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BASES NEUROPSICOLÓGICAS DO
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
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BASES NEUROPSICOLÓGICAS DO
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
Desenvolvimento psicomotor ............................................................................. 6
Psicomotricidade no âmbito escolar ................................................................... 9
As bases neurológicas do desenvolvimento – Uma visão interdisciplinar ........ 13
BASES PSICOMOTORAS ............................................................................... 15
Educação psicomotora ..................................................................................... 16
DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... 17
As etapas do desenvolvimento infantil ............................................................. 17
Construtivismo piagetiano ................................................................................ 18
Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget ............................................ 20
Educação psicomotora ..................................................................................... 23
PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR ........................................ 31
Aspectos Neurológicos de Aprendizagem ........................................................ 33
As Bases Neurológicas da Aprendizagem ....................................................... 36
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41
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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento psicomotor refere-se à maturidade na coordenação da

criança, observada, principalmente na segunda infância.

O mesmo está diretamente relacionado com algumas variáveis como a idade

gestacional e o nível sócio econômico.

Compreendemos que o desenvolvimento psicomotor da criança é possível

observar e avaliar tendo em conta alguns parâmetros: o NSE, o facto de ser ou não

ser prematura e a forma como estas vaiáveis se traduzem em capacidades como a

postura correta, a coordenação visomotora, entre outras características respeitantes

às competências psicológicas e motoras.

Para fazer este tipo de avaliação é importante que o mesmo se realize

durante a idade pré escolar, uma vez que é a fase em que a maioria destas

capacidades começa a desenvolver-se mais significativamente.

O foco dos estudos em relação ao desenvolvimento psicomotor infantil deve-

se à relação entre este e o desenvolvimento da criança em outras áreas como a

cognitiva e a psicossocial.

No entanto, alguns estudos indicam que, para podermos avaliar corretamente

a maturidade psicomotora de uma criança, é importante ter em conta não só as

variáveis já mencionadas mas também o NSE e a idade gestacional com a qual

estas nascem devido à influência da maturidade ou prematuridade durante o

nascimento.

É importante compreender que os movimentos da criança, começam e vão-se

tornando cada vez mais complexos na fase infantil, pelo que é fundamental apostar

num acompanhamento ajustado às suas necessidades no que concerne ao

desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.


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Esta fase situa-se na segunda infância, altura imediatamente anterior à

entrada na escola, em que se dá a evolução psicomotora e começam a aparecer os

primeiros traços de personalidade, o que significa que todos os processos

relacionados com o desenvolvimento se tornam cada vez mais ligados entre si.

Assim quando se observam alterações, devido a complicações no

desenvolvimento da criança, como em muitos casos de prematuridade à nascença,

as mesmas verificam-se em vários níveis, pelo que o psicomotor é um dos mais

marcados, com dificuldades de coordenação visomotora e desempenho motor

abaixo daquele que é considerado normal para a idade do indivíduo.

Recomendam a observação atenta do desenvolvimento de crianças

prematuras até à idade escolar, junto de profissionais como o pediatra, o

neurologista infantil e o terapeuta ocupacional.

De referir que é mais comum a existência destes atrasos em crianças que

nascem em meios mais empobrecidos e sujeitas a desnutrição e stresse, o que se

traduz em consequências negativas ao nível do seu desenvolvimento. De acordo

com as pesquisas levadas a cabo pelas autoras, podemos compreender que o NSE

influencia com bastante significância o desenvolvimento psicomotor das crianças.

Uma vez que a criança vai ganhando mais força também é natural o iniciar de

alguma independência pessoal como a higiene e a capacidade para se vestir, ou

seja, vão-se adquirindo competências cada vez mais complexas.

A capacidade de movimento psicomotor está ainda associada ao

desenvolvimento neurológico que é responsável pelos movimentos mais complexos

e pela capacidade de domínio corporal.


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Tendo em conta a importância das capacidades psicomotoras, é notório que o

corpo é a forma mais usual de comunicação e de relação da criança com o resto do

mundo.

Desenvolvimento psicomotor

A noção de desenvolvimento está ligada à continua evolução, que na maioria

das vezes não é linear, e se dá por meio de vários aspectos, como afetivo, cognitivo,

motor e social. Essa contínua evolução não deve ser vista nem determinada apenas

por processos biológicos, mas, sim, pelo meio (cultura, sociedade, interações e

práticas), que é o ponto de maior importância para o desenvolvimento humano.

O desenvolvimento infantil vai ser determinado pela própria vida da criança,

ou seja, quanto mais oportunidades a criança tem de desenvolver suas capacidades,

maiores serão as chances de se apropriarem da cultura em que estão inseridas.

Os primeiros anos de vida são de grande importância para o

desenvolvimento; nesse momento, é fundamental que a criança pertença a um

ambiente favorável para seu desenvolvimento e que disponha de estímulos.

O desenvolvimento psíquico da criança se inicia com sua inserção no mundo

que é mediado pelos adultos, em especial pelos pais, elas sofrem a forte influência

das condições sociohistóricas, culturais, econômicas e políticas do local onde irão se

desenvolver. Com isso, se apropria do mundo em que vivem. No processo de

apropriação, são formadas funções e habilidades que não são totalmente inatas, e

sim estimuladas e desenvolvidas a partir das características biológicas de cada uma

e de sua relação com o ambiente em que está inserida e com as pessoas.

A psicomotricidade é a relação entre a motricidade, a cognição e a

afetividade. É uma ciência da educação que objetiva educar e desenvolver os


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movimentos envolvendo as funções da inteligência, além de estudar o homem

através do seu corpo em movimento, tanto em relação ao seu ambiente quanto em

relação a si próprio, estando presente nos gestos mais simples e tendo como

objetivo o conhecimento e o domínio da criança do seu corpo. A psicomotricidade é

um elemento essencial e indispensável para o desenvolvimento geral e uniforme e

para a aprendizagem da criança.

No processo de desenvolvimento psicomotor, a criança é vista em sua

totalidade, ou seja, não separa o ser intelectual do emocional e racional, sempre

considerando suas habilidades como um campo a ser desenvolvido de modo

prazeroso e significativo. Para que esse processo ocorra de forma adequada, é

crucial considerar e respeitar a subjetividade de cada criança.

Para compreender o desenvolvimento psicomotor, faz-se necessário ressaltar

que cada criança é única, possuindo assim sua subjetividade. Mesmo as fases do

desenvolvimento sendo comuns para todos, os aspectos físicos, afetivos, o meio

social e o ambiente familiar variam de criança para criança. Prova disso é que

crianças com a mesma idade se comportam de forma diferente mesmo estando em

um ambiente igual, como, por exemplo, a mesma sala de aula. Um dos fatores de

maior relevância no âmbito da Educação Infantil na atualidade é o de reconhecer a

criança como um ser único, ou seja, reconhecer sua subjetividade.

A estimulação do desenvolvimento psicomotor é fundamental para que

aconteça a interação dos movimentos com a emoção e a cognição do indivíduo.

Para que essa estimulação ocorra de forma adequada, é fundamental que a criança

disponha de um bom ambiente e de facilitadores para auxiliar no desenvolvimento

das capacidades psicomotoras.


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No trabalho da psicomotricidade, o professor deve assumir o papel de

facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando para a criança

tempo para suas próprias descobertas, oferecendo estímulos cada vez mais

variados, proporcionando experiências concretas e vividas com o corpo inteiro.

Sobre as fases do desenvolvimento psicomotor, devem ser consideradas

somente como uma maturação neurológica, mas, sim, como um processo relacional.

