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A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

PSICOLOGIA ⇒ É fruto do desejo e da tentativa do homem por se conhecer.


(SÓCRATES “Conhece a ti mesmo”)

O termo PSICOLOGIA é de origem grega e pode ser traduzida etimologicamente como estudo da
alma, uma vez que os gregos consideravam a alma como fonte da vida, aquilo que anima o corpo.

PSICOLOGIA EVOLUTIVA ⇒ Psicologia evolutiva é o estudo sistemático do desenvolvimento do ser


humano desde o momento de sua formação até o fim de sua existência. Como área de especialização, ela
estuda de modo integrado os aspectos físicos, cognitivos, emocionais, sociais e morais da evolução da
personalidade.

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Procura descrever, tão completa quanto possível, as funções


psicológicas do ser humano. (suas relações intelectuais, sociais e econômicas) em diferentes idades, e
descobrir como tais funções mudam com a idade.

A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: procura saber como cada função aparece nas várias idades.

OBJETIVO: Descobrir quando e como cada tipo de comportamento vai aparecendo.


Hoje, já há normas de desenvolvimento estabelecidas para vários comportamentos, ex:
- Tabela de desenvolvimento motor;
- Tabela de desenvolvimento da linguagem, etc.

Há também descrições bem claras de desenvolvimento cognitivo, sexual, moral, etc.

O desenvolvimento humano: O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao


crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas são as formas de
organização da atividade mental que vão-se aperfeiçoando e se solidificando até o momento em que todas
elas. Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida.

A importância do estudo do desenvolvimento humano: Esse estudo é compreender a importância do


estudo do desenvolvimento humano. Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as
características comuns de uma faixa etária. Planejar o que e como ensinar implica saber quem é o
educando. Existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada
faixa etária.

Fatores que influenciam o desenvolvimento humano

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se.
A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.

Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico.

Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de comportamento.

Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do


indivíduo.

Aspectos do desenvolvimento humano

Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Ex.: A criança


que leva a chupeta à boca.

Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de 2 anos que usa um
cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo de um móvel.
Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A
sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos em algumas situações.

Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.
Ex.: Quando em um grupo há uma criança que permanece sozinha.

Não é possível encontrar um exemplo "puro", porque todos estes aspectos relacionam-se
permanentemente.

Métodos para atingir os objetivos da Psicologia do Desenvolvimento


* observações longitudinais (feitas ao longo do tempo e com o mesmo sujeito);
* observações transversais (feitas em tempo menor, com sujeitos de diferentes idades).

UTILIDADE DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO PARA EDUCADORES

Se faz importante conhecer o processo de desenvolvimento da criança, pois assim pais e professores
poderão compreender seu comportamento, prevê-lo e, em alguns casos, modificá-los.

Educar uma criança, ensiná-la, evitando perturbações em seu comportamento, exige do adulto, além de
amor e dedicação, o conhecimento das características infantis em cada fase do desenvolvimento: seus
interesses, necessidades e possibilidades. Para ensinar uma atividade a uma criança, precisa-se saber
como a criança é, se está madura para aquela atividade, como poderá ser motivada, quais os melhores
meios de ensiná-la e de tornar duradoura a aprendizagem.

Em cada idade a criança vai apresentando características diferentes, novas maneiras de ser, tanto
fisicamente quanto em seus aspectos intelectuais, emocionais e sociais. O que a agradava ante, agora,
que já é “grande”, não mais a atrai. Seu modo de pensar, seus julgamentos morais, seu relacionamento
com os familiares e com os amigos sofrem evolução. O modo de o adulto dirigi-la, motivá-la, relacionar-se
com ela também precisa mudar, para ir adaptando-se às suas características. E os problemas que
aparecem em seu comportamento não podem ser ignorados pelos adultos, mas precisam ser estudados e
compreendidos, para serem resolvidos.

Pais e professores apóiam-se na Psicologia para ajudar a criança a desenvolver-se normalmente,


tornando-se um adulto feliz, capaz de agir com autonomia e independência. Desejam compreender o
desenvolvimento da criança, prever suas novas características para não serem suprimidas por ela, atenuar-
lhe os conflitos e reduzir-lhe as frustrações. A educação torna-se assim tarefa agradável, tanto para o
educador como para a criança.

Para estudar as características infantis em cada fase, não podemos esquecer, porém que todos os
aspectos do desenvolvimento estão inter-relacionados. Assim, à medida que uma criança cresce e
amadurece fisicamente (em grande parte aos fatores genéticos), sua inteligência também se desenvolve,
seu comportamento social e emocional está sendo modificado. Por sua vez, essas mudanças em
comportamento emocional e social influenciam a inteligência.

É preciso ter sempre em mente que os vários aspectos do processo de desenvolvimento interagem
e exercem influência uns sobre os outros.

PERÍODO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Os tratados tanto de biologia como de psicologia tem dividido a evolução do ser humano nas seguintes
fases:
1º) Período pré-natal;
2º) Período recém-nascido;
3º) Primeira infância;
4º) Segunda infância;
5º) Meninice;
6º) Puberdade;
7º) Adolescência;
8º) Maturidade (vida adulta);
9º) Senilidade ou Velhice.

1º) PRÉ-NATAL
Inicia-se na concepção e termina com o nascimento. Dura aproximadamente 9 meses.

2º) PERÍODO DO RECÉM NASCIDO:


Inicia-se no instante do nascimento e termina com a queda do coto umbilical. Duração, em média, de 7
dias. Médicos e Psicólogos dão grande importância ao papel que os fatos biológicos do ato do nascimento
desempenharão futuramente, tanto no físico como na mente do ser humano.

