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UNIVERSIDADE LICUNGO – ZAMBÉZIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Cursos de Licenciatura em Ensino de Biologia e Matemática

Departamento de Educação e Psicologia

PSICOLOGIA GERAL

Tema: Psicologia do Desenvolvimento

Estudantes: Docente:

Benilde Baltazar Dra. Beatriz Raul

Jacob Acucar

Lúcia Castiguinho

Manuel Evaristo

Merrick Garcia

Marcelina Nordino

Quelimane 2021

Índice

Introdução 1
Psicologia do desenvolvimento………….........…………………………………………2

Factores de desenvolvimento e cresscimento………..…………………………………..3

Desenvolvimento e socializacao…………...………………………………….…………4

Desenvolvimento cognitivo…………............……………………………………….…..5

Desenvolvimento psicossocial…………….....…………………………………………..6

Desenvolvimento psicossexual…..………………………………………………………7

Desenvolvimento mora…………………………………………………………………..8

Psicologia da personalidade………….…………..…………………………………...….9

Factores gerais da personalidade.....................................................................................10

Teorias da personalidade.................................................................................................11

Conclusao........................................................................................................................12

Referencias Bibliograficas...............................................................................................13

1. Introdução
Neste presente trabalho de cadeira de Psicologia Geral tematizado como Psicologia do
Desenvolvimento, iremos abordar acerca de vários temas focalizados neste trabalho
como o conceito da Psicologia do Desenvolvimento,factores de desenvolvimento e de
crescimento, as teoria de Piaget, a teoria da Personalidade e seu conceito e factores.

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E que, estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento
da Psicologia cujas proposições nucleares concentram-se no esforço de compreender o
homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais
completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a linha
evolutiva da Psicologia, tem culminado na elaboração de várias teorias que procuram
reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condições de
produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e
de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade.

2. Psicologia do Desenvolvimento

2.1 Conceito::
Tradicionalmente, na literatura psicológica encontramos definidos:

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1. Desenvolvimento como o processo de crescimento e diferenciação continuada no
tempo, resultado da maturação biológica e da interacção com o ambiente e 2.
2. Psicologia de Desenvolvimento, em consequência, como aquele ramo da psicologia
que estuda o processo e organização/estruturação do indivíduo desde o nascimento ate a
idade adulta (desenvolvimento).

Psicologia do desenvolvimento é o estudo científico de como e por que os seres


humanos mudam ao longo da vida. Preocupado originalmente com bebês e crianças, o
campo se expandiu para incluir a adolescência, o desenvolvimento adulto, o
envelhecimento e toda a vida. Os psicólogos do desenvolvimento visam explicar como
o pensamento, o sentimento e os comportamentos mudam ao longo da vida. Este campo
examina a mudança em três dimensões principais: desenvolvimento físico,
desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento

Durante o arco da vida a personalidade vai adquirindo, através de processos evolutivos


seja biológicos que psicológicos, uma maior e mais eficiente harmonização das energias
que se dispõem, com uma crescente possibilidade seja de autonomia e de novos de
compreensão seja de participação afectiva e de socialização com o mundo. Uma das
consequências desta afirmação e que os seres humanos tornam-se sempre mais
complexos na medida em que se desenvolvem. Não só, mas se o Homem e uma criatura
admiravelmente complexa, não menos surpreendente o e também a pequena criatura,
que e o recém-nascido, desde os primeiros instantes em que vê a luz.

3. Factores de Desenvolvimento e de Crescimento


Vários factores indissociáveis e em permanente interacção afectam todos os aspectos
do desenvolvimento.
São eles:

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Hereditariedade A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não
desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da
inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou alem do seu
potencial, dependendo das condições do meio que encontra.

Crescimento orgânico Refere-se ao aspecto fisco. O amadurecimento de altura e a


estabilização do esqueleto permite ao indivíduo comportamentos e um domínio do
mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança,
quando comera a engatinhar e depois de andar, em relação a quando uma criança estava
no berço com alguns dias de vida.

Maturação neurofisiológica É o que torna possível determinado padrão de


comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação.
Para segurar o lápis e maneja-lo como nos, e necessário um desenvolvimento
neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. Observe como ela segura o lápis.

Meio O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de


comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa,
uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das
crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com uma
facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de uma experiência
de vida. Aspectos do desenvolvimento humano O desenvolvimento humano deve ser
entendido com uma globalidade, mas, para efeito de estudo, tem sido abordado a partir
de 4 aspectos básicos.

Aspecto fisico-motor Refere-se ao crescimento orgânico, a maturação neurofisiológica,


a capacidade de manipulação de objectos e de exercício do próprio corpo. (ex: a criança
aos 7 meses consegue levar a chupeta a boca porque já tem uma certa concordância no
movimento das mãos).
Aspecto intelectual É a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança
de 2 anos, que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que esta debaixo de
um móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.
Aspecto afectivo-emocional É o modo particular de o indivíduo integrar as suas
experiências. E’ o sentir. A sexualidade faz parte deste aspecto. Exemplos: a vergonha

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que sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo
querido, etc.

Aspecto social É a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem
outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, e possível observar
que algumas espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem
sozinhas.

Analisando cada um destes aspectos descobrimos que todos os aspectos estão presentes
em cada um dos casos. Não e possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes
aspectos relacionam-se permanentemente. Por exemplo, uma criança tem dificuldade de
aprendizagem, repete o ano, vai-se tornando cada vez mais “tímida” ou “agressiva”,
com poucos amigos e, um dia, descobre-se que as dificuldades tinham origem em uma
deficiência auditiva. Quando isso e corrigido todo o quadro reverte-se. A história pode
também não ter um final feliz, se os danos forem graves. Todas as teorias do
desenvolvimento humano partem do pressuposto de que estes quatro aspectos são
indissociáveis, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto e, estudar o
desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por
exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afectivo-emocional, isto e, do
desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.

4. Desenvolvimento e Socialização

Através da observação, imitação e experimentação das instruções de pessoas mais


experientes, a criança vivencia diversas experiências físicas e culturais, construindo,
dessa forma, um conhecimento a respeito do mundo a qual vive. Sendo assim, de acordo

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com Piaget, o desenvolvimento da pessoa se dá pela relação que se estabelece entre o
sujeito (com toda sua carga genética e dispositivos biológicos, bem como sua história
pessoal acumulada) e o meio onde ele está inserido (que compreende uma série de
fatores que vão desde os objetos materiais até os valores morais, passando
necessariamente pela existência do outro.

Trabalhar com a criança em idade pré-escolar não é simplesmente acompanhar seu


desenvolvimento, nem treina-la para que adquira hábitos sociais, mas possibilitar que
ela estabeleça uma relação sadia e rica com o meio que a cerca de modo a possibilitar o
seu desenvolvimento e a apropriação de conteúdos novos.

O meio ambiente tem que ser desafiador no objetivo de poder estimular a ação motora
da pessoa, bem como seu intelectual. Porém, somente oferecer estímulos para que a
criança se desenvolva normalmente não é suficiente, pois a eficiência da estimulação
depende também do contexto afetivo em que esse estímulo se insere, a ação está
diretamente ligada ao relacionamento entre o estimulador e a criança.