Levando em consideração as relações do indivíduo com o ambiente em que está

inserido e as relações com os demais. As fases do corpo podem ser resumidas em

três fases até chegar à perfeição; primeiro, o corpo é percebido; em seguida; é

conhecido; e, finalmente, é vivido.

Vamos aqui passear brevemente pela escala do desenvolvimento psicomotor

ressaltando as principais características de cada fase dos 2 aos 4 anos:

Aos 2 anos:

Chuta uma bola, explora intencionalmente os brinquedos, faz traços

horizontais, utiliza frase de pelo menos quatro palavras, consegue abrir uma porta

e/ou gaveta, ajuda ativamente a se vestir ou a se despir, consegue juntar brinquedos

de encaixe, imita movimentos verticais e horizontais.

Aos 3 anos:

Prevalece a vontade de se afirmar; geralmente nessa fase a criança expressa

interesse em atividades em que é solicitada que faça desenhos; brinca com outras

crianças e já assume papéis na brincadeira, apresenta uma melhor percepção do

espaço, equilibra-se em um pé e na ponta dos pés por um pequeno período de


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tempo, controla-se em equilíbrio com os olhos fechados, coordena a marcha e a

corrida, demonstra o domínio da coordenação motora grossa.

Aos 4 anos:

Nessa fase, já consegue desenvolver atividades como segurar o lápis na

posição correta e pedalar; demonstra interesse pelos sentimentos das pessoas que

estão ao seu redor, como, por exemplo, perceber que sua mãe está triste e tentar

confortá-la; consegue fazer desenhos do corpo e de casas, apresenta noção em

relação ao corpo, sobe e desce escadas alternadamente, sabe seu nome completo,

sexo, idade e, em alguns casos, o endereço; sabe esperar sua vez.

Nos primeiros anos de vida a criança é compreendida por meio dos gestos, o

movimento constitui grande parte das expressões de suas necessidades até o

momento em que a linguagem começa a ser constituída.

Psicomotricidade no âmbito escolar

A aprendizagem da criança tem como base a Educação Psicomotora. O

período da Educação Infantil possui como principal objetivo auxiliar a criança a ter

uma percepção adequada de si mesma, entendendo suas reais possibilidades e

limitações, e, assim, passar a se expressar com maior liberdade, aprendendo e

aperfeiçoando novas capacidades motoras. A interação da psicomotricidade com a

aprendizagem faz com que a criança crie possibilidades para desenvolver

habilidades motoras que vão ajudar no conhecimento do seu próprio corpo, em sua

movimentação livre, para explorar o ambiente em que está inserida e para facilitar

nas expressões verbais e não verbais. A psicomotricidade é favorável à

aprendizagem, pois reconhece que diferentes fatores, tanto de ordem física quanto
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psíquica e social, não atuam separadamente, mas, sim, em conjunto, para que se dê

a aprendizagem.

As práticas psicomotoras estão sendo deixadas em segundo plano pelas

escolas, que ainda hoje pensam no ato de escrever como um ato motor que pode

ser fixado por meio dos movimentos mecânicos e sem sentido. Na maioria das

vezes, a principal preocupação dos educadores em relação ao processo de

aprendizagem se restringe a habilidades como coordenação motora, discriminação

visual e organização espacial. A metodologia usada pelas escolas e pelos próprios

educadores ainda está presa às aulas tradicionais que se resumem às quatro

paredes da sala de aula, deixando de lado a interação com as pessoas e com o

ambiente em que estão inseridas as crianças, não lhes dando oportunidades de

experimentar outros caminhos que levem a aprender o que é proposto pela escola.

Mesmo com os educadores sabendo da importância de relacionar o

desenvolvimento psicomotor com a aprendizagem, ainda é frequente encontrar

escolas que apresentam um caráter mecanicista muito forte no que diz respeito às

práticas educadoras na Educação Infantil, fazendo o uso incorreto das práticas

psicomotoras nas séries iniciais, que são base para séries seguintes.

Das práticas psicomotoras devem ser entendidas como um processo de ajuda

que acompanha a criança em seu próprio percurso de desenvolvimento, que vai

englobar as capacidades motoras, cognitivas e afetivas. As práticas psicomotoras

respeitam as potencialidades de cada criança e seu direito de ter um lugar na

sociedade. A criança pode se expressar por meio de diversos caminhos de

comunicação, interação, expressão e criatividade, o que auxilia de forma direta nas

questões relacionadas à aprendizagem.


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No âmbito escolar, é fundamental que os professores utilizem-se das práticas

psicomotoras, já que estas são fundamentais para o processo de aprendizagem de

seus alunos, como, por exemplo, o desenvolvimento do esquema corporal, da

lateralidade, da estruturação espacial, da orientação temporal e pré-escrita. Porém,

se essas práticas forem utilizadas de forma errada (o que acontece frequentemente),

poderão causar danos bastante relevantes para a aprendizagem e o

desenvolvimento psicomotor dos alunos. O aluno que tem o desenvolvimento

psicomotor mal constituído tem alta probabilidade de apresentar problemas na

escrita, na leitura, na diferenciação e no reconhecimento das letras, no

desenvolvimento da relação com o outro e com o meio em que está inserido, entre

outros.

Para que o desenvolvimento psicomotor contribua de forma positiva e

construtiva para a aprendizagem da criança, é indispensável que o professor esteja

atento à fase do desenvolvimento em que se encontra essa criança, assumindo o

papel de facilitador no processo de aprendizagem, tendo como base de trabalho o

respeito, a confiança e o afeto mútuo. É importante que o professor da Educação

Infantil estabeleça com seus alunos uma relação de ajuda, ficando atento para as

atitudes e percepções deles.

É fundamental, para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, a

interação e o conhecimento dos objetos que a rodeiam e o uso que faz deles em

relação a si mesma e aos outros. O modo como a criança utiliza os objetos, em

relação a si e aos outros, é informativo sobre sua maneira de ser. As sensações que

a criança tem ao atuar com objetos se manifestam em percepções e, mais tarde, em

representações que lhe proporcionam a possibilidade de operar com eles,

associando, classificando, ordenando e seriando, o que constitui o início da lógica


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matemática e do acesso à leitura e à escrita. Vale ressaltar o valor afetivo que os

objetos têm para a criança. Esse valor dado aos objetos e apresenta uma vasta

informação sobre seu desenvolvimento afetivo e emocional e sobre sua maturação

social.

No ambiente escolar, é facilmente percebido como a interação entre o meio

social e os objetos são de fundamental importância para o desenvolvimento

psicomotor da criança. Podemos tomar como exemplo uma criança que vai para seu

primeiro ano escolar; na maioria dos casos, ela chega à escola chorando pela

ausência da mãe, com um repertório de palavras bem reduzido e com a

coordenação motora e o esquema corporal pouco desenvolvido. Com o passar do

tempo, ela já interage com os colegas e professores, para de chorar, vai expandindo

seu repertório de palavras com músicas e diálogos e passa a desenvolver sua

coordenação motora fina e global a partir do uso de atividades. Note que nesse

exemplo foi citada a interação da criança com o social, como os colegas e

professores, e com os objetos, com o uso de brincadeiras e músicas para o

desenvolvimento do esquema corporal, da relação de confiança entre aluno e

professor, dos movimentos e da cognição.