3º) PRIMEIRA INFÂNCIA


Inicia-se com a queda do coto umbilical e termina quando a criança aprende a falar e a andar e pode nutrir-
se independente do organismo materno (desmame). No fim do período, dá-se o aparecimento da primeira
dentição.
Segundo PIAGET, ao descrever o desenvolvimento intelectual da criança, esta fase denomina-se sensório-
motora (0 aos 2 anos), pois o bebê está recebendo, por seus órgãos sensoriais, as estimulações do
ambiente, e vai agindo sobre ele. Assim vai nascendo sua inteligência e seu conhecimento da realidade.
Para ERIKSON, o modo como o bebê é cuidado determina a confiança ou a desconfiança com que ele se
relacionará com as outras pessoas durante a vida.
Quanto à linguagem, o desenvolvimento é bastante visível. Nesta fase, a criança passa do grito ao balbucio
(emissão de sílabas) e chega à linguagem de imitação (após os 9 meses).

4º) SEGUNDA INFÂNCIA


Tem início com a aquisição da linguagem e da locomoção e com o aparecimento dos primeiros dentes,
termina com o ingresso na escola de primeiro grau.
Segundo PIAGET, a criança pré-escolar está na fase pré-operacional (2 – 7 anos). Ela é capaz de
representação mental de objetos ausentes, o que lhe permite iniciar a utilização de símbolos.
O desenvolvimento da linguagem (vocabulário) vai se tornando bastante rico, (ex: brincadeira - monólogos
paralelos). Chamamos a linguagem desta fase de egocêntrica, conforme PIAGET.
Quanto à moralidade, segundo observações de Freud, Piaget e Kohlberg, os valores morais da criança pré-
escolar são os seus pais. Para a criança desta fase, um ato errado acarreta castigo, quando é punido pelos
pais (nível pré-convencional).

No desenvolvimento psicossexual, FREUD nota progressos na idade pré-escolar. A criança passa da fase
oral para a fase anal e depois para a fálica.
Na segunda infância, ela aprenderá o controle da bexiga e dos instintos (fase anal), descobrirá a existência
das diferenças anatômicas entre os sexos (fase fálica), viverá o conflito emocional causado por sua grande
afeição pelo genitor do sexo oposto (complexo de Édipo), e, finalmente, irá se identificar com o progenitor
de seu próprio sexo e assumir um papel sexual para toda a vida.

ERIKSON – na segunda infância o desenvolvimento da criança se dá através de duas “idades”:

1°) onde a criança já é capaz de locomover-se e de aprender o controle dos esfíncteres, irá adquirir ou um
sentimento de autonomia, de autodireção ou, ao contrário, de vergonha e dúvida. Isso dependerá do modo
pelo qual os adultos orientarem a sua educação – com carinho e tolerância ou com muita severidade e
grandes restrições.
2º) Em que a criança já está ciente de sua masculinidade ou de sua feminilidade em que expressa suas
relações com relação aos progenitores, irá adquirir um sentimento de iniciativa ou culpa. Isso dependerá ou
da compreensão e permissividade ou da censura e ridicularização com que os adultos reagem a seus
interesse sexuais e suas expressões emocionais.

5º) MENINICE
Começa com a entrada na escola de primeiro grau e termina com o início da puberdade. Nele se dá a
aquisição das técnicas da leitura e da escrita.
Na escola de primeiro grau, a criança já atingiu um certo controle emocional: sabe disfarçar o medo, conter
a cólera, reprimir o choro e controlar suas expressões de alegria.
Segundo PIAGET, a criança da escola de primeiro grau está na sua fase de operações concretas (7 –11,
12 anos), ou seja, seu raciocínio só é possível em relação a objetos que a criança possa ver e pegar. Ela já
lida com conceitos como idade, espaço e tempo e sua linguagem já está socializada.
Para FREUD a meninice corresponde à fase de latência no desenvolvimento psicossexual, em que as
emoções e os impulsos sexuais aparecem aquietar-se por influência da educação, e a criança se dedica à
aquisição de habilidade aceitas pelo seu grupo cultural,

Segundo ERIKSON: o mais forte impulso, na meninice, é o desejo de sentir-se competente na


aprendizagem e na realização de inúmeras habilidades. A criança busca dominar as atividades escolares,
mostrar habilidade e competência.

Na meninice, meninos e meninas vão se separando, e seus interesses diferenciam-se, possivelmente por
influência das diferenças socialmente estabelecidas entre os sexos e das pressões sociais para que as
crianças adotem comportamento considerado adequado a seu sexo pelo grupo em que vive.
Moralmente, a criança começa a entender que uma ação pode ser julgada pelas intenções que a
determinam (e não por suas conseqüências, como ocorria antes.)

6º) PUBERDADE
Curto período que vem logo após a meninice e que procede o período de adolescência.
Caracteriza-se pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários e inicia-se aproximadamente aos 12
anos nas meninas e aos 14 anos nos meninos. Sua duração é de cerca de 2 anos, e nele notamos
preferências afetivas por uma pessoa do mesmo sexo e de idade aproximada.
A menina, tem suas amigas prediletas, companheira inseparável a quem se dedica com grande afeição.
Os meninos têm seu companheiro e confidente. Nesta idade, são comuns os diários, os “segredinhos”, as
gavetas trancadas, etc.
Segundo Piaget, após os 12 anos a criança, que intelectualmente só era capaz, até então, de operações
concretas, está evoluindo para o estágio das operações formais (12 anos em diante) A partir dessa idade,
ela vai ser capaz de pensar em termos abstratos, de formular hipóteses e de raciocinar a respeito delas.

