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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA APRENDIZAGEM...............................4


A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM..........................................................5
A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO E
LINGUAGEM.....................................................................................................7
ESTÁGIOS DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA.....................................................9
TEORIAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
AMBIENTALISTA............................................................................................12
TEORIAS DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS JEROME BRUNNER.............13
TEORIA DE PIAGET SOBRE A LINGUAGEM E
PENSAMENTO..................................................................................................14
TEORIA DE VYGOTSKY SOBRE LINGUAGEM E
PENSAMENTO..................................................................................................16
CONCLUSÃO....................................................................................................17
REFERÊNCIAS..................................................................................................18
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MÓDULO 1

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA APRENDIZAGEM

“O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar


os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é
aprender a se desenvolver...”

- Jean Piaget, sobre a educação.

A condição de aprender é algo que acompanha o homem desde o seu surgimento. É a partir
dela que ele conserva idéias, produz conhecimentos (cultura), desenvolve tecnologias e sobrevive
ao meio ambiente. No início das formações familiares, esta necessidade de sobrevivência era mais
evidente, pois quem estava associado a um grupo tinha mais chances de sobreviver. Atualmente,
é muito difícil passar para o aluno a idéia de que o seu futuro depende de sua educação, uma vez
que não é algo tão evidente nos primeiros anos de vida. A aprendizagem pode acontecer de forma
livre ou supervisionada. Desta forma, entendemos que a todos os que desejam participar do
processo de aprendizagem como supervisor (professor) cabe a tarefa de deter informações e
aplicar conhecimentos para facilitar esse processo.

Conheceremos, nesta aula, alguns aspectos da Psicologia, ciência que muito tem a
contribuir com a aprendizagem. A importância do processo de construção do pensamento e da
linguagem, além de entrarmos em contato com diversos teóricos que contribuíram com a
Educação através do desenvolvimento de conhecimentos que ajudam professores, psicólogos, os
pais, ou qualquer pessoa que trabalha com o ensino.
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A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Você, caro aluno, pode estar se perguntando o porquê de estudar Psicologia e o que esta
ciência tem em comum com a aprendizagem. Pois bem, entendemos que entre a Psicologia e a
aprendizagem existem diversas ligações. Primeiramente, vamos entender como funciona essa
ciência que é tão nova no Brasil, mas que tem raízes tão antigas quanto a Filosofia de Platão.

O termo Psicologia tem origem grega e significa PSICHÉ=alma e LOGOS=estudo, estudo


da alma. Esta idéia de tentar compreender o homem é anterior a Platão (427-347 a.C.). Este, por
sua vez, caro aluno, explicava que o homem e todas as outras coisas existentes no mundo eram
cópias materiais e imperfeitas de um modelo perfeito que já existia no mundo das idéias.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, é reconhecido como o pai da Psicologia. Atribui-
se a ele a utilização da observação como método de investigação, pois, ao contrário de seu mestre,
acreditava que as idéias não podiam existir separadas das coisas materiais. Com o avanço
científico da Psicologia, o termo alma logo foi substituído por “mente” e a ele foi acrescentado o
estudo do comportamento.
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A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

A Psicologia tem como seu objeto de estudo o ser humano em seu desenvolvimento, desde
a gestação, passando pelas diversas fases da vida que envolvem a infância, a adolescência, a idade
adulta, a velhice e a morte. Aplica-se em estudar o indivíduo em relação com outras pessoas e
com grupos, o que nos permite considerar, desta forma, que onde está o homem está a Psicologia.