A todo o momento, é possível observar os benefícios e a importância do

desenvolvimento psicomotor para a aprendizagem no âmbito escolar em crianças

nas séries iniciais. Faz-se necessário que as práticas psicomotoras orientadas pelo

professor no que diz respeito a essa interação aconteçam de forma correta, e que o

respeito e o conhecimento sobre seus efeitos na subjetividade da criança sejam sua

base de trabalho.
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As bases neurológicas do desenvolvimento – Uma visão interdisciplinar

Fica praticamente impossível falar de desenvolvimento e neurologia sem fazer

uma abordagem interdisciplinar, pois estaríamos falando de cérebros e não de

crianças. Neurocientistas já acreditam que o cérebro está a serviço do corpo,

deixando este de ser a origem de tudo. Assim, o que mais se aceita atualmente é

“Existo logo penso”. O cérebro passou a ser um órgão com uma impressionante

plasticidade e capacidade de adaptação, sendo extremamente vulnerável aos

fatores externos. Nascemos com uma série de reflexos primitivos e automatismos

medulares que inicialmente fazem nosso corpo se movimentar e reagir aos

estímulos. Porém, este corpo ainda não está atravessado pela linguagem materna,

isto é, interpretado por ela. Estes reflexos que se originam em centros subcorticais

permanecem por algum tempo e ficam posteriormente subordinados a centros

superires, ou seja, eles deixam de se expressar. Centros corticais vão estar

mandando informações já implicadas no desejo da criança, ativando o que

chamamos de atividade voluntária. Assim, o sorriso reflexo foi interpretado e

festejado pela mãe como um sorriso. O bebê considera agradável a reação da mãe,

faz uma série de associações e relaciona o movimento do sorriso a algo agradável.

Assim nasce o sorriso social. É importante ressaltar a necessidade da repetição,

pois só assim o cérebro considera estas associações importantes e as registra. Nos

primeiros dois anos de vida o bebê se apropria do corpo. Então todas as partes do

corpo vão sendo inscritas a nível cortical, através de como o Outro lhe apresenta o

corpo. Assim a mãe marca no corpo do bebê as suas inscrições, suas impressões,

suas vivências com o seu corpo e com o Outro. Ela diz: isto é perigoso, isto é

gostoso, isto é assim, isto pode, isto não pode... É importante lembrar que o bebê

faz um impressionante número de associações que fazem com que este período
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sensório-motor seja a base para a possibilidade do aprendizado. Este aprendizado,

que até o momento era através do corpo simbolizado pela mãe, passa a ser

sustentado em centros corticais superiores. Assim, a dificuldade no aprendizado se

inicia quando a criança entra na escola, pois as possibilidades cognitivas dependem

de uma matriz simbólica instalada nos primeiros dois anos de vida. Durante a nossa

primeira infância formamos circuitos neuronais básicos, alicerces para os outros

circuitos. Com as novas técnicas de imagem se observou que no início da

adolescência ocorre um fenômeno chamado “poda de sinapses”, isto é, o que não

está sendo utilizado pelo cérebro é eliminado, possibilitando reforçar o que

realmente esta sendo necessário. Isto poderia explicar a dificuldade de se aprender

coisas novas após uma certa idade, ou até poderíamos pensar como resultado em

alguns tratamentos psíquicos é pobre dependendo da idade do paciente.

Esta incrível capacidade de adaptação do cérebro faz com que estes fatores

externos tenham grande significado no futuro das crianças, pois estamos lidando

com períodos críticos do desenvolvimento. Assim, as avaliações do desenvolvimento

têm que ver a criança como um todo, pois não adianta uma criança caminhar sem

destino, ou falar sem se comunicar. A grande descoberta das neurociências ocorreu

quando os cientistas perceberam que o entendimento do encéfalo vinha da

interdisciplinariedade, produzindo assim uma nova perspectiva. É assim que

devemos pensar com relação à interdisciplina: que especificidades diferentes se

reúnam e que desta maneira se forme um saber que tenha como prioridade

assegurar à criança o lugar de sujeito.


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BASES PSICOMOTORAS

A primeira base é a tonicidade responsável por gerenciar a postura, atitudes e

adequações de gestos. Está relacionada a resistências, tensão e distensão, ao

estado de atenção e pode ser considerada uma dimensão inconsciente da relação.

A segunda base é a equilibração, ligada ao sistema proprioceptivo, que

fornece informações sobre a noção corporal. É importante para a sensação da

posição do corpo em movimento e permite e distribuição do peso corporal em

relação ao espaço e o tempo,.

A terceira base é a lateralização tem importância fundamental nos

aprendizados, a distinção dos lados do corpo; reflete na direção, sentido e

orientação corporal.

A quarta base é a noção de corpo é a elaboração das experiências vividas por

seu esquema corporal e o reconhecimento desse esquema que lhe propiciará a

constituição da identidade corporal, sua imagem, ou seja, a atribuição simbólica de

um “eu” ao seu corpo físico. Mantém relação direta com o inconsciente e é a

formação do núcleo da personalidade, importantíssima na constituição do psiquismo

do indivíduo.

A quinta base é a estruturação espaço-temporal a relação de dados espaciais

e dados temporais que capacita/adequa os movimentos e dá o ritmo da vida

biológica e psicológica. Possibilita o indivíduo se coordenar na seqüência dos

gestos, localizarem partes do seu corpo no espaço e organizar a vida cotidiana.

A sexta base é a praxia global e a sétima base a praxia fina. Observamos

nas crianças pequenas como se movimentam de forma muito primitiva, usam de

muita força, são desajeitadas e após a exploração do seu corpo e dos seus espaços,

no correr, girar, subir, descer, agarrar, pular e etc, refinam sua motricidade. Suas
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experiências naturais nas brincadeiras exploratórias ensinam naturalmente o

refinamento dos movimentos e a modulação da força aplicada nas diversas

situações. A coordenação motora global é a precedente da fina. A praxia fina

permitirá, por exemplo, realizar um movimento de pinça para pegar um objeto

pequeno, segurar um lápis ou uma colher.

Esse crescimento natural do movimento mais amplo ao mais refinado reflete

a maturidade psicológica do indivíduo na organização e compreensão mental do

mundo ao redor. A praxia global é requisito para o desenvolvimento da praxia fina e

consequentemente o desenvolvimento de atividades neurológicas e cognitivas mais

complexas e mais elaboradas. Pensamentos e ações simbólicas nascem de

contextos vivenciais e indicam boa saúde “psico e motora”.

Educação psicomotora

A educação física tem um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor

da criança. É através dela que as crianças vão demonstrar suas habilidades e

dificuldades em relação ao movimento. A educação física é baseada nas

necessidades da criança. Tão importante quanto se alimentar, ela deve ser bem

condicionada a fim de desenvolver meios para que a criança sinta-se estimulada e

consequentemente tenha um bom desenvolvimento.

Entende-se que o desenvolvimento da criança acontece através dos três

conhecimentos básicos, sendo o movimento o primeiro meio de comunicação da

criança. É a partir desses conhecimentos que a criança toma consciência de si

mesma, passando a conhecer seu corpo num todo, entendendo assim a importância

de se expressar e compreender o meio em que vive.


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A educação física escolar tem como objetivo principal incentivar os

movimentos corporais buscando compreender todas as etapas da vida. A educação

psicomotora bem desenvolvida pode detectar problemas futuros e até mesmo

resolvê-los, em relação à concentração, coordenação, dificuldades de

aprendizagem. As habilidades da criança, bem desenvolvidas possibilitam que estas

aprendam melhor ou que, possam ser detectadas com antecedência problemas

como citados acima, colaborando assim para corrigi-los.

O esquema corporal da criança deixa de ser limitado tornando-a mais

perceptiva ao meio. Entende-se por esquema corporal o ritmo, o tempo e o espaço

da criança.