7º) ADOLESCÊNCIA
Considera-se um jovem como adolescente enquanto ele estiver procurando resolver os três problemas
fundamentais da vida humana:
- o problema profissional,
- o problema sexual,
- e o problema fisiológico.
Durante este período de busca e indecisão, o indivíduo se caracteriza pela introversão, pois está
continuamente voltado para os seus próprios sentimentos. O adolescente entrega-se sistematicamente ao
devaneio e demonstram grande interesse por narrativas, com cujos heróis se identificam facilmente.
Segundo PIAGET, o adolescente é capaz de pensar em termos abstratos, isso se reflete nas suas
preocupações com problemas de valores, ideologias e na sua apreensão sobre o futuro.
Segundo FREUD, após a puberdade a pessoa inicia a fase genital, que é a fase adulta do desenvolvimento
psicossexual.
ERIKSON, descreve a adolescência como a época em que o jovem deve responder à pergunta: “Quem sou
eu?” Na nossa cultura, os jovens vivem uma espécie de “moratória”, período em que a sociedade não lhes
cobra algumas obrigações até que ele possa definir-se profissionalmente, fisiologicamente e casar-se,
enfim, ser considerado adulto.
Em nossa cultura, a adolescência é considerada um período emocionalmente tumultuado e é a época em
que os jovens buscam libertar-se dos pais, ao passo que eles desejam retardar tal libertação.
Nesse período, caracterizado também pelo grande desejo de ser aprovado pelos companheiros de grupo, o
adolescente necessita de doses extras de apoio e compreensão, pois está sujeito a perturbações
emocionais, a mudanças de humor e a rápidas variações na atenção.

8º) MATURIDADE (adulto jovem)

O estágio evolutivo aqui chamado de “adulto jovem” pode ser um dos períodos mais importantes da vida
humana. Ele é não somente o período em que as mais importantes decisões da vida são feitas, mas
representa também a fase mais criativa da vida humana, em termos de contribuição pessoal à sociedade.
Nesta fase da vida o indivíduo experimenta consideráveis transformações quanto aos seus interesses e ao
seu sistema de valores. Reflexos dessas mudanças se manifestam em seus conceitos sobre a religião, o
sexo e as atividades sociais, especialmente as de cunho recreativo.
O matrimônio é uma das formas pelas quais o indivíduo define sua relação com a sociedade. Dentre os
muitos ajustamentos necessários à vida matrimonial salientamos os seguintes: o ajustamento ao próprio
cônjuge, em termos de reconhecimento e aceitação das diferenças individuais e também em termos da via
sexual de ambos os cônjuges, o ajustamento financeiro mediante a compreensão do caráter comunitário da
família que nos leva a mudar o uso da gramática das posses ou dos bens materiais, o ajustamento as
famílias de origem, mantendo boas relações de amizade com ambas, porém conservando a autonomia
funcional da nova família nuclear. E, finalmente, o ajustamento à paternidade, através do reconhecimento
da responsabilidade mútua.
Segundo ERIKSON, a crise psicossocial do adulto jovem consiste essencialmente em alcançar o senso de
intimidade com outros adultos da mesma idade, principalmente com outro indivíduo do sexo oposto.
Quando esta intimidade é alcançada e o indivíduo mostra que é capaz de compartilhar significativamente o
que ele é com o outro, ele pode se tornar um indivíduo criativo e socialmente bem ajustado. Se, porém, ele
não consegue essa intimidade passará a experimentar o senso de isolação e provavelmente será um
indivíduo socialmente inadequado e improdutivo.

9º) MEIA-IDADE

A meia-idade é o período da vida que vai aproximadamente dos 40 aos 60 anos de idade. Normalmente
nesta fase da vida, o indivíduo alcança uma visão realista daquilo que ele é, daquilo que ele gostaria de ter
sido, e do modo com ele penca que os outros adultos o percebem. A maturidade que caracteriza essa fase
da vida pode levar o indivíduo a assumir uma atitude realista para com as mudanças que ocorrem dentro e
fora de si mesmo, bem como para com seus ideais e objetivos na vida.
Apesar de ser uma fase relativamente estável da vida, do ponto de vista das condições físicas do
organismo, na meia-idade ocorrem varias mudanças que podem afetar a auto-imagem do indivíduo. As
mais obvias são: acumulo de gorduras, queda e embranquecimento dos cabelos e rugas produzidas pelo
engeliar da pele. Neste período há significativas mudanças nas habilidades sensoriais, principalmente, com
respeito à visão e à audição. Provavelmente, as de ordem fisiológica de maior repercussão sobre o
comportamento do indivíduo são as que se referem à vida sexual (menopausa para mulher, climatério para
o homem).

10º) VELHICE ou SENILIDADE

Se pensarmos na vida, como um contínuo processo de ajustamentos, em que a aprendizagem


desempenha importante papel, verificaremos que mesmo na velhice o ser humano ainda tem que alcançar
significantes formas de ajustamento pessoal e, realizar diferentes formas de aprendizagem.
Após os 60 anos, ERIKSON diz que a pessoa vive a identidade da integridade do Ego versos
desesperança. “O adulto que tiver resolvido satisfatoriamente todas as crises anteriores e adquirido o
senso de ajuda e solidariedade aos outros, terá atingido a integridade pessoal necessária para encarar a
crise final, ou seja, a de sua desintegração e morte”.
Nesta fase, a falta de integração do Ego leva ao desespero, ao sentimento de que o tempo já é curto para a
tentativa de experimentar rotas alternativas de vida.
A desesperança e o temos da morte são o oposto à “integridade do Ego que leva ao senso de união com a
humanidade, à sabedoria e à esperança”.