Sendo assim, o papel da escola na educação deve ser de sistematizar esses estímulos,
promovendo uma relação afetiva com o objetivo de transmitir valores e conhecimentos
que visam o desenvolvimento integral da pessoa.

2.3.1 O Desenvolvimento segundo Piaget

O estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da


Psicologia cujas proposições nucleares concentram-se no esforço de compreender o
homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais
completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a linha
evolutiva da Psicologia, tem culminado na elaboração de várias teorias que procuram
reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condições de
produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e
de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade.

Dentre essas teorias, a de Jean Piaget (1896-1980), que é a referência deste nosso
trabalho, não foge à regra, na medida em que ela busca, como as demais, compreender o

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desenvolvimento do ser humano. No entanto, ela se destaca de outras pelo seu caráter
inovador quando introduz uma 'terceira visão' representada pela linha interacionista que
constitui uma tentativa de integrar as posições dicotômicas de duas tendências teóricas
que permeiam a Psicologia em geral - o materialismo mecanicista e o idealismo - ambas
marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus postulados que separam de forma
estanque o físico e o psíquico.

Um outro ponto importante a ser considerado, segundo estudiosos, é o de que o modelo


piagetiano prima pelo rigor científico de sua produção, ampla e consistente ao longo de
70 anos, que trouxe contribuições práticas importantes, principalmente, ao campo da
Educação - muito embora, curiosamente aliás, a intenção de Piaget não tenha
propriamente incluído a idéia de formular uma teoria específica de aprendizagem (La
Taille, 1992; Rappaport, 1981; Furtado et. al.,1999; Coll, 1992; etc.).

O propósito do nosso estudo, portanto, é tecer algumas considerações referidas ao eixo


principal em torno do qual giram as concepções do método psicogenético de Piaget, o
qual, segundo Coll e Gillièron (1987:30), tem como objetivo "compreender como o
sujeito se constitui enquanto sujeito cognitivo, elaborador de conhecimentos válidos",
conforme procuraremos discutir na sequência deste trabalho.

  A visão interacionista de Piaget: a relação de interdependência entre o homem e o


objeto do conhecimento

Introduzindo uma terceira visão teórica representada pela linha interacionista, as idéias
de Piaget contrapõem-se, conforme mencionamos mais acima, às visões de duas
correntes antagônicas e inconciliáveis que permeiam a Psicologia em geral: o
objetivismo e o subjetivismo. Ambas as correntes são derivadas de duas grandes
vertentes da Filosofia (o idealismo e o materialismo mecanicista) que, por sua vez, são
herdadas do dualismo radical de Descartes que propôs a separação estanque entre corpo
e alma, id est, entre físico e psíquico. Assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o
dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência; e a Psicologia
subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo

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conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito
sobre o objeto (Freitas, 2000:63).

Considerando insuficientes essas duas posições para explicar o processo evolutivo da


filogenia humana, Piaget formula o conceito de epigénese, argumentando que "o
conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma
programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com
elaborações constantes de estruturas novas" (Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64). Quer
dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é
ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente - físico e social - que
o rodeia (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000; etc.), significando entender
com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são
reorganizadas pela psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência
entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.

 Esse processo, por sua vez, se efetua através de um mecanismo auto-regulatório que
consiste no processo de equilibração progressiva do organismo com o meio em que o
indivíduo está inserido, como procuraremos expor em seguida.

5.    O processo de equilibração: a marcha do organismo em busca do


pensamento lógico

Pode-se dizer que o "sujeito epistêmico" protagoniza o papel central do modelo


piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais
do pensamento do homem, desde o início da sua vida até a idade adulta. Nesse sentido,
a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento, na concepção de
Piaget, equivale à compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do
pensamento lógico, matemático. Como lembra La Taille (1992:17), "(...) a lógica
representa para Piaget a forma final do equilíbrio das ações. Ela é 'um sistema de
operações, isto é, de ações que se tornaram reversíveis e passíveis de serem compostas
entre si'".

 Precipuamente, portanto, no método psicogenético, o 'status' da lógica matemática


perfaz o enigma básico a ser desvendado. O maior problema, nesse sentido, concentra-
se na busca de respostas pertinentes para uma questão fulcral: "Como os homens

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constroem o conhecimento?" (La Taille: vídeo). Imbricam-se nessa questão,
naturalmente, outras indagações afins, quer sejam: como é que a lógica passa do nível
elementar para o nível superior? Como se dá o processo de elaboração das idéias? Como
a elaboração do conhecimento influencia a adaptação à realidade? Etc.

Procurando soluções para esse problema central, Piaget sustenta que a gênese do
conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, o pensamento lógico não é inato ou
tampouco externo ao organismo mas é fundamentalmente construído na interação
homem-objeto. Quer dizer, o desenvolvimento da filogenia humana se dá através de um
mecanismo autorregulatório que tem como base um 'kit' de condições biológicas (inatas
portanto), que é ativado pela ação e interação do organismo com o meio ambiente -
físico e social (Rappaport, op.cit.). Id est, tanto a experiência sensorial quanto o
raciocínio são fundantes do processo de constituição da inteligência, ou do pensamento
lógico do homem.

Está implícito nessa ótica de Piaget que o homem é possuidor de uma estrutura
biológica que o possibilita desenvolver o mental, no entanto, esse fato per se não
assegura o desencadeamento de fatores que propiciarão o seu desenvolvimento, haja
vista que este só acontecerá a partir da interação do sujeito com o objeto a conhecer. Por
sua vez, a relação com o objeto, embora essencial, da mesma forma também não é uma
condição suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano, uma vez que para tanto é
preciso, ainda, o exercício do raciocínio. Por assim dizer, a elaboração do pensamento
lógico demanda um processo interno de reflexão. Tais aspectos deixam à mostra que, ao
tentar descrever a origem da constituição do pensamento lógico, Piaget focaliza o
processo interno dessa construção.

Simplificando ao máximo, o desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é


explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações
interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer. Esses fatores que são
complementares envolvem mecanismos bastante complexos e intrincados que englobam
o entrelaçamento de fatores que são complementares, tais como: o processo de
maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência social e, sobretudo, a
equilibração do organismo ao meio.

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O conceito de equilibração torna-se especialmente marcante na teoria de Piaget pois ele
representa o fundamento que explica todo o processo do desenvolvimento humano.
Trata-se de um fenômeno que tem, em sua essência, um caráter universal, já que é de
igual ocorrência para todos os indivíduos da espécie humana mas que pode sofrer
variações em função de conteúdos culturais do meio em que o indivíduo está inserido.
Nessa linha de raciocínio, o trabalho de Piaget leva em conta a atuação de 2 elementos
básicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes.

(a) Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o indivíduo recebe como


herança uma série de estruturas biológicas - sensoriais e neurológicas - que
permanecem constantes ao longo da sua vida. São essas estruturas biológicas
que irão predispor o surgimento de certas estruturas mentais. Em vista disso,
na linha piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas marcas
inatas que são a tendência natural à organização e à adaptação, significando
entender, portanto, que, em última instância, o 'motor' do comportamento do
homem é inerente ao ser.

(b) Os fatores variantes: são representados pelo conceito de esquema que constitui


a unidade básica de pensamento e ação estrutural do modelo piagetiano, sendo
um elemento que se transforma no processo de interação com o meio, visando
à adaptação do indivíduo ao real que o circunda. Com isso, a teoria
psicogenética deixa à mostra que a inteligência não é herdada, mas sim que ela
é construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e
social) em que ele estiver inserido.