Busca estudar o organismo em toda a sua complexidade e variedade na medida em que este
responde aos estímulos do ambiente, caracterizados pelos eventos físicos e sociais a que está
submetido. Procura ainda compreender a natureza do homem através do entendimento das funções
psicológicas (intelectuais, sociais e emocionais) e de como elas ocorrem em cada período da vida,
através das manifestações dos desejos, dos medos, das esperanças, das aptidões, das limitações,
das capacidades humanas de adaptação (estresse), das causas naturais de seus conflitos internos e
do seu comportamento como ser social.
A Psicologia, vista como ciência, estabeleceu métodos de pesquisa e de observação que
orientam investigações válidas para a construção de um conjunto de informações coesas e
coerentes. Um dos resultados dessas pesquisas foi a criação de suas áreas de atuação, que são as
seguintes:
•Psicologia Clínica
•Psicologia Organizacional/Industrial
•Psicologia Educacional/Escolar
•Psicologia Social
•Psicologia do Desenvolvimento
•Psicologia Cognitiva/Aprendizagem
•Psicologia Jurídica
•Psicologia da Personalidade, entre outras.

É no campo da aprendizagem e dos aspectos cognitivos que nos deteremos com maior
profundidade neste curso, sem deixar de lado, é claro, os conhecimentos psicológicos que são
comuns a todas as áreas.
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PENSAMENTO E LINGUAGEM

- O significado das palavras e a formação de conceitos

... um problema deve surgir, que não possa ser


solucionado a não ser que pela formação de um novo
conceito.
(Vygotsky, 1962:55)

A partir do momento que a criança descobre que tudo tem um nome, cada novo objeto que
surge representa um problema que a criança resolve atribuindo-lhe um nome. Quando lhe falta a
palavra para nomear este novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses significados básicos de
palavras assim adquiridos funcionarão como embriões para a formação de novos e mais
complexos conceitos.
Pensamento, linguagem e desenvolvimento intelectual de acordo com Vygotsky, todas as
atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se
constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976).
Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são
determinadas por fatores congênitos. São, isto sim, resultado das atividades praticadas de acordo
com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve.
Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história
pessoal desta criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste processo
de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação de como a criança
vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança
através de palavras (Murray Thomas, 1993).
Para Vygotsky, um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é necessário
para que se entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma
expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter- relação fundamental entre
pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um
papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.
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PENSAMENTO E LINGUAGEM

- Zona de desenvolvimento proximal

Um dos princípios básicos da teoria de Vygotsky é o conceito de "zona de desenvolvimento


proximal". Zona de desenvolvimento próximo representa a diferença entre a capacidade da
criança de resolver problemas por si própria e a capacidade de resolvê-los com ajuda de alguém.
Em outras palavras, teríamos uma "zona de desenvolvimento auto-suficiente" que abrange todas
as funções e atividades que a criança consegue desempenhar por seus próprios meios, sem ajuda
externa. Zona de desenvolvimento próximo, por sua vez, abrange todas as funções e atividades
que a criança ou o aluno consegue desempenhar apenas se houver ajuda de alguém. Esta pessoa
que intervém para orientar a criança pode ser tanto um adulto (pais, professor, responsável,
instrutor de língua estrangeira) quanto um colega que já tenha desenvolvido a habilidade
requerida.
A idéia de zona de desenvolvimento proximal é de grande relevância em todas as áreas
educacionais. Uma implicação importante é a de que o aprendizado humano é de natureza social
e é parte de um processo em que a criança desenvolve seu intelecto dentro da intelectualidade
daqueles que a cercam (Vygotsky, 1978). De acordo com Vygotsky, uma característica essencial
do aprendizado é que ele desperta vários processos de desenvolvimento internamente, os quais
funcionam apenas quando a criança interage em seu ambiente de convívio.

