Você está na página 1de 14

1

“Tia, num falo nem português que dirá ingreis, isso é coisa de rico”. Reflexões sobre o
ensino de inglês na escola pública e os caminhos do letramento racial1.

Alyxandra Gomes Nunes2, UNEB & Afro Class Languages


Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5043-4673
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7732767894341855
Andrea Soares Barboza3, SME, SEE (RJ) & Afro Class Languages
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0096259498346900
Resumo

Ensino de Língua Inglesa combina com Letramento Racial. A princípio, esta afirmação pode
soar diferente, ou uma forçação de barra, mas entendamos que o racismo é um dos modus
operandi que estrutura a sociedade capitalista brasileira, e isso é um fator de atraso econômico
e social para todo o país, pois desintegra física e psicologicamente subjetividades negras e ceifa
vidas quotidianamente. A escola, tanto pública quanto privada, também é palco para práticas
racistas, pois a escola já não é mais vista como uma entidade aquém e segura para além da
sociedade, intramuros hierarquias, violências, ideologias são repetidas e espelhadas tal como
do lado de fora. A questão racial é a que mais nos interessa aqui, pois como professoras de
escola e universidade públicas, temos o compromisso de formar nossos alunos dentro de uma
perspectiva crítica e analítica do que se passa ao seu redor. O campo da Linguística Aplicada
ao ensino e aprendizagem de língua inglesa junto com uma perspectiva interdisciplinar nos
oferece subsídios para refletir, e buscar práticas docentes para desmontar o pensamento e a
lógica racista nos livros didáticos de língua inglesa, bem como restaurar nos alunos a vontade
e a alegria de estudar uma língua estrangeira. Que professora de língua estrangeria, em especial
de língua inglesa, nunca ouviu a frase “Professora, mal falo português que dirá inglês” ? Na
escola pública, todas, sem dúvida. Esse tipo de frase inquieta-nos quotidianamente, pois ela

1
Texto integrante do Afro Diálogos. Coordenado pelos docentes Alexandre Salles e Lucimar Felisberto dos
Santos.
2
Professora da Graduação e Especialização na Universidade Estadual da Bahia. Doutora em Estudos Étnicos e
Africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Teoria Literária pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). Coordenadora do projeto Afrocentred English Course no Campus V (AFROEC), em Santo
Antônio de Jesus (BA) Brasil. Idealizadora e Fundadora do projeto Afro Class Languages. Participante do Black
Feminist Fund, na área de Tradução, Interpretação & Language Justice. E-mail: alyxandragomes@gmail.com /
Tel. +5571987246364.
3
Professora da Rede Municipal e Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, atuando respectivamente na Escola
Municipal Cardeal Leme e Escola Estadual Olavo Bilac. Graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade
Federal Fluminense. Fundadora do projeto Afro Class Languages, com atuação na área de Inglês Instrumental &
Conversação. E-mail: asbodarah@gmail.com / Tel.+5521983110639.
2

encerra vários elementos que nos dão pistas da realidade do ensino de língua inglesa na escola
pública. O desafio do Letramento Racial neste trabalho é de contestar o mito da meritocracia,
que para os alunos, traduz-se como “coisa de rico”. Se os negros são a maioria da população
brasileira, porque não estamos equitativamente representados nos materiais didáticos de língua
inglesa produzidos no país? Há que não se esquecer que a aplicação das leis 10.639/03 e 11.645
é instituída em toda a área de Linguagens, o que inclui, não somente Língua Portuguesa, como
também Línguas Estrangeiras Moderna, no nosso caso em particular, a lingua franca mundial,
o inglês.
Abstract

English Language Teaching combines with Racial Literacy. At first, this statement may sound
different, but let us understand that racism is one of the modus operandi that organizes Brazilian
capitalist society, and this is a factor of economic and social backwardness for every society,
as it disintegrates physically and psychologically black subjectivities and takes daily lives. The
school, both public and private, is also the stage for racist practices, as the school is no longer
seen as a safe entity beyond society, intramural hierarchies, violence, ideologies are repeated
and mirrored just like outside. The racial issue is what interests us the most here, because as
public school and university teachers, we are committed to training our students within a critical
and analytical perspective of what is happening around them and the field of Applied
Linguistics to teaching and learning. English language together with an interdisciplinary
perspective offers us subsidies to reflect and seek teaching practices to dismantle racist thinking
and logic in English language textbooks, as well as restore in students the desire and joy of
studying a foreign language. What foreign language teacher, especially English, has never heard
the sentence “Teacher, I barely know Portuguese how can I learn English”? This kind of
sentence worries us daily, as it contains several elements that give us clues about the reality of
teaching English in public schools. The challenge of Racial Literacy in this work is to contest
the issue of meritocracy, which for the students, translates itself as something entitled for the
riches. If blacks are the majority of the Brazilian population, why are we not equitably
represented in English language teaching materials? It should not be forgotten that the
application of laws 10.639/03 and 11.645 is recommended in the entire area of Languages,
which includes, not only Portuguese Language, but also Modern Foreign Languages, in our
particular case, the global lingua franca, English.
3