Em síntese, pode-se dizer que, para Piaget, o equilíbrio é o norte que o organismo
almeja mas que paradoxalmente nunca alcança (La Taille, op.cit.), haja vista que no
processo de interação podem ocorrer desajustes do meio ambiente que rompem com o
estado de equilíbrio do organismo, eliciando esforços para que a adaptação se
restabeleça. Essa busca do organismo por novas formas de adaptação envolve dois

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mecanismos que apesar de distintos são indissociáveis e que se complementam: a
assimilação e a acomodação.

(a) A assimilação consiste na tentativa do indivíduo em solucionar uma


determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele possui naquele
momento específico da sua existência. Representa um processo contínuo na
medida em que o indivíduo está em constante atividade de interpretação da
realidade que o rodeia e, consequentemente, tendo que se adaptar a ela. Como
o processo de assimilação representa sempre uma tentativa de integração de
aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao entrar em
contato com o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar dele as
informações que lhe interessam deixando outras que não lhe são tão
importantes (La Taille, vídeo), visando sempre a restabelecer a equilibração do
organismo.

(b) A acomodação, por sua vez, consiste na capacidade de modificação da


estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do
conhecimento. Quer dizer, a acomodação representa "o momento da ação do
objeto sobre o sujeito" (Freitas, op.cit.65) emergindo, portanto, como o
elemento complementar das interações sujeito-objeto. Em síntese, toda
experiência é assimilada a uma estrutura de idéias já existentes (esquemas)
podendo provocar uma transformação nesses esquemas, ou seja, gerando um
processo de acomodação. Como observa Rappaport (1981:56), os processos de
assimilação e acomodação são complementares e acham-se presentes durante
toda a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual (...) É
muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer
assimilação sem acomodação, pois dificilmente um objeto é igual a outro já
conhecido, ou uma situação é exatamente igual a outra.

Vê-se nessa idéia de "equilibração" de Piaget a marca da sua formação como Biólogo
que o levou a traçar um paralelo entre a evolução biológica da espécie e as construções
cognitivas.

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Dessa perspectiva, o processo de equilibração pode ser definido como um mecanismo
de organização de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar o
indivíduo a construção de uma forma de adaptação à realidade. Haja vista que o "objeto
nunca se deixa compreender totalmente" (La Taille, op.cit.), o conceito de equilibração
sugere algo móvel e dinâmico, na medida em que a constituição do conhecimento
coloca o indivíduo frente a conflitos cognitivos constantes que movimentam o
organismo no sentido de resolvê-los. Em última instância, a concepção do
desenvolvimento humano, na linha piagetiana, deixa ver que é no contato com o mundo
que a matéria bruta do conhecimento é 'arrecadada', pois que é no processo de
construções sucessivas resultantes da relação sujeito-objeto que o indivíduo vai formar
o pensamento lógico.

É bom considerar, ainda, que, na medida em que toda experiência leva em graus
diferentes a um processo de assimilação e acomodação, trata-se de entender que o
mundo das idéias, da cognição, é um mundo inferencial. Para avançar no
desenvolvimento é preciso que o ambiente promova condições para transformações
cognitivas, id est, é necessário que se estabeleça um conflito cognitivo que demande um
esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismo seja
restabelecido, e assim sucessivamente.

 No entanto, esse processo de transformação vai depender sempre de como o indivíduo
vai elaborar e assimilar as suas interações com o meio, isso porque a visada conquista
da equilibração do organismo reflete as elaborações possibilitadas pelos níveis de
desenvolvimento cognitivo que o organismo detém nos diversos estágios da sua vida. A
esse respeito, para Piaget, os modos de relacionamento com a realidade são divididos
em 4 períodos, como destacaremos na próxima seção deste trabalh

6. Desenvolvimento Cognitivo

A Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de PIAGET


A influência de Jean Piaget (1896-1980) não tem andado longe da de Freud. Nascido na
Suécia, Piaget passou a maior a parte da sua vida dirigindo um instituto de

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desenvolvimento infantil em Genebra. Publicou um número extraordinário de obras e
trabalhos científicos, não apenas sobre o desenvolvimento da criança, mas também
sobre educação, história do pensamento, filosofia e lógica, e manteve a sua prodigiosa
produção ate a data da sua morte em 1980.

Embora Freud tenha dado tanta importância, nunca estudou directamente a criança. A
sua teoria foi desenvolvida a partir de observações feitas no decurso de tratamento de
pacientes adultos em sessões de psicoterapia. Piaget, pelo, contrario, passou, a maior
parte da sua vida observando o comportamento de bebes, crianças e adolescentes.
Baseou-se muito do seu trabalho em observações minuciosas de um número limitado de
indivíduos, mais do que no estudo de grandes amostras. Não obstante, defendia que a
maioria das suas das suas principais descobertas eram validas para o desenvolvimento
das crianças de todas as culturas. O desenvolvimento cognitivo (desenvolvimento do
pensamento) De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é produto do
equilíbrio entre o organismo e o meio, porque a aquisição ou assimilação de
conhecimentos e um processo evolutivo de construção, na teoria epistemológica de
conhecimento ou epistemologia genética. No desenvolvimento cognitivo colocam-se as
questões como: “como é possível o conhecimento”? como é que os conhecimentos
aumentam, (compreensão? extensão)? quer dizer em quantidade como em qualidade.
Um conhecimento e construído com base nos conhecimentos anteriores organizando- se
em processos cognitivos segundo a adaptação do organismo ao meio. A ideia piagetiana
é estrutural ou construcionista quando evidencia a construção ou organização de
estruturas mentais ou processos cognitivos. Por outro lado, é funcional ou
psicobiologica devido a adaptação orgânica e intelectual ao meio como condições
funcionais no sentido de surgir uma organização das estruturas cognitivas. Assim, o
desenvolvimento cognitivo surge das funções de organização e de adaptação. O
desenvolvimento leva as mudanças progressivas e sequenciais na estrutura da
organização dos processos cognitivos por causa da dialéctica ou interacção a
organização e adaptação. A progressiva adaptação orgânica e intelectual ao meio
conduz ou leva a uma progressiva mudança na sequência das estruturas cognitivas,
tendo um estado mutável e não rígido. Assim, o processo de adaptação realiza-se por
meio de equilíbrio entre assimilação e acomodação. O equilíbrio leva a aquisição de
estruturas cognitivas (o desenvolvimento cognitivo). As estruturas cognitivas se
resumem em dois tipos: esquemas e conceitos. Um esquema e um conjunto de regras

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que define um género especifico de comportamento (actividades de chuchar, apalpar,
olhar, etc.) como parte da estrutura cognitiva da criança. Quando mais cresce, vai
conhecendo o seu meio, também vai desenvolvendo estruturas mentais (conceitos
segundo Piaget), referindo aquelas normas que descrevem acontecimentos ambientais,
relações entre conceitos, seus efeitos. Pois, a adaptação ao meio ambiente faz-se através
do processo de assimilação e acomodação. Assimilação como processo espontâneo da
criança consiste em integrar ou interiorizar a experiência do meio ambiente onde esta
inserido (processo). Consiste em acrescentar novos elementos a um conceito ou a um
esquema. Enquanto, a acomodação refere o ajustamento desses elementos a nova
situação. O ajustamento que o indivíduo faz ao incorporar a realidade externa. Se a
assimilação consiste na capacidade do sujeito interiorizar e conceptualizar as suas
experiências do meio, a acomodação e a resposta do sujeito as exigências imediatas e
constrangedoras do meio, e o grau de adaptação aos estímulos externos, mediante a
reorganização cognitiva, em vez de respostas mecânicas.

