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Universidade José Eduardo dos Santos

Instituto Superior Politécnico da UJES

Curso: Enfermagem

DOCENTE
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Huambo, de 2023
Universidade José Eduardo dos Santos
Instituto Superior Politécnico da UJES

Trabalho em grupo de Psicologia

Turma: 301
Nível Académico: 3º Ano
Período: Regular

Feito por
joão Freitas Hulilapi
Resumo
Trata-se de um trabalho investigativo que tem como objectivo de compreender dos
processos de desenvolvimento humano na infância e adolescência, nosso objetivo é
colocá-lo em contato com as pesquisas realizadas na área de desenvolvimento humano na
infância e adolescência e auxiliá-lo a articular a teoria psicológica com a prática educativa
de maneira reflexiva. Os procedimentos metodológicos adotados pautaram-se na revisão
bibliográfica de alguns autores que tratam a respeito do tema. Enfatizamos que não temos
a pretensão de abarcar a totalidade das discussões teóricas e práticas referentes aos
conteúdos que lhes serão apresentados no decorrer de nossos estudos, mas sim lhe
propiciar direções que deverão ser ampliadas e aprofundadas na sua jornada em busca do
conhecimento.
Os procedimentos metodológicos adotados pautaram-se na revisão bibliográfica de
alguns autores que tratam a respeito do tema.
Palavras chave: Desenvolvimento, infância e adolescência
Conteúdo
1. Introdução ............................................................................................................................. 5
1.1. Objectivos do trabalho ................................................................................................. 6
2. Desenvolvimento ................................................................................................................... 7
2.1. Infância .......................................................................................................................... 7
2.1.1.Fazes da infancia ................................................................................................... 7
2.1.2. Primeira infância .......................................................................................... 7
2.1.3. Fase pré-escolar............................................................................................. 7
2.1.4. Período de latência ........................................................................................ 8
2.1.5. Estágio da puberdade ................................................................................... 8
2.1.6.As fases do desenvolvimento infantil ................................................................... 8
2.1.7. Fase sensório-motor ....................................................................................... 8
2.1.8. Fase pré-operatória........................................................................................ 8
2.1.9. Fase operatória concreta ............................................................................... 9
2.1.10. ..................................................................................................................
Fase operatória formal ......................................................................................... 9
2.2. Adolescencia .................................................................................................................. 9
2.2.1.Desenvolvimento psicossocial na adolescência ................................................. 14
3. Conclusão ............................................................................................................................ 18
4. Referencia Bibliografica ..................................................................................................... 19
Introdução
Psicologia do Desenvolvimento é uma disciplina que se dedica a estudar as mudanças ou
a ausência delas que atingem as pessoas no decorrer de suas vidas. Parte desse campo a
máxima de que todo ser humano passa por algumas fases ao longo de sua existência,
marcadas, principalmente, por períodos de grandes transformações, também chamados
de períodos de transição rápida.

A especificidade da Psicologia do Desenvolvimento humano está em estudar as variáveis


externas e internas aos indivíduos que levam às mudanças no comportamento em períodos
de transição rápida (infância, adolescência e envelhecimento).

Teorias contemporâneas do desenvolvimento aceitam que as mudanças são mais


marcadas em períodos de transição rápida, mas mudanças ocorrem ao longo de toda a
vida do indivíduo, não só nestes períodos. Portanto, é preciso se ampliar o escopo do
entendimento do que é o estudo do desenvolvimento humano.

O desenvolvimento humano, portanto, é um processo de equilibração progressiva, uma


passagem de um estado de menor equilíbrio para um estado de maior equilíbrio. Isto
ocorre no âmbito da inteligência, da vida afetiva, das relações sociais, bem como no
organismo de um modo geral. Constantemente, temos necessidades ou motivos que nos
levam a agir no ambiente em que estamos, a fim de alcançarmos um equilíbrio.

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Objectivos do trabalho
Geral:

 Compreeder o processo de desenvovimento humano infância e adolescência

Especificos:

 Explicar como funciona o processo de desenvolvimento humano


 Saber os conflitos que o ser humano enfrenta desde a infância até a adolescência
 Infatizar a importançia do estudo dos processo de desenvolvimento humano na
infância e adolescência

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Desenvolvimento
Os seres humanos passam por 4 fases na vida, que são: infância, adolescência, idade
adulta e velhice. Elas ocorrem dentro do ciclo da vida que possui dois grandes eventos: o
nascimento e a morte. Cada uma delas ocorre na espécie humana a partir de uma idade
específica, embora não seja igual para todos.