Tanto o afeto, quanto o intelecto é desenvolvido a partir do movimento –

atividade física – que possibilita esse desenvolvimento. É necessário que a criança

tenha uma boa coordenação motora para iniciar seu processo de escrita, assim

como para a leitura é necessário que consiga concentrar-se. Portanto a educação

psicomotora no ensino infantil exerce um papel fundamental em toda a vida do

indivíduo.

DESENVOLVIMENTO

O ser humano é produto de um processo histórico que vem se expandindo e

aperfeiçoando de geração a geração, ampliando suas descobertas e curiosidades,

sempre lendo e revelando sua linguagem corporal através de gestos, risos,

expressão facial e sempre buscando onde se encaixar no quebra – cabeça da vida.

As etapas do desenvolvimento infantil

Quando se refere as etapas do desenvolvimento infantil nos remetemos as

correntes da psicologia. Etimologicamente, a palavra psicologia tem sua origem na


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língua grega, onde psiché quer dizer alma e logia,razão significando então, o tratado

da alma.

A psicologia tem grande influencia na educação. Existem práticas

pedagógicas que, ora oscila em favor de uma tendência subjetivista, e ora por uma

tendência objetivista de sujeitos. Foi a partir dos anos 70, no Brasil, que a

perspectiva teórica que influenciou o modo como processo de ensino-aprendizagem

seria definido. Chamamos então, de Behaviorismo ou Comportamentalismo.

Em diferentes partes do mundo, teóricos da educação procuraram criticar o

modo reducionista de conceber a aprendizagem, propondo visões alternativas.

Dentre esses teóricos, os Gestaltistas se destacaram pela teoria de Gestalt, que

estuda os processos cognitivos envolvidos na percepção e na aprendizagem. Por

ser inovadora e convincente, a teoria de Gestalt inspirou o surgimento de um campo

da psicologia que estuda a aprendizagem, a psicologia cognitiva.

A psicologia da educação estava insatisfeita com a noção de um sujeito

determinado por sua natureza individual externa, sentiu-se necessidade de uma

concepção que contemplasse a interação entre indivíduo e realidade.

Nesse contexto, a teoria genética de Jean Piaget se fortalece passando a ser

estendida a educação sob a denominação de Construtivismo Piagetiano.

Construtivismo piagetiano

Jean Piaget buscou romper com as perspectivas aprioristas, ou seja, que

aceita, na ordem do conhecimento, fatores independentes da experiência; e as

teorias ambientalistas, introduzindo uma teoria do desenvolvimento da inteligência

baseada na interação do sujeito com os objetos do conhecimento.


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Os atos biológicos são atos de organização e adaptação ao meio ambiente. O

termo organização refere-se à tendência invariável das espécies de organizar seus

processos internos em sistemas coerentes. O termo adaptação se dá quando o

organismo se transforma em função do meio e quando essa variação tem como

efeito um acréscimo das trocas entre ambos. A inteligência, portanto, seria uma

forma especial de adaptação biológica.

Existem outros quatro conceitos que Jean Piaget define como básicos no

processo de desenvolvimento infantil e intelectual, são eles:

 Assimilação: é quando o indivíduo incorpora em seu ser, ou seja,

assimila as características externas do meio a sua estrutura interna;

 Acomodação: o indivíduo após assimilar as características externas,

ele as acomoda para suportar as pressões do ambiente;

 Esquemas de ação: A partir da assimilação e acomodação, o indivíduo

(bebê) apresenta comportamentos baseados em reflexos, que são as respostas

automáticas dadas pelo organismo ao ambiente. Neste contexto, vê-se que o

movimento, um dos conhecimentos básicos da psicomotricidade, é a primeira forma

de comunicação do indivíduo, relacionando ao desenvolvimento da

psicomotricidade. Esses reflexos são transformados posteriormente, segundo Piaget

em esquemas de ação.

Enquanto um bebê de alguns meses de vida utiliza esquemas de

comportamento, uma criança quando estaria na escola trabalharia seu cérebro

realizando assim operações mentais, ou seja, os esquemas de ação permeiam até o

desenvolvimento total do intelecto do indivíduo.

 Equilibração: Essa etapa é um importante segmento na teoria

piagetiana. Seria uma forma de adaptação que procura maximizar as interações


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organismo-meio através da construção de novos instrumentos de compreensão e

ação sobre a realidade. Esses conhecimentos vão sendo gerados e surgindo através

de outros já existentes.

Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget

Os períodos que marcam o desenvolvimento intelectual da criança, segundo

Piaget são, período sensório-motor; período operatório; período operatório formal.

 Período sensório-motor (compreende de zero a dois anos): A

inteligência sensório-motora caracteriza-se pela ausência de pensamento,

representação ou linguagem. A atividade intelectual é puramente sensorial e motora

em sua interação com o ambiente. O estágio sensório-motor é dividido em seis sub-

estágios:

 Estágio reflexo: os efeitos da experiência estão centrados nos

mecanismos providos de hereditariedade: sucção, preensão, choro, etc. ainda que

as aprendizagens sejam significativas, estão ainda submetidas à esfera dos reflexos.

 Estágio das reações circulares primárias: caracteriza-se pela tendência

de exercitar os esquemas descobertos a partir dos reflexos através de

comportamento repetitivos. Os exercícios dos primeiros esquemas mentais são

denominados reações circulares primárias. As reações circulares, nesse estágio,

centram-se no corpo do bebê que, por exemplo, aprende a levar o dedo na boca.

 Estágio das reações circulares secundárias: elementos externos ao

corpo do bebê são incorporados aos esquemas até então construídos. O bebê

começa a engatinhar e manipular as coisas mais intensamente. As imitações

passam a ser sistemáticas. O bebê torna-se capaz de produzir eventos


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interessantes descobertos, por acaso, o que envolve uma atividade mais complexa e

intencional.

 Estágio da coordenação dos esquemas secundários: as ações do bebê

passam a visar uma meta pré-determinada. Surge o comportamento instrumental e a

busca ativa dos objetos desaparecidos. Se um objeto é colocado entre o bebê e o

objeto que ele deseja alcançar, ele desenvolve meios para remover o obstáculo. O

bebê tenta utilizar como meios esquemas desenvolvidos em outras situações,

generalizando padrões de comportamento previamente adquiridos (assimilação

generalizadora). No decorrer dessas generalizações, os esquemas vão sendo

modificados, mas o bebê só retém os que funcionam para remover o obstáculo.

Nesse estágio, a acomodação dos antigos esquemas à experiência adquirida com

as novas ações depende do sucesso dessas ações.

 Estágio das reações circulares terciárias: nesse estágio, o bebê está

aprendendo, ou já aprendeu a andar, e sai em busca de novidades. Não foca seu

interesse apenas nela mesma, ou nos objetos que servem de meios para alcançar

determinados fins, passando a ter curiosidade pelos objetos sob um outro ponto de

vista. Começa a atribuir permanência e reconhecer que eles têm uma existência

independente dela própria. Põe em prática, o ensaio-e-erro para descobrir as

propriedades dos objetos, enquanto vai acomodando seu próprio comportamento a

eles, e assimilando novos esquemas sem dificuldade.