“Post Traumatic Slave Syndrome is a condition that exists


when a population has experienced multigenerational trauma
resulting from centuries of slavery and continues to experience
oppression and institutionalized racism today. Added to this
condition is a belief (real or imagined) that the benefits of the
society in which they live are not accessible to them.4”(Joy
DeGruy)
“Ensinar de um jeito que proteja as almas dos nossos alunos é
essencial para criar as condições necessárias para que o
aprendizado possa começar do modo mais profundo e mais
intimo.”( bell hooks)

A sala de aula visualizada

As questões que associam ensino aprendizagem de língua inglesa com letramento racial que
levantamos neste ensaio interessariam a qualquer professora de língua estrangeira ou àquela
pessoa interessada nas atuais fronteiras da luta antirracista no Brasil. Elaboramos este texto a
partir de nossas realidades enquanto professoras em escolas e universidades tanto do estado do
Rio de Janeiro quanto da Bahia, com experiência docente tanto no setor público quanto privado.

Mas o pano de fundo essencial e primordial sobre o qual elaboramos nossas análises, trazemos
nossas inquietações e buscamos soluções dizem respeito exclusivamente à escola pública
brasileira, por vários motivos, mas cabem destacar alguns: primeiro, como professoras
formadas e atuantes na escola pública, o tipo de educação com o qual sonhamos não coaduna
com lucro, logo, nosso compromisso não é com o dinheiro, mas com a formação do alunado;
segundo: os filhos das classes populares que estão nas escolas públicas deveriam ter o direito
de estudar pelo prazer do conhecimento, pelo crescimento individual e coletivo, estudar por
uma conexão global e não para servir e se jogar no mercado de trabalho; em terceiro lugar,
porque conhecer uma língua estrangeira é conhecer uma forte ponte de conexão com outras
realidades e visões de mundo que não podem ser vistas como exóticas, mas complementares à
nossa própria existência no mundo; língua estrangeira é trânsito e possibilidades de conexão de
subjetividades.

Para conduzir nossa reflexão, comecemos por imaginar a nossa estrela: a sala de aula. A sala
de aula é o nosso fio condutor, visualize uma sala, com alunos jovens, uma sala com ventilador
de teto ou ar condicionado que nem sempre dá conta do volume, umas 43 carteiras ocupadas

4
Tradução livre: “A Síndrome Pós-Traumática do Escravo é uma condição que existe quando uma população
passou por um trauma multigeracional resultante de séculos de escravidão e continua a sofrer opressão e
racismo institucionalizado hoje. Soma-se a essa condição a crença (real ou imaginária) de que os benefícios da
sociedade em que vivem não são acessíveis a eles”. (Joy DeGruy, 2005).
4

enfileiradas, a professora na frente do quadro branco e os barulhos peculiares de uma escola


estadual ou municipal de porte grande. Nalguns anos, os alunos tem livro de inglês, noutros
não, mas a professora sempre dá um jeito de eles terem os textos de aula. Manhã, tarde ou noite
no EJA. O perfil é sempre muito parecido. Em algumas cidades da Bahia, adicionamos o perfil
de aluno de área rural, que enfrenta maiores desafios para chegar em sala de aula e de acesso à
internet de qualidade com estabilidade, não somente por conta da pandemia, porque este artigo
não se refere ao período exclusivo da pandemia de COVID19, mas a possiblidades de conexões
e de fazer trabalhos usando bibliografias a partir da rede mundial de conexão.

Olhe para o rosto e para a vida dos alunos dessa sala de aula? Como se lhe parecem? Você,
nossa leitora, consegue visualizar esse aluno do Rio de Janeiro e da Bahia, igualmente
periféricos, de comunidade muitas vezes, dependendo da escola para se alimentar, por exemplo.
Agora responda a uma pergunta direta: em linhas gerais, qual a origem social desse aluno? Qual
é o rosto desse aluno, dessa aluna? Qual é a cor da pele desse aluno? Como diria Caetano, “e
são quase todos pretos”.