Infância
A análise do desenvolvimento infantil é uma das tarefas mais difíceis e complexas que
compõe o campo da epistemologia do conhecimento humano. Durante a história da
construção do conhecimento, o próprio significado do termo “infância” foi alvo de
diversas formulações e interpretações em detrimento das diferentes definições adotadas
pelos dicionários, pensadores e correntes de pensamento em seu determinado período
histórico, (FROTA, 2007).

No que se refere à compreensão da criança e do seu desenvolvimento, Cohn (2005),


relembra as ideias de “tabula rasa”, “filhas do pecado” e “habitantes do paraíso”,
atribuídas à criança pela sociedade durante um grande período da história. Até o final do
século XVIII, as crianças eram vistas como adultos em miniaturas, desta forma, seus atos,
suas vestes, sua forma de falar e de pensar, incluindo o desenvolvimento de suas
capacidades e habilidades motoras, cognitivas e sociais, eram entendidas e representadas
como as de meros adultos “menores” incompetentes, negligenciando a “teia” das
importantes particularidades, potencialidades e complexidades contidas nessa fase da
vida.

Fazes da infancia
Primeira infância
A partir do nascimento até os primeiros cinco anos de vida a criança vive a primeira
infância, fase em que as descobertas do mundo externo são essenciais para que o menor
se integre a sua realidade e crie laços afetivos com pais, irmãos e avós, por exemplo.
Assim, até o quinto ano o pequeno deve desenvolver as habilidades básicas para o dia a
dia, como andar, falar e expressar seus sentimentos de maneira equilibrada.

Antes da primeira infância, há ainda o período intrauterino ou gestacional que são os nove
meses necessários para o corpo e os órgãos do bebê se formarem, até ele estar pronto para
nascer. Porém, essa fase não é considerada quando se fala das etapas do desenvolvimento
infantil psicossocial e, portanto, não está entre o foco dos estudos dos pedagogos e
psicólogos.

Fase pré-escolar
Entre os cinco e os seis anos a criança viverá sua fase de pré-escola, quando tem o
primeiro contato com outras crianças e adultos fora do seu núcleo familiar. Essa é uma
das etapas do desenvolvimento infantil em que as habilidades motoras são aperfeiçoadas,
aprendendo assim a escrever, desenhar e praticar esportes, por exemplo.

E aqui, segundo a psicanálise freudiana, nessa mesma fase a criança pode passar ainda
pelo período edipiano, no qual nutre um apego desmedido para com a figura materna, no

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caso dos meninos, ou paterna, como ocorre com as meninas. Neste momento, a relação
familiar pode ser decisiva para a área emocional e sentimental e refletir até mesmo em
como o pequeno lidará com sua própria sexualidade e futuros relacionamentos amorosos
na vida adulta.

Período de latência
Após os seis anos a criança entra oficialmente na segunda infância, chamada de período
de latência. Ainda seguindo a teoria do psicanalista Freud, essa pode ser uma das etapas
do desenvolvimento infantil de maior conflito entre os filhos e os pais e/ou responsáveis
incluindo os próprios educadores e coordenadores escolares.

Acontece que no período de latência a criança está aprendendo a conviver com suas
frustrações e realizações, tendo reações extremamente negativas quando contrariada.
Dessa forma, pedagogia afetiva é uma das metodologias adotadas pelas instituições de
ensino para auxiliar na formação da inteligência emocional dos alunos.

Estágio da puberdade
Dos dez aos dezoito anos seu filhote estará passando pela puberdade e adolescência,
estágios em que os hormônios começam a agir para prepararem o corpo e a cognição para
a vida adulta. O conflito afetivo ainda pode ser marcante, entretanto, tende mais para os
relacionamentos amorosos, enquanto aspectos sociais e intelectuais se fortalecem.

O salto no amadurecimento socioemocional é uma das últimas etapas do desenvolvimento


infantil e serve para marcar a finalização deste ciclo, deixando para trás os
comportamentos de criança para dar lugar a decisões importantes, como a escolha de uma
universidade e a procura por oportunidades de emprego.