Desenvolvimento Infantil

Da mesma forma que a tecnologia foi evoluindo com o passar do tempo, a visão que temos da criança
também foi se modificando e ampliando com as novas tendências e teorias científicas a respeito de seu
desenvolvimento. Visão histórica da Criança

Crescimento -> refere ao aspecto quantitativo das proporções do organismo, ou seja, trata-se das
mudanças das dimensões corpóreas , como peso, altura, perímetro cefálico, etc.

Desenvolvimento -> refere às mudanças qualitativas, tais como aquisição e o aperfeiçoamento de


capacidades e funções, que permitem à criança realizar coisas novas, progressivamente mais complexas,
com uma habilidade cada vez maior.
O crescimento termina em determinada idade, quando esta alcança sua maturidade biológica, enquanto
que desenvolvimento é um processo que acompanha o homem através de toda a sua existência.

Rogers1, Maslow2 e outros teóricos, afirmam que, tal como ocorre com as plantas que, mesmo em locais
insalubres lutam em busca do sol e da vida, embora os meios lhe sejam adversos, nós, os seres humanos,
temos um impulso inerente ao organismo como um todo para nos direcionarmos ao desenvolvimento de
nossas capacidades tanto quanto for possível, quer sejam físicas, intelectuais ou morais, em conjunto,
sendo a finalidade ou propósito do desenvolvimento a "auto-realização ".

O desenvolvimento abrange processos fisiológicos, psicológicos e ambientais contínuos e ordenados, ou


seja, segue determinados padrões gerais. Tanto o crescimento como o desenvolvimento produz mudanças
nos componentes físicos, mental, emocional e social do indivíduo, independentemente de sua vontade. As
mudanças ocorrem segundo uma ordem invariante. Por exemplo: antes de falar a primeira palavra a
criança balbucia. Antes de formar uma sentença completa com sujeito, predicado e complemento, ela usa
frases monossílabas. O mesmo acontece com a marcha. Antes de andar, a criança senta e engatinha.
Essa seqüência segue um padrão de evolução e da mesma forma acontece em outras áreas do
desenvolvimento.

Apesar das diferenças individuais de cada criança, há evidências de que o processo maturacional, a
seqüência dos estágios evolutivos e a direção do desenvolvimento são comuns a todos os seres humanos
em todos os lugares e em todos os tempos de sua história.

Embora todas as crianças progridam com certos padrões, a idade em que cada uma se torna capaz de
executar atividades novas e a maneira como as executa, varia de uma para outra. Por exemplo: uma
criança pode desenvolver-se de uma forma lenta, rápida , regular ou irregular em vários aspectos de sua
vida. E esta é uma das várias razões para se afirmar que uma criança não deve ser comparada com outra,
pois cada uma segue um estilo próprio e um ritmo peculiar de desenvolvimento.

Durante toda a sua vida, o ser humano tem que se ajustar às mudanças causadas pelas transformações do
seu próprio corpo e pelos fatores do meio em que vive, e isto depende de dois aspectos básicos:
MATURAÇÃO E APRENDEIZAGEM.

1
Psicólogo norte-americano que foi o primeiro a gravar sessões psicoterapêuticas, com as devidas permissões,
tornando possível o estudo objetivo de um processo eminente subjetivo. Sistematizou o método da “Terapia centrada
no cliente” que depois evoluiu para a “Abordagem centrada na pessoa”(ACP).
2
Psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia de necessidades de Maslow. É uma divisão hierárquica
na qual as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada
um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.
É importante fazer a distinção entre crescimento e desenvolvimento, maturação e aprendizagem, para
saber o que esperar da criança em cada estágio e não exigir dela determinada atitude ou comportamento
que não está de acordo com seu grau de maturidade.

Maturação -> é o processo através do qual ocorre a mudança e o crescimento progressivo, nas áreas
física e psicológica do organismo infantil. Subjacentes a tais mudanças, existem fatores intrínsecos
transmitidos por hereditariedade, que constituem parte do equipamento congênito do recém-nascido.

Equipamento congênito -> é a totalidade da dotação de origem filogeneticamente pré-formada e herdada


do recém-nascido (características e tendências que a criança traz ao nascer) seja física ou psicológica.

A hereditariedade estabelece os limites fisiológicos e psicológicos sobre os quais o ambiente atuará. As


modificações orgânicas ou psíquicas resultantes da maturação são relativamente independentes de
condições, experiência ou prática, originada do ambiente externo, ou seja, trata-se de tendências inatas.
Neste caso, o ambiente atua apenas no sentido de propiciar condições para que a maturação se dê
completamente, mas sozinho nada poderá criar no indivíduo.

O amadurecimento não pode ocorrer no vácuo, por isso pressupõe as condições ambientais normais, que
lhe possibilitem sua concretização. Por exemplo: há evidências de que a falta de estímulo normal do meio
determina retardamento ou retrocesso no amadurecimento das funções intelectuais.

A maturidade ocorre no momento em que o organismo está pronto para a execução de determinada
atividade e não se limita ao estado adulto. Em qualquer fase da vida , podemos falar em maturidade. Por
exemplo, a criança que anda com um ano de idade, apresenta maturidade nesta função, porém não existe
apenas maturidade física, mas também maturidade mental, social, emocional, sexual, enfim maturidade
geral da personalidade.

Aprendizagem -> é a mudança sistemática do comportamento ou da conduta, que se realiza através da


experiência e da repetição e depende de fatores internos e externos, ou seja, de condições
neuropsicológicas e ambientais.

É oportuno lembrar que, se a criança não está madura para executar uma determinada atividade, não
poderá aprendê-la, pois não disporá de condições para a sua realização.Toda aprendizagem depende da
maturação (condições orgânicos e psicológicas) e das condições ambientais (cultura, classe social, etc) .
É através da aprendizagem que o homem desenvolve os comportamentos que o possibilita viver,
Atualmente, estudiosos afirmam que este processo se inicia mesmo antes do nascimento.