 Início da representação: esse estágio representa a transição para o

próximo período de desenvolvimento, no qual a criança torna-se capaz de utilizar

símbolos mentais e palavras para referir-se a objetos ausentes. A representação

significa a libertação do aqui e agora, introduz a criança no mundo das

possibilidades. Agora, para imitar a criança ensaia mentalmente em lugar de repetir


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diversas vezes um comportamento. O conceito de permanência do objeto é

completamente elaborado. Devido à capacidade de representação mental a criança

pode reconstruir uma série de deslocamentos invisíveis do objeto. É uma fase que

revela o início da descentração.

o Período operatório:

 estágio pré-operatório: caracteriza-se pelo exercício das habilidades

representacionais, pelo egocentrismo e pela socialização progressiva do

comportamento. O egocentrismo corresponde à indiferenciação entre o próprio

ponto de vista e o dos outros, ou entre a própria atividade e as transformações que

ocorrem na realidade. É inconsciente, pois tomar consciência dele, o destrói.

A partir dos dois anos o desenvolvimento do vocabulário e,

consequentemente, da linguagem, facilita o desenvolvimento conceitual, da

socialização da ação, da internalização da palavra como pensamento propriamente

dito. O pensamento passa a construir-se pela internalização da ação, constituindo

uma linguagem interna e um sistema de signos. A ação deixa de ser puramente

perceptiva e motora, tornando-se uma representação intuitiva por meio de imagens e

experimentos mentais. O egocentrismo, ainda se expressa dos três aos sete anos.

 estágio operatório concreto: esse estágio compreende o período dos

sete a onze anos. A criança desenvolve o uso do pensamento lógico. Já pode

solucionar problemas de conservação e a maioria dos problemas concretos,

demonstrando capacidade de seriação e de classificação. Pode pensar logicamente,

mas não pode aplicar a lógica a problemas hipotéticos, abstratos. No campo afetivo,

a conservação de sentimentos, a formação da vontade, e o início do pensamento

autônomo levam a criança a considerar os motivos dos outros nos seus julgamentos

morais, o que demonstra uma superação do egocentrismo.


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 Período operatório-formal: Nesse estágio, as estruturas cognitivas

(esquemas) qualitativamente maduras, e o indivíduo torna-se estruturalmente apto a

aplicar operações lógicas a problemas hipotéticos. O adolescente torna-se capaz de

raciocinar sobre a lógica de um argumento independentemente de seu conteúdo.

Educação psicomotora

A educação física tem um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor

da criança. É através dela que as crianças vão demonstrar suas habilidades e

dificuldades em relação ao movimento. A educação física é baseada nas

necessidades da criança. Tão importante quanto se alimentar, ela deve ser bem

condicionada a fim de desenvolver meios para que a criança sinta-se estimulada e

consequentemente tenha um bom desenvolvimento.

Entende-se que o desenvolvimento da criança acontece através dos três

conhecimentos básicos, sendo o movimento o primeiro meio de comunicação da

criança. É a partir desses conhecimentos que a criança toma consciência de si

mesma, passando a conhecer seu corpo num todo, entendendo assim a importância

de se expressar e compreender o meio em que vive.

A educação física escolar tem como objetivo principal incentivar os

movimentos corporais buscando compreender todas as etapas da vida. A educação

psicomotora bem desenvolvida pode detectar problemas futuros e até mesmo

resolvê-los, em relação à concentração, coordenação, dificuldades de

aprendizagem. As habilidades da criança, bem desenvolvidas possibilitam que estas

aprendam melhor ou que, possam ser detectadas com antecedência problemas

como citados acima, colaborando assim para corrigi-los.


24

O esquema corporal da criança deixa de ser limitado tornando-a mais

perceptiva ao meio. Entende-se por esquema corporal o ritmo, o tempo e o espaço

da criança.

Tanto o afeto, quanto o intelecto é desenvolvido a partir do movimento –

atividade física – que possibilita esse desenvolvimento. É necessário que a criança

tenha uma boa coordenação motora para iniciar seu processo de escrita, assim

como para a leitura é necessário que consiga concentrar-se. Portanto a educação

psicomotora no ensino infantil exerce um papel fundamental em toda a vida do

indivíduo.

Não é possível falar de educação sem relatar um pouco da história da

mesma. História essa que começou com o início da humanidade no planeta terra, e

continua até os dias atuais, num processo contínuo e complexo que tem suas raízes

na família e em sua cultura, refletindo-se na sociedade em que está inserido. A

educação não é apenas aquela formal que a escola oferece, mas toda e qualquer

vivência que o ser humano está em contato e que vivencia. A educação primitiva

não seguia regras formais, mas tudo dependia da maneira como os povos viviam e,

como sua cultura era inserida na sociedade.

Era assim a educação informal dos povos primitivos, que deram origem à

nossa educação dos dias de hoje, não era como a atual que segue regras, tudo

acontecia de forma natural e espontânea mesmo que algumas pessoas copiassem

umas das outras, sem perceber. Essa educação imitativa foi explicada por John

Devey: “Como esclarece John Dewey, nessas sociedades primitivas são todas as

instituições que exercem a influência educativa sem que nenhuma delas tenha

propriamente, essa função”


25

No início dos tempos a escola não era institucionalizada, não havendo uma

pessoa qualificada especificamente para a educação do povo, esse processo

acontecia de forma que toda a comunidade exercia poderes e auxiliava de maneira

direta ou indireta na educação. Todas as instituições participavam igualmente.

A educação, portanto, não existia de forma sistematizada, ela consistia quase

que exclusivamente na imitação das atividades que os adultos realizavam e as

crianças os imitavam. Com o passar dos anos foram surgindo pessoas preocupadas

em descobrir e conhecer sempre mais sobre o processo educacional, conhecer mais

sobre o mundo e suas transformações, surgindo aí estudiosos que até hoje buscam

respostas para o desenvolvimento humano e social. A educação foi muitas vezes

identificada com o conceito mais restrito de instrução.

Hoje, temos a noção de que todas as influências, todos os estímulos que

provocam uma série de reações da parte do indivíduo, têm alguma influência no seu

caráter e fazem parte, portanto, da sua educação.

Num sentido amplo, podemos dizer que a educação é um longo processo de

desenvolvimento, inicia desde o nascimento do indivíduo, assim sendo moldado na

família, na sociedade e principalmente na escola. A formação do ser vai depender

muito das pessoas que irão fazer parte de sua convivência no processo educacional.

Sendo assim, a educação não começou e nem vai terminar hoje, ela é um

processo que sempre busca inovações, correções e aplicações em diversos níveis

de conhecimento. O ser humano faz parte da natureza, da sociedade e do universo

como um todo, estando sempre em contato com o novo, aprendendo com tudo que

está à sua volta, tanto ensinando como revisando. Pois aprender é isso: um

processo de aceitação, assimilação, revisão multidimensional de tudo e de todo o

conhecimento, sendo ele empírico ou científico.


26

O indivíduo, nesse processo, é caracterizado pelas suas dimensões

humanas, emocionais, cognitivas, sua vivência sócio histórica e cultural a qual

produz e renova seus saberes. Sendo assim, o ser humano está sempre em contato

com o novo, adquirindo e formando sempre novos conhecimentos, que serão parte

fundamental de sua formação.

O ser humano é dotado de uma capacidade que muitas vezes nem ele se dá

conta, pois a todo o momento está adquirindo conhecimentos novos e

transformando os já existentes. Sendo assim, cada indivíduo interpreta o mundo à

uma maneira e através dos diferentes olhares, cada um forma a sua concepção.

Cada ser é único e tem uma maneira de ver o mundo, com o seu jeito de

aprender o novo. Um homem pode entrar em contato, por exemplo, com um livro

muito antigo, que muitas pessoas já o leram e sugaram segundo eles toda a sua

essência. Porém esse homem, ao lê-lo, conseguiu retirar algo dele que jamais

alguém havia percebido, isso não quer dizer que o conhecimento do livro mudou,

mas, a forma como as pessoas interpretam é que é diferente.