As fases do desenvolvimento infantil


Para compreender todas as transformações que a garotada vivencia em cada faixa etária,
é interessante nos aprofundarmos um pouco mais nas etapas do desenvolvimento infantil
e nas mudanças que ocorrem em algumas áreas do cérebro. Por isso, abaixo listamos as
quatro fases defendidas por Piaget:

Fase sensório-motor
Chamada de sensório-motor, a primeira das etapas do desenvolvimento infantil envolve
o reconhecimento de si enquanto ser que pensa, sente e faz. Essa fase pode durar até os
dois anos, período que o bebê leva para ter consciência do seu corpo como um todo, dos
seus movimentos e da interação com o mundo.

Fase pré-operatória
Já se tratando das etapas do desenvolvimento infantil criativo, a pré-operatória é a mais
marcante, representando toda a faixa dos dois aos sete anos — e sendo percebidas pelas
invenções de brincadeiras, pelo “faz de conta” e, especialmente, pela comunicação mais
clara e efetiva por meio da fala.

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Fase operatória concreta
As etapas do desenvolvimento infantil começam a ficar mais consolidadas com a chegada
dos oito anos e permanecem assim até cerca dos 12 anos. É aí que o raciocínio fica ágil e
coerente, estágio perfeito para introduzir conceitos mais complexos nas tarefas
escolares e intensificar o aprendizado.

Fase operatória formal


Depois dos 12 anos estima-se que as etapas do desenvolvimento infantil estejam voltadas
a aperfeiçoar alguns conceitos sociais, bem como assimilá-los com clareza concepções
mais abstratas o que inclui perceber que sente amor pelos pais e raiva diante de situações
de injustiça, por exemplo. Além disso, vale ressaltar que o senso de empatia ganha
bastante força nessa época.

Adolescencia
Ao considerarmos a adolescência como um processo histórico, estamos assumindo que
olhar o adolescente hoje requer situá-lo em uma sociedade cujas mudanças vertiginosas
nos põem constantemente frente a novos valores, desafios e dilemas no campo da
Psicologia e da Educação de crianças e adolescentes.

Assim, o conceito de adolescência é mutável e as características definidas pelas teorias


não podem ser pensadas de modo descontextualizado. Falar de adolescência, hoje, nos
leva a falar de temas importantes como a violência, o uso de drogas, as doenças
sexualmente transmissíveis, a influência dos meios de comunicação de massa entre
outros. O consumo, os estereótipos construídos e mantidos principalmente através da
mídia moldam comportamentos, definem valores e até sentimentos entre os adolescentes.

À luz dos contributos da Psicologia, a adolescência começa na biologia e termina na


cultura, de modo que nas sociedades pouco desenvolvidas essa fase pode ser breve, em
oposição às sociedades mais desenvolvidas do ponto de vista tecnólogico onde se tenderá
a prolongá-la (Alves, 2002; Traverso-Yepez & Pinheiro, 2002).
“A adolescência, que literalmente significa crescer dentro da maturidade, é geralmente
considerada como o processo psicológico, social e maturacional iniciado pelas alterações
puberais (Whaley & Wong, 1999, 415).

Segundo Amaral, existem inúmeras teorias que procuram explicar e predizer a


adolescência. Se muitas delas, com pequenas divergências terminológicas ou de tempo,
são semelhantes no seu conteúdo, outras há que apresentam posições opostas, embora
implicando uma maneira particular de estudar a natureza do desenvolvimento humano.
(1978, 47).

De uma forma geral, um dos problemas fulcrais é a dificuldade em precisar os limites da


adolescência, não havendo unanimidade nem em função da indicadora idade cronológica,
nem quanto às características psicossociológicas. Se parece haver algum consenso quanto
ao início da adolescência com a puberdade, a dificuldade aumenta quando se pretende
delimitar o seu términus (Medeiros, 2000).

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O adolescente busca ultrapassar as gerações que o antecederam, encontrando soluções
para os problemas sociais com os quais se depara, transformando o mundo, utilizando-se
para isso do pensamento formal.
Adolescência: período de transição

Uma concepção de adolescência muito mediatizada que é partilhada por diversos autores
assenta na ideia de ser uma fase transitória entre dois períodos estáveis: a infância e a
idade adulta (Assis et al., 2003).

