alguns
dos pontos previstos, nomeadamente
1) a oferta complementar (escolha da unidade orgânica) prevista para o 1.º, 2.º e 3.º ciclos
2) a flexibilidade e autonomia permitida na gestão da componente letiva e não letiva dos
docentes
3) mecanismos para a obtenção de crédito horário adicional, nomeadamente para o
desenvolvimento de projetos na unidade orgânica.
Rentabilização dos recursos pessoais da unidade orgânica, incluindo como parceiros da direção e
dos professores, os próprios alunos, seus pais, os assistentes operacionais, outros técnicos de saúde
e educação, o centro de saúde, o centro da juventude, as comissões de proteção das crianças e jovens
em risco, as juntas de freguesia.
Consolidação da existência de um Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno, reconsiderando a sua
função em termos da gestão de materiais, da participação ativa dos alunos e da colaboração com as
famílias e com outros agentes na comunidade (centro de saúde, centro da juventude, comissões de
proteção de crianças e jovens em risco, juntas de freguesia).
Formação de técnicos na área da educação sexual que inclua uma formação-base, quer a nível dos
Centros de Formação de Professores, quer a nível das Instituições de Ensino Superior (Formação
Inicial de Professores e Formação pós graduada) e uma formação contínua
A formação de técnicos, embora com principal foco nos professores, deve incluir todos os técnicos
que intervêm nas UO (psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, assistentes
operacionais, pais, etc.).
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
O PAPEL DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO SEXUAL
A adesão dos professores depende de: atitudes face à sexualidade em geral e à sexualidade na
adolescência; importância que atribuem à ES; perceção que têm do apoio da comunidade; o
conforto para abordar o tema; e a formação específica na área (Ramiro, 2013)
Os professores devem receber formação e treino, ter abertura para o tema e elevada motivação
para o seu ensino (WHO, 2010)
Os professores que lecionam ES devem ter competências e qualidades profissionais específicas,
como boa capacidade de comunicação, confiança e abertura ( Yarber & McCabe, 1981), estar
atento aos problemas e necessidades dos alunos, respeitar a opinião destes (Milton et al., 2001) e
conseguir promover uma relação positiva e significativa com os alunos (Milton et al., 2001)
ADESÃO DOS PAIS/MÃES À ES NA ESCOLA (RAMIRO, REIS, MATOS, & DINIZ, 2013)
A adesão dos pais/mães à ES na escola é média/fraca em geral (na perspetiva dos professores e dos
próprios)
- falta de tempo dos pais/mães
- crença de que toda a educação é uma obrigação da escola
- falta de conforto na abordagem destes temas com os filhos
- falta de formação científica