Nessa realidade de existência e transformação do conhecido para algo novo,

o processo de conhecimento passa por transformações onde muitas vezes o ser

humano não consegue aprender sozinho, ele necessita de seres que o ajudem.

Sendo assim, todo ser ao iniciar seu contato com a sociedade precisa de pessoas

conscientes que lhe mostrem o caminho a seguir, e lhe guie neste processo. Sendo

assim, o professor tem que estar preparado no momento em que a criança chega à

escola.

Dessa forma, constatamos que a criança é um ser que vive em constante

transformação, e não podemos dizer que está pronta e acabada. Portanto, ela se
27

desenvolve pelas vivências e momentos, desenvolvimento esse que envolve seu

lado psicomotor, o que é muito importante para sua formação.

Quando a criança apresenta dificuldades de aprendizagem, na maioria das

vezes, uma simples atividade que envolva seu corpo pode solucionar tal problema.

Cabe ao educador ter o conhecimento e ajudar seu aluno, já que toda criança tem

capacidades, habilidades e aptidões. Basta só ser observada com carinho, pois o

seu futuro depende muito da sua formação inicial que acontece na família e

principalmente na escola.

O educador, através do seu conhecimento que adquiriu no decorrer do tempo,

deve buscar maneiras diferentes para conduzir todo o processo de educação, tendo

em mente que todo e qualquer indivíduo pode apresentar mudanças através do meio

que vive. Educar significa que o próprio educador deve criar sua identidade, ser

crítico e consciente, capaz de mudar os caminhos da educação.

Sendo a escola o local onde a criança ira receber estímulos para continuar

desenvolvendo suas capacidades psicomotoras é de suma importância que o

educador busque inovar e aperfeiçoar a cada momento sua maneira de trabalhar

tanto o lado motor como o afetivo da criança que e parte fundamenta do processo.

Quando uma criança apresentar problemas de aprendizagem, é muito

importante que o educador busque constatar, e consequentemente tente saná-lo. Se

o problema for mais grave, deverá buscar ajuda de outros especialistas.

É muito importante que, mesmo que sejam pequenas essas dificuldades, o

professor não deixe passar por despercebido, pois uma simples troca do tipo ‘ P por

B’, pode parecer simples mais não o é . Essa simplicidade de erros pode causar com

o passar do tempo uma enorme dificuldade de aprendizagem


28

Conhecer o próprio corpo significa ter uma compreensão global do seu

desenvolvimento. Isso implica conhecer e entender o seu desenvolvimento motor,

sua lateralidade, saber orientar-se no espaço, ter uma memória cinestésica

desenvolvida, fazendo com que haja uma interação entre corpo e aprendizagem.

Mas, é preciso entender que qualquer atividade que a criança fará de imediato ela

não terá domínio do seu corpo. Somente a continuidade de atividades fará com que

haja o aprimoramento dos seus movimentos. O desenvolvimento motor relacionado

à criança está incluído num processo lento de aquisições de conhecimentos. Isso

porque, comparado com o de outros animais, o cérebro humano é programado para

atividades complexas como a linguagem, raciocínio lógico, localização espacial, e

amadurecimento das emoções, enquanto o animal apenas preocupa-se com o seu

desenvolvimento motor, (pois é um animal irracional).

O homem tem que estar se desenvolvendo num todo. Por isso, faz-se

necessário trabalhar em cima de estímulos com a criança desde pequena,

desenvolvendo um conjunto de habilidades que engloba o domínio do esquema

corporal, só assim ela chegará à fase adulta sem problemas de aprendizagem, fazer

com que ela viva o real e o imaginário formando sistemas de interpretação do

mundo, da cultura em que faz parte e do meio em que vive, construindo e ampliando

sua história.

É na escola, através da mediação do professor com o aluno, que o processo

de desenvolvimento ocorre por completo. O ser humano por si só, não consegue

desenvolver-se sozinho, ele necessita de estímulos e de um mediador para que

esse processo se realize.

O educador, enquanto professor atuante terá um papel fundamental fazendo

a relação entre o amadurecimento do seu organismo, com estímulos trabalhados


29

para desenvolver melhor a motricidade do aluno. Para que essa mediação aconteça

faz-se necessário que ele esteja preparado e conheça sobre o assunto, devendo

estar sempre em busca constante do conhecimento, para poder ajudar seu aluno.

Despertando através de atividades a motivação, unindo corpo e mente e

através da expressão tornar o educando um ser criativo, desenvolvido, apto a

realizar atividades mais complexas.

Portanto, cabe a nós educadores, buscar a interação do movimento na escola

com objetivos e metas bem traçadas. Sendo eles peça fundamental no aprendizado

do aluno é de suma importância que se trabalhe na educação infantil e nas séries

iniciais, de forma interessante e prazerosa. Que as atividades aplicadas para

desenvolver corpo – movimento sejam estimuladoras e contribuam para desenvolver

o aluno no todo, não esquecendo que o motor não pode ficar isolado.

É através do desenvolvimento motor e das habilidades básicas que a criança

consegue ter uma aprendizagem globalizada e estará preparada para viver na

sociedade a qual está inserida. De maneira alguma podemos separar movimento e

atenção pois é um processo interligado, somente trabalhando juntos é que o

educando terá um desenvolvimento completo de seu corpo e mente.

A aprendizagem da criança está interligada ao seu desenvolvimento

psicomotor, portanto, enfatizamos a importância da formação do educador,

interligando-se numa proposta pedagógica que proporcione à criança a visualização

de todo processo, aprendendo a conhecer, a conviver, a fazer e ser, transformando-

se em um individuo atuante e integrado em seu meio social.

O educador deve ser criativo em todos os aspectos, analisando: espaço,

materiais e atividades que condigam com a idade da criança, usando técnicas bem

criativas que venham somar no desenvolvimento e aprendizado do educando,


30

fazendo com que o mesmo aprenda a se comunicar com o mundo pela linguagem

corporal e que sinta prazer em aprender através das atividades motoras propostas.

“É de suma importância o papel dos educadores – pais e professores nos

processos fundamentais do desenvolvimento humano” (JOSÉ, 2000. p. 09).

A partir do momento em que todos os agentes envolvidos no processo do

desenvolvimento da aprendizagem da criança sejam os pais e professores

principalmente, faz-se necessário que eles estejam completamente engajados na

compreensão dos princípios do processo de aprendizagem, o educando poderá

desenvolver-se naturalmente sem maiores problemas de traumas e tabus.

Por isso é desejável que futuros profissionais da educação obtenham alto

grau de conhecimento e preparo para o desempenho de suas atribuições; buscando

juntas, escola e família fazer um trabalho em prol da criança e seu desenvolvimento,

não esquecendo que ela não é um adulto em miniatura e sim um ser em constante

transformação e necessita de todas as atenções, para vir a ser um adulto apto a

viver no meio social.

Muito mais amplo e complexo que as mudanças estruturais, são as mudanças

que ocorrem no organismo e na personalidade do ser humano, de tal maneira que o

desenvolvimento da criança se dá de forma amplamente integrada. Nessa

integração estão contidas: a hereditariedade, ambiente, maturação e aprendizagem.

O entendimento do educador é imprescindível para que o desempenho do

educando, possa ser conduzido de maneira correta e objetiva, com total sucesso

dos objetivos pedagógicos.