Para Martins, Trindade e Almeida (2003), a adolescência deve ser entendida como um
período e um processo psicossociológico de transição entre a infância e a fase adulta, que
depende das circunstâncias sociais e históricas para a formação do sujeito. Também
Muñoz (2002) partilha esta ideia, encarando-a como uma etapa do ciclo de crescimento
que marcaria o fim da infância e a passagem para a idade adulta. Assim, a adolescência
caracterizar-se-ia por ser uma fase da vida em que o indivíduo deixa de ser criança, mas
também ainda não seria adulto (Alves, 2002).
Esta concepção da adolescência como um período de transição encara-a como uma fase
de desenvolvimento que representa um período transitório entre as vinculações da
infância, estabelecidas fundamentalmente no contexto da relação pais- -filho, e as
ligações afectivas adultas que extravasam as relações familiares (André & Silva, 2005).

Desta forma, o adolescente surpreende-se a si próprio e aos que lhe estão mais próximos
ao manifestar afectos, atitudes e comportamentos da criança que já não é, ao mesmo
tempo que executa actividades do adulto que ainda não é. Os defensores acérrimos desta
concepção apontam como argumento principal a origem etimológica da palavra
adolescência, derivada do verbo latino “adolescere” que significa crescer ou crescer até a
maturidade. No entanto, parece estar implícito um processo de crescimento que aponta
para as mudanças que começariam com o início da puberdade e terminariam quando as
responsabilidades adultas fossem assumidas. Já Muuss (1976, in Martins, Trindade &
Almeida, 2003) enfatizava que a adolescência é um período de transição onde o indivíduo
vive uma situação marginal na qual devem ser feitos novos ajustamentos entre o
comportamento de criança e o comportamento de adulto.

Este autor acrescenta ainda que, cronologicamente, a adolescência inicia-se cerca dos 12-
13 anos e terminará pelos 20/21/22 anos, com grandes variações individuais e culturais.
Desta forma, a adolescência seria uma categoria vinculada à idade, referindo-se à
biologia, ao estado e à capacidade do corpo.
Adolescência: período de crise

“A adolescência é uma escolha do sujeito”, quem o afirma é Alberti (2002, 185) que
considera que o indivíduo pode escolher atravessá-la, ou não. Para este autor, a
adolescência, como escolha do sujeito, implica pagar o preço do desligamento dos pais,
assumir a castração do Outro. Ou seja, ser adolescente implicaria uma separação quase
radical.

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A adolescência tem sido vista desde a Antiguidade pelo prisma da impulsividade e
excitabilidade. Já Aristóteles (300 anos a.C.) considerava os adolescentes apaixonados,
irascíveis e com tendência a se deixarem conduzir pelos impulsos.

Por sua vez, Platão advertia quanto ao uso de bebida alcoólica antes dos 18, pois dizia
que não se pode colocar “fogo no fogo” (Assis et al., 2003).

Para Muñoz (2002), a adolescência é considerada como um período crítico de


desenvolvimento, referindo-se aos anos tormentosos, compreendidos entre o final da
infância e o início da idade adulta. A adolescência representaria, desta forma, um período
de tensões particulares na nossa sociedade. Dizer que os adolescentes vivem um período
de crise significa encarar a adolescência como uma fase de reorganização emocional,
turbulência e instabilidade, caracterizada pelo processo biopsíquico a que os adolescentes
estão destinados. A corrente de identificação da adolescência como uma fase de
“tempestade e stress” e dos adolescentes como conflituosos, rebeldes e conturbados ainda
permeia a sociedade, embora hoje se perceba que esta concepção foi muito exacerbada
(Assis et al., 2003).