Pessoas preocupadas com a saúde e educação da criança e que desejam compreendê-la, necessitam
acompanhar o seu desenvolvimento, aprender "ver e ouvir", enxergar a criança com suas necessidades,
sentimentos e capacidades. Se percebermos a criança como ela é, evidentemente a compreenderemos,
porém esta tarefa não é tão fácil como imaginamos. Isto exige de nós, conhecimentos, sensibilidade e
flexibilidade. Cada criança apresenta um estilo e um ritmo próprio de evolução e, além disso, é preciso
considerar também o meio ambiente (social, econômico, cultural, etc), no qual ela está inserida.

Se seu filho tem hoje, apenas um mês de vida, um ano , quinze ou dezoito, não importa. Para compreendê-
lo e amenizar conflitos e frustrações, é necessário descobri-lo como um ser individual com capacidades,
necessidades e sentimentos próprios. E isto é um grande desafio. A informação a respeito do seu
desenvolvimento é importante, no sentido de facilitar a ação dos pais em cada etapa, oferecendo os
estímulos corretos e, sobretudo não exigindo determinados comportamentos ou desempenhos
incompatíveis com a fase de amadurecimento em que a criança se encontra.
A teoria do desenvolvimento dá as diretrizes, pois descreve as várias fases que são comuns no processo
de amadurecimento de todos os indivíduo e isto garante certa previsibilidade, o que nos possibilita avaliar
cada criança bem como orientar seus pais ou educadores.

Parece óbvio que o conhecimento a respeito do desenvolvimento serve de apoio para os pais e todos
aqueles que trabalham com crianças, visto que estas informações contribuem para estimular e respeitar o
seu potencial, mas gostaria de enfatizar que este conhecimento não é suficiente para garantir o bem estar
emocional e psicológico da criança e de seus pais, pelo fato da grande complexidade que é o ser humano e
o universo que o rodeia.

Os pais não devem se sentir culpados diante de um problema apresentado por seu filho, pois qualquer
indivíduo, inclusive e especialmente a criança, em algum estágio de sua existência, seja por causas
externas ou internas, pode tornar-se sensível e vulnerável e conseqüentemente desequilibrar-se, criando
ora uma doença no corpo (gripes, resfriados, infecções, etc) ou bloqueios e perturbações no
desenvolvimento, tenham ou não os pais cometido erros.
DESENVOVIMENTO COGNITIVO

O termo cognitivo vem do latim “cognitu” que significa conhecido. Ele é usado para designar os vários
modos de conhecimento, ou processos, a saber: percepção, memória, produção de idéias, avaliação e
raciocínio. Esses processos cognitivos, ou funções mentais, envolvem unidades como: esquemas,
imagens, conceitos, símbolos e regras.

ESQUEMA – esboço usado pela criança pequena, no qual contém o essencial, ou seja, as relações entre
elementos de um conjunto de estímulos.

IMAGEM – mais rica que o esquema. É uma produção de um ato perceptivo na ausência do objeto. Inclui
detalhes que faltam no esquema.

CONCEITO – é a informação organizada que corresponde aos significados das palavras. Ele representa as
características de vários objetos, fatos ou processos e não de um apenas.

SÍMBOLO – maneira arbitrária de representar alguma coisa. Ex: A Cruz, a qual é usada para induzir
pensamentos e sentimentos relacionados com Cristo, sua vida, suas mensagens e sua crucificação.

REGRA – é uma afirmação sobre conceitos. Alguma regras são informais como: “a poeira é fina”, ‘o
homem é alto”, etc.

INTELIGÊNCIA – pode ser tomada como a potencialidade mental para estabelecer as estratégias do
pensamento e da ação em vista do ajustamento do ambiente.
Os testes de inteligência não medem o potencial intelectual, mas sim o que foi aproveitado desse
potencial.

Teorias de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo

Assimilação, originariamente, é o processo biológico pelo qual o organismo assimila o meio exterior, a fim
de conservar a sua identidade. Foi dito originariamente, porque o processo de assimilação vai funcionar
também na aprendizagem, em nível superior ou psicológico. A assimilação, no nível biológico, é a tentativa
permanente de o organismo se utilizar do meio como alimento para conservar a sua identidade. Assimilar
quer dizer tornar semelhante, sendo, pois, o fenômeno biológico de reduzir o meio ao indivíduo.

Acomodação é o processo em que o organismo modifica o meio, a fim de torná-lo assimilável, bem como
o de modificar o próprio organismo, quando este não se acha em condições de levar a efeito, diretamente,
a assimilação. É preciso esclarecer, pois, que a acomodação representa a modificação do meio, do
organismo ou de ambos, quando necessário, pra que se processe a assimilação.

A acomodação quando acarreta modificações:


a) na espécie, chama-se evolução;
b) no homem, individualmente, chama-se aprendizagem.

O indivíduo, ao nascer, é portador de esquemas de ação que representam possibilidades de o organismo


atuar no meio, visando à sua sobrevivência. Apresenta, no entanto, poucos esquemas de ação. Os
esquemas são bastante flexíveis, podendo modificar-se a associar-se para enfrentar situações inéditas
para as quais seriam ineficientes em sua forma originária.

A variação dos esquemas de ação de indivíduo para indivíduo é que vai formar as diferenças individuais.
O desenvolvimento individual pela aprendizagem realiza-se por meio de esquemas de ação, que, de início,
se destinam à conservação da vida e, depois, ao enriquecimento da mesma.