Muitas vezes nos preocupamos com o desenvolvimento mental e intelectual,

nos esquecendo de toda mudança estrutural, inclusive de ordem orgânica que

envolve o desenvolvimento integrado da criança. Portanto, precisamos estar atentos,


31

pois a criança possui um esquema corporal, movimentos e todo o lado psicológico, e

esses aspectos são de suma importância para o desempenho de uma aprendizagem

completa.

PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

Ao ingressar na escola, a criança que até então tem vivenciado suas

experiências no mundo concreto, iniciará suas experiências cognitivas no mundo

abstrato, simbólico.

É através da experiência que são realizados os ajustes psicomotores. Os

ajustes psicomotores referem-se à evolução e adequação dos esquemas que

favorecem a percepção do próprio corpo e o controle mais eficiente dos movimentos.

Por sua vez, a psicomotricidade age de forma terapêutica, abordando, através

do corpo, questões emocionais, afetivas, psicológicas e psíquicas que se

descortinam no trabalho psicomotor, reelaborando conceitos e vivências que se

tornam barreiras no desenvolvimento do indivíduo ou grupo.

Desde os tempos remotos o professor é visto como um direcionador do seu

educando, assim não seria diferente na Escola cujo seu papel é de conduzir e

estimular a aprendizagem, assim hoje sabemos a importância e o papel pedagógico,

educativo, social desde a Educação Infantil até a prática de esportes no Ensino

Fundamental e Médio.

Porém a tecnologia presente na vida da criança desde muito cedo tem sido

um fator de destaque no contexto atual restringindo muito o brincar da criança que é

a fonte de descobertas, de aprendizagem, não só em relação com si mesma, mas

em interação com o grupo.


32

Hoje se percebe que uma criança é capaz de passar horas sozinhas, na

frente do computador ou da televisão, mas não consegue brincar de pular corda.

Pode se mostrar desajeitada ao tentar subir em uma árvore, porém irá ter uma

habilidade fantástica ao manusear o controle do vídeo game. As atividades acabam

sendo em grande parte, solitárias e sem estimulação motora.

A criança não corre mais, não percebe os movimentos que pode realizar, não

domina seu próprio corpo, sentindo-se insegura em relação com o mundo. Toda

essa falta de habilidade irá repercutir no desenvolvimento emocional, cognitivo e

social, diminuindo possibilidades nas aquisições motoras que serão a base para

muitas aprendizagens escolares.

Percebe-se assim que são necessários fundamentos sólidos que sustentem

uma prática educativa amplamente engajada no sentido da compreensão de homem

e da adoção de uma pedagogia vinculada a atividades coerentes aos processos de

desenvolvimento psicológico deste homem, com isto, a Educação Psicomotora,

deverá está incluída em um projeto mais amplo de educação que considere o

conhecimento em relação à vida, proporcionando tanto a descoberta do mundo

exterior, das coisas, do mundo objetivo, quanto a descoberta do mundo interior, do

autoconhecimento, da auto organização.

A prática da educação psicomotora está se consolidando nos processos

brasileiros de escolarização, com um caráter eminentemente preventivo, facilitando

o desenvolvimento global dos indivíduos, sendo aplicada às crianças em situação

escolar, desde o ingresso na Educação Infantil, distanciando a visão clínica dessa

ciência para uma visão educacional.

Aos educadores cabe propiciar atividades diversificadas e criar ambientes

educativos cada vez mais ricos e desafiadores. Um dos caminhos que vem
33

privilegiando tal situação é o da brincadeira, o qual proporciona todo o

desenvolvimento cognitivo, além de ser prazeroso, pois se descobrem o mundo que

a cerca e é a partir da exploração do seu próprio corpo e dos amigos que iniciam as

construções dos conhecimentos e habilidades principais.

Há muito já se percebe a importância das atividades que contribuam com o

desenvolvimento motor e intelectual das crianças não cabendo mais em nossas

escolas lugar para os impedimentos das brincadeiras, pois é através delas que os

conhecimentos veem aflorando cada vez mais consistente e consciente, o ideal é

apresentar materiais que incentivem brincadeiras diversas e enriqueçam cada vez

mais o processo ensino-aprendizagem.

Em sala de aula toda atitude da criança, relacionada ao corpo, deve ser

estimulada, respeitando-se a individualidade de cada um como ser único,

diferenciado e especial, permitindo a autonomia de forma tal que respeite as

diferenças individuais e possibilite a esta criança alcançar a autonomia. E é pela

ação que a criança vai descobrindo suas preferências e adquirindo a consciência

dos esquemas corporais, e para que isso ocorra de fato é importante que ela

vivencie experiências diversas no processo do seu desenvolvimento.

Aspectos Neurológicos de Aprendizagem

No Brasil, em torno de 40% das crianças na escola apresentam dificuldades

no processo de aprendizagem escolar. A grande maioria desta cifra decorre de

insuficiências do ambiente pedagógico, falta de infraestrutura, baixo nível de

capacidade didática do professor, problemas emocionais ou por questões culturais e

incoerências curriculares. Uma parte destas crianças, porém, podem não conseguir

aprender adequadamente por motivos internos, intrínsecos, oriundos, de uma


34

disfunção cognitiva específica que nada tem a ver com o ambiente em sua volta,

mas definido por inadequado funcionamento cerebral que afeta sua capacidade de

absorver e memorizar aprendizagens que dependam do acesso fluente à leitura, à

escrita e à habilidade matemática. São os Distúrbios ou Transtornos de

Aprendizagem.

Esta condição não tem forma física e não costuma levar a alterações em

exames médicos, fazendo com que sua identificação seja difícil e subestimada em

muitas crianças portadoras. Afetam aspectos pontuais do desenvolvimento infantil e

do seu comportamento, especialmente em tarefas que exigem percepção e memória

e estes surgem mais contundentes na fase pré-escolar e escolar. Muitas vezes, os

professores consideram estes sinais normais e “no tempo da criança”, pois não

existem em nosso país mecanismos na área educacional que sustentem o conceito

de “etapas normais de aprendizagem escolar” desprezando quaisquer parâmetros.

Este contexto desestimula a sua identificação e o diagnóstico muitas vezes só será

cogitado e, por extensão, confirmado no período final do Fundamental I ou no início

do Fundamental II.

Atualmente, nas classificações de transtornos mentais, os Transtornos de

Aprendizagem são enquadrados como um transtorno de desenvolvimento, isto é,

que aparece na fase de desenvolvimento neuropsicomotor e modifica aquisições de

determinadas habilidades cognitivas de linguagem e de percepções visuais,

espaciais e auditivas levando a problemas significativos de aprendizagem dos

símbolos gráficos sem, no entanto, prejudicar a capacidade intelectual/inteligência.

Sempre devemos suspeitar de sua existência quando uma criança ou adolescente

inteligente e autônomo em seu cotidiano não consegue manter o mesmo nível de

aquisição de aprendizagem na escola ano a ano em comparação com seu potencial


35

e com a turma que o cerca. Dificuldades na memorização de sequências de

números, de dados de leitura, de figuras espacialmente dispostas e a percepção

inadequada da forma e do som das letras em idade que não se admite e tendo esta

criança em estimulação escolar adequada desde tenra idade, podem ser um valioso

sinal de alerta.

Por ser uma criança com potencial intelectual preservado (e até acima do

normal), esta fica ansiosa, estressada, com baixa autoestima e com a sensação

frequente de frustração e incompreensão com os paradoxais resultados de sua

aprendizagem, pois fora da escola ela tem uma performance normal. As cobranças

da família se avolumam a cada bimestre, tanto direcionadas para o filho quanto para

a sua escola, a qual é colocada em xeque e no centro de constante desconfiança e

conflito a cada reunião de pais com professores. A incompreensão acerca do que

está acontecendo gera discussões, ameaças e uma fratura na relação dos

educadores com a família.