Na verdade, o adolescente procura definir-se através das suas actividades, inclinações,


aspirações e relações afectivas. Martins, Trindade e Almeida (2003) referem ainda que
certos meios de comunicação generalizam traços inferidos de determinadas minorias para
toda a população adolescente, tais como a exaltação das manifestações superficiais de
inconformismo. “O prolongamento da dependência ao longo da segunda metade da
segunda década de vida, o vasto leque de diferenças de estatuto a partir dos 15 anos, a
incerteza dos adultos acerca do que fazer e do que esperar e a crescente tendência para
projectar estes problemas na fase da adolescência, aplicando-se soluções estereotipadas
apenas no caso dos marginais, tudo isto contribui para que a sociedade aplique aos
adolescentes a incerteza como o seu estatuto próprio.” (Wall, 1968/1975, 17)
Adolescência: período de transformações

Partindo do conceito de adolescência como um período de transformações e mudanças,


importa caracterizá-lo de modo inequívoco reportando-nos às principais “metamorfoses”
por que passam os adolescentes.

“É o momento do auto- -descobrimento. Passa a observar-se interiormente, e vai-se


descobrindo, umas vezes com prazer, outras com desgosto, a sua própria personalidade.”
(Amaral, 1978, 59). De facto, as mudanças vividas pelos adolescentes no âmbito
fisiológico, cognitivo, social, afectivo e vocacional colocam reais desafios à auto-estima,
à autonomia e à aquisição de uma identidade pessoal.

“A novidade destas transformações significa também experimentação de papéis,


aprendizagem de novos comportamentos, uma moratória que pode ser facilitada e até
enriquecida, quando integrada num espaço relacional.” (Ferreira & Ferreira, 2000, 200).

Desta forma, ir-se-ão aprofundar os aspectos relativos ao desenvolvimento físico,


cognitivo, identitário, moral e sócio-afectivo, sem a pretensão de abarcar toda a
complexidade da temática, nem tão pouco de a esgotar. As transformações físicas que

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ocorrem ao longo da adolescência não são mais do que a continuidade do
desenvolvimento do ciclo vital do indivíduo. No entanto, importa conhecer os
mecanismos que potenciam e controlam essas transformações, bem como o modo como
essas mudanças afectam o indivíduo.

Já Trotter, em 1916, defendia que a puberdade e a maturidade sexual completa seriam os


aspectos centrais da adolescência, originando mudanças de humor, problemas
comportamentais e psicológicos (Wall, 1968/1975).
A adolescência é também um período de desenvolvimento intelectual onde emergem as
operações formais, o último estádio do desenvolvimento cognitivo proposto por Piaget
(1973). Assim, a adolescência caracterizar-se-ia pela construção de uma nova forma de
pensamento, o período das operações formais, marcado pelo pensamento abstracto,
combinatório, hipotético-dedutivo e proposicional. Neste período, o indivíduo irá ampliar
as capacidades conquistadas na fase anterior, conseguindo já raciocinar sobre hipóteses,
formar esquemas conceptuais abstractos e executar operações mentais dentro dos
princípios da lógica formal. Desta forma, a criança adquire a "capacidade de criticar os
sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais
e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia)" (Terra, 2006, 8). Para Claes
(1985), a aquisição do pensamento hipotético-dedutivo caracteriza um novo equilíbrio
estabelecido entre duas estruturas cognitivas: o domínio da análise combinatória e o
acesso a uma forma mais completa de reversibilidade do raciocínio.

Uma outra vertente a analisar no âmbito da caracterização da adolescência reporta-se ao


desenvolvimento da identidade. No entanto, antes de se poder entender como se
desenvolve a identidade nos adolescentes, é necessário compreender este universo
conceptual. “Os termos identidade, self, carácter e personalidade têm sido usados para
definir a unicidade que diferencia o indivíduo dos outros; uma distinção clara entre os
termos é, no entanto, difícil de estabelecer.” (Costa, 1991, 20).

A par desta disparidade terminológica, o conceito de identidade tem sido apontado quer
como algo a ser explicado psicológica e socialmente, quer como aquilo que motiva o
indivíduo para a acção. A construção da identidade pessoal é considerada a tarefa mais
importante da adolescência, o passo crucial da transformação do adolescente num adulto
produtivo e maduro (Claes, 1985; Schoen-Ferreira, Aznar-Farias & Silvares, 2003).

De facto, parece consensual que se a adolescência começa com a puberdade, o seu fim
estará relacionado com as mudanças sociais, ou seja, quando o indivíduo completa as
tarefas desenvolvimentais do período. “Isto porque a construção da identidade não fica
limitada ao período cronológico da adolescência (com final entre 18 ou 20 anos), mas
prolonga- Adolescência se até que o indivíduo consiga, pelo menos, algumas tarefas,
como a carreira e a independência económica.” (Schoen-Ferreira, Aznar-Farias &
Silvares, 2003, 111).