Talvez alguém pense, mas também tem muitos alunos brancos. É verdade, há alunos
socialmente brancos, ou não-preto, ou não-brancos, mas que de tão pobres, são quase todos
pretos mesmo, porque sabemos como se tratam os pretos no Brasil. Aqui cabe uma digressão,
qualquer porteiro do Leblon ou Policial Rodoviário de Umbaúba, Sergipe sabe bem diferenciar
bem quem é preto de quem não é, não é verdade? Aliás, vejam que tema super interessante pra
uma aula de inglês crítica: Tema geral: habilidades, verbo CAN. Tópico gramatical: forma
negativa: I can´t... Condução da aula: comparar dois assassinatos de homens pretos inocentes,
por policiais justiceiros, um nos Estados Unidos e outro no Brasil, George Floyd (2020) e
Genivaldo dos Santos de Jesus (2022). Ambos não conseguiam respirar. E a professora segue
com sua criatividade para montar sua aula. Não é mais interessante do que os insossos, insípidos
e inodoros “I can´t cook or I can´t drive a car”?

Segundo Nascimento (2017) “o ensino de língua inglesa no Brasil permanece, desde 1909, como
uma forma de fazer a manutenção do privilégio branco no país. [...] a presença do inglês nunca
teve redução, e sempre teve como foco um projeto de adequação ao capitalismo moderno num
primeiro momento, e, num outro, à globalização selvagem” (p.102)

Agora que já visualizamos a sala de aula, sua constituição, a professora negra (ou não, porque
aqui entram outras questões que falaremos mais a frente) diante da turma e seus alunos quase
todos pretos, questionamos: há racismo na escola, na aula de inglês e no material didático? A
resposta é sim. Ainda assim, alguma leitora pode insistir, “Mas como assim, racismo em aula
5

de inglês gente, que forçação de barra, tudo hoje em dia é isso, mimimi.” Por contraste, vamos
retomar o exercício de imaginação: olhe para a sala de aula de uma escola particular não
periférica. Olhe para o seu corpo docente. Olhe para estrutura visível dessa escola, como ar-
condicionado ou ventiladores, carteiras, quadros e as condições físicas da escola, como pintura,
pias, vasos sanitários, janelas e portas. Olhe para o rosto dos alunos. Veja. São em maioria
brancos? Sim. Simples assim. São pretos retintos? Ah, mas tem uns pretos. Exato, uns, alguns,
unicórnios digamos sarcasticamente. Se alongarmos nossa imaginação e formos para uma sala
de aula de cursinhos particulares famosos de culturas de língua inglesa, veremos espectros de
negritude em sala de aula e alguns fantasmas professores negros circulando pelos corredores
ou nos congressos de treinamento dessas entidades. Agora que finalizamos nosso guided warm
up5, vamos ao cerne da questão do racismo em torno do ensino e aprendizagem da língua
inglesa.

A legislação e a educação antirracista

No que tange à legislação nacional, a lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, assinada durante o
primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, instituiu a obrigatoriedade do ensino
de História e Cultura Afro Brasileira. Esta lei veio para modificar a nossa Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB) de 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Essa legislação é muito
conhecida dentre os professores que estão comprometidos com a luta antirracista no Brasil e na
educação. Posterior a ela, complementando-a, veio a lei 11.645 de 10 de março de 2008,
igualmente alterando a LDB, ao instituir a obrigatoriedade temática de História e Cultura
Indígena nos currículos oficiais da rede de ensino. Cabe esclarecer que ambas legislações não
surgiram out of the blue6, muito menos de cima pra baixo como uma imposição. Elas são
resultado de demandas dos movimentos sociais por todo Brasil em busca de justiça social,
justiça essa que passa muito fortemente pela escola, pelos processos de educação formal em
todos os níveis. Saibamos que grupos de movimentos negros em toda sua variedade por todo
Brasil, com seus intelectuais, após a III Conferência Mundial contra o Racismo e Xenofobia,
em Durban, na África do Sul em 2001, que teve como objetivo discutir a situação em diferentes
países sobre essa condição humana, voltaram determinados a pressionar o governo por políticas
públicas de enfrentamento ao racismo em todos seus espectros. Posteriormente, também sob
pressão, a temática indígena foi tornada obrigatória nos conteúdos de sala de aula. Afinal, o

5
Trad.: Aquecimento para a aula, geralmente feito no início das aulas de inglês, para ativar o cérebro do aluno
para o fato de que a partir daquele momento, vamos entrar no modo inglês, aprendizagem de inglês.
6
Trad.: Do nada.
6

Brasil é um país erigido sobre o mito da convivência harmônica das três raças constituintes da
população brasileira. Esta harmonia sabemos falaciosa, pois a engrenagem só funciona bem
enquanto os privilégios da branquitude forem mantidos dentro da pirâmide social nacional, e
hidratada com sangue indígena.