- Linguagem, língua e fala

Onde há seres humanos, há pensamento e linguagem. Se você está lendo este texto, está
pensando e utilizando a linguagem. Assim sendo, preparamos este trabalho para que você possa
apropria-se dos conceitos de linguagem, em primeiro lugar fazendo a distinção fundamental entre
linguagem, língua e fala e, em seguida, discutindo as diferentes concepções sobre a aquisição da
língua, usando como referencial as abordagens inatistas, ambientalistas e interacionistas.
Vamos esclarecer: linguagem é todo e qualquer veículo que comunique algo a alguém. A
linguagem pode ser classificada em verbal e não verbal. Ela é verbal quando usa palavras (escritas
ou faladas) e é não verbal quando utiliza gestos, sons, cores, sons, imagens etc. Podemos pensar,
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assim, que a música é uma linguagem, assim como a dança, a escultura e a pintura. E todas as
formas de linguagem são importantes em nossa vida.
A língua é todo o código verbal estruturado, com regras específicas de funcionamento,
como por exemplo, a língua portuguesa, a língua inglesa ou alemã. E também a língua de sinais,
aqui no Brasil, a Libras (Língua Brasileira de Sinais), usada pela comunidade surda. A Libras é
uma língua visual que tem regras de funcionamento como as demais. Engana-se quem acredita
que os sinais usados pelas pessoas surdas são meras “reproduções” de comportamento ou se
referem ao uso do alfabeto, tal qual muitas vezes recebemos em pequenos cartões nos ônibus por
nossas grandes cidades.
Por fim, a fala é a expressão da língua. É a realização concreta da língua, feita por um
indivíduo da comunidade em determinado momento. É um ato individual que cada membro pode
efetuar com o uso da língua.
É fundamental, para a compreensão do ser humano, estudar as relações entre linguagem,
pensamento e suas implicações para a aquisição de uma língua.

Linguagem é todo e qualquer Língua é todo código verbal Fala é a expressão da língua.
veículo que comunique algo a estruturado, com regras
alguém (símbolos, ícones, específicas de funcionamento
sinais, signos) . (língua portuguesa, língua
inglesa etc.).

- Estágios de aquisição da língua

É comum dividir a aquisição da língua em estágios (PINKER, 2002; SCARPA, 2001). Em


primeiro lugar, temos o estágio do balbucio, por volta dos 4 meses. Não há qualquer produção
linguística identificável. O balbuciar dos bebês sinaliza o começo da aquisição da língua. O bebê
está começando a usar a voz para transmitir seus desejos. Nesse momento, é fundamental que os
pais respondam aos seus pequenos “gritos”. A língua só se desenvolverá na interação com seus
pares. Se o bebê balbucia e não há alguém para responder, para sorrir para ele, suas manifestações
nesse sentido tendem a ser menos frequentes.
Em seguida podemos identificar o estágio de uma só palavra, por volta de 12 meses.
Segundo Stillings (1989), o primeiro estágio verdadeiramente linguístico da criança parece ser o
estágio de uma palavra. Nesse estágio, que aparece por volta de um ano de idade, as crianças
produzem suas primeiras palavras.
Antes do segundo ano, temos o estágio de duas palavras cuja característica é a fala
telegráfica, que contém principalmente substantivos e verbos. Nesse momento, o vocabulário da
criança deve ser algo em torno de 20 a 100 palavras. A criança começa a juntar palavra em frases
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simples: “qué naná”, “qué papá” e compreende ordens familiares: “não mexa”, “dá para mim”,
“não pode”. A fala telegráfica é usada para numerosas finalidades:
✔ Identificar e nomear objetos (“sopa mamãe”);
✔ Pedir para repetir (“mais suco”);

✔ Afirmar que algo não existe (“não sapato”);


✔ Expressar posse (“casaco papai”);
✔ Indicar causas de uma ação (“mamãe embora”);
✔ Expressar localização (“blusa cadeira”);
✔ Indicar determinada qualidade (“carro vermelho”)
Por volta dos 2 anos, a criança forma frases com 3 palavras, emprega substantivos e verbos;
nomeia figuras; usa os pronomes “eu” e “você”. Seu vocabulário é de cerca de 200 a 300 palavras,
e ela compreende ordens faladas.
Logo após vemos uma “explosão” da língua. As crianças expandem seu vocabulário,
aprendem as regras de construção (negativa, passiva etc.) da língua, aprendendo seu sistema
fonológico e morfológico, aperfeiçoando sua pronúncia, e, geralmente, alcançando a forma adulta
de maneira bem rápida.