O indivíduo, de início, enfrenta a realidade com os esquemas de ação inatos ou originários. Como estes
são poucos e os objetos e as situações, múltiplos, não há esquemas de ação específicos para todas as
situações, múltiplos, não há esquemas de ação específicos para todas as situações. Assim, eles têm de se
modificar e mesmo se associar, a fim de adquirirem especificidade para situações insólitas para os
esquemas de ação originários.

Como foi visto inicialmente, a ação do recém-nascido é puramente motora. Mais tarde, no entanto, a ação
motora se interioriza e passa a ser representativa, psicológica. Em verdade, para Piaget, a vida psicológica
não é mais do que representação interiorizada do comportamento motor. Falar ou pensar são formas, para
ele, substitutivas de ação motora.

Quanto maior for a interiorização, maior será a possibilidade de se constituírem novos esquemas de ação
(pela modificação e associação dos inatos), aumentando as possibilidades de assimilação do mundo
exterior, de situações inéditas ou de fenômenos diferenciados.

A criança, por possuir pouca interiorização ou poucos esquemas de ação, só é capaz, de início, de
assimilar objetos ou situações bastante semelhantes. Aos poucos, progressivamente, por flexibilidade e
associação dos esquemas de ação, vai podendo enfrentar situações cada vez mais diferenciadas.

O desenvolvimento do comportamento inteligente se faz pela aquisição progressiva de flexibilidade dos


esquemas de ação, até alcançarem possibilidades operacionais, com capacidade de associação, reversão
e invariância.

Novos esquemas de ação, no entanto, vão surgindo, graças ao processo de maturação interna.
Há uma alternância durante o período de crescimento entre esquemas de ação que vão surgindo por efeito
da maturidade e os que vão surgindo por efeito de modificações e associação dos já existentes,
provocadas pela aprendizagem.

É de suma importância, para o desenvolvimento da criança, o campo assimilativo ou o meio. É preciso que
o meio provoque novos estímulos e proporcione novas experiências, para que os esquemas de ação sejam
acionados. Esta possibilidade de novos estímulos deve ser rica, pois permite o desenvolvimento e
associação dos esquemas de ação originários e favorece o aparecimento de outros, por obra da
maturação.

É preciso ter em mente que os esquemas de ação podem tornar-se fixos, enfraquecer-se ou modificar-se,
em função dos estímulos que passem a receber:
a) tornam-se fixos, estereotipados, se as experiências propiciadas pelo meio forem pobres ou
simplesmente repetitivas;
b) enfraquecem-se, se não forem acionados ou caso se repetirem muito pouco;
c) desenvolvem-se, modificam-se e mesmo se associam, se forem ricamente estimulados por experiências
variadas.

É preciso não esquecer que, quando o meio é pobre em estímulos, propicia-se a fixação ou estereotipação
dos esquemas de ação, pela formação de hábitos, no sentido de rotina; quando o meio é rico em estímulos,
maior será o esforço de adaptação do organismo, propiciando maior flexibilidade aos esquemas de ação.
A flexibilidade dos esquemas de ação é sinônimo de inteligência, pois permite que esta se desenvolva,
apresentando situações novas ao indivíduo em fase de desenvolvimento. Interessante será que as novas
situações, de certo modo, se relacionem com aquelas já vivenciadas, facilitando a acomodação. Daí se
dizer que as situações problemáticas favorecem o desenvolvimento da inteligência.

Em resumo, pode-se dizer que a aprendizagem se processa por meio de assimilação e acomodação.

Considerem-se, agora, assimilação e acomodação somente sob o ponto de vista psicológico.


Assimilação é o processo psicológico de a mente assimilar o mundo exterior. Quando o indivíduo se
defronta com uma situação nova e, por meio de seus esquemas de ação, compreende-a ou na mesma atua
eficazmente, é porque houve assimilação, porque parte do mundo exterior, até então desconhecida,
incorporou-se à sua vida mental. Logo, assimilação é o processo de incorporação da maneira de atuar
sobre novos objetos e em novas experiências aos esquemas de ação já existentes no indivíduo.

Acomodação é o processo psicológico de alteração dos esquemas de ação, para que possa haver
assimilação de novos e diferentes fatos do mundo exterior, para os quais a vida mental não possui
esquemas de ação específicos. Assim, quando o indivíduo se defronta com uma nova situação, para a qual
não possua esquemas adequados, poderá haver uma associação ou modificação dos já existentes.
Graças a essas alterações, poderá ser assimilado o fato inédito.

Logo, a aprendizagem se processa, segundo Piaget, por meio da assimilação e da acomodação. Mas a
possibilidade de aprendizagem e, conseqüentemente, de atuação do individuo diante de situações
diferentes da vida, resulta da acomodação. Esta só terá lugar se for colocada a criança ou o educando
diante de situações problemáticas, para que provoquem o enriquecimento do indivíduo em esquemas de
ação, pela alteração e associação dos naturalmente existentes por hereditariedade.

A - Fase dos esquemas sensórios-motores: do nascimento aos 2 anos


1. Primeiro estágio - 1º mês de vida
2. Segundo estágio - do 1º aos 4 meses
3. Terceiro estágio - dos 4 aos 8 meses
4. Quarto estágio - dos 8 aos 11 meses
5. Quinto estágio - dos 11 aos 18 meses
6. Sexto estágio - dos 18 aos 24 meses

B - Fase das operações concretas: dos 2 anos aos 11 anos


1. Estágio pré-conceitual - dos 2 aos 4 anos
2. Estágio do pensamento intuitivo - dos 4 aos 7 anos
3. Estágio das operações concretas - dos 7 aos 11 anos

C - Fase das operações formais - acima dos 11-12 anos

A - Fase dos esquemas sensórios-motores: dos 0 aos 2 anos


Esta primeira fase se estende desde o nascimento aos 2 anos e compreende seis estágios evolutivos, a
partir dos movimentos instintivos de mamar, até a interiorização da atividade sensório-motora, como
expressão intelectual, em forma de combinações mentais.