O combate às línguas já faladas pelos povos originários negros e indígenas figura como um dos
primeiros atos do mito da brasilidade linguística entre nós, gerando ao mesmo tempo,
epistemicídio e linguicídio. Definimos aqui epistemicídio sob os olhares atentos de Sueli
Carneiro (2011), em que ela ao oportunamente ler Michel Foucault e seu conceito de biopoder e
a teoria sobre o Sul e sobre a ecologia de saberes de Boaventura de Souza Santos, define o
epistemicídio como o extermínio do conhecimento do outro, através da definição do que é
saber/conhecimento válido e do que não é. (Gabriel, NASCIMENTO, p,14)

Pois volte seu olhar para a sala de aula de um curso de inglês e reflita: que famílias no Brasil
privilegiam de fato o estudo de língua estrangeira para seus filhos? Quais famílias podem
investir dinheiro nesta formação? O valor médio de um curso particular de inglês com aulas 2
vezes na semana custa, entre mensalidade, livros e passagem, em média 300,00 a 400,00 reais
por mês. Lembrando que a média de filhos nas famílias brasileiras é de 2 a 3, quem pode pagar
R$900,00 mensais em curso de língua? Ainda que somente se tenha 1 filho, quem pode, no
perfil econômico do nosso país pagar R$300,00 mensais? Não são as famílias pobres, em sua
maioria pretas? Com isso, percebemos a interseção de raça e classe no acesso aos estudos de
língua estrangeira em nosso país. Nesse sentido, é legítimo falar em língua inglesa como uma
racial comodity7. Com essa disparidade em mente, analisamos que o acesso à língua estrangeira
continua sendo um direito concedido apenas às famílias brancas, não necessariamente ricas,
mas com algum poder de investimento na formação diferenciada de seus filhos, pois, essas
mesmas famílias sabem que precisa-se de tempo para aprender uma língua estrangeira, em
especial se você não está morando num país em que ela seja falada, e que esse item bem
apresentado no seu currículo, como (x) Inglês fluente (x) Fluente em todas habilidades é bem
diferente dos itens (x) Não-fluente, ou daquele (x) Noções básicas.

O campo de pesquisa Inglês & Relações étnico-raciais

O campo de pesquisa sobre relações étnico-raciais, linguagem e formação docente vem sendo
aberto por algumas pesquisadoras do campo da Linguística Aplicada, em especial as
professoras pesquisadoras como Aparecida de Jesus Ferreira (2014) e Joelma Santos (2022),
dentre outras. Ferreira é professora associada da Universidade Estadual de Ponta Grossa e vem

7
Trad.: Mercadoria racial.
7

construindo uma trajetória ímpar no campo da pesquisa interseccional de letramento racial


crítico, análise de livro didático e formação de professores de língua estrangeira, com
consolidada produção acadêmica nesse sentido. A doutora Joelma Santos igualmente vem
produzindo desde seu mestrado na Universidade do Estado da Bahia textos e boas práticas para
inserir o debate étnico-racial nas escolas, em especial, no Instituto Federal onde leciona, bem
como se preocupa com a formação continuada de professores sobre o assunto. O professor
Gabriel Nascimento aparece com uma produção ligada ao racismo linguístico, e nos chama a
atenção sempre sobre as relações íntimas no entrelaçamento dos preconceitos social, linguístico
e racial. Uma vez que, segundo o mesmo, a maioria da população brasileira foi condicionada a
uma pobreza linguística condicionada à precariedade de formação linguística através do veículo
escolar, as disparidades de escolaridade e analfabetismo podem ser verificadas em termos
sociais e raciais na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua8.

Muitos outros pesquisadores devem compor uma listagem dos que estudam relações raciais e
linguagem, formação docente e material didático, mas para fins deste ensaio, fiquemos por
enquanto com esses três. O que o conjunto dessas produções intelectuais nos informa é que é
preciso ter um olhar interdisciplinar ao falar sobre raça, além de um olhar sociológico sobre a
Educação, sua história e estórias, bem como da percepção do legado linguístico deste país.
Entender como as complexidades da raça funcionam no quotidiano da vida escolar, desde a
educação infantil9, ensino fundamental, ensino médio e superior. Isso tudo tem impacto na vida
das pessoas, em diversos âmbitos, principalmente o psicológico, o econômico e o social. Todas
as fronteiras que pudermos alargar, mais trincheiras que pudermos abrir na luta pelo letramento
racial dever ser encorajada por toda estrutura escolar. Os professores precisam passar em sua
formação nas licenciaturas por diversos cursos e abordagens de letramento racial crítico, para
poder estar munidos de argumentos e contra-argumentos para as diversas situações de racismo
que enfrentarão junto com seus alunos. Isso porque tem uma parte do racismo que passa por
uma educação quotidiana das mais diversas pessoas, quem tem letramento racial, é capaz de
entrar com educação e consistência em qualquer debate sobre raça e racismo, bem como torna-
se capaz de entender as armadilhas do racismo à brasileira e pode desmontá-lo, ainda que na
perspectiva linguística, implodindo de dentro pra fora numa pequena rede, que seja a de seus
amigos, que seja da sua família, que seja em sua sala de aula. 56 por cento da população