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Por outro lado, paralelamente ao desenvolvimento físico, cognitivo e da identidade dos
adolescentes surge o desenvolvimento moral, marcado pela adopção de ideais e pela
defesa de princípios ético-morais.

Para Piaget, o desenvolvimento moral ocorre em diversas etapas, de acordo com os


estádios do desenvolvimento humano, afirmando que " toda moral consiste num sistema
de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo
adquire por estas regras" (Piaget, 1977, in Terra, 2006, 8). Isso porque Piaget defende que
nos jogos colectivos as relações interindividuais são regidas por normas (herdadas
culturalmente) que podem ser modificadas se houver consenso entre os jogadores, sendo
que o dever de respeitá-las implica a moral por envolver questões de justiça e honestidade.

Uma última perspectiva da adolescência cuja análise é imperativa, refere-se ao


desenvolvimento sócio-afectivo. Vieira (1995) é uma das autoras que abordam a
adolescência por este prisma ao considerar que o indivíduo é confrontado com as tarefas
capazes de mudar drasticamente o seu mundo, tais como: alteração nas relações com os
pais (dependência/autonomia), com os companheiros (importância do grupo) e a
formação da identidade sexual (corpo, amor).

O papel da família junto dos adolescentes consiste em auxiliá-los a preparem-se para a


autonomia e para assumirem papéis adultos de carácter social, afectivo-relacional e
laboral (Claes, 1985; Relvas, 2000).

No final da adolescência, o subsistema parental deixa de ter como função o controlo e a


educação dos mais novos, passando a exercer uma função de suporte relacional e afectivo,
do mesmo modo que o subsistema filial deixa de estar numa posição de dependência
hierárquica.

“A emancipação da tutela parental constitui uma tarefa universal da adolescência. A


substituição progressiva da família por novos agentes de socialização leva-nos a
considerar esta passagem como um dos problemas psicobiológicos fundamentais da
adolescência.” (Claes, 1985, 122).

Ferreira e Ferreira (2000) consideram ainda que a deslocação do centro das relações
afectivas dos pais para os pares possibilita a emergência do grupo como um local de
experimentação de modelos culturais que a relação familiar não permite.

Na adolescência, as amizades que se estabelecem são deveras importantes para o


desenvolvimento do indivíduo, apesar do seu significado ser diferente para cada um dos
sexos/géneros. Enquanto que nos rapazes estas relações de amizade se orientam para a
assertividade e para a acção, já nas raparigas será a satisfação afectiva e o relacionamento
empático que assumem particular relevância.

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Desenvolvimento psicossocial na adolescência
O desenvolvimento psicossocial na adolescência é um processo longo e cumulativo
influenciado pelas experiências prévias do indivíduo, pelas mudanças físicas e cognitivas
do período e pelos contextos sociais e interpessoais em que o jovem vive.

É caracterizado por duas tarefas de desenvolvimento inter-relacionadas e que acontecem


simultaneamente. Uma delas é o desenvolvimento de senso de independência, ou seja,
desenvolvimento de competência e autonomia em relação à influência de outras pessoas.
A outra é o desenvolvimento do senso de interdependência: desenvolvimento de conexões
e compromissos com indivíduos e instituições sociais – além da família – de maneira cada
vez mais madura.

A adolescência, portanto, é o período de desenvolvimento humano durante o qual a


criança dependente evolui para a vida adulta independente. Começa por volta dos 10 anos
e termina próximo dos 20 anos de idade. É um momento da vida no qual a pessoa passa
por intensas transformações físicas, cognitivas, emocionais e comportamentais.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é dividida em três fases:
pré-adolescência (dos 10 aos 14 anos), adolescência (dos 15 aos 19 anos) e juventude
(dos 15 aos 24 anos).

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera a adolescência a faixa


etária dos 12 até os 18 anos de idade completos, sendo referência, desde 1990, para a
criação de leis e programas que asseguram os direitos desta população.