Os estádios do desenvolvimento cognitivo em PIAGET


Piaget divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento
de novas qualidades do pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento
global. Piaget acentua bastante a capacidade da para entender activamente o mundo. As
crianças não observam de uma forma passiva a informação, mas seleccionam e
interpretam o que vêem, ouvem e sentem acerca do mundo que as rodeia. A partir dos
estudos e de numerosas experiências que efectuou sobre as formas de pensar da criança,
chegou a conclusão de que os seres humanos atravessam vários estádios distintos de
desenvolvimento cognitivo – ou seja, vão aprendendo a pensar sobre eles próprios e
mundo a sua volta. Cada estádio implica a aquisição de novas capacidades e esta
dependente de uma de uma conclusão bem sucedida da fase anterior.

1.Estádio sensório-motor (0 a 2 anos de idade) Ate uma idade máxima de quatro meses,
um bebé não consegue diferenciar-se do que o rodeia. O desaparecimento do objecto no
campo visual da criança perde todo interesse por ele (não existe/nunca existiu); por
exemplo a criança não entende que são os próprios movimentos que provocam o ranger
do berço e não diferencia entre objectos e pessoas. A actividade cognitiva é
comportamental. Pensar é agir. O bebé não tem noção de que existe algo fora do seu
campo de visão. (Irreversibilidade). Como demonstram alguns estudos, os bebés

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aprendem de forma gradual a, a distinguir as pessoas dos objectos, começando a
perceber que ambos têm uma existência independente das suas percepções mais
imediatas. Aos 6 meses de idade, a criança investida as características do objecto.
Procura o objecto escondido, continua a existir. Piaget chama a este primeiro estádio
sensório-motor, pois as crianças aprendem usando os seus diferentes sentidos, sobretudo
tocando objectos, manipulando-os e explorando fisicamente o meio ambiente. De 1 ano
e meio o pensamento da criança esta ligado a linguagem, esquemas motores e a
conceitos de objectos e das suas características. A principal conquista neste estádio é
que, a criança já entende que o meio ambiente tem propriedades próprias e imutáveis.

2. Estádio pré-operatório (2-7 anos de idade) Foi aquele que Piaget dedicou grande parte
da sua investigação. Nesta fase desenvolvem-se outras estruturas cognitivas: a criança e
capaz de distinguir o “eu” do objecto; adquire noção de tempo e espaço. Tem início a
reversibilidade. A criança já domina a linguagem e se torna capaz de usar palavras para,
de uma forma simbólica, representar objectos e imagens. Uma criança de quatro anos,
por exemplo, pode usar a mão em movimento para representar o conceito de “avião”.
Início da aquisição de noção de conservação da massa e volume (quantidade) Piaget
apelida este estádio de pré-operacional, pois as crianças ainda não são capazes de usar,
de uma forma sistemática, as suas capacidades mentais em desenvolvimento. Na
maneira de ver o mundo, é característica destas crianças o egocentrismo, ela acredita
que as pessoas vêem o mundo exactamente como ela vê, p. Ex: ao contar um facto,
omite pormenores importantes “julgando” que os outros têm a mesma visão do facto.
Este conceito não se refere a egoísmo mas a tendência da criança interpretar o mundo
exclusivamente em função da sua própria posição. (ex. pedir explicação de uma
ilustração enquanto o livro esta virado para si.

A criança não entende que o outro não vê); as crianças falam ao mesmo tempo mas não
com a outra, como os adultos fazem; não tem categorias de pensamento que os adultos
tem, as crianças não tem conceitos de causalidade, velocidade, peso ou numero (mesmo
se a criança observar alguém a deitar agua num recipiente alto e estreito para o outro
mais baixo e largo, não entende que o volume continua o mesmo – mas conclui que há
mais agua no segundo recipiente, porque o nível da agua esta mais abaixo.

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3.Estádio de operações concretas (7-12 anos de idade) Existe um equilíbrio estável
entre assimilação e acomodação. Durante esta fase as crianças dominam noções lógicas
e abstractas. São capazes de, sem grandes dificuldades, lidar com ideias como a de
causalidade. Uma criança nesta fase de desenvolvimento e capaz de reconhecer o
raciocínio falso implícito na ideia de que o recipiente mais largo continha menos água
do que o mais estreito, mesmo que os níveis da água sejam diferentes. Torna-se capaz
de efectuar operações matemáticas, como a multiplicação, a subtracção ou divisão. As
crianças neste período são muito menos egocêntricas. Se perguntar a criança quantas
irmãs tem ela dirà uma, mas se perguntar quantas irmãs tem a tua irmã ela
provavelmente dirá “nenhuma” porque não e capaz de se colocar na posição da irmã,
não e capaz de raciocinar em termos hipotéticos.

7. .Estádio das operações formais (12-18 anos de idade) Desenvolvimento das


capacidades lógicas, de representação simbólica. Criação de hipóteses e sua
verificação. Pensamento abstracto, dedutivo (processo de transição do geral ao
particular) e indutivo. Raciocínio formal segundo a cultura. Quando deparam
com um problema, as crianças nesta fase são capazes de rever todas as formas
possíveis de resolver, examinando-o teoricamente de maneira a chegar a uma
solução. De acordo com Piaget os primeiros três estádios de desenvolvimento
são universais; mas nem todos os adultos alcançam o estádio operacional formal.
O desenvolvimento deste tipo de pensamento esta dependente, em parte, dos
processos de escolaridade. Os adultos com uma educação limitada tendem a
continuar a pensar em termos mais concretos e reter largos traços de
egocentrismo.

8. Desenvolvimento Psicossocial

A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial segundo ERIKSON

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O desenvolvimento psicológico, seja na dimensão cognitiva como na emotiva, não
termina com a idade adulta. Os primeiros anos de vida e o período da adolescência são
etapas fundamentais para a construção do mundo psíquico do adulto, mas a obra da
reelaboração e da reorganização da própria vida psíquica continua incessantemente por
toda a existência humana. A ideia de que o desenvolvimento psíquico dura toda a vida e
que seja estreitamente legada as relações sociais foi elaborada por Erik Erickson (1902-
1994). Erikson, psicanalista, nasceu em Frankfurt, Alemanha. Enquanto Freud atribuía
mais importância ao inconsciente, Erickson focalizava a sua atenção no papel
desenvolvido pelo “Eu” quando se devem enfrentar problemas nos diferentes períodos
da vida. A teoria de Erikson (1950, 1968) afirma que o desenvolvimento psicossocial
atravessa oito estádios, em cada um do qual o indivíduo deve enfrentar uma série de
problemas, ou a assim chamada crise do estádio, para poder passar ao estádio sucessivo.
Segundo Erikson, na medida em que uma criança resolve positivamente os problemas
de cada estádio, determina-se a sua possibilidade de tornar-se uma pessoas adulta
dotada de capacidade de adaptação.