Resumo dos estágios


✔ 4 meses – Balbucia muitos sons da fala;
✔ 10 meses – Balbucio revela a língua familiar;
✔ 12 meses – Estágio de uma só palavra;

✔ 24 meses – Duas palavras, fala telegráfica;


✔ +24 meses – Desenvolvimento rápido para frases completas.
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Importante ressaltar neste momento que estamos falando de um desenvolvimento infantil


dentro dos padrões possíveis de “normalidade”, ou seja, uma criança que seja alimentada, amada,
que tenha com quem falar e que ouça a fala de seus pares. Esse é o motivo pelo qual o profissional
de psicologia deve conhecer esses estágios. Por que a criança de quatro anos, que chega ao
consultório ou que está na escola, não fala? Ou por que fala somente uma só palavra quando deseja
algo? Por que temos um estudante universitário que não consegue contar uma história completa,
com começo, meio e fim, ficando confuso também na interpretação? Como se deu o
desenvolvimento de sua fala? Havia alguém que falava com ele?

• No consultório, crianças de 5 anos com problemas de aprendizagem, sendo atendida por


psicólogo/a:
“Tentati” (Senta aqui)
“Abiqui” (Abre aqui – a lata de refrigerante)
Questionada, sua mãe responde: “Todo mundo lá em casa fala assim!”.
Análise a ser feita: um problema da comunidade de fala? Ou um problema de desenvolvimento?
Será um problema de todos na família?
Pois sabemos que com 05 anos não é esperado esse tipo de discurso.
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TEORIAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

- Teorias ambientalistas

As teorias ambientalistas dão ênfase às experiências e à educação do sujeito em detrimento


aos possíveis aspectos inatos. Importante ressaltar que não há uma “rejeição” dos aspectos inatos,
mas eles são considerados menos importantes para o desenvolvimento da língua.
Vamos ressaltar aqui a teoria de Skinner (1978). Para esse autor, as pessoas aprendem a
língua exatamente da mesma forma que aprendem comportamentos simples: pelo
condicionamento mecânico. A língua generaliza-se como qualquer outro comportamento, quando
um ato é repetidamente reforçado, o ato em si torna-se reforçador, e sua probabilidade de
ocorrência aumenta. O comportamento verbal se enquadra, nesta perspectiva, na sucessão de
mecanismos de estímulo-resposta-reforço: eles explicam o condicionamento que está na base da
estrutura do comportamento. Mas não são apenas os padrões de estímulo que chamam a atenção
dos behavioristas. A imitação também exerce uma função importante na aquisição da língua pela
criança. O padrão de imitação segue um princípio fixo: o adulto fala uma palavra, a criança imita
essa produção, e o adulto recompensa a criança por essa repetição, mesmo que ela não seja fiel ao
que foi dito inicialmente. Com o passar do tempo, a criança passa a falar mais parecido com o
adulto, aprendendo como combinar as palavras da mesma forma que aprendeu a reproduzi-las,
por meio da imitação e posterior aproximação ao modelo adulto.
Para Skinner, são três os princípios de aprendizagem familiar:
✔ Associação (da visão das coisas com os sons das palavras);
✔ Imitação (das palavras e sintaxe modeladas por outros);

✔ Reforço (com sorrisos e abraços quando a criança diz uma coisa certa).
Com essa visão, os behavioristas tendem a enfatizar a influência do meio e ver a criança
como um receptor mais passivo do que ativo no processo de aquisição da língua, tornando o seu
papel no processo de aprendizagem menos relevante.Skinner introduziu a ideia de que é a partir
da repetição de formas corretas pelos pais que leva as crianças à aquisição da gramática correta.
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- Teoria da solução de problemas de Jerome Bruner

Bruner foi um dos primeiros a propor que as crianças aprendem a se comunicar no contexto
da solução de problemas enquanto interagem com os pais. Os pais se comunicam em linguagem
infantil, o que ele chamou de “aula de linguagem”. A regularidade, as simplificações e o foco no
aqui e agora são apropriados à capacidade cognitiva limitada da criança.
A linguagem consistente e fácil possibilita à criança começar a extrair a estrutura da língua
e formular princípios gerais. As crianças usam um método de teste de hipóteses para desvendar
as leis da linguagem. O foco de atenção da criança é um tipo de “andaime” para os primórdios da
aprendizagem da língua que ajuda os aprendizes a discernir as intenções comunicativas do adulto.
Para adquirir o uso convencional de um símbolo linguístico, a criança tem de ser capaz de
determinar as intenções comunicativas do adulto, e então envolver-se num processo de imitação
com inversão de papéis.