A descrição dessas etapas é um estudo genético dos distintos níveis de equilíbrio do comportamento da
criança desde o nascimento até à aparição da linguagem, na faixa dos 18 aos 24 meses.

Esta primeira base assiste ao estabelecimento das bases indispensáveis para a formação das estruturas
lógicas da inteligência. A criança parte de reações sensório-motoras, que se vão organizando e adaptando
progressivamente às solicitações do mundo exterior.

O mundo exterior da criança não passa de uma sucessão de quadros móveis, ligados a espaços
heterogêneos, sem coordenações do tipo oral, tátil, visual, auditivo. A noção de permanência dos objetos
leva meses a se estabelecer e pressupõe a organização do espaço como "acima", "abaixo", "de lado" etc.
Há, pois, necessidade de toda uma construção por parte da criança que a leve a suspender um objeto para
encontrar outro que tenha sido escondido em baixo do primeiro. São necessários, pelo menos, 18 meses
para que isso ocorra, isto é, para que a criança construa um espaço geral que englobe espaços
particulares.

Esta fase, que precede a linguagem, dá mostras de uma forma de inteligência, a sensório-motora, mas
desprovida de pensamento. Este é alcançado através da sucessão de etapas que vão culminar com outras
formas de equilíbrio.

1. Primeiro estágio - 1º mês de vida


As primeiras semanas de vida da criança destinam-se a desenvolver a coordenação entre os reflexos
inatos, como seguir objetos móveis com os olhos, tentar agarrar os mesmos etc. Assim, a criança somente
põe em pratica os seus reflexos inatos, que são seus únicos esquemas de ação.

2. Segundo estágio - de 1 aos 4 meses


Neste estágio começa a haver coordenação em suas reações. Por exemplo, o movimento das mãos
coordena-se com o dos olhos, uma vez que volta olhar em direção a um ruído, tenta alcançar objetos, bem
como os agarra e os chupa, levando-os à boca etc. É também o estágio das reações circulares, em que a
criança passa a repetir um movimento que tenha dado certo, como, por exemplo, jogar a cabeça para trás
a fim de ver coisas familiares, conforme foi citado por Piaget.

3. Terceiro estágio - dos 4 aos 8 meses


A criança, neste estágio, começa a prever as conseqüências de suas ações, pelo que começa a
desenvolver uma intencionalidade rudimentar. Costuma repetir atos que tenham produzido
conseqüências satisfatórias para ela, em desenvolvimento a esta forma de agir expressa no estágio
anterior. A criança pode esticar a perna para alcançar um boneco suspenso no berço, bem como começa a
procurar objetos perdidos de vista.

4. Quarto estágio - dos 8 aos 11 meses


A criança é capaz de procurar um objeto que lhe seja apresentado e, a seguir, escondido. Começa a
distinguir os meios dos fins, bem como aplicar reações aprendidas para atingir certas metas. Assim, por
exemplo, poderá remover obstáculos para atingir um objeto.

5. Quinto estágio - dos 11 aos 18 meses


A criança desenvolve a experimentação e a exploração e se mostra interessada em novidades. Pode
deixar cair objetos para observar a queda e seus efeitos, puxar brinquedos com cordões e usar varas para
empurrar coisas.

6. Sexto estágio - dos 18 aos 24 meses


No presente estágio, a criança é capaz de pensar em objetos e acontecimentos não imediatamente
observáveis e a reagir aos mesmos. Pode também, inventar outros meios para consecução de objetos, por
meio combinações mentais, como trazer para si, com auxílio de uma vara, objeto distante, mesmo sem
nunca ter visto esta operação. Já é capaz de brincar com base no "faz-de-conta".

B - Fase das operações concretas: dos 2 aos 11 anos - Inicia-se, nesta fase, a linguagem.
Surge, também, a função simbólica, principalmente no jogo, que pode converter-se, de simples exercício
motor, em representação de outras coisas, como o empurrar uma cadeira representar um trem, a boneca
ser a mãe ou a criança mesma. A função simbólica manifesta-se também, imitando o comportamento dos
adultos. Diz-se que a criança volta a aprender, no plano do pensamento, o que aprendeu no campo da
motricidade, interiorizando os dados estudados. Diz Piaget, a este respeito, que não se dá, agora, uma
simples tradução da motricidade para o intelecto, mas, que se dá uma reestruturação.

A criança torna-se capaz de coordenar seus deslocamentos em sentido total, podendo voltar a um ponto de
partida ou dar voltas para chegar a um mesmo ponto, por caminhos diferentes (reversibilidade de
deslocamento). Mas terá de chegar aos 7-8 anos para imaginar esses deslocamentos.

No plano puramente intelectual, é por volta dos 7-8 anos que a criança adquire a noção de conservação
da matéria:
a) antes, diante de duas bolas de massa, iguais, uma "transformada em salsicha", pensará a criança que
haverá mais massa nesta última, após sofrer uma das duas operações...;
b) somente por volta dos 8 anos compreenderá que a massa se conserva a mesma, apesar da mudança
de forma, mas continuará pensando, porém, que a "salsicha" é mais pesada...;
c) somente por volta dos 10 anos adquirirá a noção da conservação de peso.