9. Os Estádios do desenvolvimento psicossocial de Erickson

1. Estádio sensório-oral (0-1)


Crise entre a confiança e desconfiança. A criança põe-se o problema de ter confiança o
não ter confiança na pessoa que toma cuidado ou se ocupa dela (geralmente a mãe), se
recebe ou não nutrição e afecto. Da confiança para com a figura materna desenvolvera a
confiança para com o ambiente externo e outras pessoas. Se a criança não contar com o
afecto e os cuidados maternos, perdera a confiança para com as outras pessoas e pensará
que o ambiente externo não lhe pode dar confiança.

2. Estádio muscular-anal (1-2 anos)


Crise entre autonomia-dúvida/vergonha, a criança começa a explorar o mundo e a
entrar em relação com outras pessoas. Na medida em que conquista autonomamente as
habilidades principais, por exemplo aprender a caminhar, deve também não duvidar de
si quando não consegue padronizar esta tal capacidade imediatamente. A criança deve
escolher se ser autónoma em tal situação e continuar de modo independente, ou então
enfrentar o futuro com dúvidas. Características: afirmação da vontade: a criança
desenvolve a capacidade de escolha, a possibilidade de auto-domínio; sentimentos de

33
autonomia e de amor – próprio. Pode desenvolver-se sentimentos de perca de auto-
domínio, a vergonha e duvidas quanto ao exercício da vontade.

3. Estádio locomotorio-genital (3-5 anos)


Crise de iniciativa/sentimento de culpa. Desenvolvem-se as estruturas anteriores e a
criança encontra-se a ter que resolver o conflito existente entre o tomar iniciativa em
actividades e apreciar os resultados ou sentir-se culpado por ter ultrapassado os limites,
neste caso surge o medo de punições ou de castigo, criticas e de consequência o
sentimento inibitório (a criança pode perder a capacidade de tomar novas iniciativas e
sente-se em culpa pelos seus falimentos).

4. Estádio de latência (de 6 anos – a puberdade)


Crise da diligencia e complexo de inferioridade. Nesta fase adquirem as regras
fundamentais sobre o mundo externo e as primeiras regras de comportamento social
graças ao facto de frequentar a escola e o grupo dos pares. As próprias competências
podem ser desenvolvidas e reforçadas, ou então podem ser bloqueadas. O insucesso na
escola ou nas relações sociais em geral podem gerar um sentido de inferioridade que
bloca ulteriormente o desenvolvimento cognitivo e emotivo.

5. Estádio da Adolescência

A crise por superar é entre a identidade e confusão a cerca do papel a desempenhar


(confusão de identidade). O adolescente deve desenvolver o sentido de identidade de si
mesmo, tornar-se um indivíduo com a sua própria personalidade distinta daquela dos
parceiros e dos adultos, com próprias normas sociais e próprios valores morais. O
falimento na construção da identidade manifesta-se na “confusão de papeis”, facto pelo
qual o adolescente não consegue encontrar um papel adequado para a sua personalidade
no contexto social.

6. Primeira idade adulta (20-30 anos)


Nesta fase a crise é entre intimidade ou amor/isolamento a pessoa enfrenta a escolha
entre uma vida caracterizada de relações de intimidade (capacidade de amizade e amor),
encontrar-se em companhia, amar alguém e a ausência de relações afectivas, e

33
transformar-se num isolado, evitando compromisso de amor ou amizade. É o estádio da
vida em que se põe também a problema da escolha profissional que permite a inserção
na sociedade. As duas escolhas cruzam-se, originando as vezes conflitos, sobretudo na
mulher pela qual a profissão pode contrastar com o papel de mulher e de mãe.

7. Meia-idade (40-60 anos)


A crise situa-se entre a criatividade ou interesse/estagnação ou auto-absorção. Regista-
se a consolidação do amor e da amizade: aumento do interesse profissional, aumento da
atenção para com os filhos mas pode viver em debilidade no relacionamento, em
depressão, sem interesse. Para essa fase contribui muito a tipo de escolha profissional
feito, em particular em relação a constatação feita no que diz respeito aos objectivos ou
propósitos alcançados ou não segundo a plano traçado na juventude. O sentido do
insucesso pode muitas vezes estimular a novos interesses e opções ou a uma nova ou
mais lúcida consciência das próprias capacidades.

8. Velhice (dos 60 anos em diante)


A crise observa-se entre o sentimento de integração e calma/ desespero. Nesta fase
emerge uma outra situação de conflito, aquela concernente a aquisição de um sentido de
integridade, que se experimenta quando se considera que a própria vida foi completada,
dando-lhe um sentido, ao qual se contrapões o desespero, se se pensa de não ter
alcançado os objectivos que anteriormente se tinham proposto ou de não ter integrado as
próprias experiências. A pessoa pode tornar-se sabia: não se preocupa ansiosamente
pela vida porque descobriu o seu sentido e o da dignidade da sua vida; há aceitação da
morte. Mas pode não alcançar a sabedoria, ao fazer o balanço da sua vida ou avaliação
do seu passado e verifica que não fez nada que valesse a pena, logo surge um
sentimento de desgosto pela vida e de desespero perante a morte. Cada vez mais está a
crescer o numero de anciãos que fica inactivo depois da reforma e marginalizados em
relação as decisões da colectividade. A psicologia deve ser em grau de afrontar esta
nova problemática para a integração dos anciãos na sociedade.

10. Desenvolvimento Psicossexual

A Teoria do Desenvolvimento Psicossexual segundo FREUD

33
Freud dividiu a vida psíquica em dois níveis: o inconsciente e o consciente. O
inconsciente considerou-o mais importante, é a camada mais profunda e responsável por
grande parte de nossas manifestações. A vida psíquica se centra na libido (pulsões
sexuais), responsável pela agressividade como de origem sexual. Segundo a concepção
libidinal, dividiu a personalidade em três instâncias: Id; Ego; Super-ego (ver o capitulo
anterior). A psicanálise descreveu seja a estrutura da mente (ID, EU, Super-EU), seja o
desenvolvimento dos processos psíquicos dos primeiros anos de vidas. Este
desenvolvimento e decisivo porque nele se deitam os fundamentos da vida psíquica do
futuro indivíduo adulto e os traços persistentes da personalidade. O aspecto mais
evidente da teoria freudiana é o das fases do desenvolvimento psicossexual. Segundo
Freud, a área do prazer sexual desloca-se duma zona erótica/erógena do corpo a outra,
segundo uma sequência determinada biologicamente na medida em que a criança
cresce. De consequência os distúrbios psíquicos do indivíduo adulto dependeriam dum
desenvolvimento não regular das várias fases da sexualidade infantil. Freud preconiza
cinco estádios do desenvolvimento psicossexual.

11. As fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud

1. Fase oral (0-2 anos)


Nos primeiros meses da vida ate cerca de 2 anos de vida, a libido esta concentrada na
zona oral (boca): o bebe tira prazer através da zona erótica da boca, dos lábios e da
língua, e nos actos de sucção, mordedura e mastigação. No adulto, a fixação formas da
sexualidade oral pode exprimir-se em comportamentos com a sucção do próprio dedo,
comer-se as unhas, comer excessivamente, etc.