8
Conferir em https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-11/educacao-reforca-desigualdades-
entre-brancos-e-negros-diz-estudo
9
A professora Eliane Cavalleiro tem uma produção sobre o racismo na infância, vale a pena procurar para ler
melhor.
8

brasileira não pode mais aguentar calada e de forma desorganizada as super agressões e micro
agressões racistas neste país. O aluno negro que não se vê bem representado no livro didático
que usa em sala de aula deve saber os porquês de isso acontecer. Ele deve ser ensinado a pensar
criticamente sobre o material que está usando para aprender inglês. Ele deve aprender a ler
imagens, os mais variados tipos, pois a linguagem mais usada na contemporaneidade, a partir
dos filmes e das redes sociais são as imagens. Os alunos precisam aprender a interpretar
algoritmos e saber porque eles podem ser aliados ou ameaçadores de fato, porque tem um
programador por trás dele que é racista, um racista inconsciente, ou um racista de carteirinha,
disfarçado de cidadão de bem, ou não.

A experiência, a reflexão e a ação

A nossa experiência docente, transformada em ação, se coaduna com as ideias de Narrativas


autobiográficas de Ferreira (2015) uma vez que a partir das observações em sala de aula,
analisamos e refletimos como nosso fazer pedagógico pode contribuir para o desmantelamento
e o enfrentamento das questões de raça e das variedades do racismo para melhorar a autoestima
física, moral e intelectual dos alunos. Para a professora Andrea Soares Barbosa, repensar seus
posicionamentos como docente de língua inglesa foi fundamental para o avanço de consciência
de sua negritude e como poderia oferecer aos alunos de escola pública e privada conhecimentos
que não os foram oferecidos a partir do estabelecimento da lei 10.639 em 2003. Desde então,
organizava trabalho nas escolas públicas na semana da consciência negra voltada para
diferentes posições sociais desempenhados por negros estadunidenses. E assim, orientava aos
alunos a elaborarem trabalhos como os negros inventores norte-americanos, onde eles
ilustravam com a figura dos inventores e suas respectivas invenções, trabalhava textos onde o
destaque eram autores, atrizes, cantores, músicos negros. Com o passar do tempo buscou trazer
para as aulas regulares textos, fotos, com referências negras o que causava algumas reações
como risos de deboche, comparações com pessoas conhecidas deles, mas à medida que essas
atividades eram feitas com maior frequência essas atitudes se modificaram. E atualmente esse
tipo de reação diminuiu significativamente.

Em 2005, trabalhou em um curso de língua inglesa cuja base pedagógica era a metodologia
Paulo Freire pois ensinávamos inglês a partir da realidade profissional de cada aluno. Era um
método em que os professores elaboravam aulas de inglês baseadas na necessidade que cada
aluno ou turma precisava desenvolver dentro das habilidades para adquirir fluência em língua
inglesa. Ao se desligar do curso, foi indicada para dar aula de língua inglesa para uma aluna
cujo nível de inglês era baixo-intermediário e essa não gostaria de ter aulas de inglês
9

convencional com livro e gramática. E seu objetivo era estudar textos de escritoras negras
americanas para seus estudos de seu curso de doutorado e ainda desenvolver habilidades de
audição e conversação em inglês. Para elaborar essas aulas, tive de ler escritoras estadunidenses
e a partir dessa base trabalhamos todas as habilidades com aulas afrocentradas. Diante dessa
experiência, pude constatar a ampla possibilidade de afrocentrar as aulas de inglês não só na
semana da consciência negra como em todas as aulas regulares.