A criança entre os 7 e 12 anos desenvolverá a etapa das operações concretas, em que revelará uma
lógica que se refere, não a enunciados, mas a objetos manipuláveis. Assim, chega a aprender noções de
lógica, uma vez que a criança já pode:
a) lembrar-se de conjuntos, de classes de objetos (lógicas de classes);
b) realizar combinações com esses objetos (lógica das relações);
c) enumerar os objetos ao manipulá-los (lógica dos números).

Mas ainda não domina a lógica das preposições, o que será conseguido por volta dos 11-12 anos.
Antes dessa idade, 11-12 anos, a criança, para Piaget, não é capaz de resolver problemas como este:
"Edith é mais ruiva do que Suzana e mais morena do que Lili. Qual é a mais morena das três?" Isto porque
a sua solução requer uma série de operações verbais ou mentais, para as quais ainda não alcançou
abstração suficiente. A criança resolveria este problema se fosse colocado no plano das operações
concretas, perguntando-lhe, diante das três meninas, qual delas é a mais morena... Veja-se esta fase,
agora, em seus estágios.

1. Estágio pré-conceitual - dos 2 aos 4 anos


Tem início, neste estágio, o uso de símbolos uma vez que a criança começa a manipular símbolos que
representam o ambiente, cujas bases se assentarem, principalmente, no sexto estágio da fase anterior.
No dizer de Phillips o presente estágio é marcado pela crescente internalização de símbolos e
diferenciação de significadores e significados.

2. Estágio do pensamento intuitivo - dos 4 aos 7 anos


A criança pode agir sobre a realidade ou o ambiente de forma intelectual, classificando, notando
semelhanças e diferenças, adicionando, subtraindo, mas em contato com os objetos, o concreto.
Notam-se, no presente estágio, três modificações de conduta bem significativas, que são:
a) possibilidade de intercâmbio entre as crianças, o que pode dar um início a um trabalho de socialização;
b) interiorização das palavras, o que vai possibilitar o desenvolvimento do pensamento, tendo por suporte a
linguagem interior;
c) interiorização da ação, uma vez que a mesma, antes, era puramente perceptiva e motriz. Passa, agora,
a ser desenvolvida também como "experiência mental". Assim, a experiência e a coordenação sensório-
motora podem ser antecipadas pela representação mental.

A reflexão, no entanto, continua egocêntrica, isto é, a criança ainda não pode descrever sem tomar a si
mesma como referência. A reflexão é, também, ainda, irreversível, no sentido de que a criança não pode
desligar-se da seqüência real de um acontecimento; só pode agir com uma situação de cada vez. Dirá,
assim, que dois recipientes da mesma forma contêm igual quantidade de líquido. Mas, se despejar o líquido
em um recipiente mais estreito, elevando-se o nível do mesmo, dirá que há mais líquido neste, porque ficou
mais alto...

3. Estágio das operações concretas - dos 7 aos 11-12 anos


O presente estágio poderia ser chamado, também, de estágio dos princípios da invariância e da
reversibilidade, pois são os mais significativos e abrem as portas para o plano das operações lógicas.

a) Invariância
É durante o presente estágio que a criança pode alcançar o princípio da invariância, que consiste na
conservação de algo essencial, apesar das modificações externas que possa apresentar. É o caso de a
criança perceber que um líquido colocado em vidros de diâmetros diferentes conservam a mesma
quantidade.

b) Reversibilidade
A reversibilidade representa a possibilidade e um raciocínio voltar ao ponto de origem, depois de ter
tomado determinada direção. Outra condição que favorece o advento das operações abstratas é o declínio
do egocentrismo. Este consiste em a criança raciocinar sem fazer da sua pessoa ponto obrigatório de
referência. É a possibilidade de pensar "fora de si"...
Entre os 8 e 10 anos a criança já pode resolver problemas como: "Maria é mais alta do que Júlia e Maria é
mais baixa do que Francisca. Qual é a mais alta?"
A fase das operações concretas é superada quando passa a desenvolver formas abstratas de pensamento,
com possibilidade de lidar com conceitos abstratos e estabelecer preposições hipotéticas.

C - Fase das operações formais - acima dos 11-12 anos


A fase das operações formais ou abstratas, como foi expresso no final do estágio das operações concretas,
representa a possibilidade intelectual de jogar com idéias e suas relações, como se concretas fossem.
Esta possibilidade de abstração é alcançada a partir dos 11-12 anos e atinge o seu máximo
desenvolvimento por volta dos 14-15 anos.
O ser humano torna-se capaz de lidar com hipóteses, de raciocinar situando-se do ponto de vista de
outrem, bem como é capaz de usar enunciados verbais de maneira hipotético-dedutiva.
Esta é a fase final do desenvolvimento intelectual.A criança, antes, podia classificar, contar, seriar objetos
ou acontecimentos percebidos. O adolescente, agora, pode "operar com operações" isto é, com
preposições simbólicas. Pode lidar tanto com o real como com hipóteses. Pode induzir e deduzir. Domina
os princípios da lógica formal. Pode-se dizer, como conclusão, que os procedimentos que favorecem o
desenvolvimento mental, para se chegar à fase das operações formais ou ao nível do pensamento
operatório são:

a) trabalhos cooperativos ou em grupo, pelas discussões que propiciam e facilitam a mobilidade e


reversibilidade do pensamento;
c) problemas ou situações problemáticas, que exigem a antecipação de operações;
c) pesquisas, uma vez que o esforço investigador ajuda a coordenar e a diferenciar os esquemas
de ação; d) trabalhos que levem a classificar, seriar, relacionar, analisar, reunir, sintetizar,
localizar no tempo e no espaço, representar, conceituar, provar, transformar, julgar, induzir,
deduzir, etc.; porque favorecem a abstração, a reversibilidade e o egocentrismo (superação do
egocentrismo).

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