Bruner (1983) explica a aquisição da linguagem a partir de dois mecanismos: um é equivalente a uma força
interna (push) que impulsiona a criança a aprender a linguagem.. O outro é a força que absorve (pull) a linguagem
do meio social, através do estímulo encorajador (scaffolding) da pessoa que mais interage com a criança, somada
ao contexto constante e reconhecível no qual a linguagem é usada. Essa estrutura recebe o nome de Language
Acquisition Support System (LASS), e é considerada essencial para que a criança aprenda a linguagem.
(BORGES; SALOMÃO, 2003)
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- A teoria de Piaget sobre a Linguagem e o Pensamento das crianças

A psicologia da aprendizagem deve muito a Jean Piaget. Não é exagero dizer-se que ele
revolucionou o estudo da linguagem e do pensamento infantis, pois desenvolveu o método clínico
de investigação das idéias das crianças que posteriormente tem sido generalizadamente utilizado.
Para Piaget, o aparecimento da língua seria decorrência de algumas das aquisições do
período sensório-motor ( do 0 a 2 anos de idade). Ao longo desse período, a criança adquire a
capacidade de substituir ou representar eventos que não se encontram presentes. Assim ela pode
atuar sobre o seu ambiente dispensando a presença da realidade imediatamente perceptível. Objeto
e eventos são, agora, substituídos por símbolos mentais. A formação desses símbolos se dá a partir
da imitação. A imitação é a grande responsável pela aquisição da linguagem. Inicialmente a
criança imita determinados comportamentos em função de simples exercitação. Essas primeiras
ações imitativas são imprecisas e mesmo rudimentares, aos poucos a criança vai aperfeiçoando
seus movimentos, até ser capaz de reproduzir internamente tais ações.
Os símbolos mentais são as ações internalizadas. Cabe à imitação o papel de intermediária
entre as ações concretas, explícita e exteriores e as ações figuradas, implícitas e interiores que
constituem a essência da linguagem e, consequentemente, do pensamento. O aparecimento dos
sons e das palavras segue uma evolução semelhante, ou seja, os sons são associados a
determinadas ações, e a aquisição da linguagem se processa por meio da imitação desses sons. As
primeiras palavras estão assim, intimamente ligadas com os desejos e as ações da criança.

Para Piaget, existiram duas amplas categorias de linguagem:

Ø 1- Linguagem não comunicativa ou egocêntrica: não existe uma intenção de comunicar


e não há tentativa de levar em consideração o ponto de vista do ouvinte.Para quem já esteve
em uma creche, é fácil lembrar. As crianças falam entre si,mas não querem saber o que o
outro está dizendo. É preciso a intervenção do professor para que algum diálogo possa
começar a se estruturar.
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Sendo que a linguagem egocêntrica se divide em:

• repetição ou ecolalia, quando a criança expressa de maneira repetitiva sílabas ou palavras, sem
contexto.
• monólogo, quando a fala da criança é dirigida a si mesma.
• monólogo coletivo, quando a fala da criança é dirigida para si, porém em uma situação de
interação social, mas sem preocupar-se em ser ouvida por aqueles que os cercam. Essa é bem a
situação da creche: todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos
outros. Crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está
dizendo. Não há liderança, e os pares são constantemente trocados.

Ø 2- Linguagem comunicativa ou socializada: a criança leva em conta o ponto de


vista do ouvinte e tenta transmitir alguma informação.