Mas a tal frase que toda professora de inglês escuta todo início de ano letivo, e algumas outras
vezes no decorrer dos bimestres: “Pow fessora, mal falo português que dirá ingreis, e a senhora
quer que eu faça o que mermo?” “Ainwn fessora, isso é coisa de rico que vai pra Disney pow,
que saco” ou com sotaque baiano “Próóó, prozinha, eu mal falo português que dirá inglês.
Serve baianês? Ta venu que isso é coisa de parmalat10”. Esse tipo de frase inquieta-nos pois
ela encerra vários elementos que nos dão pistas da realidade do ensino de língua inglesa na
escola pública. Em primeiro lugar, a ideia de que o aluno de classe baixa não fala português
(sua língua materna!), em segundo lugar, sua incapacidade de aprender uma outra língua (que
dirá inglês) e um terceiro elemento, marcador de raça e classe no domínio de língua inglesa
(isso é coisa de rico).
Para avaliarmos questões outras subjacentes a prática de ensino de língua inglesa na escola
pública, adotamos o conceito da pesquisadora Aparecida de Jesus Ferreira de Letramento Racial
Crítico, pois, somente com um letramento prévio sobre questões das dinâmicas do racismo no
Brasil, poderemos equipar nossos alunos, tanto do ensino fundamental quanto médio e superior,
de conceitos e ideias que visem o embate antirracista em todas as instâncias de suas vidas, a
partir da escola, passando pela família, círculo de amigos e no mundo do trabalho. Com essas
falas, vemos o quanto é rampante o racismo como modus operandi que estrutura a sociedade
capitalista brasileira, e isso é um fator de atraso econômico e social para toda sociedade, pois
desintegra física e psicologicamente subjetividades negras e ceifa vidas quotidianamente. A
escola, tanto pública quanto privada, também é palco para práticas racistas, pois a escola já não
é mais vista como uma entidade aquém e segura para além da sociedade, intramuros hierarquias,
violências, ideologias são repetidas e espelhadas tal como do lado de fora, temos o compromisso
de formar nossos alunos dentro de uma perspectiva crítica e analítica do que se passa ao seu
redor, e o campo da Linguística Aplicada ao ensino e aprendizagem de língua inglesa junto com
uma perspectiva interdisciplinar nos oferece subsídios para refletir e buscar práticas docentes

10
Gíria: gente branca jovem.
10

para desmontar o pensamento e a lógica racista nos livros didáticos de língua inglesa, bem como
restaurar nos alunos a vontade e a alegria de estudar uma língua estrangeira.
O grande desafio é de contestar o mito da meritocracia, que para os alunos traduz-se como coisa
de rico. A ideia da meritocracia se traduz por não ver a raça ou a etnia das pessoas, e isso é uma
falácia. O que precisamos é de igualdade de oportunidade. A interdisciplinaridade será o fio
condutor de nossa análise, pois precisamos da ajuda da sociologia, da linguística, da história,
dos estudos sobre Educação, análise do discurso para entender que sim, existem questões raciais
profundas que saltam nas aulas de língua inglesa na escola pública e as quais foi dada pouca
atenção. Se os negros são a maioria da população brasileira, porque não estamos
equitativamente representados nos materiais didáticos de língua inglesa produzidos no Brasil?
Se fôssemos visualizados e visibilizados também nos materiais didáticos, haveria um grande
diferença na autoestima do aluno afro periférico das escolas públicas. O professor precisa trazer
para a sala de aula, para o protagonismo do palco de suas aulas personagens e atores negros
também.
A educadora Ana Célia Silva, pioneira na área da Didática no Brasil em estudos sobre o racismo
no material didático de língua portuguesa, já nos ensinou que a análise imagética nos livros
didáticos é de extrema importância, e o olhar atento para as ilustrações e fotografias em material
didático é fundamental para percebermos imagens distorcidas ou confirmadoras de estereótipos
do negro na sociedade brasileira. Esse material manipulado todos os dias por alunos em diversas
disciplinas, não só no livro de português pode impactar tanto negativamente no aluno quanto
pode servir para edificar esse mesmo aluno, se for alto que eleve o ser do aluno. Essa
representação social do negro deve ser foco de atenção privilegiada do professor de inglês ao
adotar material do PNLD ou mesmo ao elaborar suas aulas. Pensem conosco: como vocês
escolhem as imagens dos Power points, dos textos que vão compor suas aulas? Revise o que já
produziu até hoje, onde estão as imagens de gente negra? Até que ponto você, como professora,
reproduz em suas aulas de inglês aquelas profissões ilustradas com gente branca tão somente e
aquelas subalternas só com gente preta. Em que lição sobre daily routine11 você colocou uma
família preta? Uma família homoafetiva que cuida e zela e adota os filhos que os pais héteros
abandonam aos trancos e barrancos e não põem o nome na certidão de nascimento? Será que
você reproduz falas sexistas como ‘carro de homem’ ou ‘carro de mulher’? Você já observou
que em livros produzidos por grandes editoras estrangeiras como Oxford, MacMillan,
Cambridge tem sempre uma liçãozinha com o branco salvador dos africanos? Não? Observe.

