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FACULDADE

TEORIAS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO

BOCK, ANA MERCÊS BAHIA; FURTADO, ODAIR; TEIXEIRA, MARIA DE LOURDES TRASSI.
Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
Capítulo 7.
As teorias
• Existem várias teorias do desenvolvimento humano em Psicologia.
Elas foram construídas a partir de observações, pesquisas com
grupos de indivíduos em diferentes faixas etárias ou em diferentes
culturas, estudos de casos clínicos, acompanhamento de indivíduos
desde o nascimento até a idade adulta.
• Destaca-se a do psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),
pela sua produção contínua de pesquisas, pelo rigor científico de sua
produção teórica e pelas implicações práticas de sua teoria,
principalmente no campo da Educação. Jean Piaget produziu uma
das mais importantes teorias sobre o desenvolvimento humano.

Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto


de que esses quatro aspectos são indissociados, mas elas podem
enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o desenvolvimento
global a partir da ênfase em um dos aspectos.
A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
DE JEAN PIAGET
• Este autor divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo
com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que, por
sua vez, interfere no desenvolvimento global.
• 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
• 2° período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
• 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
• 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)

Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de


melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias.
PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR
(o recém-nascido e o lactente — 0 a 2 anos)

• Neste período, a criança conquista, através da percepção e dos


movimentos, todo o universo que a cerca. No recém-nascido, a vida
mental reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos, de fundo
hereditário, como a sucção. Esses reflexos melhoram com o treino.

• Neste período, fica evidente que o desenvolvimento físico acelerado


é o suporte para o aparecimento de novas habilidades.

• Esta diferenciação também ocorre no aspecto afetivo, pois o bebê


passa das emoções primárias (os primeiros medos, quando, por
exemplo, ele se enrijece ao ouvir um barulho muito forte) para uma
escolha afetiva de objetos (no final do período), quando já manifesta
preferências por brinquedos, objetos, pessoas etc.
PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
(a 1ª infância — 2 a 7 anos)

• Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento


da linguagem, que irá acarretar modificações nos aspectos
intelectual, afetivo e social da criança.
• A interação e a comunicação entre os indivíduos são, sem dúvida, as
consequências mais evidentes da linguagem. Com a palavra, há
possibilidade de exteriorização da vida interior e, portanto, a
possibilidade de corrigir ações futuras. A criança já antecipa o que vai
fazer.
• Como decorrência do aparecimento da linguagem, o
desenvolvimento do pensamento se acelera.
• No aspecto afetivo, surgem os sentimentos interindividuais, sendo
que um dos mais relevantes é o respeito que a criança nutre pelos
indivíduos que julga superiores a ela.
PERÍODO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS
(a infância propriamente dita — 7a 11 ou 12 anos)

• O desenvolvimento mental, caracterizado no período anterior pelo


egocentrismo intelectual e social, é superado neste período pelo
início da construção lógica, isto é, a capacidade da criança de
estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vista
diferentes.

• Surgimento de uma nova capacidade mental da criança: as


operações, isto é, ela consegue realizar uma ação física ou mental
dirigida para um fim (objetivo) e revertê-la para o seu início.
PERÍODO DAS OPERAÇÕES FORMAIS
(a adolescência — 11 ou 12 anos em diante)

• Neste período, ocorre a passagem do pensamento concreto para o


pensamento formal, abstrato, isto é, o adolescente realiza as
operações no plano das ideias, sem necessitar de manipulação ou
referências concretas, como no período anterior.

• É capaz de lidar cora conceitos como liberdade, justiça etc.

• No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do


adulto, mas ainda depende dele. Deseja ser aceito pelos amigos e
pelos adultos. O grupo de amigos é um importante referencial para o
jovem, determinando o vocabulário, as vestimentas e outros
aspectos de seu comportamento. Começa a estabelecer sua moral
individual, que é referenciada à moral do grupo.
JUVENTUDE: PROJETO DE VIDA

• Conforme Piaget, a personalidade começa a se formar no final da


infância, entre 8 e 12 anos, com a organização autônoma das regras,
dos valores, a afirmação da vontade. Esses aspectos subordinam-se
num sistema único e pessoal e vão-se exteriorizar na construção de
um projeto de vida.

• Esse projeto é que vai nortear o indivíduo em sua adaptação ativa à


realidade, que ocorre através de sua inserção no mundo do trabalho
ou na preparação para ele, quando ocorre um equilíbrio entre o real
e os ideais do indivíduo, isto é, de revolucionário no plano das ideias,
ele se torna transformador, no plano da ação.
O Desenvolvimento Infantil em Vygotsky
(1896-1934)
Pontos de seu pensamento:

• A criança nasce inserida num meio social.

• A mediação (necessária intervenção de outro entre duas coisas para que


uma relação se estabeleça) com o adulto acontece espontaneamente no
processo de utilização da linguagem, no contexto das situações
imediatas.

• Concepção de um sujeito interativo que elabora seus conhecimentos


sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro.

• O conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na


intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas.
O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental,
cultural e histórico:

• O aspecto instrumental refere-se á natureza basicamente mediadora das


funções psicológicas complexas. Não apenas respondemos aos estímulos
apresentados no ambiente, mas os alteramos e usamos suas modificações
como um instrumento de nosso comportamento.

• O aspecto cultural da teoria envolve os meios socialmente estruturados


pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa que a criança em
crescimento enfrenta e os tipos de instrumentos, tanto mentais como físicos,
de que a criança pequena dispõe para dominar as tarefas. Um dos
instrumentos básicos criados pela humanidade é a linguagem.

• O aspecto histórico, funde-se com o cultural, pois os instrumentos que o


homem usa para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento foram
criados e modificados ao longo da historia social da civilização. Os
instrumentos culturais expandiram os poderes do homem e estruturaram seu
pensamento, de maneira que, se não tivéssemos desenvolvido a linguagem
escrita e aritmética, por exemplo, não possuiríamos hoje a organização dos
processos superiores que possuímos.
• O desenvolvimento está, pois, alicerçado sobre o plano das
interações. O sujeito faz sua uma ação que tem, inicialmente, um
significado partilhado. Assim, a criança que deseja um objeto
inacessível apresenta movimentos de alcançá-lo, e esses movimentos
são interpretados pelo adulto como “desejo de obtê-lo”, e então lhe
dá o objeto.

• Para Vigotski, a história da sociedade e o desenvolvimento do


homem caminham juntos e, mais do que isso, estão de tal forma
intrincados, que um não seria o que é sem o outro. Com essa
perspectiva, é que Vigotski estudou o desenvolvimento infantil.

• As funções psicológicas emergem e se consolidam no plano da ação


entre pessoas e tornam-se internalizadas, isto é, transformam-se
para constituir o funcionamento interno.
VIGOTSKI E PIAGET
• Piaget apresenta uma tendência hiperconstrutivista em sua teoria,
com ênfase no papel estruturante do sujeito. Maturação,
experiências físicas, transmissões sociais e culturais e equilibração
são fatores desenvolvidos na teoria de Piaget. Vigotski, por outro
lado, enfatiza o aspecto interacionista, pois considera que é no plano
intersubjetivo, isto é, na troca entre as pessoas, que têm origem as
funções mentais superiores.

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