À medida que os adolescentes se desenvolvem, eles gradualmente passam mais tempo se


comportando como adultos e menos tempo se comportando como crianças. Mas a
transição da infância para a idade adulta pode não ocorrer de maneira uniforme e contínua.

Períodos de crescimento podem ser intercalados com fases de regressão. Mesmo com
essas diferenças, o ponto em comum e que distingue a adolescência, é a transformação.
Assumir mudanças na imagem corporal, adotar valores e estilo de vida, conseguir
independência dos pais e estabelecer uma identidade própria são as principais tarefas da
fase.

Autoconsciência
No início da adolescência, o indivíduo começa a desenvolver a capacidade de pensamento
lógico e abstrato. Essa crescente sofisticação leva a um aumento da consciência de si
próprio e da capacidade de refletir sobre si mesmo.

Devido às várias evidentes alterações físicas da adolescência, essa autoconsciência, com


frequência, se transforma em constrangimento com um sentimento de embaraço. O
adolescente também se preocupa com seu aspecto físico e sua atratividade e tem elevada
sensibilidade a diferenças em relação aos outros adolescentes.

No meio da adolescência, o fardo de tomar decisões sobre a futura carreira se torna cada
vez mais pesado, e a maioria dos adolescentes não tem uma meta claramente definida,
ainda que gradualmente perceba suas áreas de interesse e seus talentos.

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Os adolescentes também aplicam suas novas capacidades de reflexão ao questionamento
de problemas morais. Os pré-adolescentes interpretam o correto e o incorreto como
categorias fixas e absolutas.

Adolescentes mais velhos, com frequência, questionam padrões de comportamento e


podem rejeitar tradições. Essa reflexão idealmente culmina no desenvolvimento e na
internalização do código moral do próprio adolescente.

Comportamentos de risco
Muitos adolescentes começam a participar de comportamentos arriscados, como dirigir
em alta velocidade. Também começam a experimentar sexualmente, e alguns podem
tentar práticas sexuais arriscadas.

Alguns adolescentes podem praticar atividades ilegais, tais como furto e uso de álcool e
drogas. Especialistas especulam que esses comportamentos ocorrem, em parte, porque os
jovens tendem a superestimar suas próprias capacidades enquanto se preparam para sair
de casa.
Estudos recentes do sistema nervoso também mostram que as partes do cérebro que
suprimem impulsos não amadurecem completamente até o início da idade adulta.

Emoções
Durante a adolescência, as regiões do cérebro que controlam as emoções se desenvolvem
e amadurecem. Essa fase é caracterizada por surtos aparentemente espontâneos, mas os
adolescentes gradualmente aprendem a suprimir pensamentos e ações impróprios e
substituí-los por comportamentos orientados a metas.
Uma área de conflito típica é o desejo normal do adolescente de buscar mais liberdade,
que entra em conflito com os instintos dos pais ou outros responsáveis de proteger seus
filhos de perigos.

A frustração causada por tentar crescer em muitas direções é comum. A comunicação


pode ser desafiadora à medida que os pais e os adolescentes renegociam seu
relacionamento.

Grupos
A família é o centro da vida social das crianças. Já durante a adolescência, o grupo de
amigos começa a substituir a família como o principal foco social.

Tais grupos geralmente são estabelecidos devido a distinções em termos de vestuário,


aparência, atitudes, passatempos, interesses e outras características que podem parecer
profundas ou triviais para quem está de fora.

No início, os grupos de adolescentes são, em geral, do mesmo sexo, mas, normalmente,


se tornam mistos mais tarde na adolescência. E adquirem importância porque validam as
escolhas dos adolescentes e os apoiam em situações de estresse.

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Sexualidade
O início da maturação sexual – puberdade – é normalmente acompanhado por um
interesse na anatomia sexual, o que pode ser fonte de ansiedade. À medida que os
adolescentes amadurecem emocional e sexualmente, eles podem começar a participar de
comportamentos sexuais.

A masturbação é comum entre as meninas e praticamente universal entre os meninos. A


experimentação sexual com um parceiro frequentemente começa como toques e carícias
e pode progredir para sexo oral, vaginal ou anal.

Mais tarde na adolescência, a sexualidade passa de exploratória para uma expressão de


intimidade e de partilha.

À medida que os adolescentes navegam por sua sexualidade, eles também podem começar
a questionar sua identidade sexual e identidade de gênero.