2. Fase anal (2-3anos)


Nesta fase o ponto focal da libido desloca-se e as principais fontes de prazer sexual
tornam as actividades esfintéricas. Esta presente seja a exigência de satisfação da
necessidade (defecar) seja de aprender o controlo fisiológico em relação as regras
ditadas pelos pais e as convenções sociais. Conter as fezes significa, duma parte,
bloquear a satisfação de uma necessidade e da outra parte, significa realizar ou cumprir
as regras dos pais, que a sua volta são fonte de gratificação quando a norma vem
respeitada pela criança. A co-presença de exigências contrastantes, o conflito,

33
relacionado a fase anal poderá manifestar-se no adulto em comportamentos de excessiva
limpeza, pontualidade, obstinação, etc.

3. Fase fálica (3-5 anos)


Entre 3 a 5 anos a libido desloca-se para as zonas genitais a procura do prazer. O rapaz
e a menina tocam os próprios órgãos genitais, tornam-se curiosas em relação às
diferenças entre os dois sexos. Os pais muitas vezes proíbem o comportamento sexual
das crianças desta idade pensando ou considerando que são formas adultas da actividade
sexual, enquanto normalmente exprimem a exigência das crianças de conhecer o próprio
e o outro aparato sexual. Nesta fase manifesta-se o assim chamado complexo de Édipo2,
ou Electra para casos de preferência na denominação do complexo para o feminino. O
menino chegando nesta fase do desenvolvimento psicossexual, experimenta um desejo
de hostilidade para o pai e um desejo de amor para com a mãe. Estes dois desejos co-
presentes, numa forma geralmente inconsciente, são vividos como um conflito. Por
outro lado, o pai representa para o menino a fonte da punição (vivida como castração
dos próprios órgãos) por causa do amor dirigido a mãe. O menino pode superar este
conflito através de um processo de identificação com o pai, mediante o qual ele assimila
e faz seu o comportamento paterno. Durante o processo de identificação, os meninos
introjectam no Super-ego grande parte das regras sociais e dos valores partilhados e
derivados da figura dos pais. Na menina verifica-se um processo em parte análogo,
primeiro de hostilidade para com a mãe e amor para com o pai e, portanto, em seguida,
de identificação com a figura materna.

4. Fase da latência (6-inicio da adolescência)


Durante esta fase a actividade da libido perde intensidade, consentindo ao “Eu” uma
trégua para consolidar o desenvolvimento anterior enquanto a criança orienta ou dirige
os próprios interesses no ambiente.

5. Fase genital (fim da adolescência)


O culminar do desenvolvimento psicossexual verifica-se no fim da adolescência, na
fase genital. O rapaz e a rapariga completam o desenvolvimento psicossexual e
orientam o próprio comportamento sexual aos parentes. Elemento característico desta
fase e o surgimento de um interesse de relação reciprocamente gratificante com os
outros. O indivíduo que se encontra nesta fase genital, esta em grau de manifestar o

33
interesse para com os outros, desejo de partilhar as experiências significativas e
solicitude para o seu bem-estar: este empenho a reciprocidade não e alcançado por
todos.

12. Desenvolvimento Moral


A Teoria do Desenvolvimento Moral segundo KOHLBERG
No desenvolvimento da personalidadeAQ joga um papel fundamental a aquisição de
regras de comportamento que reflectem os valores da cultura e da sociedade em que o
indivíduo vive. Lawrence Kohlberg, fortemente influenciado pela teoria de Piaget,
apresentou a hipótese de o aspecto moral desenvolve-se gradualmente por estádios.
Kohlberg introduz uma perspectiva desenvolvimentista, isto significa que revolucionou
a compreensão sobre o desenvolvimento moral, descobriu que as pessoas não podem ser
agrupadas em compartimentos definidos com rótulos simplicistas: o Este grupo é
honesto o Este grupo é aldrabão o Este grupo é reverente Segundo Kohlberg, o carácter
moral das pessoas se desenvolve. Significa que o crescimento moral se faz de acordo
com uma sequência do desenvolvimento. Para o desenvolvimento do carácter, “dizer as
crianças e adolescentes para adoptarem determinadas virtudes ou manipulá-las até que
digam palavras certas não produz um desenvolvimento pessoal ou cognitivo
significativo). (Sprinthal & Sprinthal, 1993:170). O desenvolvimento ocorre de acordo
com uma sequência específica de estádios, independentemente da cultura, sub-cultura,
continente ou país, raça. Moral refere-se as normas e regras da conduta social que
caracterizam as concepções a respeito da justiça e injustiça, do bem e do mal. São
mantidas ou cultivadas pela força da opinião pública, hábitos, costumes e educação.
Kohlberg identificou seis estádios fundamentais do desenvolvimento moral.

13. Psicologia da Personalidade

33
Conceito da Personalidade e sua Extrutura
Nenhum Homem nasce como personalidade. Entretanto, cada um de nós nasce como
um projecto (esboço) da personalidade, quer dizer, cada indivíduo ao nascer é um centro
de iniciativas, de buscas e de construções de boas qualidades. Isto significa que cada
indivíduo permanentemente deve trabalhar para a formação da sua personalidade. A
personalidade do Homem constrói-se pelos sinais complexos e estáveis: temperamento,
conduta, moral, interesse bem como as necessidades que definem as propriedades dos
sentidos e do comportamento do mesmo Homem.
A personalidade capacita- se às diversas situações da vida, aí se define a sua totalidade
pelas influências sócio-genéticas e sócio -culturais. Conceito de Personalidade A
personalidade exprime a totalidade de um ser, tal como aparece aos outros e a si
próprio, na sua unidade, na sua singularidade e na sua continuidade. É o modo
relativamente constante e peculiar de perceber, pensar, sentir, e de agir do indivíduo.
Inclui as atitudes, habilidades, crenças, emoções, desejos, o modo de se comportar e,
inclusive os aspectos físicos do indivíduo. Em suma, a personalidade é o nosso ser
global, inclui o consciente e o inconsciente na sua relação com o mundo exterior.
Estrutura da Personalidade Fazem parte da estrutura da personalidade as
particularidades relativamente constantes e viáveis da própria personalidade (do
sujeito).

14. Factores Gerais que Influenciam a Personalidade

33
O Modelo dos cinco grandes factores da personalidade

Segundo Krahé (1992) algumas linhas de investigação têm contribuido para firmar os
alicerces teóricos do conceito actual de traço. Entre estes esforços pode mos distinguir
três orientações principais:

• A procura das dimensões básicas dos traços, que permitem uma descrição
parcimoniosa, ainda que compreensiva, da personalidade e das diferenças individuais.

• A exploração dos determinantes genéticos dos traços de personalidade.

• A conceptualização dos traços como categorias socialmente definidas, a partir das


quais as dimensões da personalidade são construídas.

A primeira tendência de investigação “realça o potencial dos traços, enquadramento


organizador das diferenças individuais” (Krahé,1992, p.66), apontando para a procura
de uma taxinomia das categorias básicas dos traços e para a estreita relação entre estes e
a linguagem comum sobre a personalidade. Perante a diversidade de traços, é natural
que tenha surgido a questão do seu número específico 7 e de como organizá-los. Na
tentativa de trazer ordem ao do mínio, começaram a surgir sistemas de traços 8,
baseados ou não em 7 Uma abordagem já antiga, que vai ao encontro desta questão,
consiste em consultar o dicionário (há muito que se reconhece que a linguagem do dia-
a- dia oferece o repertório para a descrição da personalidade, tanto aos leigos como aos
especialistas) enquanto outra, parte da experiência de clínicos ou de teorias.