Portanto, frente a este panorama, a escola e a família devem prontamente

buscar avaliação interdisciplinar. Esta criança deve ser encaminhada para uma

sequência de avaliações com diversos profissionais de áreas afins (psicólogos,

fonoaudiólogos, psicopedagogos e médicos especializados) com o intuito de analisar

profundamente seu quadro – embasado em manejo clínico e desenvolvimental –

com aplicação de testes específicos para interpretar melhor seus déficits cognitivos,

na linguagem e nos processos perceptivos e de memória em direção a um

diagnóstico definitivo.
36

As Bases Neurológicas da Aprendizagem

O processo ensino-aprendizagem depende da eficácia dos estímulos

recebidos durante a fase da infância. O indivíduo demonstra raciocínio lógico

abstrato pela aprendizagem manifestada pelas atividades lúdicas desenvolvidas em

espaço cineantropológico. Através da proliferação de transmissões sinápticas

realizadas por redes neuronais de células nervosas, permitem a estimulação e o

desenvolvimento psicomotor da aprendizagem. A produção de substâncias químicas

nos próprios neurónios promove o progresso do desenvolvimento cognitivo. A

reorganização estrutural do sistema nervoso central constrói partir de várias etapas

desencadeadas por processos de ensino e aprendizagem.

A neuroplasticidade é uma propriedade de reorganização do sistema nervoso,

em função do desenvolvimento normal da aprendizagem, que consolida a

informação adquirida pela memória. A reestruturação funcional poderá ser uma

resposta adaptativa das conexões sinápticas processadas de uma

forma diversificada de eficiência de funções, caraterizada por uma fase

metamorfóbica cerebral.

Perante condições normais e patológicas, a neuropsicologia carateriza-se por

uma ciência interdisciplinar que estuda as relações comportamentais do cérebro em

diferentes níveis de hipercomplexidade. A deteção de problemas comportamentais

relacionados com as dificuldades de aprendizagem realizadas de acordo com a área

científica, mais adequada à solução do problema, depende das contribuições ao

nível do conhecimento, dependente do grau de escolaridade que estimula a

atividade mental do individuo.

As dificuldades de aprendizagem referem-se a um grupo heterogéneo de

desordens, manifestadas por dificuldades significativas, na aquisição e compreensão


37

de conhecimentos mal descodificados na sua forma comunicativa, que muitas vezes,

se encontram relacionadas com a leitura, a escrita e o raciocínio lógico dedutivo.

Tais desordens são consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que

sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central que pode ocorrer

durante todo o ciclo de vida humano. Problemas da aprendizagem provavelmente

podem ter origem na autorregulação comportamental da percepção e da interação

social, apesar de ocorrerem outras deficiências ou distúrbios sócio emocionais com

influências extrínsecas, nomeadamente as diferenças culturais que podem ser

insuficientes ou inapropriadas à instrução. O resultado destas dificuldades de

aprendizagem podem ser derivados por problemas intrínsecos do indivíduo, embora

sejam mencionadas as influências extrínsecas num determinado tipo de transtorno

neurodesenvolvimental, com origem em fatores neurobiológicos que por sua vez,

comprometem a aprendizagem das habilidades fundamentais, ou seja, ler, escrever,

realizar cálculos de aritmética ou de raciocínio lógico dedutivo. Os primeiros sinais

de alerta para as dificuldades na aprendizagem podem aparecer na infância e

tornar-se-ão perceptíveis depois de iniciada a sua aprendizagem formal, podendo

ser diagnosticado de forma confiável. Estas habilidades são a base para outras

competências definidos em critérios diagnosticados pela dificuldade de uso das

habilidades fundamentais, conforme indicado pela presença de pelo menos um dos

sintomas que tenha persistido por um tempo superior a seis meses. As intervenções

dirigidas a essas dificuldades apresentadas a nível escolar da seguinte forma:

1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço;

2. Dificuldade de compreender o sentido do que é lido;

3. Dificuldade para ortografar ou escrever ortograficamente;

4. Dificuldade com a expressão escrita;


38

5. Dificuldades em dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculos;

6. Dificuldades no raciocínio;

As habilidades fundamentais são afetadas substancialmente no individuo

abaixo da sua idade cronológica. Ao nível do seu desempenho escolar ou

profissional das atividades quotidianas realizadas pelo individuo deverão ser

registadas após uma avaliação ou investigação do seu passado, que por sua vez

será documentado historialmente ao nível das suas dificuldades de aprendizagem.

A avaliação familiar, individual, médica, escolar padronizada deverá ser

iniciada nos anos escolares mais baixos, de forma alertar e sinalizar as deficiências

intelectuais, a acuidade visual ou auditiva não corrigida, e outros transtornos mentais

ou neurológicos que muitas vezes são derivados à falta de proficiência na língua, por

uma má e inadequada gestão da instrução educacional.

As exigências das habilidades psicomotoras que sejam detectadas através da

avaliação das capacidades motoras, não podem ser explicadas por critérios de

diagnósticos essenciais, para detectar a dificuldade de aprendizagem que se

apresenta no momento da avaliação de problemas com critérios que se encontram

comprometidos.

Os transtornos de aprendizagem são definidos, muitas vezes, por

necessidades educativas especiais, no qual o indivíduo apresenta dificuldades

graves e persistentes na aprendizagem de um determinado domínio da escrita ou

nos cálculos de aritmética, nos quais, não podem ser atribuídas a fatores

secundários, tais como déficits cognitivos ou sensoriomotores ou dificuldades

emocionais, baseados em experiências escolares inadequadas pela falta de

carência sociocultural. A parte do diagnóstico se fundamenta num juízo clínico, uma


39

vez que não existem marcos biológicos ou cognitivos confiáveis para a detecção dos

respetivos transtornos de aprendizagem.

Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares são

transtornos baseados em padrões normais de aquisição de habilidades, que são

perturbados por estágios iniciais de desenvolvimento. Eles não são simplesmente

uma consequência de uma falta de oportunidade de aprender, nem são decorrentes

de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida, ao contrário,

julga-se que os transtornos são originários por anormalidades no processo cognitivo,

que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica.

Para se estabelecer o diagnóstico desse tipo de transtorno, será necessário

prevenir as dificuldades que se destacam no início de uma má infância, caraterizada

por um atraso no desenvolvimento de atividades que se encontram diretamente

ligados à maturidade biológica do sistema nervoso central do individuo.

As raízes dos transtornos na saúde mental do indivíduo, muitas vezes, são

originada em condições desfavoráveis do ambiente onde vivem, propiciadas por

situações de falta de estímulos ou estímulos inadequados ao seu desenvolvimento

psicomotor. Os fatores ambientais tem um papel fundamental na génese dos

problemas emocionais do aluno, mesmo quando são oferecidas diferentes

oportunidades de reorganização das informações dos sistemas funcionais adquiridos

pelos sentidos em espaço social.

As deficiências orgânicas podem ser compensadas em condições ambientais

favoráveis, do provável processo de auto-organização das estruturas cerebrais. As

interações mal sucedidas em espaço cineantropológico leva a uma pobre auto-

organização interna, provocando déficits não compensados. A privação ambiental é

considerado um fator funcional para estimular os déficits, por outras palavras, as


40

conexões realizadas entre lesões orgânicas e distúrbios funcionais na infância não

são tão definitivas como nos adultos.


41

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