À medida que as crianças vão crescendo, verifica-se um aumento da linguagem


comunicativa em detrimento da linguagem egocêntrica. Entre os sete e oito anos de idade ocorre
a ruptura com o egocentrismo infantil, caracterizando cada vez mais a socialização da atividade
infantil. A partir dessa idade a fala infantil assume cada vez mais traços de uma linguagem
socializada, que é ocasionada pela mudança da estrutura do pensamento infantil. O pensamento
infantil faz a transição do não-dirigido (autístico) para o tipo dirigido (inteligente). Este fato se dá
por conta das alterações ou amadurecimentos cognitivos das crianças.
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- Pensamento e linguagem em Vygotsky

O principal conceito da obra de Vygotsky é o de Mediação. A língua, sistema simbólico


fundamental na mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem, para Vygotsky, duas
funções básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir
ao propósito de comunicação entre os indivíduos (intercâmbio), a língua simplifica e generaliza a
experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é
compartilhado pelos usuários dessa língua.
A linguagem ordena o real, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de
objeto, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. É essa função de pensamento
generalizante que torna a linguagem um instrumento de pensamento: a linguagem fornece os
conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto
de conhecimento. A compreensão das relações entre pensamento e linguagem é, pois, essencial,
segundo Vygotsky, para a compreensão do funcionamento psicológico do ser humano.
Segundo o autor, pensamento e linguagem têm percursos distintos. Até os dois anos de
idade, vemos um pensamento sem linguagem e uma linguagem sem pensamento. É o período que
Vygotsky chama de “inteligência prática”, assim como também chamou Piaget mencionando seu
estágio sensório-motor.
Por volta dos 2 anos, o percurso do pensamento encontra-se com o da linguagem e inicia-
se uma nova forma de funcionamento:
Ø a fala torna-se intelectual, com função simbólica, generalizante;
Ø O pensamento torna-se verbal, mediado por significados dados pela linguagem
A vinculação dos processos de pensamento e linguagem é impulsionada pela própria
inserção da criança num grupo cultural.
O surgimento do pensamento verbal e da linguagem como sistema de signos é um momento
crucial no desenvolvimento da espécie humana. Quando os processos se unem, o ser humano
passa a ter a possibilidade de um modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado
pelo sistema simbólico da linguagem.
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CONCLUSÃO

Este módulo apresentou uma introdução do tema Psicologia da Aprendizagem, mostrando


que a Psicologia se destaca como uma ciência que estuda o homem em seu desenvolvimento e em
suas relações, individualmente ou em relação com os outros, a partir dos seus processos mentais
e comportamentais. Verificamos que o processo de aprender faz parte dos processos que dizem
respeito à cognição do indivíduo como o pensamento e a linguagem, que está depende diretamente
dos contextos e pessoas envolvidas no aprendizado.
Além disso, adentrando-se nos campos da Psicologia Educacional, é importante
entendermos que a aprendizagem é algo que vai além da sala de aula, tem inicio com o nascimento,
depois com todo o processo de desenvolvimento, e segue pelo resto da vida ultrapassando sempre
por novos estágios. Sendo assim, o conhecimento e compreensão desses estágios, através dos
estudos de nossos principais mentores teóricos, como: Skinner, Brunner, Piaget e Vygostky tem
cada vez mais se tornado ótimos aliados no âmbito de quaisquer que sejam a profissão do
educador.
Muito embora, pela abordagem desses conteúdos, não pretendemos fazer com que você,
caro aluno, torne-se um especialista em algumas destas teorias. Mas é o nosso passo inicial, para
orientá-lo, e para que ao final deste curso, você saiba utilizar, no momento necessário, as diversas
ferramentas que serão estudadas, aplicando seus conhecimentos, e produzindo novos.
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REFERÊNCIAS

COLL, César. Psicologia e educação. A aproximação aos objetivos e conteúdos da


Psicologia da Educação. In: Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed,
1996.
SÁVIO, Rivaldo. Psicologia Geral. Aracaju: J. Andrade, 2002.

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