8 Como exemplo, temos as tipologias de Jung (1923 /71), constituída pelos tipos
introvertido e extrovertido e, aos quais, mais tarde, o autor, juntou mais dois contrastes
— a sensação /intuição e o pensar/sentir; a de Guilford e Zimmerman (1934), que ao
analisarem teorias, a partir dos quais foram construí das inúmeras escalas.

Historicamente, a competição entre estes sistemas tem sido uma Preocupação para os
psicólogos da personalidade. Efetivamente , a Ausência de um modelo uni ficado e
singular tem impedido o avanço Desta área, dificultando a comunicação entre
investigadores e a Comparação dos resultados. Porém, a sobreposição entre os vários

33
Sistemas e o facto de emergir, recorrente mente, da avaliação com Inúmera s medidas
da personalidade, um com junto limitado de traços — Os cinco grandes factores —
levou à edificação de uma taxinomia Compreensiva — o modelo dos cinco fatores.
Embora este modelo tenha sido originado em estudos sobre a linguagem natural,
investigações recentes sugerem que pode incluir dimensões das diferenças Individuais,
derivadas das principais escolas de psicologia da Personalidade com vigência de linhas
teóricas e empíricas no Sentido do modelo dos cinco factores (Five Factor Model —
FFM, Costa e McCrae, 1992) constitui um argumento a favor da adopção do modelo,
Como um contexto para a des crição com preensiva da personalidade.

Contudo, nem todos os investiga dores concordam que ele oferece uma Descrição
adequada das dimensões da personalidade. Mas o facto é Que tem havido replicações
independentes sufi cientes, para que se lhe Preste a devida atenção.

O modelo dos cinco factores de Personalidade é, por conseguinte, um Exemplo de uma


taxinomia de traços, uma organização abrangente da Estrutura 9 dos traços da
personalidade. Recentemente, segundo Halverson (1994), começaram a emergir
tentativas de explicação Teóricas 10 para as impressionante s regularidades empíricas e
estatísticas encontrada s (John, 1990; Buss, 1991; Wiggins & Trapnell, 1996).
Quer dizer que datam, de há muito pouco, os esforços no sentido de Compreender por
quê cinco facto res, porquê estes cinco factores, qual a origem/ba se do modelo e qual a
sua relevância para o estudo da Personalidade.

3.2 A teoria dos cinco factores da personalidade (tendências básicas)


Encontraríamos, por exemplo, as características genéticas e físicas e os traços da
personalidade; nas adaptações características, variáveis como as competências adquirida
s (linguagem, competências técnicas e Sociais), as atitudes e as crenças; no auto –
conceito, os pontos de vista Implícitos e explícitos sobre o eu, a identidade e a auto –
estima; na Biografia objectiva, o curso de vida (os percursos de carreira

Medidas de Introversão e Extroversão, desenvolveram um inventário com 10 traços (o


Conhecido Guilford- Zimmerma n Temperament Survey , 1976); a de Eysenck que às
dimensões Extroversão, e Neuroticismo, adicionou, mais tarde o Psicoticismo (1975); a

33
de Murray que Considerou serem 20 as necessidades e motivos, suficientes para
descrever de forma Completa a personalidade; a de Sullivan que concebeu uma teoria
interpessoal que veio a Influenciar sistemas de traços importantes: o circunflexo
interpessoal. Este autor defende Que a maioria dos traços interpessoais podem ser
dispostos, de uma forma circular, à volta de Dois eixos — amor ou afiliação e poder
(estatuto) ou dominância.

9 Segundo McCrae e Costa (1995, p. 235) podemos consider ar a estrutura da


Personalidade como o “padrão de covariação dos traços numa população”.

10 Exemplos de análises teóricas, que oferecem explicações para as regularidades


empíricas, encontram – se em Buss (1991), Goldberg (1981), Hogan (1983), John
(1990), Wiggins e Trapnell (no prelo).

Profissional, os acidentes históricos) e o comportamento manifesto;

Nas influências externas, variáveis desenvolvimentistas (relações Pais/filhos, educação,


socialização, mediante os colegas) e macro (cultura e subcultura) e micro – ambientais
(reforços e punições).
Estas categorias estão entre si relacionadas, mediante processos Dinâmicos (como a
volição e o coping ).

Esta teoria representa um movimento de reabilitação dos traços, há Vários anos


esboçado, e atingindo, por seu intermédio, sua plena Expressão. Na medida em que a
teoria reivindica para os traços o Estatuto de disposições fundament ais, considerando,
portanto, que Eles são constitutivo necessá rio da personalidade, ela coloca o Problema
dos seus mecanismos de influência e esboça soluções, no Sentido de os identificar e
clarificar. Pretende – se, assim, passar, do Plano estrutural — a que os sistemas
clássicos dos traços são Acusados de confinar- se — para o plano dinâmico da
personalidade.
Não há, nem provavelmente haverá, uma teoria completa da Personalidade. A teoria dos
cinco factores não faz excepção mas Lança, de acordo com os autores, as bases, que
permitem a construção De um edifício razoavelmente sólido.

33
Um exemplo da aplicabilidade do modelo é considerar as imensões da Personalidade do
modelo dos cinco factores como alterna tivas às Categorias de perturbações da DSM.
Esta temática enraiza – se e Questões centrais, ainda em debate, no domínio da
psicologia da Personalidade, da psicopatologia e da psiquiatria, a saber, a da Distinção
entre a personalidade normal e a patológica, e a da natureza Das eventuais diferenças,
nomeadamente se é discreta ou contínua, Quantitativa ou estrutural, categorial ou
dimensional.

As componentes principais da personalidade são a estrutura endopsíquica e a


exopsíquica. Exopsiquica: determina a atitude do homem em relação ao meio externo.
O exopsiquismo contempla a experiência social (conhecimentos, hábitos, habilidades) e
a orientabilidade do indivíduo (inclinações, interesses, motivos, ideias, convicções,
sentimentos, etc.). A exopsíquica está condicionada socialmente, é adquirida das forças
do meio, não é biologicamente determinada. Endopsíquica: manifesta a dependência
interna mútua dos elementos e das funções psíquicas. É identificada com a actividade
psico-nervosa do homem. Relaciona-se com os traços da personalidade como a
receptividade, peculiaridade da memória, percepção, vontade, pensamento, imaginação,
etc. A endopsíquica está condicionada biologicamente, é inata, não depende das forças
do meio.