11
Trad.: Rotina diária (geralmente usada para apresentar verbos no presente em inglês)
11

A formação continuada
A formação continuada para todos professores é vital importância para o enfrentamento
quotidiano de diversas questões, não somente esta do foco deste ensaio que é a questão étnico-
racial. Como enfrentar situações de misoginia e sexismo se não se tem consciência dessas
práticas em suas sutilezas, como interpelar um aluno homotransbifóbico, se a professora não
estiver preparada para tal, munida de um arcabouço teórico que lhe permita debater e
desconstruir mentes afetadas pelo preconceito? Como lidar com situações sutis ou explícitas de
racismo se não se tem formação na área? Historicamente, e oficialmente, os alunos em formação
nos cursos de Licenciatura somente a partir de 2001 (e bem verdade, muito depois disso)
tiveram contato com disciplinas de ensino de História da África e do Negro no Brasil em suas
graduações. Até hoje, 2022, nem todas as universidades públicas estaduais ou federais ou
privadas tem em seu quadro docentes especialistas em História do Negro no Brasil, em Relações
Étnico-Raciais ou História da África, Geografia da África, Matemática, etc. Isso implica em
termos que multiplicar por todo país cursos sobre Relações Raciais e Educação, assim como
disseminação da pesquisa já produzida na área e distribuição e acesso aos matérias, artigos,
teses, livros, vídeos, sites, jogos. As autoras desse artigo vêm participando de diversos cursos
de formação nesta área para melhor atender seus alunos e toda comunidade escolar onde atuam.
Nossa passagem pela formação Linguafro da Universidade Federal de Uberlândia é um
exemplo, o exitoso curso durou quase um semestre online no ano de 2021. Nesta formação,
havia pelos menos 200 pessoas participando. Oferecemos também o curso de inglês
afrocentrado AFROEC no ano de 2021 na Universidade Estadual da Bahia, com uma procura
imensa e grande lista de espera. Não pudemos continuar por conta de cortes no orçamento da
universidade e da impossibilidade de trabalho somente com alunas voluntárias. O projeto
experimental @AfroClassLanguagues nos vem ensinando remotamente que existe uma
viabilidade de ensino de idioma afrocentrado online, mas que a sede do presencial e do contato
físico é muito grande. Os cursos de Extensão em Letramento racial vem se multiplicando pelas
universidades, oportunizando docentes no debate racial crítico, o que nos instrumentaliza, em
todos os níveis, ao enfrentamento quotidiano de forma mais atualizada e qualificada
academicamente.
Conclusão

Acreditamos que as professoras de inglês, sendo elas negras ou não-negras, devem estar atentas
a suas salas de aula, às histórias, às preferências de seus alunos e principalmente, ao que eles
12

falam à boca miúda e à boca grande mesmo em sala de aula, pois tudo é reação e material para
nossa reflexão. A primeira conclusão a que chegamos é a de que letramento racial combina com
aulas de inglês em vários aspectos: fazer os alunos entender o que é letramento racial; a
importância da representação imagética e da leitura de imagens com vistas a desconstruir
estereótipos e fortalecer a autoestima intelectual desses alunos. Afrocentrar as aulas de inglês é
tirar o negro da periferia e trazer para o centro do conhecimento, jamais desmerecendo outras
culturas e desmontar o lugar de estereótipos em que sempre aparecemos, a imagética é
importante para a fixação de lugares, aqui remetemos ao importante debate sobre imagem de
controle, o negro não deve caber no espaço que lhe dedicam, mas no espaço que quer ocupar.

A formação docente na área das Relações Raciais é de extrema importância para sairmos de
achismos e não cairmos no erro de ficar repetindo sandices como “Você tem uma beleza
exótica!” Ou, “Nossa, bom mesmo é ter um pretinho básico” (aqui traduzido na coisificação do
homem negro); ou ainda “Você é uma negra linda de traços finos” (Oi? As pessoas negras não
podem ser lindas? Só feias? Traços finos?); ou ainda: “Eu não sabia que tinha computador
Apple na África”. O aluno negro e o não-negro devem ser educados para as relações étnico-
raciais e para as realidades do racimo à brasileira e o desmantelamento do privilégio branco em
nossa sociedade. Essa formação nos leva a encontrar debates científicos contemporâneos, a
partir de DeGruy (2005) que nos ajudam a ler e decodificar atitudes, corações e mentes no que
tange as relações raciais. Não obstante, há uma linha recente que analisa as correlações
traumáticas da escravidão com a vida contemporânea dos negros, isso dever ser analisado
também na perspectiva linguística, pois a recusa, o medo e o trauma (aliás, esta uma palavra
muito comum na boca dos alunos “ Ahhh, eu tenho trauma de inglês, agora tenho que aprender
na marra”) em aprender uma língua estrangeira pode estar ligado à autossabotagem por nãos
se enxergar de algo que seria um privilégio - essa tal capacidade de se comunicar com o mundo,
destruindo o mito da Babel.