Transtornos mentais
A incidência de transtornos mentais aumenta durante a adolescência, o que pode resultar
em ideação e comportamento suicida.

Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa, são relativamente


comuns entre meninas, e pode ser difícil detectá-los, porque os adolescentes fazem o
possível para ocultar os comportamentos e as alterações do peso.

O uso de substâncias como álcool e outras drogas, em geral, começa durante a


adolescência. Bebedeiras são algo comum nessa época e podem originar problemas de
saúde tanto agudos quanto crônicos.

Pesquisas apontam que jovens que começam a consumir álcool muito cedo têm maior
propensão para desenvolver transtornos relacionados ao uso de álcool quando adultos.

Apoio responsivo
Em resumo, a adolescência é um período de desenvolvimento humano caracterizado por
mudanças psicossociais intensas.

Nesse contexto, os principais ingredientes para o desenvolvimento psicossocial bem-


sucedido englobam um ambiente familiar em que os cuidadores sejam responsivos e
apoiem a necessidade de individuação do adolescente.

Incluem, também, o envolvimento em uma rede social de pares de sexo oposto e do


mesmo sexo que estejam em uma trajetória de desenvolvimento psicossocial saudável e
oportunidades para experimentar e explorar novas responsabilidades e relacionamentos.

Ferramenta
Para se conectar com o adolescente com base na psicologia positiva, de autoria da
psicóloga Lêda Zoéga Parolo e publicados pela editora RIC Jogos, foram desenvolvidos
como uma ferramenta terapêutica para o atendimento especializado a essa faixa etária.

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Têm como objetivo facilitar a conexão com o adolescente, auxiliando na comunicação
com uma linguagem acessível e de forma que o jovem seja convidado a dar sua versão
sobre diferentes tópicos sem ser julgado ou cobrado.

Os 100 cards visam promover assuntos que fazem parte do dia a dia desses pacientes e
podem ser usados na psicoterapia e em outras situações da vida diária, como em uma
conversa em família.

Trazem questões que valorizam essa fase da vida, com pontos de reflexão que abordam a
própria adolescência, relacionamento com pais, comparação com os outros, o grupo,
bullying, medos, sexualidade, drogas, felicidade, etc.

Muitas cartas têm como base a psicologia positiva, que teve sua origem em 1998 com o
psicólogo norte-americano Martin Seligman e que tem como ideia principal a busca do
melhor do indivíduo.

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Conclusão
Em suma a Psicologia do Desenvolvimento é uma corrente que atua como base na
construção e no aperfeiçoamento dos indivíduos. Ao estudar as fases de desenvolvimento
humano, é possível apontar comportamentos positivos e prejudiciais. Com isso, pode-se
propor melhorias e corrigir erros nos diversos processos pedagógicos que cercam as
pessoas em todas as suas fases de vida. A Psicologia do Desenvolvimento,
principalmente, pode servir como importante instrumento no processo de
ensino/aprendizagem de crianças e jovens. A partir disso, permite a construção de um
relacionamento mais produtivo entre educadores e estudantes.

Ainda, esse campo do conhecimento pode embasar políticas governamentais de


promoção da saúde, solidificar as políticas educacionais e contribuir significativamente
com o bem-estar e com a qualidade de vida da população.

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Referencia Bibliografica

PAPALIA, Diane. E; OLDS, Sally. W; FELDMAN, Ruth. D. Desenvolvimento humano.


Porto Alegre: Artmed. 2010.
RAPPAPORT, C. R. Introdução. In: RAPPAPORT, C. R.; FIORI, W. R. e DAVIS, C.
Psicologia do Desenvolvimento: teorias do desenvolvimento conceitos fundamentais. São
Paulo: EPU, v.1, 1981a,
PALACIOS, J., MORA, J. Desenvolvimento físico e desenvolvimento psicomotor até os
2 anos. In: COLL, C. MARCHESI, A. PALACIOS, J. (Orgs). Desenvolvimento
psicológico e educação: psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artmed, 2004,
TAVARES, Eda Estevanell. O futuro de uma esperança. In: Revista da Associação
Psicanalítica de Porto Alegre. Adolescência. Ano V; Nº 11 – nov 1995.

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