15. Teorias da Personalidade


A conduta humana é reconhecida como complexa. Assim, o comportamento não é
determinado por um único factor, mas sim por muitos factores, de natureza diversa.
Diante de tão complexo campo de investigação, diferentes grupos de estudiosos
enfatizam diferentes grupos de aspectos de comportamento. Alguns concentram-se em
hereditariedade e outros em influências ambientais. Outros ainda, favorecem a formação
de um conjunto de leis gerais, entendendo o Homem como ser social e ao mesmo tempo
biológico. As teorias da Personalidade que merecem distinção especial são: o
Behaviorismo, o Gestaltismo, a Psicanálise, a Disposicional, A humanista, A
Fenomenologia, a cognitiva, a Biológica, a Evolucionist
Behaviorismo
O termo “Behaviorismo” que em Inglês “behavior” significa comportamento, foi
inaugurado pelo americano John Watson. Watson postulava o comportamento como
objecto de estudo da psicologia e defendia que este (comportamento) devia ser estudado

33
em função de certas variáveis do meio. Para entender a personalidade (comportamento)
deve-se analisar as relações funcionais entre acções visíveis e suas consequências
também visíveis. A essência de todo o behaviorismo é ser a ciência do par Estimulo-
Resposta. Todo o comportamento pode ser modificado pelo meio ambiente, de tal forma
que o controle das condutas é possível e os fenómenos psíquicos são previsíveis. A
influência do meio ambiente predetermina o comportamento. Não se interessa pelos
fenómenos como a consciência, a hereditariedade, o prazer e a dor. O homem é
considerado vítima passiva do meio ambiente. O ensino e a experiência são blocos de
construção da personalidade.

O Gestaltismo
Os fundadores da escola da Gestalt foram WERTHEIMER (1880-1943), KURT
KOFFKA (1886-1941) e WOLFGANG KOHLER (1887-1967). Todos eles negam a
fragmentação entre acções e processos humanos, defendendo o principio de
determinação relacional, isto é, que as propriedades das partes dependem do lugar,
papel e função que têm no todo. Sustentam ainda que a maior parte das configurações, o
todo não é igual à soma das partes demonstrando-se que o estímulo deve ser
considerado como uma totalidade. A Gestalt Orienta-se pelos seguintes princípios:
 O todo é percebido antes das partes que o compõe;
 O todo é definido pelas interacções e interdependências das partes;
As partes de uma configuração não mantêm sua identidade quando estão separadas da
sua função e lugar no todo

16. A Teoria da Personalidade segundo Freud/Psicanálise


Segundo Freud, a personalidade se estrutura em instâncias, nomeadamente Id, Ego e
Superego.

33
O Id
O ID ou inconsciente (infra-eu) é o núcleo primitivo da personalidade. Não sofre as
influências das forças sociais e conscientes que forma o indivíduo. A sua preocupação é
satisfazer as necessidades instintivas de acordo com o princípio de prazer. O id é a
estrutura original básica e mais central. As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao
id. O id é a sede das pulsões e dos desejos recalcados e representações recalcadas
(recalcamento = processo mental pelo qual pensamentos insuportáveis ao eu consciente
são reprimidos) (agressivas e sexuais). Não conhece juízos de valor, nem o bem do mal,
nenhuma moralidade. Os conteúdos do id são quase todos inconscientes, assim como o
material que foi considerado inaceitável pela consciência. O id não suporta energia de
muita tensão e o seu objectivo é reduzir a tensão dolorosa aos baixos níveis possíveis. O
Id é baseado no princípio do Prazer.

O Ego (Eu)
O Ego é a consciência propriamente dita. É a personalidade enquanto actua no
momento presente. Caracteriza-se pela actividade consciente (percepções exteriores e
elaboração de processos intelectuais) e a capacidade para estar em contacto com a
realidade exterior. O Ego é dominado pelo princípio da realidade (pensamentos
objectivos, actos socializados, actividade racional e verbal). Também caracteriza-se pelo
estabelecimento de mecanismos de defesa contra as invasões da pulsão. As funções
básicas do ego são: percepção, memória, sentimento, pensamento. Em suma, o ego tem
a função de ajustar o homem ao meio da realidade física e social em que vive. É um
instrumento de adaptação do indivíduo ao meio. O Ego é baseado no princípio do
Realidade. O Ego, orientado à realidade do mundo que o circunda, é a chave da
adaptação que procura de mediar as pressões ditadas pelo princípio de prazer, a busca
do prazer e da gratificação imediata, com as exigências impostas pelo princípio da
realidade, provenientes do mundo externo. O ego utiliza a angústia como sinal de
alarme diante dos perigos do mundo interno (pulsional), por outro lado, organiza
mecanismos de defesa que consentem de moderar as exigências do Id com aquelas do
mundo externo.
O Super-Ego (super-eu)
O super-ego é o resultado da interiorização de censuras que a criança faz suas
(identificação) e que lhe vêm dos pais ou do meio ambiente.

33
O conteúdo do super-ego refere- se a exigências sociais e culturais. Representa o ideal
do que é real. É defensor dos impulsos rumo a perfeição. Origina-se com o complexo de
Édipo, a partir da interiorização das proibições, dos limites e da autoridade. O super-ego
é o depósito das normas morais e modelos de conduta. As suas funções são a
consciência, a auto-observação e a formação das ideias. Podemos afirmar que o Super-
Ego é baseado no princípio da Moralidade/sociabilidade. A combinação das três
camadas, segundo Freud constitui factor importante para a formação e estruturação da
Personalidade. As investigações sobre os conteúdos do Id, conduziram Freud à
formulação duma doutrina geral das pulsões nas quais a libido exprime-se percorrendo
as zonas eróticas, cada uma das quais representa uma determinada fase de evolução (os
estádios do desenvolvimento psicossexual). O desenvolvimento da libido pode
acontecer naturalmente ou enfrentar bloqueios por interferência da fixação ou da
regressão que bloqueiam o desenvolvimento psíquico e o reconduzem a fases
precedentes, com consequências na formação de sintomas nevróticos. Esta postulação
chamou-se de teoria das pulsões.

17. O princípio do Prazer e o princípio da Realidade


Contudo, segundo Freud, o bebé no nascimento é dominado duma única estrutura de
personalidade, o Id, fonte originária de todas as motivações e energias. Ele procura de
realizar esta descarga de energia sem preocupar-se daquilo que é realizável o
socialmente aprovável. O seu modo de funcionamento e regulado pelo principio de
prazer, que procura a gratificação imediata e completa das pulsões. Mas desde o início
dos primeiros meses de vida estas tentativas de obter uma gratificação imediata são
frustradas ou punidas. Estas experiências contribuem para a formação do ego (eu), o
qual é governado pelo princípio de realidade.

18. Conclusão

33
Chegado ao Fim do Trabalho podemos concluir que, Psicologia do desenvolvimento é o
estudo científico de como e por que os seres humanos mudam ao longo da vida.
Preocupado originalmente com bebês e crianças, o campo se expandiu para incluir a
adolescência, o desenvolvimento adulto, o envelhecimento e toda a vida. Os psicólogos
do desenvolvimento visam explicar como o pensamento, o sentimento e os
comportamentos mudam ao longo da vida. Este campo examina a mudança em três
dimensões principais: desenvolvimento físico, desenvolvimento cognitivo e
desenvolvimento
E que, Nenhum Homem nasce como personalidade. Entretanto, cada um de nós nasce
como um projecto (esboço) da personalidade, quer dizer, cada indivíduo ao nascer é um
centro de iniciativas, de buscas e de construções de boas qualidades. Isto significa que
cada indivíduo permanentemente deve trabalhar para a formação da sua personalidade.
A personalidade do Homem constrói-se pelos sinais complexos e estáveis:
temperamento, conduta, moral, interesse bem como as necessidades que definem as
propriedades dos sentidos e do comportamento do mesmo Homem.

19. Referências Bibliográficas

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33

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