A multiplicidade de sotaques, idiomas, gírias, vernáculos, culturas de língua oficial inglesa deve
fazer parte do repertório dos alunos, a eles deve ser ensinado que não existe só o inglês da
Inglaterra ou dos Estados Unidos. Nossos alunos da rede pública precisam reaprender a sonhar,
sonhar e desejar um outro mundo possível, a sonhar em ir para os Estados Unidos talvez, por
causa dos cantores de rap, mas ir para o mundo além disso, para a Jamaica, terra de Bob Marley,
para a Austrália conhecer a história dos aborígenes que se assemelham à história dos indígenas
no Brasil. Nossos alunos podem ler os originais em inglês, originais de letra de música, mas
também a poesia de integrantes do Black Lives Matter, como a incrível Aja Monet, e seu poema
13

Say her name, sobre mulheres negras assassinadas pela brutalidade branca policial norte-
americana. E eles podem saber inglês sim para o trabalho, porque não? Eles podem saber inglês
para ler textos do Enem e na universidade, se assim quiserem estudar. Inglês para jogar games.
Quantos alunos temos na graduação que aprenderam inglês sozinhos com jogos, com músicas
favoritas, com seriados favoritos?

Finalmente, não nos esqueçamos de que a escola e a sala de aula não é um ambiente neutro e
seguro para os educandos, nelas as dinâmicas sociais e raciais se reproduzem e se perpetuam
em moto-contínuo; nosso papel, como educadoras, é de interromper esse movimento e despertar
corações e mentes para as artimanhas e armadilhas do racismo à brasileira. Nossa trincheira é
a sala de aula de idiomas estrangeiros, um lugar até agora de certa forma marginalizado na
estrutura curricular, mas que, com a globalização, a rede mundial de comunicação e a
necessidade de conexão global tem assumido seu lugar de destaque na formação dos indivíduos.
Nesta última fronteira da luta antirracista no Brasil, entendemos que a formação crítica de
nossos estudantes se enriquece com aulas de inglês numa perspectiva crítica e afrocentrada, a
partir de letramentos raciais que também despertem um conhecimento adormecido que é a nossa
capacidade plurilíngue ancestral.

Referências Bibliográficas

APARECIDA, Maria Silva Bento. Branqueamento e branquitude no Brasil.


Disponível em: http://www.media.ceert.org.br/portal-3/pdf/publicacoes/branqueamento-e-
branquitude-no-brasil.pdf. Acessado em maio de 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília, 2009. Disponível em:
http://www.mp.pe.gov.br/uploads/bGGikz17byQwrMAFK30Yfw/planonacional_10.63 91.pdf
CAVALLEIRO, Eliane. (org.) Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa
escola. São Paulo: Summus, 2001. p. 141-160.
CONTI, Luis Frederico Dornelas e MASTRELLA-DE-ANDRADE, Mariana Rosa.
Identidades de raça/etnia, ensino crítico e racismo no livro de inglês aprovado pelo PNLD. In:.
Muitas vozes, Ponta Grossa, v.04, n.1, p. 27-41, 2015.
DeGRUY, Joy. Post traumatic slave syndrome, America´s legacy of enduring injury and
healing. Portland: Joy DeGruy Publications Inc., 2005.
14

FERREIRA, Aparecida de Jesus. Teoria Racial Crítica e Letramento Racial Crítico: narrativas
e contra narrativas de identidade racial de professores de línguas. Revista da ABPN, v. 6, n.
14, p. 236-263, 2014.
FERREIRA, Aparecida de Jesus. Narrativas Autobiográficas de raça e racismo no Brasil:
Teoria Racial Crítica em Estudos da Linguagem. Muitas Vozes, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.
79-100, 2015.
GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no
Brasil: uma breve discussão. In: MEC – Secad (Org.) Educação antirracista: caminhos
abertos pela Lei Federal no.10639/2003. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade. Brasília: Ministério da Educação, p. 39-62, 2005.
hooks, bel. Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens. In.: Estudos Feministas,
Florianópolis, 16(3): 424, setembro-dezembro/2008. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2008000300007 (Acessado
em maio 2022)
NOGUERA, Renato. Afrocentricidade e Educação. In: Revista África e Africanidades, ano
3, n. 11, 2010.
MELO, G. C. V. O lugar da raça na sala de aula de inglês. Revista da Associação Brasileira
de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), v. 7, n. 17, p. 65-81, 2015
NASCIMENTO, Gabriel. O racismo linguístico, os subterrâneos da linguagem e do racismo.
Belo Horizonte: Letramento, 2019.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a
questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

SANTOS, Joelma Silva. Formação de professores de inglês para abordagem de questões


étnico-raciais: práticas planejadas e práticas manifestas. Trabalhos em Linguística
Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 1, p. 43–57, 2021. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661892 . Acesso em: 29 de
maio de 2022.

Você também pode gostar